sábado, 5 de janeiro de 2008

ART BLAKEY AND JAZZ MESSENGERS E UM MOANIN' AÍ...


Órfão, ele trabalhou em minas de carvão, casou-se quatro vezes, teve sete filhos e adotou outros sete... Um dos músicos mais influentes da história do Jazz, o baterista Art Blakey (1919-1990) costumava dizer que "O instrumento mais próximo da alma humana é a bateria, porque, se o seu coração parar de bater, você está morto". À revista "Down Beat", em 1979, Blakey disse: "Se você não andar no ritmo, não consegue andar direito. Você precisa mastigar sua comida no ritmo. Todas as coisas têm um ritmo próprio."

Abandonado pelo pai e órfão de mãe aos 5 meses de idade, Arthur Blakey foi criado pela melhor amiga de sua progenitora. Aprendeu piano de ouvido, mas acabou trocando o instrumento pela bateria, que tocou, nos anos 40, nas bandas de alguns dos maiores nomes daquele período, como Fletcher Henderson, Mary Lou Williams e Billy Eckstine.

Em uma viagem à África, em 1948, aprendeu a rítmica complexa (polirritmia) que seria a marca registrada de seu estilo. E, de quebra, converteu-se ao islamismo, adotando o nome de Abdullah Ibn Buhaina -de onde vem o apelido Bu, pelo qual ficou conhecido.

Hard bop
Foi nos anos 50, ao lado do pianista Horace Silver, que ele criou os Jazz Messengers, grupo fundamental da consolidação do hard bop, novo estilo que, incorporando elementos do gospel, do blues e do rhythm'n'blues, se contrapunha à suavidade do cool jazz. Para alguns, o hard bop enfatizaria os elementos "africanos" do jazz, em oposição à inflexão "européia" do cool. Cheio de energia, o baterista comandou os Jazz Messengers até o final da vida - nos últimos anos, usando um aparelho auditivo no ouvido direito. "Eu sinto as vibrações do chão, como Beethoven", explicou, já quase surdo, em uma entrevista, quatro meses antes de morrer. "Isso é que a música é, de todo modo: vibrações."

O Álbum: Sobre o álbum aqui, não podia ser comum... Aliás podia sim. Só que ainda estou providenciando o Moanin' / Blue Note oficial -, o que tenho foi o que me caiu às mãos por obra e graça de um fã de Art & Jazz Messenger, a quem conheci, tanto fã quanto a banda, ontem, na birosquinha da esquina (Ê Leblon, véio de guerra!) e, ontem mesmo, em meio a papo animado, pediu licença aos convivas para em seguida reaparecer com uma cópia em CD, pedindo-me o obséquio de postá-lo aqui na humilde choupana. Porque cargas pediu anonimato? Sei lá. Provavelmente, deve, não nega e já está providenciando pagamento, sem querer dar nem receber crédito. Constam na capa, nada oficial, as seguintes informações: acompanhando Art ‘Bu’ Blakey, Lee Morgan - pra mim este já atingiu o status de nirvana, senta-se à mesa com o Buda original, J Cristo, J Coltrane e... J Hendrix, claro. Miles? Quem é Miles?... Ah, o Miles, que nem J tem no nome artístico, esse fica na ala dos fumantes. Enfim, L Morgan, trompete, no sax, Benny Golson (outro monstro sagrado) e mais Jymie Merritt, baixo e o mestre de harmonia Bobby Timmons ao piano.

Embora seja ao vivo - está lá a reação do público -, explico, porque as informações dão conta da gravação (só tô transcrevendo!) ser no Rudy Van Gelder Estúdio, Hackensack, Nova Jersey, em 30 de outubro de 1958. Como no CD, este, o setlist é totalmente diferente do original da Blue Note, também datado de 30/10/1958, deixo a batata quente na mão de quem quiser desvendar o mistério. Através do Allmusic não encontrei nenhum título correspondendo a este repertório. Pode se tratar de mera compilação caseira ou de raridade ultra-super. Pelo sim, pelo não, se correta não sei, mas informação aqui é o que não falta!

prá lá que o disco compensa. Acrescentei a ele "A Night in Tunisia" - esta, a faixa correta de álbum idem, gravada em estúdio pela Blue Note (1960), do CD homônimo, com uma alteração: no sax, sai Golson, entra, Wayne Shorter, no mais, está tudo corretinho, certificado em cartório e com firma reconhecida. Bem o papo tá muito bom, mas...

Clikaquipra baixar o que interessa parte 1

1] Moanin' - 2] Soulful Mr. Timmons - 3] My Ideal

E aqui pra 2ª parte

4] Free For All - 5] Angel Eyes - 6] A Night in Tunisia (Bt.)

17 comentários:

  1. Serjão,
    tenho que dizer que sei que seus fura-bolos têm usos muito mais dignos, mas o que você faz com eles é só de seu interesse! rsrsrs Mas o que me interessa, seus textos e resenhas, não há dúvida que o 'trabalho' é de primeira linha e jamais faria pouco caso disso, pelo contrário, é algo admirável mesmo. Eu não tenho muito saco de escrever tanto assim, mesmo utilizando todos os dedos! O importante é conseguirmos nos comunicar e, através dos blogs, compartilhar esses prazeres musicais, opiniões e tudo o mais.
    Assim como você está com preguiça pro prog, posso te dizer que sinto quase o mesmo em relação ao jazz. Escuto Miles pelo menos uma vez por semana e uma ou outra coisa nova também. Quando digo 'nova' quero dizer algo que baixei recentemente. Isso tudo porque já fui muito 'jazzófilo', tanto como músico quanto como apreciador, e já não há mais tanta coisa que me surpreenda; hoje procuro ouvir de tudo um pouco, com pouquíssimos preconceitos (afinal, a essa altura, já desenvolvemos um 'filtro', não é mesmo?). Na verdade, entre o jazz e o prog, fico com o fusion, que tem muita coisa boa também.
    Espero que você goste de algum daqueles que te indiquei e, cara, comente lá no Pântano, já que você é um dos poucos que faz isso por lá.
    Até.
    Grande abraço.
    ML

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  2. Claro, Maddy comentaria na boa. E foi mal, acho que me excedi na história dos dedos mas ando make bem mais puto que aparento com o que vem acontecendo a minha volta. Afinal dá um trabalho monstro essa atividade, pra vagabundo fazer o que está fazendo impunemente...

    Mas, cara, tem um problemaço em relação a boa parte do som do Pântano e do Delirium, e vc, certamente não irá me levar a mal: é que só os nomes das bandas e as capas então... aquela pompa e circunstância tudo me soa tão Harry Porter, O Senhor dos Anéis..., não é não? Tenho grilo de não viajar mais nessa onda. S é que a onda é essa. Puro preconceito eu sei, porque nem me disponho a ouvir. Mas, por exemplo, corri atrás de tuas recomendações, fui no Delirium e saí de lá só com um botleg do King Crimson raro e o tal último live do Gentle Giant. Me senti como aquela grande maioria das pessoas q conheço que não tem mais o hábito ou saco mesmo de curtir/conhecer as novidades e acaba ouvindo só o que já conhece. Não sei quanto a vc, morando agora num lugar tão distante, se conhece gente assim. Mas todos os meus antigos amigos só gostam do som que ouviram quando garotos, no máximo entre os 15 e os 30 anos e não tem o menor interesse de conhecer novidades, a menos as que tocam no rádio como um Jack Johnson aqui, uma Madeleine Peiroux, ali... Isso quando o gosto é razoável!...

    Enfim, vi a apresentação do The Enid, por exemplo (acho que foi este) e só de ler a relação, no texto, da banda com a música clássica e Premiata Forneria Marconi, etc, já pulei pra outro, entende o problema? Assim como vc deu uma desanimada do Jazz, comigo foi ao contrário. De jazz o que sabia era quase nada, só nomes, os mais famosos que todo mundo conhece, gostava do que ouvia, sempre gostei, mas nunca fui fundo a ponto de querer conhecer mesmo a arte. Já hoje o gênero tá me trazendo tantas possibilidades que, só me estimulam a saber mais e mais... Mas em música o negócio é experimentar, cumpadi. Então, sem essa de ir no sacrifício, pq realmente não conheço MESMO os rumos que o progressivo tomou e vou conferir lá de novo as suas sugestões.

    Agora, tu conhece Lee Morgan? Cumpadi Maddy, a parada aqui é coisa séria. Se não conhece prova tbm.

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  3. ATENÇÃO: As duas 1ªs pessoas q baixaram este álbum, baixaram duas vzs a parte 2. O link da parte 1, já foi trocado pelo certo. Perdoe a nossa falha.

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  4. Sérgio,
    entendi seu ponto de vista, pode ficar tranqüilo. Eu também fico meio pé atrás com essa coisa de Fantasia que existe no prog, dragões e duendes também não é muito a minha praia (mas isso é muuuuuito pior em certa vertente de heavy metal, por exemplo), mas quando a música, em si, me diz alguma coisa, me emociona, sei lá, a temática que se foda! (rsrsrs) Mas, cara, não se force a re-ouvir prog, ainda mais agora que você está na onda do jazz, que é quase um extremo inverso. Mas, se você quiser insistir, pelo menos já sabe o caminho das pedras.
    Sei bem como é essa coisa que as pessoas cultivam de ouvir sempre mais do mesmo, que nem fã da Jovem Guarda, que viveu intensamente aquela época e hoje em dia prefere ver um show da Vanderléa do que o de qualquer banda ou artista mais novo. Dá pra escrever uma tese sobre isso, mas não vou me dispor a tanto... O negócio é esse, alimentar esse monstro chamado Curiosidade e se aventurar por mares nunca antes navegados, a viagem sempre vale à pena. Essa coisa de nostalgia tem lá seus limites e o ranço do passado me dá alergia.
    Aqui onde moro tem pouca gente que realmente curte um som dessa mesma maneira louca, assim como nós por exemplo, mas como ensino música pra criançada acabei conseguindo ampliar os horizontes de muita gente, porque tocamos de tudo por aqui (MPB, clássico, chorinho, rock, qualquer coisa) e fazemos pelo menos um recital por mês. Além disso temos aqui uma dupla de paulistas muito loucos que tocam, de onda, todo fim de semana, um monte de 'crássicos' da música mundial em ritmo de forró (rsrs), é a dupla Pilão & Pilado, e o pessoal se diverte.
    Quanto ao Lee Morgan, cara, sou muito fã de trompete e esse cara manda muito, já tenho esses disco que você postou, muito bom.
    Grande abraço.
    ML

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  5. Brodi, passei por aqui só pra lincar o Pântano, sério! E escrever que estou encantado com o disco do Gatto Marte (Gatto Marte - Danae). Que encontrei em outro sítio que não o DD. Pois (c já sabe que sou analfabeto digital), não encontrei um clique de busca no DD. Enfim, bom para K..............! e mais um poco o Gatto Marte. A Itália sempre foi terra forte no gênero. Mal comparando, me dá uma pinta de Gerais à época que inspirou o Clube da Esquina.

    Escrevi tbm uma msg de pesar pelo encerramento dos trabalhos do Delirium Dust - nas despedidas da Janis. Vá e veja. Aliás, vc já viu esse filme russo sobre a 2ª guerra? "Vá e Veja"! É uma pancada no estonco, amigo! Mas isso já papo pra outros quilômetros de letrinhas.
    Valeu a dica! (já estou na faixa 5/"900" do álbum e amarradão).

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  6. Sérgio,
    Gostei de saber que curtiste o Gatto Marte, tô até pensando em upar mais outros dois deles pra postar lá no Pântano.
    O Andy Ward é o do Camel; genial o cara.
    Pode mandar os links do Helium & Co. Tô esperando.
    Grande abraço.
    ML

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  7. Esqueci de dizer que os links lá no DD ficam logo após a resenha, é só clicar no nome do host - no caso do Gatto Marte é o Filesend (ainda ativo).
    Valeu!
    ML

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  8. Tou te aprontando os links de Helium & Mary Timoni - um de cada pra ver se bate bem. E o problema não é achar os links do DD, mas sim achar as bandas q quero pq, o que não vi lá foi aquele espaço "pesquisar blog".

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  9. O 'procurador' no DD fica do lado direito, mas você pode clicar também nos meses que aparece a lista de tudo o que foi postado.
    Vou baixar as paradas que você me mandou.
    Valeu!
    ML

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  10. Pois é, Seu sérgio, não é que postei, lá no jazzigo, um breve comentário sobre um disco do Blakey? Só que acompanhado pelo genial maluco de carteirinha Thelonious Monk. O disco é clássico e antológico. Todo mundo tem. Para quem não conhece, vale a conferida. Quem conhece, ainda se espanta.

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Pois é, seu CD, por acaso, há coisa de duas horas, visitei seu blog e vi a dica. Não tinha, aliás como já disse, nada de Art & JM antes do presente recebido no buteco. Agora já tenho os dois oficiais, Moani' e A Night... E baixei e já ouvi esse com Monk. Thelonious é genial. Por isso a pressa de conhecer. Mas, te confesso que, a 1ª orelhada de cada um desses álbuns, gostei mais do Art & JM mais visceral como nos álbuns Moani' e A Night in Tunisia...

    Queria saber se ficou curioso e procurou ouvir este ao vivo postado. Se voltar aqui, diga-me algo a respeito.
    Abraços!

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  13. Se voltar uma missão mais importante é fazer justiça a Sidewinder, esquecido com 0 comments. Lamentávvel...

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  14. Anônimo2/4/08 11:18

    Sérgio, antes de tudo, parabens pelo seu blog. Estou aqui para tentar esclarecer a origem dessa gravação dos JM. Vamos lá, essa gravação aconteceu em 11/10/1980 em Fort Lauderdale, Florida, no "Bubba's Jazz Restaurant". A formação é seguinte: Wynton Marsalis (trompete), Bobby Watson (sax alto), Bill Pierce (sax tenor), James Williams (piano), Charles Fambrough (baixo) e o mestre Art Blakey. Foi lançado em Cd duplo (versão importada) e no Brasil chegou a ser editado em LP, de onde estas faixas me parecem ter sido extraídas. O fato que corrobora o que digo é que em 1958 os temas Free For All e Soulful Mr Timmons nem haviam sido compostos ainda. Quanto ao trompetista Lee Morgan, tambem acho que foi um dos grandes no instrumento, assim como outros que passaram pelos JM como Clifford Brown, Kenny Dorham, Donald Byrd, Freddie Hubbard, Woody Shaw e Wynton Marsalis; só pra citar alguns. Espero ter esclarecido o mistério dessa gravação e desejo a vc cumprimentos pelo blog. Valeu!!!

    Jazzman-rj

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  15. Muitíssimo obrigado, mr.Jazzman. Uma postagem quase esquecida, de repente ganha esclarecimentos imprescindíveis. Isso é muito bom. Aliás, é o que anima a gente a continuar postando.
    Uma abraço e continue por aqui visitando, please. Tem muito jazz raro para postar ainda...

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  16. Anônimo2/4/08 11:29

    Sergio, deixo aqui uma página da discografia de Art Blakey pra que vc mesmo possa conferir minha informação.
    http://www.jazzdisco.org/blakey/cat/a/#break-time-brj-4039

    Jazzman-rj

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  17. Anônimo2/4/08 11:36

    Sergio, sei bem o desalento que dá a falta de comentários nos nossos blogs. Te convido a visitar minha pag no Multiply http://jazzmanrj.multiply.com/
    para ver o conteúdo completo faça um registro no multiply é rápido e indolor! rsssss

    abraços

    Jazzman-rj

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)