WOODY SHAW (STEPPING STONES - LIVE AT THE VILLAGE VANGUARD)

Nas noites de 5 e 6 de agosto de 1978, quando a unidade móvel estacionou nos fundos da meca do mainstream-jazz em NY (Village Vanguard), Woody - tocando “cornet” e flugelhorn - subiu ao palco comandando Onaje Allen Gumbs (piano), Clint Houston (baixo), Victor Lewis (bateria) e Carter Jefferson (saxes soprano & tenor). Como diria Hermeto, “quebraram tudo”! Se “Stepping Stones: live at the Village Vanguard” (70m37s) já era excelente no formato LP, em CD então, com duas faixas inéditas (“Blues for ball”, de McCoy Tyner, com mais de 17 minutos!, e a bela balada “All things being equal are not”, de Gumbs, movida a vassourinhas), nem se fala. Shaw, de fraseado peculiar, solista que sempre viajava por caminhos inesperados, mas sem descambar para a experimentação gratuita, sai logo arrasando nas suas “Stepping stone” (numa seção sambão inflamado, Lewis emulando Dom Um Romão) e “In a capricornian way”, outra pauleira de contornos insuspeitos. Todos os músicos estavam no ápice de suas carreiras, como comentam nos textos - da nova edição americana em CD - o trombonista Steve Turre, o produtor Michael Cuscuna e o filho do líder, Woody Shaw III. Apesar do imenso sucesso no exterior, nem “Rosewood”* (taxado de “comercial” pelos puristas... Quanta ignorância!) nem “Stepping Stones” foram lançados no Brasil, porque um louco bicão, que aqui comandava o departamento de jazz da CBS naquela época, não “simpatizava” com Shaw.

Artigo escrito por Arnaldo DeSouteiro em 18 de Agosto de 2005. Publicado originalmente no jornal "Tribuna da Imprensa".

* eleito, pelos leitores da revista Downbeat, a época do lançamento, melhor LP do ano (1978/79).

WOODY SHAW (STEPPING STONES - LIVE AT THE VILLAGE VANGUARD)