Despedida de Solteiro (ou) Isso é que é regressão!
O indivíduo não güentava mais os ciúmes da noiva quando, para evitar outro barraco, internou-se na casa da mãe. Estressadíssimo foi logo avisando: Mãe, se a Noiva ligar eu não tô, tá? Diz que você não me vê há séculos!... Aliás, diz que a culpa disso, do meu sumiço, é dela! Isso, culpa a ela! Inferniza a vida dela, mas me inclua fora dessa!”.
À mãe, careca das picuinhas do casal, coube alegrar-se pela volta do filho pródigo e correr para cozinha, pra modo de preparar-lhe um lanchinho reforçado - percebeu o menino um tanto abatido naquela manhã. Quanto ao filho (da mãe), foi deitar-se em seu velho quarto que ainda estava lá, tal qual ele deixara, intacto.
Tevê ligada... na cama com Madonna e a Didi da MTV; lambendo dos dedos, o recheio gorduroso dos biscoitos achocolatados, lá estava ele... Como um paxá! De volta ao lar, noivinho em folha. Um indefectível bigode toddynho denunciava o marmanjo fraldigueiro que já se havia transformado... “UAAARG!”... – atrás da porta, aquiesceu mamãe zelosa. Saudosa até do tempo que o bebê regurjitava. Sentindo-se são e praticamente a salvo, passou o noivo a raciocinar com a cabeça meticulista da radiopatroa: Aquela samanga - matutou -, a essa altura já deve ter ligado para todos os botequins desta cidade, todos os amigos (meus) inimigos (dela) e, claro, todas as minhas ex-namoradas. Deu-se muito mal desta vez!... Fez um toc, toc na madeira; no remoto, aumentou o som da televisão e procurou relaxar.
Na sala, o telefone o convenceu do contrário - pra dar sorte são três toques, otário! Mas, tudo bem, com essa ele também contava. Por trás da porta entreaberta, ouviu a voz da mãe razão, ao tel., defender o filho injustiçado. Minutos depois, tudo arranjado, o silêncio se fez e o rapaz suspirou aliviado. Coreografou um mergulho na cama, espreguiçou a carcaça maltratada, acendeu um cigarrinho - que menino ladino! - e quase imediatamente adormeceu. Dormiu tão gostojinho que chegou até a sonhar. E de tão descansado, desconheceu onde acordara, o porque de estar ali... E mesmo, quem? Quem? Quem? tocaria a campainha de um modo assim tão desabalado!...
A Noiva, sua besta! (Blump!) Cai em si e da cama. Já que estava ali, engatinha logo lá pra baixo. Não! - pensa - Fala sério! Ela me descobriria fácil, fácil! - desengatinha ainda mais rápido. Em pânico, age como se na sala, aos berros, estivesse a goiana Vilma, a velocirraptora de bebês reclamando a posse do filho amado. Se evadir como? Na mei’água de meimetro quadrado? Opta então pelo guarda-roupa, refúgio obvio, portanto, improvável. Momentos de expectativa... Os grunhidos de PABX da RP se aproximam perigosamente do quarto... Com o coração aos solavancos, reconstitui seus últimos passos: mamãe recolheu o lanche? Recolheu. E a Didi da MTV? Ela também desligou. Teve até bicota de durma bem... Ah, tá limpo! Tudo b... (vlam!) Opa... Glup. ... Noiva robótica invade o quarto. Seria exagero do noivo imaginar a versão feminina do Exterminador do Futuro, perscrutando cada som, cada odor, cada onda de calor que por desventura, o seu corpinho acovardado exalasse?... Perda de tempo e de delírio. A noiva nem precisou usar do faro apurado para desvendar a farsa. Bem debaixo das fuças dela a fumacinha do cigarro denunciava o ar viciado dele naquele quarto infectado... Eu sabia! - ganiu a fera ferida - Te peguei!, seu... cafajeste, covarde!... E este “Te peguei!” já lhe foi berrado na lata! Com a porta do armário escancarado. Explicar mais o que? Rendeu-se gato escaldado. Entrincheirado entre a caixa do Autorama, e a fantasia de Batman... Balbuciou a única expressão cabível a um futuro chefe de família, já totalmente desmoralizado: Açôôô!
Espero que não seja sua bio...he he
ResponderExcluirRubens Leme, Mofo
Que nada, rapá. Isso daí é uma espécie de versão curta metragem daquele filmaço do Kevin Costner, "Sem Saída", "No Way Out", in english. Mas baseado em fatos reais!...
ResponderExcluirSensacional o poema pisca pisca! Espero que uma obra não ofusque a outra...
ResponderExcluirBem, não posso dizer nada além de "conheço parte dessa estória": A do retorno para a casa da mamãe. Dedão na boca. Ninguém foi correndo atrás.
ResponderExcluirÉ verdade, Salsa. Bom observador, vc! Tenho uma 'certa' fixação com essa história - são histórias, Salsa, não estórias - de "O retorno a casa de mamã". Afinal, o bom filho à casa, as vzs, torna. Mas te garanto que as histórinhas, embora reais, por mim AINDA não foram vividas. O que não quer dizer que um dia... Xá para lá. Acabo de dar três toc toc TOC na madeira, e dicum força!
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