



Recebi link sonoro além de outro de um site sobre a histórica rádio carioca que viveu (sempre no auge) entre o início e o fim dos anos 70 e deixou toda uma geração de jovens orfãos quando morreu, da mesma maneira misteriosa que nasceu. Como não fui autorizado a reproduzir (o texto, não o link sonoro) na íntegra, resolvi exercitar a própria memória com a ajuda do que me veio à mente lendo o scripit. Assim, o que teremos aqui é o que mais ou menos ouvimos nos raps. Não. Rima não! Sampler. Só que em vez de música, texto sampleado.
Parece que a galerinha interada nos sons de todas as épocas – a galera do milagre que a internet gera – anda lotando a página oficial da Eldopop (a tal rádio que fez a cabeça de onze entre dez garotos cariocas entre 1971 e 1978). No caso deste que samplea o texto original, estava eu entre os meus 11 e 18 anos. Eu que vivo conectado na Rede, e nem sabia que a Eldopop tinha uma página... Enfim. Voltando as vacas magras, diz a fonte do texto oficial: “Para mim, isso é uma grande surpresa, pois, quando ela (a página da Eldopop) foi criada, achei que nem mesmo os ex-ouvintes apareceriam por aqui, afinal a vida mudou muito, em relação àquela época...” Pois é.
Para quem não é da época ou não estava no Rio de Janeiro, vamos tentar passar uma idéia sobre ela:
Num dia qualquer de um mês idem, uma rádio começou a tocar roquenrou e os chamados rock progressivos e não parou nunca mais... “Aquelas músicas tocavam durante toda a programação normal, de 20 horas diárias”. Aliás, eram quase 20 horas todos dias e não havia locutores! Raríssimos eram os comerciais e mais raras as notícias. Estávamos nos anos 70, lembra? Notícias não eram bem vistas pelo establishment. Isso tudo durante quase 7 anos... (1971 a 1978). As músicas eram gravadas em fitas de rolos, em "seqüências", e havia fitas com 2, 3, 4, 5 e até 6 músicas. À medida que os novos ouvintes iam se habituando à rádio percebiam que após a música X, sempre tocava a música Y. Eram as tais seqüências. Quando conhecíamos os autores, era mais ou menos assim: “Depois desse Yes” – dizíamos – “quer apostar que vem aquela do Led Zeppelin?” Vagabundo até casava grana, entre um tapa e outro. Eu disse tapa? Ato falho, quis dizer entre um take e outro.
“Acontece que naquele paraíso musical havia um problema: as músicas não eram identificadas; as seqüências eram jogadas no ar sem identidade, sabe-se lá a verdadeira razão”... Então, a mulecada, éramos milhares de adolescentes que pouco entendíamos de Rock e que muito menos conhecíamos sobre o que acontecia no mainstream na gringa, começamos a gravar fitas e mais fitas com as músicas da Eldopop. Como a Basf deve ter faturado com a gente na época!... “E cada um dava o seu jeito para rotulá-las. Eu, por exemplo, tenho fitas K7 onde se lê "música do carro", "aquela do órgão", "violão e gaita", etc. Só após alguns anos, descobri que a "música do carro" é "Autobahn", do Kraftwerk. Todos tínhamos a mesma dificuldade e uma boa parte do repertório Eldopópico continua desconhecido até hoje. Ou melhor, nessa de baixar e redescobrir álbuns e novas-velhas na internet, acontece muito de ouvintes da rádio, de repente se lembrar: “Ah então aquela vinheta da madrugada era o Greenslade?”Ah, então aquela canção linda de 20 minutos era do Caravan?”
Encerro este mix do texto dando a palavra a seu dono oficial: “E, como a maioria dos ouvintes nunca deixou de gostar delas (as músicas misteriosas da Eldopop), a esperança de conseguir identificá-las todas um dia, nunca nos abandonou.”
Pois é, estamos aqui, ainda à procura do reconhecimento de boa parte delas...
Aqui link para essa história na íntegra:
E aqui você baixa a 1ª parte da programação. Aprox. 70 minutos. Mas o charme, pros iniciados, está nas vinhetas. Hello, crazy people, Big Boy estava lá!
... Quer um lencinho, mermão?