
Nada tem a ver com nada. O título, a foto, a viagem... (ou não)
Música sempre foi a minha tara. Cena mais remota da relação eu e ela? Estou na sala do ap, no chão, deitado diante de uma vitrolinha phillips, dessas portáteis, na cor azul piscina que eu adorava mergulhar... Ainda mono (monaural). Tanto que, em se removendo a tampa - oh que moderna praticidade -, tíinha-se já a mão uma caixa de som! Nela fechada não cabiam discos long play. No máximo, compactos simples. Os LPs que mais gostava de ouvir na paz, eram Sergio Mendes & Brasil 66 - aquele dos guarda-chuvas coloridos "Look Around" - e a trilha de "Um homem uma mulher", Francis Lai. Pois é, mesmo o francês era carioca bossa-nova da gema. Então já tinha, de alguma forma o jazz na preferência. Depois veio o Jimi (Hendrix) que já me chegou morto (1971), Led Zeppelin, Deep Purple, Grand Funk Railroad e aí eu me perdi do gênero híbrido da iniciação, só mantendo a simpatia pela batida diferente. Lembro-me também de uma fita cassete (minhas amiguinhas de 17 estão perdidinhas...) dos Tijuana Brazz, do meu pai, que eu simplesmente adorava! E tocava meu saxofone imaginário, trompete e trombone idem, amarradão. Dos metais em brasa eu era a orquestra! Num dado momento, num daqueles dias em que dava meu showzinho virtual às escondidas no quarto, o Pelé - não o Edson, o Pelé das criancinha -, lá na sala, preparava-se pra bater o pênalti, contra o Vasco do Andrada. Seria o definitivo mil. Só aí descansei meu sax sobre a cama pra presenciar o momento histórico.
Com algo ali na portinha do Jazz, são as cenas de que me lembro. Depois disso vieram as guitarras e os sintetizadores do Emerson(Lake & Palmer), a reboque veio até uma sitar de um tal de Shankar. Aí phodeu, né? Minha educação musical, a cuca e a memória, porque pintou um cigarrinho no bojo, bicho, que era baseado em algo que não me lembro bem mas dizia-se que abria as portas da percepção. Bem, veio o Huxley... Admirável mundo novo! Nesse momento já, portas e janelas da percepção escancaradas, me apareceu o 1º acidinho(a gente nunca esquece). Foi a mãe de um amigo que pôs na minha língua o primerão. Esta cena, impossível de esquecer, fala sério. Até porque, a mãe do amigo era namorada do Ronald. E o Ronald era big brother. Não. Não era o do Big Mac, muito menos aquele palhaço do MacDonalds, era o Biggs em pessoa, bro! O do trem pagador! Sem sacanagem, tô mentindo não. A mãe desse amigo não sabe mas, agora recordando, ela me educou para a vida... Tudo bem, marginal. Mas àquela época, graças ao bom Deus, o ainda da foto uma postagem mais abaixo, era uma marginalidade vital para uma boa formação para um muleque de 14 anos. Porque dali veio Kafka e veio Castaneda já com mais d"A erva do diabo"... De modus que me veio um monte de gente boa de se ler e ouvir no movimento.. Porque estou dizendo tudo isso, sei lá. Talvez pra deixar aqui um testemunho clichê, que seja, de que tudo vale a pena, quando tua alma não é pequena. As sequelas são a quase memória, quase Cony. Normal. Imagina, gente...
Postagem de álbum – músico de jazz - importante que me fez divagar sobre todas essas coisas vem logo acima...
Em tempo: Notícia triste no finalzinho do ano. Morreu Freddie Hubbard, genial trompetista de jazz, aos 70 anos em Sherman Oaks, California, em função de complicações após um infarto em 26 de novembro. Cara, é como disse nos comentários do Jazzseen: Infarto, morte breve, morte breve, boa morte. A obra fica. E o dia, como todos os dias, pode ser um belo dia pra se morrer em paz. Até porque, vide O Globo (30 de dezembro, terça feira): "ISRAEL DECLARA GUERRA TOTAL"... Ah, amiguinhos, tô de saco cheio e estufado dessa porra.