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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Esther Phillips (Burnin' + Confessin' The Blues) 1970-75


Ela era tão versátil, pro seu próprio bem, que, comercialmente, seu incomensurável talento a atrapalhou e fez-lhe um mal imenso... Como isto é possível? Simplesmente, os executivos (sempre eles...), não tinham uma clara idéia de como, em que nicho, encaixá-la no mercado, o que a impedia de alcançar o reconhecimento ao longo de seus pouco mais de 25 anos de carreira. Um gosto ou, para alguns, um vício, a voz de Phillips tinha uma singularidade: anasalada e rascannte ao extremo, até ganhou comparações com Nina Simone, embora ela mesma contasse que Dinah Washington era a sua principal inspiração. A carreira de Phillips - pelo dom inquestionável - começou quando ela era muito jovem, mas ainda nesse breve desabrochar, Esther já lutava contra a dependência química na adolescência... Qualquer semelhança com a nossa Amy, não é mera coincidência, não apenas pela  queda às profundezas dos poços mais sem fundo, como também suas vozes se assemelham bastante. Mas, no caso de Esther, os tempos eram outros. O impacto à saúde, decorrência de prolongada drogadição, abreviou-lhe a vida a parcos 49 aninhos. Não fosse o seu extraordinário talento, a história de Esther Phillips poderia ser contada assim: "Esther Mae Jones de 23/12/1935 em Galveston, Texas, a 08/08/1984 em Carson, Califórnia". Mas ela tem a música. E agora, alguns de nós a temos também.

Bem, este álbum é um 2 em 1, o 1º é uma apresentação ao vivo, "Burnin'" (1970), o 2º "Confessin' The Blues", gravado em estúdio, em 1975. De ponta a ponta, os dois discos juntos são uma uma maravilha. Destacar faixa, um problema,  não fosse uma conhecida de todos: fosse a mim encomendada uma compilação das melhores versões para as músicas dos Beatles, esta interpretação de "And I Love Him", me viria à cabeça de primeira. E, pra não deixar manco o 2 em 1 e fazer justiça ao "dois", "Confessin The Blues", destaquei um blues mortal! A última faixa do álbum. Confiram.

Esther Phillips (Burnin') 1970

Esther Phillips (Confessin' The Blues) 1975

"And I Love Him" (track 02, álbum Burnin'):


"Blow Top Blues, Jelly Jelly Blues" (track 11 Confessin'...):

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sean Costello (Cuttin' In) 2000


Este vai em homenagem a um novo frequentador TRICOLOR, que pelo nome(nick), creio deva ser roqueiro com RG, título de eleitor e brevê. Aí Hendrixguitarra!, vai um bluseiro  aí? E que blueseiro! Diferenciadaça! Mas... há sempre um porém: opine com franqueza, caso não viajes, no mínimo, tanto quanto eu viajei... Até pela história tragica do muleque, que grava  5 discos e antes de completar 30 anos, o apressado, cheio de urgências, já partiu pra prestar contas com o Criador.

Sean Costello (16 de abril, 1979 - 15 abril de 2008) foi um músico de blues americano, conhecido pela sua alma ardente, tanto na forma de tocar guitarra, como, mais ainda na forma de cantar. Lançou cinco aclamados álbuns antes de sua carreira ser interrompida por sua morte súbita aos 28 anos de idade.O também bluseiro sonrighter, Tinsley Ellis, o considerou "o mais talentoso guitarrista jovem de blues em cena (...) ele era uma ameaça tripla na guitarra, vocais e como compositor”. Costello dominou a guitarra blues tradicional em tenra idade e começou sua carreira ainda no colegial. Seus discos se tornaram cada vez mais ecléticos enquanto a sua carreira progrediu. E um ecletismo substancioso, nada daquelas demonstrações de falta de direção, que tornaram a palavra algo desmerecedora hoje em dia... Nascido na Filadélfia, Costello se mudou para Atlanta com a idade de 9. Obsessivo sobre a guitarra, ele foi encantado pelo blues após a compra do álbum "Howlin Wolf Rockin Chair'. Aos 14 anos o jovem prodígio criou uma celeuma em uma loja de guitarra Memphis, a cerca de um concurso de talentos promovido pela Beale Street Blues Society, que Costello devidamente inscrito, venceu a contanda mas não levou o prêmio. Formou sua primeira banda e logo aos dezesseis anos, gravou seu primeiro álbum, Call The Cops (1996), já exibindo um comando impecável. Colaborou com incrível desenvoltura no álbum de Susan Tedeschi, Just Won't Burn, (1998), o que, posteriormente, o levou a uma exposição nacional. E a banda de Costello depois fez uma turnê como grupo de apoio Tedeschi. "Seu modo de tocar é impressionante para um menino de 20 anos", escreveu o guia Allmusic sobre o segundo álbum de Costello, Cuttin 'Em (2000), que foi indicado para o prêmio WC Handy de Melhor Artista Revelação estréia. O seguinte, Moanin' For Molasses, também foi muito bem recebido, o guia Allmusic chamou a atenção para "a voz soulful" de Costello e sua "capacidade de adesão a todas as formas de blues, R & B e soul". "A paixão que Costello coloca em suas músicas e a forma com as interpreta são mais que surpreendente", relatou Blues Revue Magazine. E o muleque aperfeiçoou suas habilidades através de uma constante vida de estrada e apresentações, tocando mais de 300 shows por ano em turnês nos EUA e na Europa. Sua reputação como um artista brilhante lhe permitiu muito cedo ir tocar ao lado de luminares do blues como BB King e Buddy Guy (Ma Rainey concerto beneficente Casa, Columbus, Geórgia, Junho de 1997), James Cotton (concerto de Cotton 64 º aniversário, em Memphis) e Sumlin Hubert ( South by Southwest, em Austin, Texas, março de 2005). Quando não estava em turnê, Costello ganhava a vida tocando em lugares pequenos em sua cidade natal, Atlanta, Geórgia, como o Tavern Northside. Richard Rosenblatt, ex-presidente da Cool-Tone Records, recorda performances de Costello: Como guitarrista, ele era assustador, mas para Sean nunca foi uma história de mostrar estilo, nas costeletas monstruosos ou acariciar seu próprio ego se exibindo. Tocar e sentir o retorno do público eram o seu alimento, seu modo de sentir-se vivo! Trabalhava seu estilo sempre combinando forma e conteudo, com uma economia de notas que permitiam os espaços vazios pareceremdolorosas horas, como pede a tradição. Mas ele é mais. Toca à Chuck Berry, em seguida, um blues, em seguida, uma melodia tradicional, em seguida um rock... ou o que quer, e nem sequer pensar duas vezes sobre o que vai fazer, vai e faz.

Em 2007, no álbum Nappy Brown volta, Long Time Coming, Costelo foi novamente destacado pelo louvor da crítica. No ano seguinte, lançou o que seria o seu último álbum, We Can Get Together, aclamado por muitos como seu melhor trabalho (o incrível desse álbum foi ter enchergado uns laivos de Amy Winhouse ali, mas isso é outra história) . Sua guitarra neste disco foi descrita como "incendiária", "escaldante", e "borbulhante". Hal Horowitz do guia Allmusic escreveu o seguinte: - "O material é tão forte e tocado de uma maneira tão “fácil” que não se precisa desviar a atenção das músicas quando os solos estendidos,  E também estabelece uma conexão quase improvável enquanto serpenteia através estilos tão distitos. Prossegue o cara do allmusic: Costello Embora seja claramente inspirado por grandes nomes do blues, se inclina mais para a soul ao sul dos anos 70, também no rock e no R & B.

Mas... infelirmente, parte da história que consegui traduzir do wikipédia (no gugôl tranrleitor) acaba assim: Sean Costello foi encontrado morto em seu quarto de hotel em Atlanta em 15 de abril de 2008. Um relatório médico posterior determinou que ele morreu de uma overdose acidental de medicamentos. Postumamente, a família de Sean Costello revelou que ele sofria de transtorno bipolar, e criaram o Sean Costello Memorial Fund Research para auxiliar no tratamento e pesquisas sobre Transtorno Bipolar em sua honra e pela posteridadade. Muito bom. Mas o blues, sozinho, pra quem mergulha de cabeça, como é um claro caso aqui, pode ser devastador - vê se não é.



Link renovado:
Seam Coatello (Cuttin' In) 2000

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Samuel James, galera; galera, Samuel James

Samuel James - For Rosa, Maeve & Noreen (2009)

Pois é, dá pra manter a idéia da postagem anterior. Considerando agora que este é mesmo um artista novo - com apenas dois álbuns, contando o acima citado. Mas é novo, porém... 

Alguns puristas dirão que os blues foram feitos para serem tocados e cantados por um único homem ou uma mulher, e o arranjo, para ser mantido enxuto, tanto quanto possível - o que era método  oficial no nascedouro do gênero. E se você é um desses fãs da música orgânica que deve ser colhida fresca e na raiz, Samuel James é um bluesman feito para você. Como evidenciado em sua versão 2009, "For Rosa, Maeve & Noreen", James segue o mesmo modelo musical  previsto em sua obra anterior, "Songs Famed for Sorrow and Joy" (2008). Mas pense no blues dos anos 20 - com uma produção moderna - e você não estará muito longe do que se estabelece “Para Rosa, Maeve e Noreen”. Mais uma vez, James montou um álbum inteiro de cantigas  blues autênticas, principalmente os destaques, como a faixa logo na abertura "Bigger, Blacker Ben," bem como "Joe Fletcher's Blues" e "Wooden Tombstone" - o último dos quais, composto apenas pela voz de James e que soa ritmado na sola de seu sapato mantendo o tempo. Poucos revivalistas do blues moderno aceitam, quanto mais se contentam, com regurgitações simples xerox da obra popularizada por Hendrix e Stevie Ray Vaughan. Mas Samuel James é certamente uma exceção, justo porque está n’outro plano da terra, especificamente, plantado nela. Mas germinando. 



Sobre este, vaticinou Johnny Winter: "Fantástico! Uma grande voz, um grande músico e um estilo de blues tradicional feito com uma oportuna torção do quadril." 


Enfim, Samuel James é como uma máquina do tempo - adaptada a uma maria fumaça - que se mantém viajando de volta à consciência pública. A mim, cuja palavra "tradição" sempre me causou calafrios, quem sabe não esteja passando até da hora da tradição virar a última tendência?

Em tempo: Samuel James arrebanhou o prêmio de melhor álbum do gênero, pela Blues Fundation, no The Blues Music Awards, agora, em 2 de junho de 2010.



Samuel James (for Rosa, Maeve & Noreen) 01 - Bigger, Blacker Ben


Samuel James (for Rosa, Maeve & Noreen) 11 - John Ross said


Samuel James (for Rosa, Maeve & Noreen) 2009

quarta-feira, 14 de julho de 2010

OTIS TAYLOR ''Respect the Dead" - ''Definition Of A Circle''


Bom, depois de lavar e pôr meu babadô pá secá – era muito necessário – entremos com algo mais rascante pra mudar o clima.

Otis Taylor foi mais uma aquisição ao acaso. Mas, já estava quase me esquecendo dele, que tinha álbuns dele, quando ontem, assisti a um filmaço (Michael Mann, o diretor): Inimigos Públicos - com o Johnny Deep, daí q o filme começa com uma fuga espetacular – o filme conta a história real de um ladrão de bancos, cheio de repulsa às regras e desprezo à polícia – um homem duro, não um homem mau. John Dillinger (1903-1934)... Enfim, na cena da fuga, na trilha, rola uma blusera folkeada, diferntaça! E eu disse comigo e meus buracos de traça na camisa à Fred Fingstone, “eu conheço esse som”. O acaso sabe encontrar quem sabe servir-se dele... 

A dúvida agora é qual dos discos apresentar pra galera. “Definition Of A Circle” 2007 or “Respect the Dead” 2002? O 1º é mais redondo, o 2º faz tcham tcham tcham tcham! Porque é justo o que tem a faixa, logo a 1ª, “Ten Million Slaves” da fuga de Deep/Dillinger... Ah quer saber? Posto os 2!

Otis Taylor:
Bluesman Otis Taylor nunca contornou assuntos difíceis. Numa carreira que o levou do Centro de Folclore em Denver para uma breve estadia em Londres. De lá, se afasta de sua vocação primeira, para trabalhar como um corretor de sucesso especializando-se na venda de antiguidades até 1995, quando volta aos States e forma sua primeira banda de blues. Em 2001 Taylor lança o álbum White Africans pela Northern Blues Music, com Kenny Passarelli (baixo, teclados) e Eddie Turner (guitarra), que tornou-se a sua declaração mais direta e pessoal sobre as experiências dos Afro-Americanos. Onde dirigiu-se ao linchamento de seu bisavô e o assassinato de seu tio. A brutalidade tornou-se sua preocupação em canções sobre um homem negro, executado em 1930 por crime que não cometeu e sobre um pai que não podia pagar as contas do médico e sentou-se impotente assistindo seu filho morrer. Faith encontrou ironia Taylor em sua visão de Jesus como um homem mortal que procurara formas de evitar a sua crucificação e sua visão sobre a infidelidade romântica entre os homens comuns.

Até onde sei, Otis Taylor jamais emplacou um álbum no Brasil. Porque? Simplesmente porque, Lady Gaga, Paramore, Claudia Leitte, a nossa musa mor da MPB Ana Carolina e os autores do Reboleixon tocam mais fundo nos corações, mentes e bundas do povo médio latino americano. Assim decidiu Deus Mercado. Vai encará? Eu encararia. Manda a mídia à merda que Deus Mercado vai junto.

Ah! Em tempo: Em meio a saraivada de balas, Inimigos Púlbicos, também é uma p... love history! Agora deixa ver se meu babadô já secô.

Otis Taylor (Respect the Dead) 2002

Otis Taylor (Definition Of A Circle) 2007


saca aí Ten Million Slaves do Otis Taylor...

sábado, 12 de dezembro de 2009

ouvindo...



O melhor disco de blues do planeta azul!

.. se é q se faz discos no plano Blues noutras redondezas...

Em tempo, no natal (e ali, no entorninho) ficar doidão é primordial.

Tá no dial?

té manhã, intão.

bjos!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

K entre nós: psssssssssssssó no sapatinho


Já que o natal se aproxima, K entre nozes, a 1ª vez que postei inadvertidamente um álbum dos Chaves (de cadeia) Negra, tomei-lhe uma chamada pela retaguarda do Todo Poderoso Mercadodeusificadossejaovossonome..., que não entendi nada. Talvez tenha sido a rasteira mais rápida da Blogsfera - no mesmo dia praticamente já estava deletado. Até a ocasião era feliz e não tinha noção. Nem sabia o poder multitentacular do TPM - uma coisa assim como uma hidra, com uma centena de cabeças de bagre -, muito menos ouvira falar de sua polícia repressora a DMCA(disco na Rede tá enquadrado). Então recomendo que sejas breve no resgate e nem questione de quem se trata. Não assunte. Aja. Uma forma de dichavar o Todo Poderoso é não dizer muito sobre o artista. As pistas são: gostas de rock? E se gostas conheces os Black Keys? Phodeu, falei demais.


Gravado pelo líder da banda acima citada, em seu projeto solo inaugural em estúdio caseiro do próprio lar doce lar, esse álbum foi um achado! Aqui a levada é mais individual intimista, tem folk de raiz, muito blues podreroso, o hardrock objetivo que caracteriza os BK, mas tudo com um frescor que dificilmente encontramos na produção roqueira do 3º milênio. Dos melhores álbuns do gênero do ano, seguramente. Não fosse por isso, não bancaria essa guerrinha de Tom & Jerry - não mais em nome do roquenrou. Há também outro bom porém: tenho um palpite infeliz de que esse álbum não sai no Brasil nem a pau. Infim... se essa é a tua praia, vai aí.


quinta-feira, 28 de maio de 2009

TINARIWEN - AMAN IMAN: WATER IS LIFE (2007)


INSISTINDO NO SE ORINTE RAPAZ...: Peguei meu camelo e pedalei pro Mali. Isto é uma repostagem.

Os primeiros trabalhos discográficos dos Tinariwen chegados à ribalta internacional, «The Radio Tisdas Sessions» e «Amassakoul», mostravam já, claramente, as potencialidades destes tuaregues armados de guitarras electricas e de seu trabalho produzido em gnawa, de música árabe, da tradição própria (tuaregue) e de outras músicas apanhadas em rádios a pilhas: os blues, o rock psicadélico, o rock ácido da Costa Oeste dos Estados Unidos dos anos 60. Mas nenhum deles tinha o fulgor, a chama, a verdade que está presente no novo álbum «Aman Iman» (que tem como sub-título revelador «Water Is Life»). Em «Aman Iman», os Tinariwen fazem uma música muito mais verdadeira, direta, ativa, «in your face», e dão-nos uma lição de música sem fronteiras nem grilhões nem auto-censura de espécie alguma. «Aman Iman» é um álbum que se ouve do princípio (o tema de abertura, «Cler Achel», é o resumo perfeito de tudo o que vem depois e parece uma jam de Jimi Hendrix com os Jefferson Airplane se todos eles tivessem nascido no Sahara, com Grace Slick incluída) ao fim (o tema de fecho, «Nak Assarhagh», é uma balada mágica e hipnótica, belíssima) sempre com um sorriso nos lábios, uma ginga em partes secretas do corpo e um tremor constante na alma, como se esta música nova, novíssima, fosse já uma nossa velha conhecida. «Aman Iman» é um álbum de rock? Seria, se o rock ainda fosse isto: aquilo por que vale ainda a pena viver e... viver fazendo disso uma forma de arte.

TINARIWEN - AMAN IMAN

Atenção que este tem senha/pass: zombi

terça-feira, 5 de agosto de 2008

TERRY CALLIER (TIMEPEACE) 1998



SERIA ALGUM TIPO DE PIADA CHULA ESSE CARA NO LIMBO?

Após a audição de Timepeace, quiça, a pergunta sem resposta, multiplique-se pelaí.

É costume se dizer que o tempo é o melhor conselheiro, o senhor da mudança e blá blá, mas na música isso é, sem dúvida, uma verdade. Tantos sons que nem bem envelhecem e rapidamente são esquecidos... Tantas obras-primas que ao seu tempo mal são apreciadas e mais tarde, com o passar de muitos anos, é-lhes, finalmente, reconhecida a qualidade.

Terry Callier, por exemplo, nasceu em 1945 em Chicago, aprendeu a tocar piano aos três anos, começou a compor aos onze, cresceu a cantar em grupos doo-wop e foi amigo de infância de Curtis Mayfield, Jerry Butler e Ramsey Lewis.

Com toda esta ambiência era natural que se viesse a dedicar à música, então lançou o seu primeiro single «Look At Me Now» em 1963 e no ano seguinte gravou o primeiro LP «The New Folk Sound of Terry Callier». E assim seguiu carreira mesclando o Jazz ao Folk e ao Soul... numa das mais brilhantes e consistentes sucessões de álbuns que... Nem me peça para citá-los. Vá pesquisar espaçoso!

Mas apesar de ter lançado essa coleção de obras-primas nos setenta, nunca conseguiu ter sucesso além de alguns hits regionais. Resumo da ópera: abandona a música no início dos 80 para dedicar-se à programação de computadores. Radical. Diria mais, sinistra, a guinada...

Passada quase uma década sobre seu abandono é descoberto pelos insuspeitos Gilles Peterson, Dego e Mark Clair (4Hero) e Russ Dewbury que obrigam Terry a renascer para uma nova geração pronta a admirar toda a qualidade esquecida de sua obra. E em seguida nos brindar com novos álbuns. Entre eles, este. O da retomada. “Timepeace” que vos trago em 1ª mão e que mantém intacta a sofisticação habitual. Provando que quem realmente conhece jamais esquece o segredo.

Texto editado do blog português Bruto e feio.

Terry Callier (Timepeace) 1998

quarta-feira, 2 de abril de 2008

KOKO TAYLOR - BIO + O PRIMEIRÃO E O ÚLTIMAÇO



Cora Walton nasceu no dia 28 de setembro de 1928 em Bartlett, Tennessee. Viciada em chocolate, ganhou o apelido Koko = choco. Desde cedo já se interessou por música, tanto gospel, que ela ouvia nas igrejas na infância, quanto o blues das rádios de Memphis. Mas a pesar do incentivo do pai para cantar somente o gospel cristão engajado, ela e os irmãos gostavam mesmo, com instrumentos caseiros, era de se aventurar no menos ortodoxo, blues.

Quando jovem ela ouvia de tudo o quanto podia do blues. Bessie Smith e Memphis Minnie foram as influências particulares, assim como Muddy Waters, Howlin' Wolf e Sonny Boy Williamson. E embora amasse cantar e o fizesse, como ouvirão os que não a conhecem, ela sequer sonhou em subir num palco um dia. Com 20 e poucos anos, ela se mudou para Chicago já enamorada de seu futuro marido, o já falecido Robert “Pops” Taylor, a procura de uma vida menos sofrida e trabalho pro sustento. Partiu com nada além de 35 centavos e um pacote de biscoitos Ritz, como conta a própria. Se instalaram no lado sul da cidade. Aqui a divina providência se desenha, já que essa era justamente a região conhecida como a Chicago Blues.

Logo Koko arrumou um emprego de faxineira em casas de madames brancas no subúrbio norte. À noite e nos fins de semana, ela e Pops freqüentavam os bares blueseiros onde tocavam alguns rapazes curiosos no estilo como Muddy Waters, Howlin' Wolf, e Junior Wells. E graças a Pops o casal tornou-se amigo de muitas das lendas do blues. Com seu estupendo talento, foi fácil, para ms. Taylor começar a cantar nos palcos de Chicago. E sua maior oportunidade surgiu quando Willie Dixon a viu cantar pela primeira vez. Para o espanto de Taylor, ele disse:

-Meu Deus! Eu nunca vi uma mulher cantar blues como você canta. Existem muitos homens cantando o blues, mas não há mulheres suficientes. É disso que o mundo precisa hoje em dia, uma mulher com a sua voz para cantar o blues.

Dixon conseguiu a chance de gravar o primeiro disco dela para a USA Records e logo em seguida garantiu um contrato com a Chess Records(aqui citada na postagem de Minnie Riperton), a maior gravadora de blues da época. Ele produziu diversas músicas e dois álbuns para ela, incluindo seu grande hit de 1966 Wang Dang Doodle. Essa música finalmente coloca Koko Taylor como a maior cantora de blues do mundo. E esta, "Insane Asylum" - aqui só como uma prova básica e que consta do 1º álbum homônimo, faixa 11, - mr. Willie Dixon faz dupla com ms. Taylor nos vocais.

No ano de 1972 Koko tocou no Ann Arbor Blues and Jazz Festival. Esse festival foi gravado pela Atlantic Records, que lançou um disco ao vivo, ajudando a divulgar ainda mais seu trabalho.

Em 1975 ela conheceu Bruce Iglauer, da Alligator Records. E no mesmo ano lançou o disco I Got What It Takes que recebeu uma indicação ao Grammy. De lá pra cá foram mais dez álbuns, todos eles pela Alligator Records, incluindo o mais recente Old School, de abril de 2007.

Deixo para os navegantes o primeiro (homônimo) e este último álbum de 2007 daquela que passou a ser conhecida, desde os 60/70s como "Queen of the Blues".

KOKO TAYLOR (KOKO TAYLOR) 1969

KOKO TAYLOR (OLD SCHOOL) 2007

segunda-feira, 17 de março de 2008

KEB' MO' E ERIC BIBB




Ele nasceu em 3 de Outubro de 1951 em Los Angeles, Califórnia. É um excelente cantor, guitarrista e compositor de blues, com influencias, como manda a cartilha dos bem iniciados, de Robert Johnson. Curiosamente, não iniciou a carreira no Blues, mas tocando "steel drums" em uma banda de calipso, porém logo retornou para onde a vocação apontava, participando de várias bandas bluseiras entre os anos 70 e 80. Seu nome é Keb' Mo'.

Em todos os álbuns de Keb’, tenho-os do primeiro ao último, nota-se uma sonoridade própria, suave, circulando como a brisa fresca do mar (é a sensação que me dá), entre o folk, o soul e o blues. Mas nem tanto à raiz dessas correntes. Em tese sua música poderia (deveria, melhor dizendo) tocar no rádio sem quaisquer restrições. As melodias são cativantes, flertando sem traumas com o pop, mas um pop honesto, sofisticado, bem cool. Enfim é música ensolarada que te leva à passear.

Particularmente, Just Like You, o 2º álbum, de 1996, é o que mais me apetece. Isso porque nele está aquela música. Sabe aquela que marca território épico na vida de uma criatura? Pois é essa. Nesse caso, mais até, marca território na vida de um grupo inteiro. Há, em nossas discotecas, físicas ou virtuais, centenas de álbuns, todos escolhidos a dedo, mas poucos são os tais que possuem “A” canção. Aquela que não se explica o poder que tem. A minha (deste álbum) é More Than One Way Home - repare no passeio, um floating (virei surfista) contínuo, fazem as guitars solo e base de Keb’ e Tommy Eyre por toda a extensão da canção. Em certas músicas é perfeitamente nítido se delinear o traço de seu desenho melódico. É ruim de explicar e facinho de entender... Mas quando essa identificação acontece, repare: mesmo quando não se entende a letra, intui-se, perfeitamente, o que diz a poesia. Veja mais sobre Just Like You, no allmusic

Keb' Mo' por Roberto Maia:

Outro dia, revendo um documentário dos anos 60 sobre o rock britânico, vi que o sonho de Mick Jagger, pelo menos na época, era ser um cantor de blues. O blues continua como uma fonte mineral da música pop, de tanto em tanto surge algum talento acústico para refazer o pacto de Robert Johnson. Nomes como Rory Block, John Hammond Jr., e Taj Mahal já fizeram sua parte, continuando o caminho de Johnson. Dando continuidade a esta linha o veterano guitarrista Kevin (Keb' Mo') Moore, refez esta tradição de forma vigorosa e adaptando ainda nuances de soul e folk. Keb’ Site oficial: www.kebmo.com

Eric Bibb (Diamond Days) 2006

Eric Bibb, Rory Block & Maria Muldaur (Sisters & Brothers) 2004:

Bem, sobre Eric Bibb tudo que sei e tenho é o essencial: o álbum Diamond Days (2006). No meu julgamento, o melhor disco da carreira dele. Sei também que Bibb é apenas um mês mais velho (16/09/1951) do que Keb’ Mo’. Que nasceu na cidade de Nova Iorque - dois bluseiros urbanos, portanto - e que tem um estilo muito semelhante ao do parceiro de postagem. Por isso, os dois juntos aqui. Mas o Bibb ainda leva boa vantagem sobre o Keb’. É ele o mentor intelectual do melhor disco dentre as 3 pérolas apresentadas. O álbum Sisters & Brothers com Rory Block & Maria Muldaur é simplesmente o maior achado desta postagem! Sobre este disco reafirmo, sorrindo, minha já reconhecida total incapacidade para falar sobre música. No entanto quem baixa, há de reconhecer também outra obviedade, esta a meu favor: não ter talento pra falar sobre música nada tem a ver com não saber encontrar o que ela tem de mais precioso. Leia mais sobre Diamond Days no allmusic. E sobre Sisters & Brothers no mesmo allmusic

Para baixar os álbuns:

KEB' MO' (JUST LIKE YOU) 1996

ERIC BIBB (DIAMOND DAYS) 2006

ERIC BIBB, RORY BLOCK & MARIA MULDAUR (SISTERS & BROTHERS) 2004

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

HADDEN SAYERS BAND - SWINGIN' FROM THE FABULOUS SATELLITE



Em toda a minha vida de devorador de discos, este Sergio Sônico roqueiro por formação, jamais ouviu (assistiu cabe mais justo) álbum ao vivo tão instigante e tão dentro da proposta, à sensação: “ouço como se na platéia estivesse”. No desgastado estilo do artista, completamente desconhecido no Brasil – mato a cobra e mostro o pau - Hadden Sayers é o que há de novo em matéria de blues-rock. Novo, obviamente, para os milhares de roqueiros que não o conhecem - o cara está na estrada já desde os 90s...
Conheci Sayers ao acaso, assistindo como telespectador, uma matéria do Canal SportTV aonde usou-se a música do guitarrista para sonorizar a trilha incidental. “These are the Good Old Days”, repetia o refrão da power balada... E essa era toda a informação que deu pra ter acesso porque espichei os ouvidos até pegar a frase. My english is luso do Brasil 3º mundano - sem orgulho nem culpa... Pus o título na busca no Allmusic.com e descobri tratar-se de faixa do disco, “12 Bars And The Naked Truth”, único álbum que peno ainda não ter. Portanto, este "Swingin' From The Fabulous Satellite" é a melhor parte da história. Além da posse, ela confirma a idéia de vivermos num momento privilegiado, quando, com um rabisco de informação, se chega ao objeto do desejo em 4 ou 5 cliques de mouse. De tanta confiança, ao postar o álbum, semanas passadas, imaginei que a sua apresentação na série “Porque no te callas” - encabeçada pelo consagrado 10 Years After - bastava para promover a descoberta, dando de quebra ao ouvinte, o benefício da surpresa. Em respeito ao artista e, principalmente, aos que por aqui aportam sem qualquer conhecimento de quem se trata, acrescentei o adendo (em 17/01/08). Pode ir na fé que a parada bomba!

Da série: "Porque no te callas!"

No Allmusic, sobre o álbum
Site Oficial


Por falar nesse bordão "ferme la bush", Vejam o que encontro no blog do amigo e confrade Fafão "Fofocas do Fafão":

Pelo sim, pelo não...



BREAKING NEWS - URGENTE - Noticia de ultima hora
(colaboração de Carlos Ruiz)
Hugo Chávez, prohibe fiesta en honor a los Reyes Magos:
- Si un Rey lo mandó a callar, tres lo mandarían
a la mierda!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

THE BEST OF CHRIS REA (and friends)



Quando o(a) leitor(a) estiver de posse das músicas, se deparará com uma lista de participações especiais do naipe de Elton John, Paul Rodgers (líder do Free e Bad Company) Bill Wyman & Charlie Watts (Rolling Stones) e por aí vai… Agora pasme. Esta é toda a informação que possuímos sobre o álbum - a foto da capa, por razões óbvias, não é original. Para o ouvinte, espera-se, seja o bastante. Ocorre que, oficialmente, este disco não existe. Se produto de um fã, da paixão incondicional de um admirador que compilou o repertório, O cara, no mínimo, é um profissional gabaritado de um estúdio tipo “major”! Entendeu a maiúscula no "o" do cara?... O álbum tem unidade, conceito e o que é melhor, se não se encontra fácil suas músicas em sei lá quantos álbuns oficiais, que dirá o repertório inteiro num CD duplo. Mas o fato é o seguinte, esqueça. Não existe. Não se encontra "the best of Chris Rea (and friends)" na enciclopédia virtual da música allmusic.com, não existe para vender no amazon.com, no CD Universe... O disco não existe nem na Internet. Foi tirado de lá por acaso, por um astuto arqueólogo virtual e deixado em local ignorado e pro leitor é o que basta.
Para os não iniciados Chris Rea é um bluseiro não ortodoxo, guitarrista de mão cheia, slide-guitar de tons dramáticos, estilo clássico e muito característico. Fosse vinho, avintajado seria. Identidade estilística a título de orientação: Mark Knopfler (Dire Straits). Mas espere mais deste Chris aqui. A coisa não é simples assim. Maior paixão além da música? Os carros. Ferrari de preferência. Em 1996, o grande Tiffosi, Rea, manda construir uma réplica do extinto proibidão* 156 Sharknose e produz a trilha do filme que narra a história de uma criança filha de emigrante italianos, que ao ver na TV o GP de Mônaco, fica fascinado pelos carrinhos vermelhos e pelo conde alemão Wolfgang Von Trips, que vivia num castelo. Daí por diante, sua vida se desenrolará no sentido de um dia voltar à Itália e conduzir um Ferrari.
De “La Passione”, o filme, aqui está "La Passione", o tema. Onde os arranjos arrojados de Chris Rea somam-se à voz rascante requintada de Shirley Bassey, num perfeito casamento mezzo a mezzo kitsch/cult. Enfim, Rea, na real é quase tão "o cara", quanto O outro misterioso desta compilação. Seu estilo musical vai do disco sound, à valsa, à musica latina, a instrumentais com orquestra sinfônica, rock, blues, jazz, pop, baladas líndíssimas mostram a versatilidade de Chris Rea e a sua capacidade de nos transmitir uma paixão, através de outra, os carros e a música. Não à toa sua obra pede movimento, transpira estrada, curvas de alta, baixa, aderência e atenção redobrada na alternância das paisagens...
Mas, enfim2, sendo, talvez, o produtor da pérola ao alcance de 3 cliques no mouse, um fã desconhecido, se encontrado, mereceria Grammys mís pelo conjunto desta obra. Anote aí, uma das melhores trilhas sonoras de vossa, se nem sempre excitante, elegante vida.

*1961 ficou marcado pela trágica morte do mítico conde Wolfgan Von Trips e 14 espectadores no circuito de Monza. À "boa maneira" Ferrari, a "família" 156 Sharknose - brinquedo assassino da época na competição -, foi toda destruída. Sacrificada como feras punidas por fugirem ao controle humano.

Part 1
Part 2

TINARIWEN - AMAN IMAN



Os primeiros trabalhos discográficos dos Tinariwen chegados à ribalta internacional, «The Radio Tisdas Sessions» e «Amassakoul», mostravam já, claramente, as potencialidades destes tuaregues armados de guitarras electricas e de seu trabalho produzido em gnawa, de música árabe, da tradição própria (tuaregue) e de outras músicas apanhadas em rádios a pilhas: os blues, o rock psicadélico, o rock ácido da Costa Oeste dos Estados Unidos dos anos 60. Mas nenhum deles tinha o fulgor, a chama, a verdade que está presente no novo álbum «Aman Iman» (que tem como sub-título revelador «Water Is Life»). Em «Aman Iman», os Tinariwen fazem uma música muito mais verdadeira, directa, activa, «in your face», e dão-nos uma lição de música sem fronteiras nem grilhetas nem auto-censura de espécie nenhuma. «Aman Iman» é um álbum que se ouve do princípio (o tema de abertura, «Cler Achel», é o resumo perfeito de tudo o que vem depois e parece uma jam de Jimi Hendrix com os Jefferson Airplane se todos eles tivessem nascido no Sahara, com Grace Slick incluída) ao fim (o tema de fecho, «Nak Assarhagh», é uma balada mágica e hipnótica, belíssima) sempre com um sorriso nos lábios, uma ginga em partes secretas do corpo e um tremor constante na alma, como se esta música nova, novíssima, fosse já uma nossa velha conhecida. «Aman Iman» é um álbum de rock? Seria, se o rock ainda fosse isto: aquilo por que vale ainda a pena viver e... viver fazendo disso uma forma de arte.
Independiente/Megamúsica

TINARIWEN - AMAN IMAN