quinta-feira, 20 de março de 2008

MINNIE RIPERTON (COME TO MY GARDEN + PERFECT ANGEL)



Minnie Riperton nasceu a 8 de Novembro de 1947 em Chicago, cidade onde estudou música, teatro e dança. Iniciou-se na música pop aos 15 anos, quando entrou na editora Chess como parte integrante das The Gems; grupo feminino que editou alguns singles que não ficaram na história, ao mesmo tempo que fazia (o grupo, não Riperton) coros em espectáculos de algumas das artistas mais consagradas da editora, como eram os casos de Fontella Bass, The Dells ou Etta James. Após a dissolução das The Gems, Riperton gravou um par de canções em solo sob o pseudónimo de Andrea Davis, ao mesmo tempo que trabalhava como recepcionista nos escritórios da editora.

Em 1967, após uma audição em que, diz a lenda, o produtor e compositor Charles Stepney teria ficado impressionado com a sua voz celestial e operática - Riperton tinha uma voz invulgar de soprano, capaz de chegar sem esforço às cinco ou seis oitavas, tendo, na sua adolescência, chegado a manter uma breve carreira como cantora de ópera -, Riperton foi convidada para cantar nos Rotary Connection - aclamado grupo vocal da soulmusic. Simultaneamente, participou em discos de Quincy Jones, Roberta Flack, Freddie Hubbarb e Etta James e gravou, em 1970, um disco a solo na Chess ('Come Into My Garden'), um álbum que o allmusic definiria alguns anos mais tarde como " a perfect balance between romantic melodrama and sensual nuance" (e eu juro que o disco soa bem melhor do que aquilo que esta descrição faz prever). Porém, quatro anos após a estréia e seis álbuns mais tarde, nos Rotary - com vendas nunca superiores às 200.000 cópias, o que lhes dava o status de ser um dos mais bem sucedidos grupos do underground de Chicago, mas insuficiente para atingir o reconhecimento global - Riperton deixou os Rotary Connection, tendo estes terminado definitivamente a carreira em 1974.

Com o final dos Rotary Connection, Riperton abandonou a Chess e mudou-se para a cidade de Los Angeles (não necessariamente nesta ordem) onde conheceu Stevie Wonder, com quem viajou pelos EUA como backing vocal nas Wonderlove. Fascinado pela voz única de Riperton, Stevie aceitou co-produzir 'Perfect Angel', ao mesmo tempo que tocava bateria e teclados e dava uma mãozinha na autoria de três dos nove temas do disco, incluindo o seu primeiro grande (e único no Brasil) êxito internacional, 'Lovin' You'*. No entanto, os álbuns seguintes - 'Adventures in Paradise' e 'Stay In Love', gravados com a colaboração cúmplice de seu marido, Richard Rudolph - tiveram um êxito muito relativo.

(Faz-se necessário deixar aqui uma pista para a escolha dos álbuns, de conceitos totalmente distintos. Enquanto "Come Into My Garden" vai mais na linha Burt Bacharach, em "Perfect Angel" percebe-se, sem esforço, a mão autoral de Stevie Wonder na concepção do disco.)

Apesar do pouco reconhecimento, Riperton nunca deixou de cantar e atuar ao vivo, mantendo uma carreira discreta mas persistente, até falecer, vítima de câncer, em 12 de Julho de 1979, aos 32 anos.

* O mercado é mesmo padrasto...

FONTE

MINNIE RIPERTON (COME TO MY GARDEN) 1970

MINNIE RIPERTON (PERFECT ANGEL) 1974


2 comentários:

  1. Esses artistas que sempre ficam perto quase perto de explodir constituem uma bela parte do pop. Quantos e quantos artistas não amamos e ninguém entende pq não fizeram um baita sucesso?

    Rubens Leme, Mofo

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  2. Rubens, bom vc fazer este comentário, pois esse conceito é 85% da proposta do SSônico. Trazer de novo à luz um tantão de gente que se apagou ou foi eclipsada antes do tempo... É só correr a tela pra perceber que os famosos aqui é que são a exceção.

    Afinal esse negócio de babar ovo só do que é ou foi sucesso já extrapolou o padrão aceitável do exagero! Concordas?

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)