Já que o natal se aproxima, K entre nozes, a 1ª vez que postei inadvertidamente um álbum dos Chaves (de cadeia) Negra, tomei-lhe uma chamada pela retaguarda do Todo Poderoso Mercadodeusificadossejaovossonome..., que não entendi nada. Talvez tenha sido a rasteira mais rápida da Blogsfera - no mesmo dia praticamente já estava deletado. Até a ocasião era feliz e não tinha noção. Nem sabia o poder multitentacular do TPM - uma coisa assim como uma hidra, com uma centena de cabeças de bagre -, muito menos ouvira falar de sua polícia repressora a DMCA(disco na Rede tá enquadrado). Então recomendo que sejas breve no resgate e nem questione de quem se trata. Não assunte. Aja. Uma forma de dichavar o Todo Poderoso é não dizer muito sobre o artista. As pistas são: gostas de rock? E se gostas conheces os Black Keys? Phodeu, falei demais.
Gravado pelo líder da banda acima citada, em seu projeto solo inaugural em estúdio caseiro do próprio lar doce lar, esse álbum foi um achado! Aqui a levada é mais individual intimista, tem folk de raiz, muito blues podreroso, o hardrock objetivo que caracteriza os BK, mas tudo com um frescor que dificilmente encontramos na produção roqueira do 3º milênio. Dos melhores álbuns do gênero do ano, seguramente. Não fosse por isso, não bancaria essa guerrinha de Tom & Jerry - não mais em nome do roquenrou. Há também outro bom porém: tenho um palpite infeliz de que esse álbum não sai no Brasil nem a pau. Infim... se essa é a tua praia, vai aí.
Apedidos, digo, imposição, o link desta postagem foi deletado por Decisão Major Capitalista Arbitrária do Estado - de calamidade cultural que a todos nos cerceia. A casa se ressente mas acata.
... A cata de mais e melhores blues, jazz, mpb, rock, folk, tango... Sem rare baba nem axé babá...
Se os super cult Six Organs of Admittance não tivessem gravado uma versão de Thicker than a Smokey, tema incluido no álbum School of the Flower de 2005, é muito provável que Gary Higgins tivesse permanecido no esquecimento a que foi relegado desde o lançamento de Red Hash, quando decorria o longínquo ano de 1973. Cantor e compositor de música folk, pode dizer-se que Higgins teve uma vida atribulada, fechando, ele mesmo, as portas a uma carreira que, a se avaliar pelo único disco que gravou em toda a vida, se apresentava cheia de promessas. Red Hash, que antes da reedição em CD era disputado por coleccionadores que se dispunham a pagar pequenas exorbitâncias por um dos raros exemplares em vinil disponíveis - na altura do lançamento apenas foram colocadas no mercado três mil cópias... Originalmente, à época, um álbum, na verdade, gravado na correria, em 40 horas, antecedendo meses ao encarceramento de Higgins, durante 1 ano, para cumprir pena por porte e venda de haxixe. Se os temas compostos neste álbum não bastassem para fazer dele um ponto de paragem incontornável para quem aprecie música folk, todas estas peripécias, por si só, fariam de Red Hash um disco muito especial. Mas, evidentemiente que o disco não foi escolhido só pelo passado 'bad boy' arredio do autor. Aquela obra (Red Hash) dizia tudo sobre o mundo fumarento em que o cantor vivia então.
Ainda em Red Hash, o tema dedicado à baleia é uma celebração da liberdade reconquistada, mas a verdade é que no fim da história a que dá voz a dita morre e este pioneiro sai de cena no mesmo ano em que entra, para só agora em 2009 gravar mais uma obra prima, o Second. Agora com uma agenda de concertos que está a ser a consequência do sucesso daquele velho LP de antanho, que, nunca perdeu o prazo de validade. Tanto Red Hash quanto o Second são álbuns essenciais históricos para a memória da música popular americana.
Mas para que tal acontecesse e Red Hash saísse reeditado em CD pela Drag City e visse a luz do dia, houve um homem que se desdobrou em iniciativas para encontrar Gary Higgins nas listas telefónicas do Connecticut, enviando cartas a todos quantos homônimos que existissem sobre o solo daquele estado americano: Zach Cowie. A sua investigação foi coroada de êxito, para nossa felicidade. O ditado é véio, mas não custa insinuá-lo, o que é do homem...
Outro dia, a passeio, fui visitar uns amigos q já não via há um tempo. No Câmara de Eco encontrei uns bootlegs de Hendrix e me lembrei de uma música do Jimi que vivia atrás em novas versões, ao vivo ou estúdio - Hendrix deixou tanto material -, mas que jamais encontrava, nem nas centenas de milhares de Bootlegs que desaguaram aos boborbotões depois da morte prematura do cara.
O Lucon, titular do Câmara me esclareceu a questão. A música tinha sido uma das últimas composições do maior de todos os tempos, então, é provável que ele não tenha tido tempo de tocá-la ao vivo, ou que algum show tenha sido registrado com a música incluida. Enfim, a canção, uma balada lindíssima que o próprio Jimi Hendrix considerou a melhor que já compôs, chama-se Driftin'. Para aplacar minha fissura de ouví-la, corri atrás de outras opções, no allmusic. Por incrível q pareça, encontrei pouquíssimas versões. Driftin' é um título comum para música, então, entre tantas driftins de outros autores, é bem provável que haja mais da mesma (hendrixiana) que valha a pena. Há de se ter paciência. Mas a que postei juntamente com o álbum completo, claro, foi a melhor que achei na breve busca. O artista que defende a faixa, nunca ouvira falar. Também não me empolguei muito quando vi-lhe a face, antes de provar do som. Tipo: "Ih... mais um guitar-hero-hard a lá "Esteve e Vai? Não vai prestar...". A reação foi fria assim. Quem vê cara... Pirei com a tecnica do sujeito e fui atrás de saber mais sobre o mesmo e daí, desatando alguns nós tive uma leve impressão de que cheguei um tanto ou quanto atrasado...
"Quarta-feira, 23 de Novembro de 2005, 01:34 | Online
Morre Chris Whitley, precursor do folk alternativo
Admirado por artistas como Dave Matthews e Keith Richards, o cantor ganhou projeção no início dos anos 1990
O cantor americano Chris Whitley, de 45 anos, morreu de câncer no pulmão cinco semanas depois de ser diagnosticado com a doença, anunciou terça-feira sua gravadora, o selo independente Messenger Records. Christopher Becker Whitley morreu domingo em Houston (Texas), sua cidade natal, informou Brandon Kessler, dono da gravadora.
Após passar a infância e adolescência em Connecticut, México e Vermont, em 1977 Whitley foi para Nova York, onde começou a tocar na rua e depois em bares e clubes. Na década de 1980, foi descoberto por um agente de viagens belga, Dirk Vandewiele, que o convidou para se apresentar em seu país.
O artista passou cerca de uma década na Bélgica até formar a banda Noh Rodeo, com a qual também se apresentou em palcos franceses e suíços. No início da década de 1990, Whitley ficou mundialmente famoso e fez excursões pela Europa, EUA e Austrália.
O cantor, que chegou ao auge do sucesso com o álbum "Living with the Law", de 1991, era admirado por artistas como Bruce Springsteen, Dave Matthews e Keith Richards, disse Kessler. Segundo fontes da indústria fonográfica americana, Whitley foi um dos precursores da música country/folk alternativa, que misturava o som regional com o punk e o rock.
"Cada álbum que ele fez era totalmente diferente do anterior", destacou Kessler, ao referir-se a "Din of Ecstasy", lançado em 1995, "Terra Incognita", de 1997, e "Soft Dangerous Shores" e o mais underground de todos “Perfect Day, de 2000. O músico deixa uma filha, Trixie, de 18 anos, do casamento com a belga Héléne Gevaert."
Ia esquecendo um pícolo detalhe: Billy Martin & Chris Wood, destacados na capa do álbum, são os mesmos que formam o trio Medeski, Martin & Wood. Bom presságio, não?
Quando encontrei algum material em português sobre essa mulher, o texto começava assim: “Viktoria Tolstoy é uma excelente cantora sueca de jazz”... Na verdade, ela não é uma excelente cantora sueca de nada... ela é a melhor intérprete viva - e viva! mesmo - que a Suécia contemporânea já provou na vida! E eu nem quero saber o nome das demais, porque repertório com essa qualidade e interpretação, não se encontra assim, na ruiva da esquina, num paiszinho que vai ser grande lá na Europa! Afinal o que são 9 milhões de habitantes? Nove Rocinhas? Só a cidade do Rio de Janeiro, que é uma gota, já cabe de gente, duas Suécias, 3 Dinamarcas e uma Noruega... Tudo bem, exagerei. Tira meia dúzia de Louras e 20 (mil) bárbaros que a conta fecha. Enfim.
“Seu nome completo é Louise Viktoria Ekjellberg, o Tolstoy aparece somente no nome artístico. Filha de Erik Kjellberg e bisneta do grande escritor russo Leo Tolstoy” (ta explicado), “Viktoria é reconhecida internacionalmente no meio jazzístico e é muito requisitada para shows e turnês em países como o Japão, Malásia, Reino Unido, Escandinávia, Alemanha, Suíça, África do Sul, Itália, Espanha, México, para citar alguns.” Aí você procura os discos de la Tostoy na Modern Sound (aqui do Rio de Janeiro) considerada a 7ª melhor loja de discos do mundo – e é boa mesmo – mas quedê que você encontra?
“Em 1994, aos 19 anos gravou o seu primeiro álbum ‘Smile, Love and Spices’, e sua grande inspiração foi seu pai, professor de música da Universidade de Uppsala, que também escreveu algumas canções. ‘Shining On You’ de 2004, é um excelente álbum, de alta qualidade, as músicas foram escritas pelo pianista e compositor sueco Esbjörn Svensson, um dos maiores músicos de jazz da Europa e que morreu no ano passado, aos 44 anos, durante um mergulho no mar Báltico. ‘My Swedish Heart’ de 2005, é uma viagem através da música folk sueca e jazz. Há muitos anos, Viktoria procurava explorar as suas raízes musicais russas, em ‘My Russian Soul’, álbum de 2008, Viktoria mostra a alma de seus antepassados, cantando músicas do folclore russo como a 'Little Pretty', versão da 'Canção dos Barqueiros do Volga'.”
E este texto do blog Pintando Música foi o único que encontrei sobre essa mulher linda, de talento inquestionável e... Q mais? No mais, quem quiser provar é só clicar. Só uma coisinha: uma vez, há muito tempo, o sr. Salsa, me disse que estava sempre a procura de novos standards pra pesquisar e quem sabe tocar na noite. Amigo, estes albinhos são um manancial formado por fragmentos de alma & coração de gente como Burt Bacharach, Henri Mancini, Ennio Morricone, Stevie Wonder e pode ir somando nomes do naipe para a cobertura do sunday. Não há um só tema batido, do repertório de 9 entre dez cantoras de jazz. O mais conhecido, nesses 3 álbuns foi uma versão de "Stranger in Paradise" (Alexander Borodin/George Forrest/Robert C. Wright). Todos os demais, se não são completas novidades, são bem raros de se ouvir por aí - ou por aqui.
Ah! Pois é. As capas. As imagens estão nas pastas dos arquivos.
E se me pedissem para indicar um, dos 3 álbuns pra começar, o predileto não tenho não. Mas no "My Russian Soul" está a música mais belíssima dos 3! Trata-se da 2.ª faixa, Word by word*. Ali rola um sampler (nada de eletronicidades, não) , uns 3 acordes em sax, de algum clássico erudito(?) que preciso descobrir qual é. Por favor se alguém souber, me ajuda buda.
Bom depois de postar 3 álbuns de um único artista, coisa rara por aqui, e dessa rasgação, indicar uma música dentre tanta coisa fantástica, acho q tá tudo muito bendito, certo? Mais sobretudo, acesse o allmusic.com. Lá estão os 3 álbuns melhor resenhados. Boa audição.
* linkada em separado pro caso de alguém tentar descobrir.
SERIA ALGUM TIPO DE PIADA CHULA ESSE CARA NO LIMBO?
Após a audição de Timepeace, quiça, a pergunta sem resposta, multiplique-se pelaí.
É costume se dizer que o tempo é o melhor conselheiro, o senhor da mudança e blá blá, mas na música isso é, sem dúvida, uma verdade. Tantos sons que nem bem envelhecem e rapidamente são esquecidos... Tantas obras-primas que ao seu tempo mal são apreciadas e mais tarde, com o passar de muitos anos, é-lhes, finalmente, reconhecida a qualidade.
Terry Callier, por exemplo, nasceu em 1945 em Chicago, aprendeu a tocar piano aos três anos, começou a compor aos onze, cresceu a cantar em grupos doo-wop e foi amigo de infância de Curtis Mayfield, Jerry Butler e Ramsey Lewis.
Com toda esta ambiência era natural que se viesse a dedicar à música, então lançou o seu primeiro single «Look At Me Now» em 1963 e no ano seguinte gravou o primeiro LP «The New Folk Sound of Terry Callier». E assim seguiu carreira mesclando o Jazz ao Folk e ao Soul... numa das mais brilhantes e consistentes sucessões de álbuns que... Nem me peça para citá-los. Vá pesquisar espaçoso!
Mas apesar de ter lançado essa coleção de obras-primas nos setenta, nunca conseguiu ter sucesso além de alguns hits regionais. Resumo da ópera: abandona a música no início dos 80 para dedicar-se à programação de computadores. Radical. Diria mais, sinistra, a guinada...
Passada quase uma década sobre seu abandono é descoberto pelos insuspeitos Gilles Peterson, Dego e Mark Clair (4Hero) e Russ Dewbury que obrigam Terry a renascer para uma nova geração pronta a admirar toda a qualidade esquecida de sua obra. E em seguida nos brindar com novos álbuns. Entre eles, este. O da retomada. “Timepeace” que vos trago em 1ª mão e que mantém intacta a sofisticação habitual. Provando que quem realmente conhece jamais esquece o segredo.
Se os Six Organs of Admittance não tivessem gravado uma versão de Thicker than a Smokey, tema incluido no álbum School of the Flower (outra banda que vcs podem aguardar e cobrar que arrente temos tomem), de 2005, é muito provável que Gary Higgins tivesse permanecido no esquecimento a que foi relegado desde o lançamento de Red Hash, quando decorria o longínquo ano de 1973. Cantor e compositor de música folk, pode dizer-se que Higgins teve uma vida atribulada, fechando as portas a uma carreira que, a avaliar pelo único disco que gravou em toda a vida, se apresentava cheia de promessas. Red Hash, que antes da reedição em CD era disputado por coleccionadores que se dispunham a pagar pequenas exorbitâncias por um dos raros exemplares em vinil disponíveis - na altura do lançamento apenas foram colocadas no mercado três mil cópias -, Red Hash foi gravado na correria, em 40 horas, antecedendo o encarceramento de Higgins, durante 13 meses, para cumprir pena por ter sido apanhado vendendo a erva da dona Maria Juana (ler mais aqui). Se os temas compostos neste álbum não bastassem para fazer dele um ponto de paragem incontornável para quem aprecie música folk, todas estas peripécias, por si só, fariam de Red Hash um disco muito especial. Mas, evidentemiente que o disco não foi escolhido pelo passado 'bad boy' do autor. Afinal Higgins não viu "Tropa de Elite" nem na versão pirata, coitado...