
Marian McPartland nasceu em 1918 ou 1920 (dependendo do guia que se consulte), na cidade de Windsor, coração da Inglaterra. Para Richard Cook, em sua Jazz Encyclopedia, Penguin Books, 2005, Marian é a primeira dama do piano jazzístico. Começou tocando violino e abandonou os estudos de piano na Guildhall Scholl of Music para tocar em vaudevilles e, mais tarde, para as tropas norte-americanas que estavam na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1944, tocando na Bélgica, conhece o trompetista Jimmy McPartland, com quem se casa em 1946, nos EUA. Com o passar dos anos, e muito lentamente, Marian consegue vencer a resistência e estranhamento do público norte-americano ao fato de uma mulher, branca e inglesa, tocar jazz. Era um ambiente homoafetivo, o jazz até os anos 40... Em 1950, já tocava com seu trio no Embers Club e, em 1952, no Hickory House, ambos em New York. Dotada de uma sonoridade clássica e polida, além de uma técnica apurada, conquistada a resistência masculina, Marian se firma na carreira, como uma das melhores pianistas, tanto ao swing quanto ao bop, o mainstream do jazz. Apesar de tocar com diversos grandes músicos e criar sua própria gravadora, a Halcyon, Marian tornou-se nacionalmente conhecida em função do programa de rádio ‘Piano Jazz’, do qual era produtora e apresentadora. Foram muitos os seus convidados, entre gênios como Mary Lou Williams, Oscar Peterson e Bill Evans... E muitos desses programas, cerca de 30, foram gravados e lançados em cd, através do selo Jazz Alliance. Entre ao anos 50/60s, Marian gravou bastante para a Savoy, Capitol, Argo e Bainbridge, ao mesmo tempo em que se dedicou ao ensino de piano para crianças.
Deixo aos navegantes, dos álbuns da coleção, talvez, o mais inusitado: McPartland recebe os líderes do Steely Dan, mestres do pop-rock&jazz, Donald Fagen & Walter Brecker. Num papo animado onde Fagen e Brecker mostram-se fãs incondicionais de Louis Armstrong, Charlie Paker, Duke Ellington e John Coltrane... Entre uma e outra mostra do repertório dos S.D, a velha dama do Jazz também está, não só totalmente à vontade, como aparenta ser fã e grande conhecedora da obra da banda. Fiel ao formato do programa, este álbum é assim apresentado: “conversation”, apresentação de canções, conversation + vinheta... Assim sucessivamente, com direito a algumas palas de clássicos do jazz e até um duo, ao piano com D. Fagen e Marian. Muito legal! Também não podia deixar de ser que as interpretações inéditas, ao vivo, do repertório do Steely Dan estejam afiadíssimas. Juntamente com o álbum há um release oficial do mesmo com mais informações.
Em tempo: a pequena biografia sobre Marian McPartland foi editada do blog especializado em jazz, Jazzseen. Grato, JL.