sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

HERMETO PASCOAL (FESTA DOS DEUSES) / DOM UM ROMÃO (SPIRIT OF THE TIMES)



E pra não dizer que o Brasil pouco se manifesta por aqui...

Vai, bruxo acústico, reator nuclear de um bilhão de megatons, vai com tua usina de sons, com teus caboclinhos arretados e tua fazendola de bolso. Tira a roça da cartola e os galos, os marrecos e os porcos da manga. Reproduza, a teu modo supersônico, A revolução dos Bichos de George Orwell. Escancara a porteira dos estábulos, põe a bicharada pra zoar! Sim, zoar de nós! O gado de invernada aqui somos nós. Esse povo marcado com código de barra, manual de instrução e o já vencido prazo de validade. Incorpora teus exus latentes, bruxo das entranhas! Semeia de sons nossos tímpanos e mentes. Vai, Merlin suburbano, com tua cabeleira de fogo, teus quatrolhos irrequietos, tuas túnicas floridas de turista alienígena acidental, tua carcaça solar nativa do planeta Acorde! Já passa, e muito, da hora de acordar! Acordemos: paralisia quando não mata atrofia! Inebria essa massa totalmente amorfa. Fortaleça-nos com tua energia explosiva, criva-nos de dúvidas e a dose exata de rebeldia! Arranca de nós a reação tão retardada! Vai bruxo maldito! Em tua doce contradição ser maldito é que é ser um cabra bom! Então espanta-nos do marasmo e essa preguiça de pensar. Xô preguiça! Xô paralisia! Xô apatia! De hermético em ti não há nada não, home! Hermética é essa carência de emoção e fome.

HERMETO, BIO

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DOM UM ROMÃO, BIO:

O carioca Dom Um Romão (seu nome de batismo) iniciou a carreira no final dos anos 40, tocando em gafieiras, cabarés e rádios. Na década seguinte, integrou o Copa Trio e conviveu com os músicos que gerariam a bossa nova. O histórico disco Canção do amor demais (1958), em que Elizeth Cardoso cantava músicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, tinha Dom Um na bateria.

Em 1962, Dom Um participou da primeira formação do sexteto Bossa Rio, de Sérgio Mendes, e se apresentou com o conjunto no Carnegie Hall, na noite que consagrou a bossa nova em Nova York. Foi Dom Um quem levou Elis Regina, em 1964, para cantar nas boates do Beco das Garrafas, em Copacabana, dando um empurrão decisivo na carreira da ainda desconhecida cantora.

Ainda em 1964, o baterista gravou seu primeiro disco solo, Dom Um, capítulo importante na história da música instrumental brasileira, em especial do chamado samba-jazz. “Ele fundiu, da melhor forma, o samba de gafieira com o jazz, criando uma escola. Dom Um fez uma ponte Rio-Nova York-Los Angeles que está bem explicada nesse disco’’, afirma Charles Gavin, baterista dos Titãs, ao comentar a morte do colega músico.

Ao lado de Edison Machado, Milton Banana, Helcio Milito, Wilson das Neves e alguns outros, Dom Um Romão firmou um estilo de bateria que atraiu os ouvidos norte-americanos, pois incorporava os andamentos do samba aos movimentos do jazz. Em 1965, engrenou uma longa carreira internacional, tocando com o saxofonista Stan Getz e com brasileiros que se radicaram nos EUA, onde ele lançou nove discos solo.

Entre os músicos que Dom Um Romão acompanhou estão como Astrud Gilberto e Flora Purim. Tocou também com Tom Jobim – participou de Wave e do disco de Jobim com Sinatra – e nos anos 70, fez parte do Weather Report, um dos principais conjuntos da história do jazz fusion, do qual faziam parte Joe Zawinul, Jaco Pastorius e Wayne Shorter.

Dom um Romão morreu aos 79 anos em 26 de julho de 2005

FONTE

HERMETO PASCOAL E GRUPO - FESTA DOS DEUSES (1992)

DOM UM ROMÃO (SPIRIT OF THE TIMES) 1973

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)