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domingo, 29 de junho de 2008

CONCHA BUIKA DE ESPANHA (2006)



Pois é, caro navegador. Nada como estar de corpo e alma numa experiência... Sorte nossa, no entanto, se o narrador (texto abaixo) souber passá-la tão próxima à realidade que basta um trago de imaginação e a mágica acontece. Então se faz possível provar a essência da coisa experimentada in loco, degustá-la - o que já não será nada mal, concordas? - e finalmente, para obra completar-se, dividimos a sensação e a descoberta com o próximo>>>

Concha Buika de Espanha

“...Luzes apagadas, um guitarrista arranca notas de seu instrumento. De repente, uma voz que enche o Teatro Caem, que se faz sentir, que te arrepia e te anima. Concha Buika entrou em palco. O meu coração bate depressa, depressa...

Parece estranho mas é verdade! Aquela terça dia 24 de Abril estava mesmo com vontade de poder finalmente ver a incrível Concha Buika em concerto. Quando ela entrou a cantar no palco (ainda às escuras) do Teatro Caem aqui em Salamanca, eu soube que tinham valido bem a pena os 15 euros de bilhete que paguei por ir.

Esta jovem espanhola de origens africanas é uma delicia para todos aqueles apreciadores das iguarias musicais de hoje em día.

Buika tem uma voz descontrolada que ela controla de maneira maestral como podemos ouvir no último cd dela, "Mi niña Lola" onde encontramos temas que vão dos boleros ao jazz, tudo com uma naturalidade de quem sabe e sente o que faz.

Ela grita, sussurra, ri e dança, tão à vontade como se estivesse em casa, sempre com um sorriso no rosto e palavras sinceras que vai soltando durante o concerto.

A banda (um piano, uma caixa, uma batería, uma guitarra acústica e um baixo) segue o sentimento que ela põe nas músicas ao cantar e não é estranho ver toda a banda rir-se às gargalhadas enquanto dançam e tocam.

Devo confessar que esperava um concerto diferente, mais relaxado e não tão formal. Digo isto porque a sala de espetáculos (Teatro Caem) era bem maior do que eu imaginava e o público bastante mais "engravatado" do que podía imaginar, mas de qualquer maneira Concha esteve mesmo a altura e fez de cada canção um momento de felicidade para um desgraçado que lá estava, de barba por fazer, uma camisa meio rasgada e sentado ao lado de um alemão de uns 70 anos. É verdade, adorei o concerto, adorei a personalidade dela e cada uma das canções (especialmente "Ojos verdes" sem banda. Uau!) . Gritei, assobiei e aplaudí emocionado!”

FONTE

Concha Buika (Mi Niña Lola) abril - 2006

Concha Buika (Concha Buika) agosto - 2006

quarta-feira, 23 de abril de 2008

LYNNE ARRIALE TRIO (THE EYES HAVE IT) 1993



Não há forma mais pedagógica (e prazerosa) de encarar o jazz: pega-se uma melodia que todos reconhecemos, ou pela qual facilmente nos apaixonemos - um tema -, e parte-se rumo à improvisação sem nunca perder de vista as linhas harmônicas originais. Pode ser um clássico de Duke Ellington, uma canção de Lennon e McCartney, um tema original, uma composição própria, até. O que importa é que nela se consiga lapidar um jazz universal, inspirado. É como deve ter dito algum grande escultor, simplificando os mistérios de sua obra: é fácil, é só separar a Pietà da pedra fundamental e todo o resto se resolve... Num bom jazz, o tema, mesmo para os que se dizem não apreciadores do jazz, os detalhes enaltecem e valorizam o tema original. Ao menos pra mim, é mesmo simples assim. É como vi o trabalho de Lynne Arriale. Um piano, músicos no mesmo diapasão (diga-se afinidade) e um feeling absurdo por toda a volta!

É surpreendente porque trata-se de uma artista que jamais teria acesso – jamais ouvira falar -, não fosse esta ferramenta de teclado, mouse, uma tela e uma conexão com um mundo exterior nem tão virtual como se presume. Pronta para te dar uma bela oportunidade de separar a obra de arte das sobras de um todo, make... dodói(para ser sutil, afinado com o som que se ouvirá).

Sobre a "escultora de melodias" diz a única fonte (em língua e terras portuguesas) que encontrei para Lynne Arriale, na Rede - e que fala de um show que Lynne faria em Lisboa em 2007: Na bagagem que vai despachar no aeroporto de Milwaukee (onde, provavelmente, Lynne morava por ocasião do texto), a pianista guarda um alinhamento desenhado à base de Come Together, álbum com que comemora o décimo aniversário do trio, e de Arise, editado em 2003. Quer isso dizer que, além de um generoso repertório de composições originais, em que tem vindo a apurar um notável sentido lírico - fruto de uma formação clássica iniciada aos 4 anos -, Arriale carrega uma mala cheia de apontamentos populares prontos a serem torcidos em exercícios de improvisação - American Woman, Lean on Me, Iko, Iko ou Kumba Ya vale tudo. "Boas melodias : é isso que une todos esses temas", explica. "É a melodia, sempre a melodia, aquilo que, primeiro que tudo, todos retemos de uma música. É por ela que se pode abrir uma porta do jazz a quem ainda não entrou. "Depois há o material original "inspirado em várias tradições, do flamenco à brasileira, passando pela escocesa e céltica. Adoro toda a folk, e isso marca decisivamente a minha escrita."

O resultado é um repertório eclético, segurando pela maravilhosa obsessão melódica de um piano de fraseado virtuoso, ágil e imaginativo, sempre empenhado em escancarar as portas do jazz. Aconselha-se entrar.

O TRIO:
Lynne Arriale - piano, arranjos & produção
Jay Anderson - bass & acoustic bass
Steve Davis - drums & arranjos

O ÁLBUM (encontrado):
Lynne Arriale Trio (The Eyes Have It) 1993

sexta-feira, 7 de março de 2008

ME'SHELL NDEGÉOCELLO THE SPIRIT MUSIC JAMIA: DANCE OF THE INFIDEL



Talento nato e de nome tão complexo como pronunciar complexíssimo no plural – né, Luis Inácio? - essa alemã de nascença arrepia no baixo! E já tocou com meio mundo do rock, jazz and soul, assim como, claro, em solo, faz um trabalho excepcional. Gente muito fera do calibre de Pat Metheny, o intelectual do trompete Dave Douglas, John Mellencamp, Carlos Santana, Mike Stern, Marcus Miller, Guru (Jazzmatazz), Basement Jaxx, Madonna, Rolling Stones (em Bridges To Babylon)... Aqui, uma dúvida: os mais antenados me respondam se no show do David Bowie no Rio/Apoteose, há uns bons 10 anos, não era ela empunhando o baixão? (pergunta respondida. Era Gail Ann Dorsey, no baixo) Enfim, o infinito estelar baba por ela. Para quem, como eu, tem adoração pelo instrumento, Me'Shell é um achado! E veja se não é... Imagine essa negra, super-ultra-cool-estilosa tocando pra carái sob a luz dos holofotes no alto de um palco. Não é um espetáculo? Qual artista não gostaria de tê-la ao lado? E ela não só toca ou faz figura bonita não. Ela canta, compõe, produz, chuleia, caseia, pinta e borda, nas internas e pra viagem. Tudo administrado da cozinha no maior lowprofile... Alguns dizem que a base é rock, outros que é soul, funk, r&b, jazz... E é nessa que eu vazo, porque definir o indefinível é tarefa para aqueles com a perseverança dos ufólogos. Mas agora... cá entre nosotros... Que Me’Shell, neste álbum, está mais para o puro jazz do que qualquer outro ritmo isso... Xiiih!... Eu começo eu termino.

Colei, do allmusic, texto abaixo sobre o álbum.

Filling the roles of central artist, composer, and director, Me'Shell Ndegéocello takes a left turn with Dance of the Infidel, a very loose affair that nonetheless flows with a natural grace. It is, for the most part, a jazz album, indicated by a shifting lineup that includes Jack DeJohnette, Oliver Lake, Don Byron, and Kenny Garrett, along with vocal turns from Cassandra Wilson, Lalah Hathaway, and Sabina Sciubba. The album is bound to challenge a good number of Ndegéocello's fans (particularly the ones with limited interest or familiarity with the form), but they needn't feel as if they're in over their heads. Little cracks in the bassist's past work have opened up to be fully explored -- it's hardly a 180, with her warm, bobbing bass adaptable to any context. And since the album is split almost evenly between sprawling 12-minute pieces and song-based material, it's liable to please both sides in some measure. Compared to Ndegéocello's past albums, Dance of the Infidel isn't as enveloping or moving (a couple spells are particularly dry, and many will miss not hearing the bassist's vocals), but it's full of bright colors, and not without its pleasures. As always, wondering where she'll take you next is part of the fun.

ME'SHELL NDEGÉOCELLO THE SPIRIT MUSIC JAMIA:


terça-feira, 4 de março de 2008

SUSANNAHH MCCORKLE E EMILY REMLER




Parece que músicos de caso com a fatalidade andam querendo fazer contato. E de mim uma espécie de RP. Como diriam uns e outros, quando querem se explicar na novilíngua, eñtããão... Dessa vez manifestou-se uma mulher - consolo algum nisso, claro. Elegante cantora de standarts, uma bela mulher por sinal, muito sexy por força de expressão vocal, e muito rara, por... Rara porque? Em minha superficialíssima avaliação, um dos motivos seria que, pela elegância da voz e beleza física, Susannah McCorkle, tentando ser minimamente gentil, merecia uma atenção maior nas capas de seus álbuns. E a relação do consumidor comum com capas de álbuns na prateleira das lojas se explica assim: se não conhece e a capa não lhe diz nada, não compra mas se faz ligeira idéia e a capa passa perspectiva torta do artista, aí nem pensar! Dos 17 álbuns de Susannah McCorkle, listados no allmusic (confira), dos que Susannah aparece, posso garantir que mesmo se meu objetivo fosse procurar uma rara e talentosa voz jazzy para chamar de ‘minha’ última descoberta, passaria batido. Até aqui nenhuma fatalidade. Não sou consumidor de álbuns in cash - chamar box de capas denuncia que o sujeito, se comprava, o fazia no tempo do vinil -, muito menos estou ligado ao marqueting de como se produz corretamente uma estrela. Mas quem conferir as tais capas no link vai concondar comigo em GNG, com toda a certeza!

O fato é que Susannah McCorkle (nascida em Berkeley, California em 1º de janeiro de 1946), era uma intérprete de voz e gosto para repertório refinados que, infelizmente, para todos que ficamos, abreviou sua história e carreira porque sofria com dois dramas, a descoberta de um câncer e uma crônica depressão. Enfim, em relação à própria vida as pessoas têm o direito a ir e vir. "Tragically, career disappointments exacerbated her chronic depression (a condition she kept well-hidden), resulting in her suicide in May of 2001 in New York City.” – diz Scott Yanow, encerrando a biografia da cantora, morta aos 55 anos.

Relembrando a história daquele ano fatídico, polianamente, vejo um lado positivo nisso tudo: quatro meses depois, dois 747zinhos de carreira da American Airlines, zapeados a controle remoto por uma espécie de cangaceiro de Alah, chocam-se com duas Torres Gêmeas no coração da cidade Maçã. Desse choque ao menos Susannah conseguiu escapar.

(...) "Susannah McCorkle, uma cantora de sucesso (...) No dia de sua morte era primavera em New York e floresciam jasmins em New Orleans. Agora quem poderá dizer que o Jazzseen não prestigia a MPB* e a voz?” (By Roberto Scardua / Jazzseen)

E pra não dizer, com direito a protuberante ponta de iceberg de humor negro, que tragédia pouca é bobagem, ainda no álbum aqui apresentado, mais um talento desperdiçado: uma exímia guitarrista de jazz, Emily Remler - o álbum Sabiá foi o último de que Emily participou - 3 meses após a gravação (1991) morre do coração. E Porque...

“A utilização sistemática de heroína talvez tenha contribuído decisivamente para o enfarto fulminante que matou Emily Remler aos 32 anos. Sua morte prematura impediu que essa excelente guitarrista estabelecesse de forma definitiva um estilo próprio. Bastante influenciada pelo toque de Wes Montgomery, a menina Emily começou estudando violão em Berklee aos dez anos e, em 1980, já gravava seu primeiro álbum como líder. Seu trabalho foi quase todo em trios ou quartetos, num clima post bop que me agrada bastante e faz a gente pensar que grande guitarrista ela poderia ter sido se ainda estivesse entre nós.”

(By John Lester / Jazzseen)

Com certeza, a idéia paranóica de perseguição por gente que se anula, origina na postagem de Danny Gatton – umas tantas esquinas mais abaixo desta. Abaixo do álbum Anthology, bem mais abaixo, vai descendo... Isso! No New York Stories. Se o navegante é recém chegado, tem a oportunidade de baixar vários álbuns que, na música, de trágicos não têm absolutamente nada! Além da coincidência deste blogueiro encontrá-los em suas naveganças, achar que é descoberta exclusiva e, ao pesquisar, perceber que alguém do Jazzseeen (sempre lá) já o havia descoberto antes. E que suicídio, esse mórbido hábito de abreviar pessoa física costuma rondar até com maior freqüência a história dos artistas mais talentosos - fragilidade endêmica, talvez... Não imaginei melhor maneira, então, de render-lhes homenagem. Tirar algo de positivo da fatalidade. Afinal nem é mais tanto por eles, mas por nós que estamos vivos.

Deixo aos navegantes dois exemplos bacanas. Um trabalho de Susannah McCorkle (com Emily Remler) e outro só com Emily em solo. Boa viagem. Mas volte, hein!

* Tracklist de Sabiá

01 - Tristeza (Aroldo Lobo & Niltinho)

02 - Estate (Bruno Brighetti & Bruno Martino)

03 - Vivo Sonhando (Vinícius & Tom)

04 - Dilema (O.Guilherme)

05 - Sabiá (Chico Buarque & Tom Jobim)

06 - So Many Stars (Alan e Marilyn Bergman & S.Mendes)

07 - Só Danço Samba (Vinícius & Tom)

08 - Manhã de Carnaval (Luiz Bonfá & Antônio Maria)

09 - Pra Machucar meu Coração (Ary Barroso)

10 - Travessia (F.Brant/Gene Lees & M.Nascimento)

11 - A Felicidade (Vinícius & Tom)

SUSANNAH MCCORKLE (SABIÁ)

SUSANNAH MCCORKLE (SABIÁ) part 2

EMILY REMLER (CATWALK)