Esther Phillips (Confessin' The Blues) 1975
"And I Love Him" (track 02, álbum Burnin'):
"Blow Top Blues, Jelly Jelly Blues" (track 11 Confessin'...):
Já que o natal se aproxima, K entre nozes, a 1ª vez que postei inadvertidamente um álbum dos Chaves (de cadeia) Negra, tomei-lhe uma chamada pela retaguarda do Todo Poderoso Mercadodeusificadossejaovossonome..., que não entendi nada. Talvez tenha sido a rasteira mais rápida da Blogsfera - no mesmo dia praticamente já estava deletado. Até a ocasião era feliz e não tinha noção. Nem sabia o poder multitentacular do TPM - uma coisa assim como uma hidra, com uma centena de cabeças de bagre -, muito menos ouvira falar de sua polícia repressora a DMCA(disco na Rede tá enquadrado). Então recomendo que sejas breve no resgate e nem questione de quem se trata. Não assunte. Aja. Uma forma de dichavar o Todo Poderoso é não dizer muito sobre o artista. As pistas são: gostas de rock? E se gostas conheces os Black Keys? Phodeu, falei demais.
Gravado pelo líder da banda acima citada, em seu projeto solo inaugural em estúdio caseiro do próprio lar doce lar, esse álbum foi um achado! Aqui a levada é mais individual intimista, tem folk de raiz, muito blues podreroso, o hardrock objetivo que caracteriza os BK, mas tudo com um frescor que dificilmente encontramos na produção roqueira do 3º milênio. Dos melhores álbuns do gênero do ano, seguramente. Não fosse por isso, não bancaria essa guerrinha de Tom & Jerry - não mais em nome do roquenrou. Há também outro bom porém: tenho um palpite infeliz de que esse álbum não sai no Brasil nem a pau. Infim... se essa é a tua praia, vai aí.
SERIA ALGUM TIPO DE PIADA CHULA ESSE CARA NO LIMBO?
Após a audição de Timepeace, quiça, a pergunta sem resposta, multiplique-se pelaí.
É costume se dizer que o tempo é o melhor conselheiro, o senhor da mudança e blá blá, mas na música isso é, sem dúvida, uma verdade. Tantos sons que nem bem envelhecem e rapidamente são esquecidos... Tantas obras-primas que ao seu tempo mal são apreciadas e mais tarde, com o passar de muitos anos, é-lhes, finalmente, reconhecida a qualidade.
Terry Callier, por exemplo, nasceu em 1945 em Chicago, aprendeu a tocar piano aos três anos, começou a compor aos onze, cresceu a cantar em grupos doo-wop e foi amigo de infância de Curtis Mayfield, Jerry Butler e Ramsey Lewis.
Com toda esta ambiência era natural que se viesse a dedicar à música, então lançou o seu primeiro single «Look At Me Now» em 1963 e no ano seguinte gravou o primeiro LP «The New Folk Sound of Terry Callier». E assim seguiu carreira mesclando o Jazz ao Folk e ao Soul... numa das mais brilhantes e consistentes sucessões de álbuns que... Nem me peça para citá-los. Vá pesquisar espaçoso!
Passada quase uma década sobre seu abandono é descoberto pelos insuspeitos Gilles Peterson, Dego e Mark Clair (4Hero) e Russ Dewbury que obrigam Terry a renascer para uma nova geração pronta a admirar toda a qualidade esquecida de sua obra. E em seguida nos brindar com novos álbuns. Entre eles, este. O da retomada. “Timepeace” que vos trago em 1ª mão e que mantém intacta a sofisticação habitual. Provando que quem realmente conhece jamais esquece o segredo.
Texto editado do blog português Bruto e feio.
Terry Callier (Timepeace) 1998Cora Walton nasceu no dia 28 de setembro de 1928 em Bartlett, Tennessee. Viciada em chocolate, ganhou o apelido Koko = choco. Desde cedo já se interessou por música, tanto gospel, que ela ouvia nas igrejas na infância, quanto o blues das rádios de Memphis. Mas a pesar do incentivo do pai para cantar somente o gospel cristão engajado, ela e os irmãos gostavam mesmo, com instrumentos caseiros, era de se aventurar no menos ortodoxo, blues.
Quando jovem ela ouvia de tudo o quanto podia do blues. Bessie Smith e Memphis Minnie foram as influências particulares, assim como Muddy Waters, Howlin' Wolf e Sonny Boy Williamson. E embora amasse cantar e o fizesse, como ouvirão os que não a conhecem, ela sequer sonhou em subir num palco um dia. Com 20 e poucos anos, ela se mudou para Chicago já enamorada de seu futuro marido, o já falecido Robert “Pops” Taylor, a procura de uma vida menos sofrida e trabalho pro sustento. Partiu com nada além de 35 centavos e um pacote de biscoitos Ritz, como conta a própria. Se instalaram no lado sul da cidade. Aqui a divina providência se desenha, já que essa era justamente a região conhecida como a Chicago Blues.
Logo Koko arrumou um emprego de faxineira em casas de madames brancas no subúrbio norte. À noite e nos fins de semana, ela e Pops freqüentavam os bares blueseiros onde tocavam alguns rapazes curiosos no estilo como Muddy Waters, Howlin' Wolf, e Junior Wells. E graças a Pops o casal tornou-se amigo de muitas das lendas do blues. Com seu estupendo talento, foi fácil, para ms. Taylor começar a cantar nos palcos de Chicago. E sua maior oportunidade surgiu quando Willie Dixon a viu cantar pela primeira vez. Para o espanto de Taylor, ele disse:
-Meu Deus! Eu nunca vi uma mulher cantar blues como você canta. Existem muitos homens cantando o blues, mas não há mulheres suficientes. É disso que o mundo precisa hoje em dia, uma mulher com a sua voz para cantar o blues.
Dixon conseguiu a chance de gravar o primeiro disco dela para a USA Records e logo em seguida garantiu um contrato com a Chess Records(aqui citada na postagem de Minnie Riperton), a maior gravadora de blues da época. Ele produziu diversas músicas e dois álbuns para ela, incluindo seu grande hit de 1966 Wang Dang Doodle. Essa música finalmente coloca Koko Taylor como a maior cantora de blues do mundo. E esta, "Insane Asylum" - aqui só como uma prova básica e que consta do 1º álbum homônimo, faixa 11, - mr. Willie Dixon faz dupla com ms. Taylor nos vocais.
No ano de 1972 Koko tocou no Ann Arbor Blues and Jazz Festival. Esse festival foi gravado pela Atlantic Records, que lançou um disco ao vivo, ajudando a divulgar ainda mais seu trabalho.
Em 1975 ela conheceu Bruce Iglauer, da Alligator Records. E no mesmo ano lançou o disco I Got What It Takes que recebeu uma indicação ao Grammy. De lá pra cá foram mais dez álbuns, todos eles pela Alligator Records, incluindo o mais recente Old School, de abril de 2007.
Deixo para os navegantes o primeiro (homônimo) e este último álbum de 2007 daquela que passou a ser conhecida, desde os 60/70s como "Queen of the Blues".
KOKO TAYLOR (KOKO TAYLOR) 1969
Ele nasceu em 3 de Outubro de 1951 em Los Angeles, Califórnia. É um excelente cantor, guitarrista e compositor de blues, com influencias, como manda a cartilha dos bem iniciados, de Robert Johnson. Curiosamente, não iniciou a carreira no Blues, mas tocando "steel drums" em uma banda de calipso, porém logo retornou para onde a vocação apontava, participando de várias bandas bluseiras entre os anos 70 e 80. Seu nome é Keb' Mo'.
Em todos os álbuns de Keb’, tenho-os do primeiro ao último, nota-se uma sonoridade própria, suave, circulando como a brisa fresca do mar (é a sensação que me dá), entre o folk, o soul e o blues. Mas nem tanto à raiz dessas correntes. Em tese sua música poderia (deveria, melhor dizendo) tocar no rádio sem quaisquer restrições. As melodias são cativantes, flertando sem traumas com o pop, mas um pop honesto, sofisticado, bem cool. Enfim é música ensolarada que te leva à passear.
Particularmente, Just Like You, o 2º álbum, de 1996, é o que mais me apetece. Isso porque nele está aquela música. Sabe aquela que marca território épico na vida de uma criatura? Pois é essa. Nesse caso, mais até, marca território na vida de um grupo inteiro. Há, em nossas discotecas, físicas ou virtuais, centenas de álbuns, todos escolhidos a dedo, mas poucos são os tais que possuem “A” canção. Aquela que não se explica o poder que tem. A minha (deste álbum) é More Than One Way Home - repare no passeio, um floating (virei surfista) contínuo, fazem as guitars solo e base de Keb’ e Tommy Eyre por toda a extensão da canção. Em certas músicas é perfeitamente nítido se delinear o traço de seu desenho melódico. É ruim de explicar e facinho de entender... Mas quando essa identificação acontece, repare: mesmo quando não se entende a letra, intui-se, perfeitamente, o que diz a poesia. Veja mais sobre Just Like You, no allmusic
Keb' Mo' por Roberto Maia:
Outro dia, revendo um documentário dos anos 60 sobre o rock britânico, vi que o sonho de Mick Jagger, pelo menos na época, era ser um cantor de blues. O blues continua como uma fonte mineral da música pop, de tanto em tanto surge algum talento acústico para refazer o pacto de Robert Johnson. Nomes como Rory Block, John Hammond Jr., e Taj Mahal já fizeram sua parte, continuando o caminho de Johnson. Dando continuidade a esta linha o veterano guitarrista Kevin (Keb' Mo') Moore, refez esta tradição de forma vigorosa e adaptando ainda nuances de soul e folk. Keb’ Site oficial: www.kebmo.com
Eric Bibb (Diamond Days) 2006
Eric Bibb, Rory Block & Maria Muldaur (Sisters & Brothers) 2004:
Bem, sobre Eric Bibb tudo que sei e tenho é o essencial: o álbum Diamond Days (2006). No meu julgamento, o melhor disco da carreira dele. Sei também que Bibb é apenas um mês mais velho (16/09/1951) do que Keb’ Mo’. Que nasceu na cidade de Nova Iorque - dois bluseiros urbanos, portanto - e que tem um estilo muito semelhante ao do parceiro de postagem. Por isso, os dois juntos aqui. Mas o Bibb ainda leva boa vantagem sobre o Keb’. É ele o mentor intelectual do melhor disco dentre as 3 pérolas apresentadas. O álbum Sisters & Brothers com Rory Block & Maria Muldaur é simplesmente o maior achado desta postagem! Sobre este disco reafirmo, sorrindo, minha já reconhecida total incapacidade para falar sobre música. No entanto quem baixa, há de reconhecer também outra obviedade, esta a meu favor: não ter talento pra falar sobre música nada tem a ver com não saber encontrar o que ela tem de mais precioso. Leia mais sobre Diamond Days no allmusic. E sobre Sisters & Brothers no mesmo allmusic
Para baixar os álbuns:
ERIC BIBB, RORY BLOCK & MARIA MULDAUR (SISTERS & BROTHERS) 2004