quarta-feira, 5 de março de 2008

ELA É FÊMEA E GESTANTE



"Efêmera" é lugar comum distante.

Ela é fêmea e gestante!

Sem sombra de dúvida a noção de vida só pode ser bem compreendida se dela apartarmos o conceito de nascimento e morte. Parece contra-senso? “A que fim serve a vida?” Quando fazemos tal pergunta, inconscientemente, nascimento e morte limitam o conceito. Se insistirmos no questionamento, outras dúvidas que rondam as idéias naturalmente surgirão, quévê: Porque existimos? De onde viemos? Para onde vamos? Na dúvida, embute-se a finalidade como um fim (finito), não como o objetivo.

Hora de perguntar: nos primórdios dos primórdios da mais primitiva existência, antes dela, existiu um nada absoluto? É-se possível emergir do nada? “Um dia” - como “dia” se não havia a noite? – “o Senhor” - não poderia ser Nossa Senhora? – “se materializou diante do nada” (jura???) “e disse: Faça-se a luz - e a luz se fez.” - Ah, então foi à noite...? Mas o que é o nada lá de onde esse Deus milagrosamente brotou senão a representação de um zero absoluto? E qual o resultado de qualquer operação matemática, divisão, adição, subtração ou multiplicação, envolvendo somente zeros? Então, porque diabos nós, seres humanos, teimamos em perguntar como fez o poeta “existirmos, ao que será que se destina?”, quando o muito mais vital à nossa existência é desafiar questionando: porque não existirmos!

De qual substância se alimenta o nada absoluto, sem luz, nem cores, sem sombras, sem dores, sem brisa, sem nós, nossas paixões e os nossos amores? E se a vida existe - ela é um fato -, deve-se a outro fator: o de estar em todas as coisas que são, certo? Sem qualquer exceção, certo? Desde as sensíveis, como as insensíveis a nós. Pode ser de outro jeito? “Entre mim e você há um espaço que nos distancia, ou seja: há vida entre nós dois, só não a vida inteligente.” - Amigo, se mandares essa no momento oportuno a alguém que você sinceramente deseja, em nove meses haverá mais uma vida brotando entre vocês. Vida absoluta, então, é a justa oposição ao nada. Portanto, quem absolutamente não existe, é o nada. Este sim um fato de uma obviedade prática primordial!

Portanto, vivos ou melhor, qualidade de vida, têm os que podem desfrutar integralmente da infinidade de princípios, meios e fins concebíveis para qualquer forma de existência. As plantas, os insetos, os vertebrados mamíferos e os peixes e as aves com sua visão panorâmica... E se alguém ainda não estiver satisfeito da vida com tamanha fartura de perspectivas, que se conforme, porque Dela não se livrará nem muerto! Ó castigo desumano!

Porém, no topo da cadeia elementar, estão os satisfeitos. Esses compreendem o conceito de eternidade como a mais óbvia das equações. Na certeza de que, felizes da vida, desfrutam do poder de transformá-lo sempre para melhor mais adiante. A criação viva infinda reside aí. Assim, sem sobressaltos, enxerga-se o fim como finalidade, não como finitude. E assim, sem a sombra da dúvida, nos inserimos no princípio divino universal de eternamente existir.

Não por ironia, clicando na foto, se pode ouvir Emily Remler & Larry Correll interpretando How Insensitive, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)