sábado, 21 de maio de 2011

Só pra não esquecer:

Música é a cama, o sono e o sonho dos homens.

The Great Jazz Trio (Álbum: "Collaboration" - 2005)
Faixa 06: The Shadow of Your Smile
Músicos:
Hank Jones, Piano - Richard Davis, Bass - Elvin Jones, Drums

sábado, 14 de maio de 2011

East Of Eden (Kalipse) 1996


És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
... Já reparou no Charlie Watts tocando batera nos Stones? Todo mundo se esgoelando, fazendo pirueta lá na frente e o cara nunca, há 50 anos!, consegue esconder a pinta de "porque que eu me meti nisso?". Porque do aparente desconforto? Porque ele queria fazer Jazz, ora! E o tempo a ver com isso? O tempo é o senhor da mudança e com ela - não sou filólogo mas arrisco chutar que tempo + herança = temperança. Uma hora o tempo age e muda o foco e a forma da rebeldia. Quanto a Charlie Watts... ainda que congelado, envelhecendo... Por outro lado, é o melhor exemplo do cara errado em hora e local errados que deu super certo! Pense outro tão perfeito?

Bom, tresontonte retornei a uma banda que sempre que ouço fico com as sábias palavras de mr. Lester, catedrático em jazz, martelando nas idéias. As palavras não são as mesmas, mas o conceito é, jazzistas quando tentam tocar rock, ficam cheios de dedos, pés pisando em ovos, enfim, não é uma coisa natural. Enquanto quando roqueiros vão ao jazz, se sentem à vontade, fazem do jeito deles, pesado, divertido, sujo, sofrido, arrogante, com raiva!... É claro que toda a regra tem exceção, mas na média é bem isso sim.

E East Of Eden, uma banda britânica de Bristol, personifica essa verve além de, com a postagem que tento, explica essa magia do tempo. Sinceramente, eu duvido que haja nesse mundo um grupo de rock que personifique tão bem as palavras do Lester. Veja, entre 1969 e 1970, moleques ainda, eles gravaram dois discos divisores de águas na praia fusion de Soft Machine, King Crimson e um cauteloso Miles Davis. Segundo a crítica, além dos rasgados elogios, "Snafu", o 2º álbum, foi o disco mais não comercial a perdurar durante meses, entre os British Top 30" daquele 1970. Numa outra resenha, a explicação: "ao final de suas apresentações ao vivo, os músicos sempre tocavam uma musiquinha mais folk e brincalhona, totalmente diferente do estilo de seu repertório, como uma forma de relaxar a audiência após tanta massa sonora.". E nessa de sem querer mesmo, emplacaram "Jig-A-Jig", algo muito próximo a outro sucesso de Jean-Luc Ponty "New Country" de 1976 (álbum Imaginary Voyage). Mal comparando e sendo bem malvadinho, seria, um misto das duas, a música que a Família Lima vendia a alma ao demo, para ter composto... 

Malvadíssimo, eu fui. Com a comparação acima devo ter espantado uns 90% dos meus 3 leitores. Para não perder o último que me resta, vamos direto ao texto de Marco Gaspari sobre a banda East Of Eden.
 
Gerard Mercator (05/03/1512 - 02/12/1594) é considerado um divisor de águas na história da cartografia. Eminente geógrafo flamengo do século 16, foi ele o criador da primeira representação cartográfica confiável da esfera terrestre, através de projeções sobre uma superfície bidimensional e de um conjunto de mapas por ele denominado Atlas (já ouviu falar nessa palavra?), em homenagem ao rei Atlas da Mauritânia.

Pois ninguém melhor do esse senhor para batizar o primeiro álbum de uma banda inglesa que era um verdadeiro mapa-mundi de influências sonoras, anos antes da expressão world music ser cunhada pelos rotuladores de plantão.

Mercator Projected é o nome do álbum e a banda é nada mais nada menos que o East of Eden, uma ilustre desconhecida nos dias de hoje, mas um dos grupos mais originais da incipiente cena progressiva de sua majestade.

Formada em Bristol, no ano de 1967, e mudando para Londres no ano seguinte, a banda assinou com a Decca e passou a fazer parte do selo Deram. Sua formação na época era Dave Arbus (violino elétrico, flauta e saxofone), Ron Caines (sax alto), Geoff Nicholson (guitarra e vocais), Steve York (baixo) e Dave Dufont (percussão).

Mercator Projected saiu em 1969, misturando jazz, Bela Bártok, música oriental e rock, num caminho totalmente contrário ao dos medalhões da época que via de regra adotavam a fórmula solos de guitarra/teclados pirotécnicos.

Dave Arbus era o grande músico da banda, um cara totalmente maluco por Charles Mingus. Depois de ver Jean Luc-Ponty num show em Paris, passou a eletrificar seu violino, criando uma das marcas registradas do som do East of Eden (uma curiosidade: foi ele o responsável pelo longo solo de violino no final da música “Baba O’Riley” do The Who).

O álbum (Mercator Projected) trazia oito músicas que logo fixaram a banda como uma das mais cultuadas pelo público underground inglês, o que encorajou a Deram a lançar um segundo álbum: a obra-prima Snafu.

Com a formação alterada com a entrada de Andy Sneddon no baixo e Geoff Britton (mais tarde do Wings de Paul McCartney) na bateria, este álbum escancara ainda mais as influências jazzísticas de Dave Arbus e alcança o Top 30 nas paradas da Inglaterra.

Curioso é que no final de suas apresentações ao vivo, os músicos sempre tocavam uma musiquinha totalmente diferente do estilo de seu repertório, mais folk e brincalhona, como uma forma de relaxar a audiência após tanta massa sonora.
 
Pois não é que “Jig-a-Jig”, esse era o mome da musiquinha, gravada como single na época, chegou ao sétimo lugar nas paradas, permanecendo entre as dez mais por 12 semanas seguidas! Apesar de financeiramente satisfatório, esse sucesso repentino acabou por confundir o novo público que procurava nos discos do East of Eden mais exemplos comerciais de “Jig-a-Jig” e acabavam encontrando um som absolutamente refinado e desafiador.

Em 1972 o grupo sai da Deram e assina com a Harvest, lançando dois bons álbuns, embora bem mais convencionais. Vários discos e formações diferentes depois, a banda acaba em 1978, sem nunca ter reprisado o brilho de seus dois primeiros trabalhos.

Mercator Projected e Snafu permanecem como dois grandes exemplos de como o progressivo inglês soube ser imaginativo e audacioso antes de ser dominado pela ganância das gravadoras e pela megalomania inconseqüente de seus músicos. 
Texto de Marco Gaspari
Matéria originalmente publicada na revista poeira Zine número 19.
Para saber mais clique no www.poeirazine.com.br

Dadas as devidas explicações do "de quem se trata", o álbum que posto de East Of Eden é o realizado já em 1996. O primeiro da retomada, tipo os caras na 3ª idade, depois de um hiato de 20 anos, quando os cabeças da banda resolveram se reunir novamente e agora com o tempo a seu favor. Não dá pra dizer que é o mais puro jazz, afinal e sempre, será jazz de roqueiros, mas dá pra afirmar com prova musicabal sobre as sensíveis mudanças operadas pelo tempo - para não cair na armadilha da filosofice, troquemos o "custo" por "tempo/benefício" - numa arregimentação de músicos que nunca visaram só o dinheiro, com um potencial inesgotável para revolver o solo fértil das cifradas notas impressas sem $ifrão. E pelo amor de deus!, aqui não vai nenhuma crítica. Eu amo os Rolling Stones muito mais até que os Beatles. Acho que eles devem durar fazendo -only- roquenrou -but I like it- até que a morte os separe... Mesmo com o Watts com aquela cara de "amanhã eu peço as contas", a questão é que a proposta de East Of Eden é totalmente outra. Tanto mostrar o álbum (Kalipse 1996), como os outros dois mais importantes, no começo da batalha, foi uma idéia que maturei na cabeça devido a grande qualidade da música que esses caras, praticamente zerados do conhecimento público, faziam. Lembra do tresontonte da reaudição, quando mal lembrava de que East Of Eden existira? Depois de reouvir e repirar, tudo igualzinho como lá nos antigamente, fui atrás da obra dos caras, que creio, esteja em 10 originais entre 1969 e 2005. E aí sim, não descansei até encontrar o raríssimo (out of blogs) álbum "Kalipse". Outro detalhe bom pra pensar: o leitor conhece alguma outra banda que tenha nascido há mais de 40 anos, parou e voltou com praticamente a mesma formação, com o som convincente, honesto, sóbrio e todo reformulado, como pede o passar dos anos?  Pela lógica que espero ter conseguido passar neste texto, o som do Kalipse, o álbum, não é mais aquele desbunde feroz e revolucionário, ao contrário tem faixas maduras, elegantíssimas como logo a 1ª do título, dá uma sacada...

East Of Eden, Faixa 1. Kalipse


Tai uma banda que merece até tese. No lugar do leitor, ia pela ordem. Baixava o Mercator, depois o Snafu pra depois sentir a evolução e a temperança de Kalipse. Aliás a postagem foi realizada com esta intenção. Os links pros álbuns estão no texto. E se o texto deixou dúvidas, a velha máxima de uma imagem vale por mil palavras, deixará tudo às claras no vídeo.


Faixas:
1. Kalipse (Caines / Nicholson - 7:12) !!!!!

ATENÇÃO: baixe a faixa 2 aqui.
2. 5th Amendment (Nicholson - 7:39) 


3. Uccello (Caines - 4:27)  !!!!
4. Con Fuoco (Nicholson - 6:39)  !!!!!
5. Eddie Mars (Caines / Nicholson - 6:07) !!!!
6. Ballad X (Caines / Nicholson - 5:03) !!!!!
7. Light Source (Nicholson - 5:09) !!!!
8. Goodbye Pork Pie Hat (6:09)  !!!!
9. Nexus (Caines / Nicholson - 1:47)  !!!
10. Slow Food (Nicholson - 4:41) !!!!!

A banda:
- Dave Arbus / violin, flute
- Geoff Nicholson / guitar, drums, programming
- Ron Caines / Alto, Soprano & Tenor saxophone
- Jan Lehne / bass guitar


domingo, 8 de maio de 2011

Steve Schmidt (Red and Orange) 2005


Mais um álbum e músico (pianista) d'a gente se encher de orgulho por tê-los encontrado, só, no entusiasmo da pesquisa. Pouco sei sobre Steve Schmidt, exceto que é um jovem músico de Cincinnati, provavelmente na casa dos 50 anos. E que, Count Basie, meses antes de morrer, em 1984, quando sua orquestra passava por esta cidade, no estado Ohio, adoeceu e mandou chamar Schmidt para substitui-lo. Daí em diante nosso pianista ficou um pouco, não muito, mais conhecido nacionalmente. Mas juntando um entendimento aqui outro ali, nos raros textos biográficos que encontrei, deu pra sacar que o cara não é do tipo que persegue obstinadamente um maior reconhecimento.  "Eu só quero dominar bem o meu instrumento" - disse Steve uma vez, sem fazer alarde. Completam o trio, um competente baixista, Drew Gress e Jeff Ballard, na batera, que dispensa apresentações.

Bem, abaixo uma reseinha na única loja virtual onde se encontra este CD à venda. Nas demais, mesmo no Amazon, acha-se o disco disponível somente em mp3. Olha, arrisco dizer que "Red and Orange" vale, cada cent dos $ 15,97 dólares empenhados.

Cincinnati-based jazz pianist Steve Schmidt is well-known regionally and nationally for his work with The Blue Wisp Big Band and for his tenure as house pianist at The Blue Wisp Jazz Club. At that renowned venue his trio has backed such diverse and legendary soloists as Joe Henderson, Eddie Harris, Herb Ellis, Joe Lovano, Mark Murphy, Scott Hamilton and Tal Farlow - to name just a few.

Steve was called upon to fill in for an ailing Count Basie as The Count Basie Orchestra came through Cincinnati in 1984 and went on to play other dates with that famous band after Basie’s death. He has recorded with many regional and national artists as well as with the top-selling Cincinnati Pops Orchestra.

Schmidt’s tastes are wide-ranging, from blues and mainstream jazz to latin music and he brings all of these influences to bear on his acoustic trio CD, “Red And Orange”. Recorded in New York City, it features Drew Gress on bass (a member of The Fred Hersch Trio and Ravi Coltrane’s group, among others) and Jeff Ballard on drums (Chick Corea, The Brad Mehldau Trio and Joshua Redman’s Elastic Band).

“Red And Orange” is a well-recorded, balanced mix of originals and freshly arranged standards that is marked by lyricism, spontaneity and groove from this cohesive trio.
Includes liner notes by pianist Fred Hersch.

Uma pala? Que tal a theloniana "Monkyside" faixa 1?...

 

Ou algo mais bossa como a  jobiniana "Bon Air", faixa 2...:


Steve Schmidt (Red and Orange) pt.2

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Foi pro saco

Não desanime, Tricolor. Não havendo o óbito, a Unimed tem um plano especial para cada um de nós.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Ben Allison - Think Free - 2009
















































Tá escrito na capa: "Think Free" é um álbum acolhedor, bem humorado, verdadeiramente encantador que, apesar de sua acessibilidade, estende-se em duas vias distintas: a composição e a organização de novos territórios musicais. Territórios esses que, aí sim, a acessibilidade não se mostra tão bem sinalizada."

Tem uma expressão creditada - na melhor imitação - ao mano Caetano, que diz tudo: "ou não". Baseado nela digo tudo que este álbum não é ("ou não"): erudito, jazz, rock, blues, soul, folk, mais abrangentemente, latin e world music... E o que não foi dito é para ser ouvido. Certo? Então tá.

A música - Ah, que generalização perfeita! - escolhida para exemplificar o que vai no disco, foi destacada porque lá estão todos os músicos, baixo, bateria, trumpete, violino e, me pareceu, a hora em que a guitarra como instrumento de solo, entrou pra valer no jogo. Como até então já havia entrado, como instrumento de solo, o violino e o trumpete, com a guitarra, o jogo ficou completo.

Faixa 3. "Broke"



Ben Allison (Think Free) 2009

... Só mais uma coisinha irresistível... discaralharalharaça! rs.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Paul Desmond (Desmond Blue) 1961



A TRILHA DA FELICIDADE

Amiguinho(a), se este som que me acalanta os sentidos como carícia da mulher amada, não alterar para melhor o seu estado de espírito, não faça drama (até porque, o drama é você): procure dja um especialista. E, por melhor, mais sumidade, que seu dotô  venha a ser (sumidade é o doutor Paul Desmond!),  ao final da consulta, solicite por algumas (dúzias de) caixa s de Prozac.

Sem sacanagi. Tô exagerano não... É só o que eu tenho a dizer: ou você, ouvindo a música terapêutica de "Desmond Blue", recupera, no mínimo estimula, sua natural... Natural da natureza de todo ser vivo, ânima ou... esteja em dia com o seu Plano de Saúde. No mais, nada mais (além da prova):

Faixa 1 - My Funny Valentine (a + deprimente):

... E de creditar às propriedades terapêuticas da boa música -e seu gosto refinado-, a economia que fizeste no cartão.

Paul Desmond (Desmond Blue) 1961

domingo, 17 de abril de 2011

Daniel Lanois, Trixie Whitley & Brian Blade (Black Dub) 2010

De quando em vez vou postar umas surpresinhas assim, meio mais distante das coisas que geralmente posto, pelo ineditismo. Ineditismo pro blog mesmo. Daniel Lanois é músico, multi-instumentista, que se destacou como produtor. Produtor grammyado, eu diria. Responsável por sucessos como "Unforgetable Fire" e o incensado "Joshua Three" da mais cultuada banda do mundo U2, e teve "Bird" - a trilha do filme de Alan Parker, composta por Peter Gabriel (ex-Genesis dos 70s)... Aliás, compôs algumas trilhas de sucesso o cara também, a do filme Philadelphia... Não seria por essa trilha, justamente, que Daniel Lanois ganhou um grammy? Não sei. Preguiçoso não fui tão fundo.  Mas... enquanto vos escrevo vou vendo aqui o curriculo do cara... É Bob Dylan, é Neil Young... com Brian Eno trabalhou desde o início dos 80... e Emmylou Harris, e Aaron Neville, Toto, Sinéad O'Connor... Putz! É do cara, como producer, a trilha do 9/2 Semanas de Amor... Trainspotting... Maluco(a), a lista cansa quando dobra a esquina da Broadway com a calçada da fama... Pois é. Pelo que vêem, o cara tem cabedal. E entre esses trabalhos Daniel Lanois grava uns albinhos  solos também. Dentre eles, eu lá na minha, minha eterna busca da pop-batida perfeita encontrei um teminha, há séculos, que nunca me saiu das idéias: "As Tears Roll By"... É ou não uma dilicinha?

... Por falar em delicinha, eis que ontem, séculos depois d'eu encontrar essa "As Tears Roll By" perdida e tê-la baixado num Kazaa da vida, tou bem eu nos meus passeios por blogs nunca dantes e encontro o último disco de Daniel Lanois. Dessa vez ele é acompanhado de uma cantora, Trixie Whitley, que em tudo me lembrou a inglesinha Joss Stone. Vê se não é:



Engraçado que o Lanois também me lembrou alguém, o Joel Santana com sua prancheta, regendo o time...

Mas a belguinha - que vem a ser filha do bom guitarrista já falecido, postado aqui, o Chris Whitley -, como se verá cá em baixo, tem outras virtudes...


Anfã, este disco "Black Dub" de 2010, cuja imagem da capa deixei aí encima, que ainda conta com a participação do baterista formado e muito solicitado no mundo jazz, Brian Blade, de todos os álbunsque ouvi do Lanois é o mais bacana, mais redondinho e Trixie manda muito bem em todas as músicas. "Black Dub" pode ser apreciado inteirinho em...: clica cá.


Boa busca.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Alemán, um aparte argentino na história da música do Brasil






"Oscar Alemán é desses capítulos curiosos e pouco conhecidos do encontro de várias tradições musicais. Argentino nascido no Chaco, província do interior, em 1909, filho de uma família de músicos, Alemán foi morar ainda pequeno em Santos, depois da separação dos pais. Lá, ficou órfão (o pai morreu em Santos e a mãe na Argentina). Fez de tudo para sobreviver, mas um cavaquinho que ganhou de presente mudaria sua vida. Menino prodígio, logo se revelou um talento no violão e em poucos anos, depois de voltar para a Argentina, iria para a França, onde dirigiu por anos a orquestra de Josephine Baker (conta-se que Duke Ellington quis roubá-lo para sua própria orquestra). Grande mestre da guitarra de swing, fez jam sessions mitológicas com Django Reinhardt. Muito amigos, os chamavam de “o cigano e o índio”. Mas com a Segunda Guerra voltou para Buenos Aires. A Argentina está comemorando os 100 anos de nascimento de Alemán, mas curiosamente poucas crônicas de sua vida enfatizam os anos que passou no Brasil e a grande influência que a música brasileira teve sobre ele ou suas maravilhosas gravações de clássicos brasileiros (clássicos hoje, pois na época eram todas músicas novas). É algo muito diferente: misturas de swing com música brasileira, puro bom humor, tudo cantado com uma voz deliciosa e um sotaque muito leve. É dessas coisas que só um cara com uma história de vida dessas poderia fazer soar de maneira tão genuína. A versão balançante de “Acontece que eu sou baiano”, de Caymmi (saiu em 1956 em 78rpm, e mais recentemente, em 2002, foi reeditada na coletânea Oscar Alemán y su Conjunto con Ritmos de Brasil), é um exemplo perfeito da fórmula única desse grande mestre argentino da música brasileira."

FONTE: Uma por dia


domingo, 3 de abril de 2011

Weldon Irvine (Spirit Man) 1973

Cês olha bem nos olhos do negão antes de ler ou baixar-lhe o álbum. Ele tem um semblante intenso, é ou não? A mim, ao ver essa capa, na mesma hora a cara do cara inspirou confiança. Sabia que vinha coisa boa. Dai  que quando minhas suspeitas se confirmaram muito além das espectativas, pesquisei-lhe a história.  E quem freqüenta a Casa sabe que meu inglês é lusitano. Portanto, pra chegar até aqui, com uma história batendo sentido do início ao fim, deu um certo trabalho...  E isso quer dizer o quê? Fiquei muito interessado. Principalmente pelo fim dessa história que o Allmusic não conta. Agora repare de novo na face enigmática do homem da capa e senta, ou melhor, acomode-se que lá vem história.

O tecladista Weldon Irvine se agiganta no panteão do funk-jazz, influenciando profundamente as gerações posteriores de artistas de hip-hop para quem atuou como colaborador e mentor. Nascido em Hampton, VA, em 27 de outubro de 1943, Irvine foi criado por seus avós, na sequência do divórcio dos pais, a avó tocava baixo acústico em uma série de programas de televisão regionais de música clássica, seu marido era reitor da faculdade Hampton Institute. Irvine começou a tocar piano na adolescência e, embora mais tarde tenha se formado em literatura na mesma Hampton, a música continuou sendo seu primeiro amor, especialmente após a descoberta do jazz. Ao chegar em Nova York, em 1965, ele foi recrutado para Kenny Dorham e Joe Henderson, um ano antes de assinar com Nina Simone como organista maestro e arranjador. Os dois também escreveram canções juntos e depois de ver uma performance do dramaturgo Lorraine Hansberry “To Be Young, Gifted and Black”, Simone teria pedido a Irvine para compor a letra de uma música de mesmo título. Após duas semanas de bloqueio de escritor, as palavras saíram-lhe em um lampejo de inspiração, e a música ficou pronta. O mérito? Versões cover de artistas como Aretha Franklin, Stevie Wonder e Donny Hathaway, além de  ver sua música tornar-se hino oficial para os Civil Rights americano e transformar-se na canção mais conhecida de suas cerca de 500 composições publicadas.

Depois de separar-se de Nina Simone, Irvine formou seu próprio grupo de 17 peças, que em momentos diferentes incluíam Billy Cobham, Randy Brecker, Bennie Maupin e Don Blackman, em 1973, o rótulo Nodlew emitiu seu primeiro álbum “Liberated Brother”, seguido um ano depois, de “Time Capsule”. Ao longo desses registros o tecladista realmente acertou o passo, aprimorando não só a sua fusão singular ainda qualificados de jazz, funk, soul, blues e gospel - um antecedente direto do que viria a ser conhecido como acid jazz -, ao passo que também a firme consciência social ainda não havia inteiramente definido a sua carreira só para o lado da música. Além de LPs subseqüentes como em 1975, este excelente “Spirit Man” e do seguinte em 1976 “Sinbad”, Irvine também começou a escrever musicais para o palco, e em 1977 no New York's Billie Holiday Theatre, produziu o seu próprio Young, Gifted e provou para si mesmo que poderia ser um sucesso comercial de público e de crítica ganhando uma série de prêmios durante a sua execução de oito meses. No mesmo Billie Holiday Theatre, montou mais 20 outros musicais, os mais notáveis entre eles, The Vampire and the Dentist, The Will e Keep It Real..

Mas, enquanto Irvine focava em projetos dramatúrgicos, sua carreira discográfica caía no esquecimento e após 1979 com "Sisters" Irvine não gravou mais LPs por mais de 15 anos. Nesse tempo seu trabalho foi redescoberto e elogiado por um número crescente de jovens rappers mais politizados, especialmente Boogie Down Productions, A Tribe Called Quest, e os líderes da new school, os quais abusavam, no bom sentido, claro, de samplear suas gravações vintage. Ao contrário de muitos artistas de sua geração, Irvine abraçou a novidade e em 1994 gravou “Music Is the Key”, o tal álbum 15 anos depois, totalmente inspirada na cultura hip-hop para o rótulo indie Luv'N'Haight. Gostou da experiência e colaborou em outras produções como, por exemplo emprestando arranjos de teclados e cordas para Mos Def, E Irvine ainda deu aulas de piano aos rappers Q-Tip e Common. Em 1999, foi convidado a trabalhar com Mos Def, Talib Kweli, Q-Tip em “O Preço da Liberdade”, uma compilação musical que unia todos os gêneros jazz, hip-hop, funk, soul, gospel... O disco era em resposta a covardia e brutalidade policial cometida contra um imigrante africano indefeso Amadou Diallo assassinado em Nova Iorque com uma saraivada de tiros.

No entanto, com toda essa sensibilidade em duas áreas distintas da produção cultural, Irvine, em 09 de abril de 2002 comete suicídio perto da EAB Plaza, em frente ao Coliseu Nassau em Uniondale, Nova Iorque. O local foi escolhido porque era próximo, dava pra se ver da janela, do escritório de sua gravadora, em boa parte responsável por sua situação financeira desesperadora, Os executivos se recusavam a pagar-lhe um adiantamento que o salvaria da falência. Antes do ato de desespero, Irvine chegou a passar várias semanas ligando ou fazendo visitas a tentar negociar o tal adiantamento ou a venda simples de suas composições do catálogo e enquanto o autor desesperava-se cheio de dívidas os homens de negócio sequer retornavam suas ligações ou o recebiam para discutir, considerando o silêncio uma tática de negociação. Weldon Irvine tinha apenas 58 anos quando se desligou da vida.

Weldon Irvine (Spirit Man) 1973

(To Be) Young, Gifted and Black [por Aretha Franklin]



"(To Be) Young, Gifted and Black"

Ser jovem, talentoso e negro,
Oh, que belo sonho precioso
Ser jovem, talentoso e negro,
Abra seu coração para o que quero dizer

Em todo o mundo se sabe
Há um bilhão de meninos e meninas
Que são jovens, talentosos e negros,
E isso é um fato!

Você é jovem, talentoso e preto
Temos de começar a dizer aos nossos jovens
Há um mundo esperando por ti
E sua busca está apenas começando

Quando você se sente realmente por baixo
Sim, há uma grande verdade que você deve saber
Quando você é jovem, talentoso e preto
Sua alma está intacta

Jovem, talentoso e preto
Como se deseja saber a verdade
Há momentos em que eu olho para trás
E sou assombrado por minha juventude

Ah, mas a minha alegria de hoje
Será a de que todos nós podemos ter orgulho de dizer
Ser jovem, talentoso e preto
É onde a gente se encontra

Weldon Irvine (Spirit Man - 1973) Faixa 1: "We Gettin' Down"

terça-feira, 29 de março de 2011

John Hicks & Keystone Trio (Heart Beats) 1996


Era pra ser, na cabeça de quem escreve, um programa típico de canções de amor, no qual se esperaria lânguidas, serenas e melancólicas interpretações à George Shearing ou como nos trios de Erroll Garner, nada contra, mas eis que me vejo diante de um trio constituído do brilhante pianista John Hicks a singrar as melodias por mares nunca dantes, o baixista George Mraz soando com alma e espírito e de Idris Muhammad a jogar como um legítimo e pulsante baterista de jazz. Estava diante de um ultra-melódico, mas poderoso trio a interpretar standards de amor. A pesar, a sua própria maneira inimitável, com uma economia e uma profundidade que vai além da interpretação de meros mortais.

A produção desta gravação é impecável. Hicks é um incrível gênio do piano acústico, seja com o seu solo fácil no upbeat em "Speak Low" ou acariciando as teclas com delicadeza em "How Deep Is The Ocean?", em crepitações rítmicas e fervor sob a pressão da bossa "If I Should Lose You", acrescentando a cada frase frescor, clareza e gentileza em uma modalidade mais leve, afro-cubana com a melodia de "Dancing in the Dark". Enfim, o trio faz noturna a sua pulsação ou pode suingar até o amanhecer, como o já provado em " Speak Low" que a gente, eu no caso, repete, antes do disco ir até o fim, porque, antes, sente necessidade!

Mraz está em seu elemento, seu tempo imaculado em solos incomparáveis. Longos, solos back-to-back sobre as baladas "I Fall in Love Too Easily" e "Lose You", como um artesão que empresta vida a cada objeto que produz. Hicks acrescenta um solo de dois minutos ("Stay As Sweet As You Are") e, como um brinde, num disco já feito de maravilhas, num dado momento, na hora exata, Freddy Cole na tradição de crooner, canta um doce bluesy "It Had to Be You".

Meu amigo, antes foi o poeta, agora chama o Indiana (Jones). Acabo de me tocar e posso até afirmar: não há tesouro nos filminhos em cascata de ação, dele, que seja moeda de troca para as preciosidades musicais que ando desenterrando.

Não conhecia John Hicks, antes de conhecer o guitarrista Peter Leitch, semana passada, e esse texto estou dividindo a autoria com um perplexo Michael G. Nastos a quem também não conheço, mas de perplexidade eu entendo. Continuando a tradução – em perplexa parceria -, veja como ele/nós encerra(mos) a conversa:

Você não vai encontrar um álbum melhor do que este, em matéria de trio piano, baixo e bateria. Encontra sim, tão inspirado quanto, mas melhor... Pode esquecer. Ainda mais impressionante é que cada música parece ter o comprimento e o tratamento exato, sem excessos ou enchimento. E olha que Hicks já teve alguns trios formidáveis no passado, mas este certamente é o tal que ficará para a história. Altamente recomendado.

E temos dito.

Ah, pro play e pra começar do começo, reservei a 1ª, "Speak Low".


Caso seja do vosso agrado...:


quarta-feira, 16 de março de 2011

Tira o tubo 2.

Detalhe impossível de não comentar: Bomba, Bomba! Saiu uma  nova lista das atrações do Rock in Rio (do Rio). Nacionais: Ivete Sangalo, Marcelo D2 e Skank juntam-se a Claudia Leite e... sei lá, mais uns e outros aí.

Internacionais: Lenny Kravitz (quanta imaginação!), Red Hot Chili Peppers e Metalica, juntam-se a Elton John, Shakira, Rihanna e... Bomba, Bomba, Bomba! Como assim caminha a humanidade, achando tudo ótimo, uma coisa é líquida e certa,  o roquinrio do rio vai bombá.

Já eu não sou assim. Quero a rebeldia do rock de volta: Afinal, quéde aquela cantora transgressora em sua nova fase, devassa, a Sandy? E aquele andrógino ultra cool, o Justin Beaber???

Tá que do primeiro roquinrio um, a gente nunca esquece, mas esse é o roquinrio qual?  Conhece o causo do pato? Dois fanhos morrendo de fome passam pelaquela rua  onde atrás de um muro devia ter um galinheiro mas havia um pateiro. Diante dos tentadores quá quá quá, um fanho deu a idéia: ... Então amo ôbá um pato. E o outro fanho assentiu na hora: amo! Um fanho deu um pé-pé pro outro fanho e este caiu dentro do pateiro já sentado encima de um pato que não assimilando bem o golpe só teve tempo de grasnar um QUÁÁÁ! Ao que o fanho cumplice,  morto de fome, respondeu: Qualquer um, pô, qualquer um!

Aos velhos que gostam daquela música velha e desbotada em que todos os músicos são velhos e feios, tem postagem nova aqui embaixo:

Jan Akkerman e Charlie Byrd Jam!

Ao que tudo indica só a audição explica. E explicará melhor aos que dominarem o holandês. Tentemos, porém, sem machucá-lo...: esta raríssima apresentação foi gravada pela Rádio Nederland Internacional. Reuniu-se no Nick Vollebregt's Jazz Cafe, ao Charlie Byrd Trio, com o próprio Byrd, na guitarra acústica, o baixista Joe Byrd e um provável “Burton Knox”, excelente por sinal, na bateria, o guitarrista local, nas guitarras elétrica e acústica, Jan Akkerman. Foi o que consegui apurar desta gravação. Não há um disco, porque isto nunca foi lançado como tal. Alguém gravou os programas regulares da rádio - o próprio técnico da mesa de áudio, por exemplo - e liberou na internet. E este, sortudo que vos fala, que procurava álbuns de Jan Akkerman, acabou com essa pérola no colo, pedindo não, suplicando para ser compartilhada.

Em meio ao achado, contudo, Burton Knox ficou sendo um dos grandes mistérios, já que o titular do Trio, segundo esmerada pesquisa, seria Chuck Redd (baterista e vibrafonista). Sim, não haveria nada demais num substituto, se Burton Knox não fosse um nome absolutamente vago, não havendo  - noutra apuradíssima pesquisa a constatação - de sequer menção deste nome ligado ao instrumento bateria, quanto mais um Burton Knox ligado ao Charlie Byrd Trio. Porém, como foi dito aí encima, só a audição explica, por exemplo, a insignificância desse detalhe. Afinal, o tal Burton Knox, se este for mesmo o nome do homi nas baquetas, manda muito bem!  

Mistérios à parte, a farta apresentação de quase uma hora, com as quatro primeiras faixas variando entre 7 e 12 minutos, é toda realizada em estado de graça e de jam.  Aliás, “Graça”, é outro fato que só se explica acionando a tecla que libertará o som desta preciosidade. O áudio é de primeira qualidade... E, pensa: trata-se da junção de simplesmente de Charlie Byrd, o cara que  além de muitas realizações como grande músico que é, levou a bossa nova para o mundo, no ano de 1962, em conjunto com Stan Getz... Ele, Charlie Byrd, tocando com  um ícone da guitarra, pra mim, o melhor guitarrista de rock que já presenciei tocando (e vi ao vivo mesmo!) de todos os tempos. Jan Akkerman é incomparável. Pode haver, no seu estilo, muitos até mais técnicos, mas, com a sua clássica elegância, pode esquecer. Outra relevância a se destacar: repare nos momentos solos (sozinho no palco / faixa 4) de Byrd - uma declaração de amor à música brasileira e a Tom Jobim, num medley de quase 8 minutos - e a resposta no solo (também só no palco / faixa 5) de Akkerman... 

Por favor chama o poeta para colocar em palavras que façam jus a esses dois momentos num show desatrelado a gravadoras, LPs ou Cds, de cabo a rabo, irrepreensível.

Reservei para vossa apreciação a faixa Wave, com Akkerman, Charlie e Joe Byrd,  e o misterioso Burton Knox, num solo de batera sublime, nada menos que desconcertante.



No repertório:
1. Thin Roof Blues (Ben Pollack) e Blue Monk (Thellonious Monk)
2. Autumn Leaves (Prévert, Mercer & Kosma)
3. Wave (Antônio Carlos Jobim)
4. Solo Charlie Byrd // 5. Solo Jan Akkerman
6. Solos (Charlie Byrd & Jan Akkerman)

Nick Vollebregt Jazz Cafe...
Nick Vollebregt (1921/1978) foi o baterista de jazz que fundou, na Holanda, o Quinteto Stardust (que incluía o famoso, na Holanda, guitarrista, Wim Overgaauw) em 1951. O grupo foi extremamente bem sucedido. Quando Vollebregt comprou o antigo Café Larense, ao qual deu o seu nome, e começou a organizar concertos regulares nas tardes de domingo (a partir de agosto de 1973) e sessões de jazz semanais, os eventos se tornaram lendários, uma vez que a maioria dos músicos locais e internacionais, procuravam o Nick Vollebregt Jazz Café, após seus compromissos oficiais, seja para relaxar ou levar um som.

O Nick Vollebregt Jazz Café fica em Laren uma província do norte da Holanda.
Em tempo: eu tentei colocar a foto do aprazível Nick Vollebregt Café aí encima, mas esse bendito blogger, fez das suas... Mas é só pesquisar com o nome no google que acha-se  algumas fotos da Casa. Agora curtam o som que é o que realmente importa. 


Charlie Byrd Trio Feat. Jan Akkerman (Live At Nick Vollebregt's Jazz Cafe)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Billy Butler (Guitar Soul) 1969


... É um grão de areia na orla, o que, por exemplo (nem vou me citar), o Ed Motta, tem na sua discoteca apartamento lotado – um ap. para os LPs outro pros CDs. Agora, por exemplo, este disco. A gente acha, bate a vista, lê passando os olhos sobre o texto e pensa, olhando a capa: “Billy” não é nome de mulher... E uma mulher, nos 50/60’s tocando guitarra, linda assim... É um sonho! E que descoberta seria, fosse real...

Mas todas essas idéias vieram enquanto ainda decidia se baixava o álbum. Depois, enquanto baixava, sem ouvir, veio a constatação e uma melhor nitidez na filtragem da informação.  "Definitivamente, não é a mamãe".  Primeiro, no meu 'site salvação', allmusic.com, ele só confundiu a pesquisa, quando apontou Billy Butler como um vocalista da soul music. Certo. Da soul music, esse nosso Billy Butler também o é. Mas o cara é guitarrista. E dos ótimos! Comassim não está relacionado corretamente no allmusic? Ponho agora a busca, no mesmo allmusic, mas pelo nome do álbum.

Billy Butler produz um saboroso jazz-soul, habilmente misturando o seu toque com uma abordagem à Charlie Christian nos anos 50, e com o R&B e sulcos backbeats, submeteu a sua guitarra elétrica de corpo oco, um tom morno e emprestou à sua maneira de trabalhar, solos enganosamente simples e preenchimentos que transformaram-se em ganchos R&B no vocabulário da guitarra. "Honky Tonk", dele, Butler, e Bill Doggett, só com Butler, é talvez o protótipo do R&B no violão. "Ram-Bunk'-Shush"e "Big Boy" são outros destaques de seu mandato com Doggett.

Ele começou a tocar com o doo-wop / R & B do Harlemaires no final dos anos 40, então liderando combos até 1952, quando ingressou no trio Doc Bagby. Butler co-escreveu "Honky Tonk" enquanto trabalhava com Doggett entre 1954-1961. Ele também gravou com King Curtis, Dinah Washington, Panama Francis, Johnny Hodges, Jimmy Smith e David "Fathead" Newman nos anos 60. E trabalhou em bandas na Broadway, no início dos anos 60, mas encontrou tempo para sessões de gravação com Houston Person e Turney Norris no final dos anos 60 e 70. E ainda liderou sua própria banda, gravando para a Prestige em finais dos anos 60 e início dos 70. Também gravou com a Al Casey e Jackie Williams. Excursionou pela Europa com freqüência nos anos 70 e 80, fazendo sessões tanto lá como nos Estados Unidos natal.

Bem, entre erros e acretos de tradução, eis porque mesmo os dois apartamentos musicais do Ed Motta, não comportam uma mínima... miserável mesmo, porção do que se tem em gravações e bons artistas pelo mundo afora. Veja a quantidade de nomes neste pequeno texto a cima... E quem é Bill Doggett?! Foi lá? Viu a discografia do cara?... Organista. Mais de 50 álbuns gravados... E aí vem a lista dos que gravaram e tocaram com os que tocaram e gravaram com eles... E isso não pára nunca.

Daí que o importante é saber que peixe pesquei, hoje, certo? Atente para algo mais, antes de dar play no som: o apitinho de trem que vai marcando com malemolência o andamento  preguiçoso dessa música... Ki.di.lícia!

E por fim, veja que som eu (e você também) poderia morrer (eis a questão "ferida exposta") sem ao menos saber que um tal Billy Butler existia ou existiu um dia.

A banda:
Billy Butler: guitarras elétricas, acusticas e baixo
Bob Bushnell: Baixo elétrico
Sonny Phillips: orgão
Seldon Powell: flauta e sax tenor
Specs Powell: bateria
e Ruddy Val Gelder na engenharia de som 

Billy Butler, faixa 5 - Blow For The Crossing

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Tá dando pra discerni?

Eu sou a música da gente quando nua e crua
Escorro do nariz do pobre quando ele se assua
Sou Carolina na janela desejando a rua...
Com a solitude eu ando acompanhado
Cada virtude minha é um pecado

Varejeira come lixo feito creme chantili
E que mistério tem aí?
E qual lição que eu aprendi?

Sou o cachorro na viela cobiçando a lua
Sou o vermelho da donzela quando ela menstrua
O amassado na baixela feito com gazua...
A solitude eu quis por companheira
Toda mentira minha é verdadeira

Trepadeira, borda folha feito ponto macramé:
É um mistério de se ver
E uma lição para se aprender
- Pior que a morte é desviver

Varejeira faz zoeira
No monturo do meu coração
Sete estrelas eu quisera
Sete vezes azuis sentinelas do meu violão

Eu canto a lágrima e o sal que o triste chora e sua
Eu sou a fome que há na santa quando ela jejua
O grito doido na garganta de uma cacatua...

Varejeira come lixo feito creme chantili
E que mistério tem aí?
E qual lição que eu aprendi?

Sou a paixão que faz seqüela quando pega e encrua
Eu sou o monstro da lagoa quando ele flutua
Se tu disser que é minha, eu digo que é a tua...

Trepadeira borda folha feito ponto macramé
É um mistério de se ver
E uma lição pra se aprender
- Pior que a morte é desviver

Trepadeira tece esteira
Nas paredes do meu coração:
Sete estrelas benfazejas
Sete vezes irmãs sentinelas do meu violão.


Conceito é legal. Economiza tempo.

Por exemplo, o de quem realmente acredita que, salvando a si mesmo, está no plano planta básica de  escolhido pra cuidar da humanidade. Dependendo, claro, da dimensão de espaço, capa, contra-capa e páginal central o escolhido alcance.

Ocorre que, outro dia um amigo me falou A frase. A óbvia, mas que, apontada pra essa gente do conceito num contexto mais especíífico, ainda não tinha sido pensada. "Alguns formadores de opinião, os mais mais bla, blá, blá a serviço disso,  só  amam pobre quando ligam as câmeras."

Explico melhor: essa postagem vai em homenagem àquela Casé, que há algo nela que... sei não.  Só sei que quem pensa que com o nome feito e o dom dado, já se está apto a tratar das feridas do mundo, sem perceber que pras rosas o jardineiro - qualquer um, basta chegar com um regador - é Deus... 

... E que Deus é Pai ou você aceita ou... nem sei o que vai ser de você... 

Varejeira come lixo como creme chantili, que mistério tem aí?

"Sete Estrelas" música de Guinga, letra de Aldir (Blanc)