Alô, alô. 1,2,3... 1,2, 1,2... Teste, tesssste... Vamos testar: O álbum acima apresentado me foi indicado por um amigo virtual de Vitória - ES, o John Lester, nas horas vagas, saxofonista, que comanda um blog o qual volta e meia o leitor verá citado aqui. O Jazzseen. Não é preciso ser muito instruído em música para saber que jazz é o gênero cujos seus admiradores são os caras mais exigentes e pouco afeitos a digressões que há. Pode parecer um contra-senso. Qualquer leigo acredita que jazz é sinônimo de improviso e todo o tipo de inovação. Nessa direção, aliás, cometem-se - para um verdadeiro fã de jazz “comete-se” - festivais como o Tim Festival e eventos do gênero. é o mercado tentando iludir os desavisados que, sendo diferente, alternativo, cool, pode ser elencado num festival como sendo Jazz ou, no mínimo, uma alternativa derivada do jazz. Fiquemos então com quem conhece sobre o que escreve (evidentemente, sem dizer que a voz do home do Jazzseen é a voz de deus) :
(...) “Foi no primeiro Rock in Rio, quando meus tímpanos se romperam com os tiros de canhão do AC/DC, (...) que resolvi me dedicar com mais determinação ao jazz, esse tipo de música que não requer fantasias nem maquiagem, mas tão somente o músico e seu instrumento acústico. No jazz, pode até faltar energia elétrica. E concordo que hoje sabemos que tudo depende de como definimos jazz. Ou rock. Eu já disse mais de uma vez e repito: tudo está no ritmo. A definição de jazz, samba ou rock, já que impossível em palavras ou partituras, deve se basear no ritmo, na batida, na pegada, coisa que somente o ouvido poderá fazê-lo adequadamente. Obviamente que samba não é jazz e, por outro lado, rock também não é jazz. É por aí que excluo a fusion do meu mundo de jazz, preferindo alocá-la na prateleira mais próxima ao rock. Claro que podemos reservar um nicho específico nessa estante para a fusion, essa coisa criada, dizem, por Miles Davis no final da década de 1960 com suas In a Silent Way Sessions. O insosso e cansativo álbum (duplo meu Pai eterno!) Bitches Brew, também de Miles, é considerado um marco nesse terreno extremamente chato do chamado jazz rock ou fusion.
Aliás, a pior fusion é, sem sombra de dúvida, aquela produzida por bons músicos de jazz, como Herbie Hancock, Wayne Shorter, Joe Zawinul, Donald Byrd ou Chick Corea. Esses músicos fantásticos são formidáveis tocando jazz acústico, mas soam lamentáveis fazendo rock, elétrico por definição. A recíproca já me atrai: gosto de alguns bons músicos de rock tentando tocar jazz. Fiquemos apenas com um exemplo que eu recomendaria ao amigo visitante: Nucleus, um conjunto de rock inglês formado por Ian Carr (t), Karl Jenkins (bs, oboé, p), Brian Smith (ss, ts, f), Chris Speedding (g), Jeff Clyne (b) e John Marshall (d). Vale notar que os grupos de rock não têm problemas alguns em lidar com o poder da eletrônica, coisa tratada com certa indecisão pelos conjuntos de jazz. É para bater? Que se bata com força. E foi assim que o Nucleus saiu vitorioso do Montreux Jazz Festival de 1970, ano em que gravou seu excelente álbum Elastic Rock, cujo título diz muito. Em julho desse mesmo ano, já em New York, o grupo se apresenta no Village Gate para uma platéia estupefata, que se perguntava que música era aquela: não era jazz, não era rock. Talvez apenas Roland Kirk, que estava sentado na primeira fila, soubesse responder. Deram-lhe o nome de jazz rock. Como a maioria dos bons álbuns de jazz rock, Elastic Rock deve ser ouvido na íntegra, já que a audição de apenas uma faixa equivale à leitura de apenas um capítulo. Com o álbum teremos uma breve amostra do que é fusion: bons músicos de rock tentando tocar jazz. Boa audição e não se esqueça: evite álbuns de músicos de jazz tentando tocar rock!"
(...) “Foi no primeiro Rock in Rio, quando meus tímpanos se romperam com os tiros de canhão do AC/DC, (...) que resolvi me dedicar com mais determinação ao jazz, esse tipo de música que não requer fantasias nem maquiagem, mas tão somente o músico e seu instrumento acústico. No jazz, pode até faltar energia elétrica. E concordo que hoje sabemos que tudo depende de como definimos jazz. Ou rock. Eu já disse mais de uma vez e repito: tudo está no ritmo. A definição de jazz, samba ou rock, já que impossível em palavras ou partituras, deve se basear no ritmo, na batida, na pegada, coisa que somente o ouvido poderá fazê-lo adequadamente. Obviamente que samba não é jazz e, por outro lado, rock também não é jazz. É por aí que excluo a fusion do meu mundo de jazz, preferindo alocá-la na prateleira mais próxima ao rock. Claro que podemos reservar um nicho específico nessa estante para a fusion, essa coisa criada, dizem, por Miles Davis no final da década de 1960 com suas In a Silent Way Sessions. O insosso e cansativo álbum (duplo meu Pai eterno!) Bitches Brew, também de Miles, é considerado um marco nesse terreno extremamente chato do chamado jazz rock ou fusion.
Aliás, a pior fusion é, sem sombra de dúvida, aquela produzida por bons músicos de jazz, como Herbie Hancock, Wayne Shorter, Joe Zawinul, Donald Byrd ou Chick Corea. Esses músicos fantásticos são formidáveis tocando jazz acústico, mas soam lamentáveis fazendo rock, elétrico por definição. A recíproca já me atrai: gosto de alguns bons músicos de rock tentando tocar jazz. Fiquemos apenas com um exemplo que eu recomendaria ao amigo visitante: Nucleus, um conjunto de rock inglês formado por Ian Carr (t), Karl Jenkins (bs, oboé, p), Brian Smith (ss, ts, f), Chris Speedding (g), Jeff Clyne (b) e John Marshall (d). Vale notar que os grupos de rock não têm problemas alguns em lidar com o poder da eletrônica, coisa tratada com certa indecisão pelos conjuntos de jazz. É para bater? Que se bata com força. E foi assim que o Nucleus saiu vitorioso do Montreux Jazz Festival de 1970, ano em que gravou seu excelente álbum Elastic Rock, cujo título diz muito. Em julho desse mesmo ano, já em New York, o grupo se apresenta no Village Gate para uma platéia estupefata, que se perguntava que música era aquela: não era jazz, não era rock. Talvez apenas Roland Kirk, que estava sentado na primeira fila, soubesse responder. Deram-lhe o nome de jazz rock. Como a maioria dos bons álbuns de jazz rock, Elastic Rock deve ser ouvido na íntegra, já que a audição de apenas uma faixa equivale à leitura de apenas um capítulo. Com o álbum teremos uma breve amostra do que é fusion: bons músicos de rock tentando tocar jazz. Boa audição e não se esqueça: evite álbuns de músicos de jazz tentando tocar rock!"
Clicaki pra baixar.
Prezado Sérgio, obrigado pela citação. É uma honra poder participar de um blog tão bom quanto o seu.
ResponderExcluirGrande abraço, JL.
Com suas dicas e palinhas de seus textos coesos, ainda vais participar muito, Lester! É até uma de minhas maneiras escusas de te incutir o hábito de passar aqui com maior freqüência.
ResponderExcluirAgora vamos ver como a rapeize daqui reage ao Nucleus. Em termos musicais é uma banda maravilhosa, mas repare, pelo número de comentários, como com a maioria dos estranhos no ninho Issa Bagayogo (fantástico) Tinariwen (extraordinário), as pessoas tendem a se arriscam menos. No final, é tudo uma questão de vencer preconceitos. Quanto mais gente, maior o número de arriscadores, aumentando os comentários os receosos (que lêem) tendem a ficar mais curiosos, daí para franco-atiradores é um pulinho só.
Um abraço.
Sempre ajudando no que for possivel a pedido do wagner quanto ao redbone sua discografia esta no el camaleon banda indigena muito porrada anos 70 ok Marcos pesquizador musical
ResponderExcluirLink para Redbone:
ResponderExcluirhttp://rapidshare.com/files/68937908/Redbone_-_1971_-_The_Witch_Queen_Of_New_Orleans_256_.rar
Lester, só por curiosidade: conheces Soft Machine? É uma banda de rock que, pra muitos radicais do rock, cometeu a traição de virar fusion. E o Nucleus lembrou muito o Soft Machine (não necessariamente nesta ordem). Portanto, na minha opinião, SM tbm foi uma excelente banda fusion.
ResponderExcluirAbraços!
É verdade Sérgio. O Soft é considerado um dos pioneiros grupos de rock a utilizar elementos característicos do jazz em suas composições e interpretações. Infelizmente tenho poucos álbuns do grupo, o que me impede de emitir qualquer parecer definitivo. Aguardo uma resenha grupo em seu blog.
ResponderExcluirGrande abraço, JL
Lester, sobre a sua curiosidade a respeito do Soft Machine (de estilo bem próximo ao do Nucleus), SF foi uma banda que conheci já na fase fusion. Com os álbuns Bundles e Softs. Como te disse lá, nos comentários de sua casa, esses álbuns (na nova fase), foram defenestrados pelos verdadeiros fãs do rock-experience no conceito, intituição, melhor dizendo, Soft Machine. E a banda, que também contou com a participação de 2 elementos do Nucleus (John Marshall e Karl Jenkins) já estava, salvo míseras exceções, naquela etapa da vida de todos os grupos de longa duração, de indefinição. "Partimos para o mainstream ou continuamos experimentando?" Metade das cabeças pensantes do Soft Machine já haviam saído para outras aventuras. E segundo a fonte Mofo http://www.beatrix.pro.br/mofo/soft.htm - se o Jazzseen é referência em jazz, este endereço é o de excelência no rock - Allan Holsworth, um excelente guitarrista (de rock), foi o verdadeiro responsável pelo desmantelamento geral e irrestrito da identidade Soft Machine (esta afirmação pode dar o que falar). Mas, a verdade é que só conheci a áurea fase dessa banda, depois que a internet deu acesso aos álbuns que não conhecia. E, embora goste muito do Bundles, e aprecie algumas faixas do Softs, há, realmente, um abismo entre início, meio e fim do conceito do grupo.
ResponderExcluirQuer saber, Lester? A próxima postagem será sobre o Soft Machine, me aguarde
Há várias décadas, nos estertores dos anos sessenta, início dos setenta, meu irmão mais velho comprou um disco de uma banda inglesa que mexeu com a minha cabeça púbere (aliás, o mano me apresentou diversos discos fantásticos). Tratava-se do disco Stonedhange, do Ten Years After, capitaneana pelo guitarrista Alvin Lee. O groove da banda, nesse disco, não tinha nada de vanguardista, diria até que era "retrô". Se o jazz passou a usar o rock, aqui o rock passou a usar o jazz (a predominância é da sonoridade jazzística, acrescida do balanço do r&b). Esse é um dos discos que influenciaram na minha transição para o jazz, que me fizeram descobrir o jazz.
ResponderExcluir10 Years After tbm é uma excelente dica, Salsa. O 1º que pirei ao ouvir da banda foi 'A Space In Time', álbum importantíssimo na formação do meu gosto musical. Há nesse álbum uma faixa instrumental de improviso totalmente jazzy. Continuem sugerindo que vou só anotando. Como faria o cara do molejão: vou varrendo, vou varrendo, vou varrendo, vou varrendo (mas estocando pro verão).
ResponderExcluirSérjão, você chamou, aqui estou. Realmente, não conheço o Nucleus pois tinha apenas 10 aninhos e, nessa fase, estava caindo de quatro por Creedence, Deep Purple, Stones e o deus supremo Led Zeppelin, entre outros. Exigir de um moleque nessa idade, e nesta época, a degustação da exuberância de um jazz é, no mínimo, crime hediondo. Vou, com certeza, baixar o Nucleus pra confrontar com essa excelente resenha do John Lester, apesar de discordar em grande parte da sua colocação a respeito de músicos de jazz tocando rock. Talvez o melhor seria: músicos de jazz incorporando o rock. Mas isso é papo pra muita gelada e bolinho de bacalhau em um bom boteco bunda-de-fora.
ResponderExcluirA verdade é que existe música ruim em qualquer gênero, até mesmo no jazz mais ortodoxo. E na música erudita. E no fusion, no rock, no pop, no blues, etc.
E existe também o gosto pessoal: salvo rarísssimas excessões, não gosto de free jazz.
Já salvei o link e, oportunamente, vou baixá-lo.
Abrações.
Pois é, rapaz... Tá vendo? Por isso te chamei logo pra vir cá, porque pros apreciadores, antes na adolescência, de rock e soul music, o fusion foi uma novidade bastante interessante. Lembro-me do show no Carlos Gomes do Passport em setenta e quase nada, em começo de carreira que me deixou completamente de bob! Depois (ou antes, já não dá mais pra precisar), a versão do Montrey Pop (era este o nome mesmo?) no Maracanãzinho, com Stanley Clark (ainda em tempo de Scool Days) e, em separado, Jaco Pastorius mais banda, tudo isso na mesma noite + Hermeto, que louco, abandonou o palco pq um casalzinho conversava atrapalhando-lhe a performance... Acabo de fazer uma regressão em regra... Mas, enfim, o fusion estava ali na sua maior força de expressão e representatividade. Pra mim era muito bom! Quer dizer: ainda é. Mas confesso que depois de cair dentro do jazz mais acústico, muito graças a Lester e Salsa no Jazzseen, fiquei mais reticente que já era com o fusion. Porque o estilo envelheceu. Perdeu o viço... Isso, nem tanto pelas influências desses dois do blog, mas pq já não ouvia antes com tento entusiasmo mesmo.
ResponderExcluirMas a dica do Lester é realmente sugestão de quem aprecia jazz e faz pouquíssimas concessões ao “resto”, portanto vale demais à pena baixar Nucleus! E pra não esquecer esse compromisso, deves continuar freqüentando aqui em casa. Viu aí o que aconteceu? Quando voltou foi obrigado a comentar uns 10 álbuns postados depois. Este Sergio Sônico se atualiza, Edson Edílson! Não perca o bonde da história. Faça como eu! que te visito semanalmente pra não ficar desatualizado.
Um abraço brindado!
Valeu!!!! O som do "nucleus" é muito bom.
ResponderExcluirAbraço Amilton
Baixou Nucleus também? Vai explorando! Aqui tudo é bom, o que muda é o gosto.
ResponderExcluirsergio
Salve, Sérjão! Muito bom o Nucleus e não é a toa que alguns membros foram parar no Soft Machine, pois a linguagem é bem próxima (ao menos na 1ª fase). Alguns trechos mais chegados ao 'free' acabam por tornar-se modorrentos (meus estilos prediletos são o be-bop e o cool) mas, se não desce redondo, nota-se ao menos excelência na execução e bons temas.
ResponderExcluirAbrações.
Valeu, Edson. Agora te aguardo no Tom Harrell. Um conselho? Baixe a múica que deixei de amostra de estilo. Depois é só correr pro abraço! Que sonzera!
ResponderExcluirMe tocó conocer a Ian Carr & Nucleus en una presentación que hicieron en Santiago de Chile.
ResponderExcluirSon una banda interesante y con músicos de gran capacidad.
Desde entonces los busco y tu me has dado la oportunidad de conocer otra de sus facetas.
Muchas gracias por tu aporte.
Un abrazo desde Chile.
Patricio
Seja bem vindo Patricio.
ResponderExcluirIsso é que dá rockeiro se meter a falar do que não sabe!
ResponderExcluirQuer dizer que Bitches Brew é chato? Herbie Hancock não sabe fazer Fusion? hahaha. É, cara, parece-me que você está numa grande "Confusion", mas da próxima vez, vá estudar um pouquinho de Jazz, vai.
Combinado! Façamos um trato: eu estudo tudo de novo e de novo e de novo e você se esforça em aprender a ler. E, quem sabe, num esforço hercúleo descobre também o jeito certo de assinar o próprio nome.
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