As semelhanças e/ou influências são Burt Bacharach; Brian Wilson dos Beach Boys, passando por Steely Dan, esbarrando de levinho no progressivo dos Gentle Giant (pelo capricho de produção e os barulhinhos bons)... Esses são os parentescos desta banda inglesa, - aqui descoberta outro dia, já em 2010 -, que me agradou em cheio. Tanto que ficou difícil decidir qual disco escolher para postar. Mas isso não será problema para quem ouvir e gostar tanto quanto eu. A discografia pode ser encontrada no Lágrima Psicodélica.
Se ficares perdido diante de tamanha oferta no "Lágrima", vá pelos já testados e aprovados aqui pela casa - os demais ainda não conheço.
Embora cada álbum ouvido guarde surpresas e modificações marcantes de sonoridade, para quem curte Steely Dan os THL vão falar muito alto! Não ha aquele balanço soul-funk dos californianos do SD, pode esquecer, mas, creio que seja o registro vocal, muito parecido somada as sofisticadas melodias que fazem com que sempre percebamos esse acento agudo dos Steely Dan no som dos The High Llamas - ouvindo hipnotizado agora a faixa Track Goes By do álbum "Gideon Gaye". 14 minutos de puro encantamento.
Sean O'Hagan and the High Llamas have been accused of emulating everyone from Brian Wilson and Burt Bacharach to Steely Dan and Brian Wilson, along with Brian Wilson, as well as Brian Wilson (with a healthy dash of Brian Wilson in there too, for good measure). Really, it's ridiculous, but what's the harm that a few myopic reviewers can't say anything more telling than "Sean's a Brian Wilson clone"? It's a darn high compliment, given the stature Wilson has achieved, and says more about those music critics' inability to see beyond their own "Top Ten albums of all time" than any creative shortcomings on O'Hagan's part. Get off it! Seriously, this is getting ridiculous. If gorgeous arrangements, unusual instrumentation and innocent wit make you Brian Wilson then why doesn't Neil Hannon, Rufus Wainwright (hell...he's even got Van Dyke Parks on his records) and a host of other gorgeously arranged artists get pegged as Wilson wannabes? Could it be that O'Hagan is simply at the top of the heap -- that he's the pinnacle? Could he be (gulp) as good as Brian Wilson??!!?! He just might be, thank you very much. Pet Sounds, SMiLE and a scant handful of other prime Wilson works, verses O'Hagan and his ten-plus albums of exquisite beauty and detail could sway the (utterly preposterous and fictional) battle right there. But it is precisely O'Hagan's prolific nature that seems to irk his detractors most. "How can this guy keep cranking out these fab records?" (If four years between some albums can be referred to as "cranking it out") or "he's just coasting." Not likely -- but if he is, he's doing so marvelously.
Over the course of their career, the High Llamas successfully combined '60s pop sensibilities with burbling analog synth accents and laid-back, West Coast vibes with a NYC session cat's journeyman aesthetic. Every Llamas album has embraced these creative styles in varying degrees: from Gideon Gaye's decidedly '60s Brit-pop bent, to Hawaii's sprawling and breezy beaches, to Cold and Bouncy's warmly clinical brand of slickness, to Beet, Maize & Corn's detailed chamber pop, the Llamas have succeeded at every slight stylistic turn they have taken. Now, with 2007's Can Cladders, O'Hagan and the Llamas are bringing it all together. Every stylistic element that has ever graced the grooves of their past albums is present here, with synth blurbs and Baroque-via-the-beach string arrangements holding equal footing throughout. Bacharach-ian backing vocals and Wilson-esque instrumentation hold equal ground with Motown rhythms and Steely Dan slick-ery, but the whole thing sounds natural and familiar, rather than over-thought, forced and derivative. Four years in the making, Can Cladders could have come off the presses as an indulgent, overwrought opus. Instead, it simply (but oh-so-craftily) distilled a career's worth of creative tangents into one solid, focused effort that, if you're observant enough, holds its own amongst the likes of the Llamas' comparative "elite."
Apedidos, digo, imposição, o link desta postagem foi deletado por Decisão Major Capitalista Arbitrária do Estado - de calamidade cultural que a todos nos cerceia. A casa se ressente mas acata.
... A cata de mais e melhores blues, jazz, mpb, rock, folk, tango... Sem rare baba nem axé babá...
Se os super cult Six Organs of Admittance não tivessem gravado uma versão de Thicker than a Smokey, tema incluido no álbum School of the Flower de 2005, é muito provável que Gary Higgins tivesse permanecido no esquecimento a que foi relegado desde o lançamento de Red Hash, quando decorria o longínquo ano de 1973. Cantor e compositor de música folk, pode dizer-se que Higgins teve uma vida atribulada, fechando, ele mesmo, as portas a uma carreira que, a se avaliar pelo único disco que gravou em toda a vida, se apresentava cheia de promessas. Red Hash, que antes da reedição em CD era disputado por coleccionadores que se dispunham a pagar pequenas exorbitâncias por um dos raros exemplares em vinil disponíveis - na altura do lançamento apenas foram colocadas no mercado três mil cópias... Originalmente, à época, um álbum, na verdade, gravado na correria, em 40 horas, antecedendo meses ao encarceramento de Higgins, durante 1 ano, para cumprir pena por porte e venda de haxixe. Se os temas compostos neste álbum não bastassem para fazer dele um ponto de paragem incontornável para quem aprecie música folk, todas estas peripécias, por si só, fariam de Red Hash um disco muito especial. Mas, evidentemiente que o disco não foi escolhido só pelo passado 'bad boy' arredio do autor. Aquela obra (Red Hash) dizia tudo sobre o mundo fumarento em que o cantor vivia então.
Ainda em Red Hash, o tema dedicado à baleia é uma celebração da liberdade reconquistada, mas a verdade é que no fim da história a que dá voz a dita morre e este pioneiro sai de cena no mesmo ano em que entra, para só agora em 2009 gravar mais uma obra prima, o Second. Agora com uma agenda de concertos que está a ser a consequência do sucesso daquele velho LP de antanho, que, nunca perdeu o prazo de validade. Tanto Red Hash quanto o Second são álbuns essenciais históricos para a memória da música popular americana.
Mas para que tal acontecesse e Red Hash saísse reeditado em CD pela Drag City e visse a luz do dia, houve um homem que se desdobrou em iniciativas para encontrar Gary Higgins nas listas telefónicas do Connecticut, enviando cartas a todos quantos homônimos que existissem sobre o solo daquele estado americano: Zach Cowie. A sua investigação foi coroada de êxito, para nossa felicidade. O ditado é véio, mas não custa insinuá-lo, o que é do homem...
This Mortal Coil. Abri a caixa de pandora exatamente há uma hora. Tempo suficiente apenas de escutar a música magistral que da caixa brotou. Engraçado ser esta postagem, sobre a anterior que fala de um dia modorrento, enquanto hoje estamos sob um luminoso enterdecer invernal - mais coerente à lógica da cidade - e isto aqui, a "música de pandora" ser de uma melancolia cortante.
This Mortal Coil foram uma banda britânica de rock alternativo, formada no ano de 1983, em Londres. Não sendo uma banda, no verdadeiro sentido do termo, os This Mortal Coil, foram na verdade um projeto criado por um dos fundadores da editora musical 4AD, Watts-Russell, e pelo produtor John Fryer, em que alguns músicos identificados com o conceito TMC se alternariam em cada álbum.
O primeiro trabalho foi um EP no mesmo ano de 1983, "Sixteen Days/Gathering Dust". Participaram Elizabeth Fraser, dos Cocteau Twins, e Gordon Sharp, dos Cindytalk. O EP continha uma versão do tema Song to the Siren, de Tim Buckley.
O primeiro álbum, It'll End in Tears, é lançado no ano seguinte, com as participações, além de Lisa Gerrard e Gordon Sharp, de Robin Guthrie e Simon Raymonde dos Cocteau Twins, Steven e Martyn Young dos Colourbox, Brendan Perry dos Dead Can Dance, Mark Cox dos Wolfgang Press, Robbie Grey dos Modern English e Howard Devoto dos Buzzcocks e Magazine.
O seguinte, um duplo álbum, Filigree & Shadow, de 1986, é um trabalho parcialmente instrumental, que inclui versões de temas de Van Morrison, Talking Heads e Tim Buckley, entre outros, além de temas originais. De entre os músicos participantes, destaque-se Simon Raymonde, dos Cocteau Twins, Martin McCarick (violino e produção), e Dominic Appleton, dos Breathless, Deirdre e Louise Rutkowski, e Alison Limerick, nas vozes.
O álbum final, Blood, este que vos trago embasbacado, é um trabalho identificado com o anterior, em que parte dos temas são instrumentais, mas diferencia-se dos anteriores, sendo menos melancólico e conceitual - vou baixar os outros mas, Deus me auxilie, se este que estou ouvindo é "menos melancólico", o que será desta alma que vos fala em contato com os próximos? Para as vozes foram convidados Caroline Crawley, dos Shelleyan Orphan, Kim Deal e Tanya Donelly, dos Breeders, e Heidi Berry. Neste último trabalho, para além de temas originais, são incluídas versões de Chris Bell, Rain Parade, Spirit, Syd Barrett e Rodney Crowell.
A par dos Dead Can Dance e dos Cocteau Twins, os This Mortal Coil marcaram um género musical, caracterizado por um som Ethereal Wave, para além de terem sido essenciais no sucesso da editora 4AD.
Às pessoas que imaginam que desde de que o cara do blog descobriu o jazz só faz postar coisas do gênero, este álbum fica como prova de que basta a música transbordar os sentidos que see me satisfazem um paladar - cada vez mais exigente, aí sim, por culpa do jazz - para merecer lugar de destaque nas vitrines desta casa. Não importa o estilo. Um absurdo de qualidade é o som dessa banda! Sim é triste de facilmente nos levar às lágrimas, dependendo da ocasião. Mas se esta não é a prova cabal de que arquitetou-se aqui uma obra de arte, a cá também não se tem a menor idéia do que pode ser considerado como tal.
Já que quem é fã de Cocteau Twins e/ou Dead Can Dance vai baixar amarradão, apresso-me em acrescentar que jamais fui um entusiasta, o tudo que tentei escutar dessas duas bandas, a fim de ao menos formar uma opinião, litaralmente me encheu de um tédio duplamente aborrecido. Então, quem pensa semelhante a este que vos indica TMC, vai na fé sem preconceitos. Pra fechar, trancafiado a 7 chaves, como mais ou menos diria Ana Cristina Cesar, adeus: "Agora pularei do 8º andar e serei feliz no asfalto".
Fonte wikipédia.
EM TEMPO IMPORTANTÍSSIMO: Não entendo pq, no caso deste link, ele não dá acesso direto ao megaploud, mas a página do blog onde o álbum está postado. A forma mais rápida de chegar a ele direto, portanto é, colocar o nome (escrito corretamente) de banda ou álbum no "localizar" no alto da página do PHONAUTOGRPH e aí é só clicar no link deles.
Isso as vzs acontece. Acordar no meio da noite em meio ao silêncio, sem motivo aparente. Chama-se insônia. Geralmente, o mau humor impera - quando sabe-se, diante mão, incapaz de dormir novamente. As vezes, no entanto, acorda-se de bom grado, também sem motivo aparente. O que não acontece sempre, é encontrar, numa breve navegança de dispersão, o melhor álbum de rock maduro de 2009. Como deve ser: sem alarde, na calada da noite. Quem diria, aportei na Noruega.
Para quem não sabe ou esqueceu, o inglês Robyn Hitchcock, discípulo legítimo de Sid Barret, foi o lider de uma das bandas mais deliciosas e cult nesta humilde opinião, The Soft Boys. O trabalho solo desse cara também é impecável. Mas este disco, talvez pelo momento especial da audição, 4:59 da matina, quando até os fantasmas (os meus, ao menos) desistiram de assombrar, foi, ou melhor, está sendo, o maior dos achados! Daí que não resisti em compartilhá-lo imediatamente.
Em tempo: O baby nasceu para lá de saudável, anteontem, 17 de fevereiro de 2009. A hora certa não deu pra precisar. Provavelmente à tardinha. Aqui, amanheceu. Boa noite Oslo.
Calma que ainda não deram as 12 badalada notúrnica! no dia universal...
Caríssimo Papai do Céu, eu sei que não ando fazendo muito por merecer... Mas olha pra esse povo todo ai, Meu Pai! Olha o deputado corregedor do castelo, olha essas bestas universitárias que aplicam trotes animais, principalmente aqueles animais da veterinária que não respeitam nem os bichos calouro! E as delinqüentes da Pedagogia, então? Pois é, Peda-go-gia, Meu Pai!... Perto dessas pit-ovelhas de Vosso rebanho, o que faço eu de errado, além de entornar umas 5 ou 6 latinhas a mais? Fala que eu te escuto. ... Pois é! Depois eu durmo e geralmente não pego - e não faço mal nenhum a - ninguém... Né, Cazuza? "A não ser a mim mesmo, a não ser a mim mesmo"... Então, se na média até que me comporto bem, me manda uma Chan Marshall pra mim, Senhôzinho... Como? Claro, que não! Ela nem precisa cantar. Eu já tenho toda a dicografia dela, meu Pai... Claro! Pode vir muda se assim o Senhor decidir. Ficamos combinados: muda e não se fala mais nisso.
Com o Senhor me deito, com o Senhor me levanto, com a Graça do Senhor... Pensando bem e por falar em graça ... O Senhor vê lá o que anda fazendo enquanto o balão apagado aqui ronca e baba, por misericórdia... Aliás, por misericórdia de ambas as partes.
Quer saber sobre esse disco dessa explosão de talento e formosura chamada Chan Marshall? Vá visitar o Vinil. O disquinho literalmente é mínimo, um EP. As faixas estão aqui:
1. Dark End Of The Street (James Carr, Aretha Franklin) 2. Fortunate Son (Creedence Clearwater Revival) 3. Ye Auld Triangle (The Pogues) 4. I’ve Been Loving You Too Long (To Stop Now) (Otis Redding) 5. Who Knows Where The Time Goes (Sandy Denny / Fairport Convention) 6. It Ain’t Fair (Aretha Franklin)
Mas, se eu fosse você baixava o álbum antes. Lembre-se que também existem os não tão misericordiosos senhores de gravadoras, que castigam com fé aqueles que pecam contra as leis do divinal mercado.
Pelo visto o líder dessa banda não é só um curioso não... Dean Fertita nasceu em Michigan é compositor, multinstrumentista (guitarra, contra-baixo), atual tecladista dos Queens of the Stone Age. Também chamado para somar às turnês dos The Raconteurs e Brendan Benson. E, atualmente, segundo a fonte Wikipédia, retomou as atividades da banda The Devotees, que no allmusic conta com um álbum solitário de 1997 – o qual não encontrei vestígios na Rede. Hora de pedir a ajuda dos universitários...
Mas importante aqui é o testado e aprovado Waxwings: entre 2001 e 2005 Dean Fertita liderou este grupo que lançou três álbuns bacanas, "Low To The Ground", "Shadows Of The Waxwings" e "Let's Make Our Descent". A canção mais popular da banda é "Fragile Girl" que já até rolou em covers n'alguns shows do White Stripes.Isso diz o wiki. Porém a única canção que eu conhecia, provavelmente MTV, do mesmo álbum “Low to the Ground”, é Firewood. Muito maneiríssima por sinal! Então juntei nesta postagem do disco que mais gostei “Let's Make Our Descent” o sucesso Fragile Girl, Friewood e It Comes in Waves pra fechar com chave de ouro um álbum diferenciado.
Nas resenhas que vi por aí fala-se de influências como Beach Boys e Simon & Garfunkel. Sim, pode até ser, mas The Waxwings, a mim bateu mais como um mix equilibrado de The Who com Stone Roses e uma pitada na medida de Soup Dragons.
Em tempo: enquanto postava este "LMOD" fui ouvindo "Shadows Of The Waxwings" com mais vagar e..., albin danado de bom, também, hein! Ou feja, eu não sei qualé a do Devotees, mas esse azarão aqui foi na ponta dos cascos da largada ao fotochart. E eftamos convefados. Ih, qualé, Lula? Sai do meu pé, xulé!
Não é só a música que procuro na Rede. Na maioria das vezes, à procura dela, me deparo com reflexões que calam fundo. E nem importa se o texto foi escrito por um acadêmico ou um ilustre desconhecido. O que vale é a reflexão. Como o carimbado nos bloquinhos do jogo do bicho, vale o escrito:
Desde muito tempo se falou sobre o Amor. Mas especificamente neste séc.XXI as coisas têm evoluído para um quadro cada vez mais obscuro. Cada vez mais o Amor se tornou sinônimo de satisfação sexual em letras de pagode, axé, sertanejo, rap, entre outros, corações vermelhos, presentes, jóias, carros, roupas e caixas de bombons.
"Isso é questão de posse..." como dizia Luiz Melodia. A semana toda a mídia brasileira foi assolada pelo horror de um sequestro passional. O duro é que não é o primeiro e não será o último de muitos. Foi um reflexo do que o Amor se distorceu nesta sociedade perversa, uma questão de posse. O rapaz parece que entendia que o seu chamado "amor" era ter posse de uma pessoa.
Quando eu era um delinquente juvenil e vândalo estudantil, pensei em levantar a mão para minha professora de física que me expulsara da sala de aula. Quando me dirigi em sua direção, algo me impediu (misericórdia de Deus) e apenas a ironizei e batí palmas para ela e me retirei da classe. Hoje em dia, os alunos adolescentes desferem socos e chutes para ferir pra valer... Cianças causam graves ferimentos nos professores, portam armas de fogo e atiram para matar os colegas de classe.
Em outro aspecto, o Amor também está em falta na sociedade. cada vez mais se ouvem frases como: "Que se dane, eu estou pagando! ", " Faço o que eu quero, ninguém paga as minhas contas! ". O egoísmo e individualismo são antíteses do Amor. As pessoas não querem dispor seu tempo por Amor, seja pela família, seja pelos amigos e muito menos à um desconhecido que precise de míseros minutos de atenção. Todos dizem que não tem tempo pra nada.
Mas há horas disponíveis para suas rotinas de ócio, como em frente a TV ou qualquer outra distração. Não há tempo para um simples telefonema para dizer um simples "oi, como você está?", e mais constrangedor ainda, responder um e-mail, que leva menos de 1 minuto. Tudo se faz caso haja um retorno de interesses pessoais. Já ouví nitidamente pessoas me dizerem que só encontram com amigos se tiver algo que interesse em jogo. A simples presença da pessoa e sua amizade não são suficientes para dispor de um tempo para se tomar um bom café e conversar sem pretensões.
O verdadeiro Amor é quando nos colocamos à disposição de qualquer pessoa sem esperar nada em troca. Amar é abdicar. A nossa recompensa é saber que pudemos ser úteis e ajudamos alguém que estava precisando e imaginarmos como este alguém se sentiu amparado e aliviado.
No blog de origem, mesma postagem, o comentário de Marcus:
A grande maioria dos seres humanos é egoísta, quer reciprocidade em tudo. O velho exemplo de 'eu não vou ligar, essa mesma pessoa não me liga, então por que ligarei?' gera um ciclo ininterrupto de futilidade e hipocrisia contra o 'amor'.
É incrível, e repito, totalmente incrível como a sociedade brasileira é manipulada pela mídia, eu fico chocado de uma forma que chega a me dar desgosto da situação, é algo automático, perco o amor prontamente mesmo sabendo que é errado, depois me forço a refletir sobre isso.. e vejo, que eu, que poderia mudar e repor o ciclo de amor, dando amor ao próximo (a compreensão), sequer fiz o menor esforço possível para isso acontecer. Tudo isso porque fico insatisfeito com uma atitude de meus irmãos, aqueles que têm o mesmo genes e classificação que eu tenho, aqueles que por mais que tenham uma vida melhor que a minha ou até pior que a minha, continuam sendo meus irmãos.
Em que me baseio? Ora.. imagine só, eu tenho noção do fator 'amor' na minha vida, eu sei que se cada um de nós darmos um simples sorriso afetivo para outra pessoa, essa mesma, ficará feliz, essa mesma, terá um dia melhor, mas não o faço, até eu.. sou manipulado, critico e ajo igual aos criticados.
Talvez eu deva fazer igual você me ensinara, Rubens.. "a buscar a fé, a Deus (que consequentemente é um óbvio sinônimo de amor), como se estivesse buscando pelo meu último suspiro de vida", somos fracos, todos nós, mas nem por isso devemos sempre nos render ao que perante nosso Pai, não é impossível de acontecer.
Se te pareceu um tanto cristãos, texto original e comentários – a mim, quase incomoda – não se pode negar que há na discussão o assunto que deveria estar na pauta do dia em todas as mesas onde senta-se mais de uma pessoa. Da de jantar a do butiquim - porque não?
Durante muito tempo fechou-se os olhos para as questões ambientais com o escapismo consumista, menor, de que os que se importavam com o meio ambiente eram os eco-chatos. Hoje, ecologia é in. Porque antes de ser in, o próprio sistema teve de reconhecer que não há como lucrar num mundo miseravelmente devastado. Em contrapartida, sempre que se tenta entabular uma conversa mais filosófica, existencialista, o corte vem na medida capitalista do “vamo acabar com esse papo cabeça!” E se um indivíduo do casal julga dialogar sobre a convivência de extrema importância, aí entra o clichê regulamentando o que pode vir a ser a malfadada “DR”. E assim, nesses conceitos estúpidos, reducionistas, as pessoas vão se moldando ao gosto e à razão do establishment. Onde o que importa é produzir. Em que condições subumanas isso se dá, a eles pouco importa. Aliás, quanto mais à máquina for o operário, mais funcional será. Cabe aqui, como luva, o bom bordão, inventado por Lady Kate: Tô pagano... E eu vos pergunto, leitor - cheio de boa vontade e amor, porque chegou até aqui -, produzir pra quê e principalmente para o lucro de quem? O meu e, muito provavelmente, o seu é que não são.
E se ecológicos deixaram de ser chatos para agora serem “in”, necessários, essas necessidades não são para ecoar em primeiro lugar dentro de você e de mim?
A Ecologia é o estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente.
Devastation, foi o título que me ocorreu para batizar esta postagem. Lembrei-me do belo álbum / banda homônima, bem no clima devastação e postei por tabela. Sobre o álbum:
The Devastations já abriram shows para Tindersticks e Black Heart Procession. Isso faz um sentido tremendo considerando sua riqueza instrumental. A "banda" (Conrad Standish, baixista e vocalista e Tom Carlyon, guitarrista e vocalista) foi formada em 2002 na Áustralia mas fez de Berlim seu lar a partir de 2003.
Lançaram 'The Devastations' em 2004. Seu novo disco, 'Coal', lançado em 19 de setembro, (2006) foi gravado em Praga, Berlim e Melbourne e conta com um dos membros dos industriais Einstürzende Neubauten, Alexander Hacke, na produção.
Assinaram com a inglesa Beggar Banquet e agora são companheiros de gravadora dos já supracitados Tindersticks, bem como The National e Mark Lanegan, todos habitantes do mesmo universo musical pantanoso e sempre cheio de neblina.
Não é só a música que procuro na Rede. Mas através dela encontro praticamente tudo que necessito pra viver em harmonia... A paz de espírito, uma grata sensação de que faço algo por alguém, nem aí para troca. Embora acredite que sempre se espera retorno. Minha religião e meus principios não suportam hipocrisia (mas este é outro assunto espinhoso que aqui não caberá) e assim vivo de bem, de boa, como se diz, comigo mesmo. E de ótima com a minha ecologia - esperando (o que unta e dá bom bolo) do próximo, uma auspiciosa interação.
"As coisas andam tão mudadas que nem os "guitar heroes", os virtuoses do instrumento, parecem mais os mesmos. Com rostinho nerd e de moça frágil, a norte-americana Kaki King vem sendo apontada como uma das grandes revelações do violão e da guitarra, a ponto de conquistar uma geração que ouve música mais no computador do que no aparelho de som e é constantemente acusada de não prestar atenção em detalhes.
Aos 28 anos, Katherine Elizabeth King vem ganhando cada vez mais visibilidade com suas performances em cima do palco, programas de TV e filmes como "O som do coração", além das participações em discos de artistas mais conhecidos do grande público como Foo Fighters e a dupla canadense Tegan and Sara.
Mas a instrumentista, que já foi tema de artigos de publicações especializadas sobre o seu estilo, se distancia do artifício "técnica pela técnica" - que acomete muitos virtuoses. Ela costuma usar bastante o "tapping" (um som tirado da guitarra ao pressionar as cordas como se fossem teclas de um piano e que tem Stanley Jordan como um de seus grandes expoentes), mas diz sempre privilegiar a composição em vez de fazer uma exibição gratuita de suas habilidades – na opinião do titular do blog, a sonoridade dela está muito mais para Michael Hedges.
Kaki King começou a tocar com cinco anos de idade por incentivo de seu pai (a quem descreve como uma pessoa vital para trilhar o caminho da música), ao começar o aprendizado de violão clássico. Ela diz que à época não era uma grande entusiasta das aulas, mas na adolescência adotou definitivamente a carreira musical ao ganhar trocados em apresentações em plataformas de metrô.
Mas o gosto por fazer composições próprias resultou em seu primeiro disco de carreira, "Everybody loves you", lançado por uma pequena gravadora em 2003. No ano seguinte, ela já soltaria seu segundo disco, "Legs to make us longer".
Ela afirma que a melancolia é uma das forças inspiradoras em sua música: "Não é nunca um sentimento do tipo: 'Eu me sinto tão feliz hoje! Acho que vou sentar e compor um disco'. Isso geralmente vem de tristeza e de se sentir desgraçada. A música tem um efeito terapêutico", afirmou Kaki King em entrevista ao programa "Here with Josh & Sara".
Em 2006, ela foi produzida pelo líder do grupo Tortoise, John McEntire, no disco "Until we felt red" e se aproximou de sonoridades experimentais. Seu mais recente foi "Dreaming of revenge", lançado neste ano, em que tem uma banda por trás e apresenta seus belos vocais.
Sintomático dos tempos de hoje, em que temas pessoais às vezes se sobrepõem ao trabalho artístico, a sexualidade de Kaki King também não deixa de ser abordada. Abertamente lésbica, a violonista, além de discutir como desenvolve sua técnica de tapping, também costuma falar em entrevistas sobre a descoberta de sua opção sexual. Nada que seja suficiente para tirar o foco sobre o brilho de sua música. Kaki King não é uma instrumentista mulher ou uma instrumentista lésbica, mas simplesmente uma instrumentista, e das mais talentosas."
É. Pois é. E Kaki, que aqui lembra cor, não é tão pink como sonhava minha vã prosopopéia. Tá vendo? Quem vê cara... Ah, as moças... Pobres moços.
Aqui postados, 3 momentos da carreira da moça. O 1º álbum "Everybody Loves You", totalmente acústico e instrumental, onde o navegante poderá apreciar-lhe a técnica. Além dos dois últimos, onde passa a cantar e a tocar com banda...
E Deus desceu à terra num dia qualquer e foi para Chicago. Lá chegando disse a Jim O'Rourke (ex dos Sonic Youth), Glenn Kotche e Jeff Tweedy (baterista, e o eterno líder dos Wilco) para deixarem de lado os experimentalismos de Loose Fur - o primeiro álbum homônimo - e lançarem um disco de canções sobre ou relacionadas a Ele, mais curtas, incisivas e diretas. “Mas falem de mim” – foi o que Ele disse quando se despediu. E assim foi feito.
As dissonâncias e as partes mais livres são relegadas para segundo plano, e o que fica são as canções. Há dois escritores de canções aqui. Um deles é excelente e o outro é muito bom. De um lado, Jeff Tweedy, do outro, Jim O'Rourke. Que funcionam bem juntos. Não só como dupla de produtor/líder da banda nos últimos dois discos dos Wilco, Yankee Hotel Foxtrot (uma das grandes obras-primas do novo milénio) e A Ghost is Born, mas também como membros da mesma banda, como prova este Born Again in the USA.
"Apostolic" (faixa 4) é prova disso mesmo, sendo uma parceria entre os dois, tendo a letra sido escrita por ambos. Tweedy canta e O'Rourke acompanha-o, em falsete. Há guitarra aos ziguezagues e a bateria portentosa de Kotche - que não se impõe demasiado, sabendo dar aos temas aquilo de que precisam, sabendo ser simples e complexo de acordo com o contexto, ora musculado, ora silencioso, muitas vezes dentro da mesma canção (é interessante a metáfora que surge numa das fotografias para a imprensa do grupo, em que Kotche segura em O'Rourke e Tweedy pelas suas camisas, sendo a espinha dorsal da união entre os dois) -, com cowbell a marcar o tempo. “The apostolic life is the life for me”, vindo de alguém que um dia cantou “Theologians, they don’t know nothin’ ‘bout my soul” (“Theologians”, de A Ghost is Born), pode parecer um pouco estranho. Mas isso só deve mostrar que as palavras de Born Again in the USA não são para levar ao pé da letra. Pode também querer dizer que este é um disco sobre a excessiva evangelização do país desta gente, e até pode ser visto como uma crítica. “You shall have no other god but me”, em “Thou Shall Wilt”, de O’Rourke, exemplifica bem isto. Os americanos estão certos e o resto do mundo está errado. Quem não está com eles está contra eles. É tudo assim.
Esta faceta cômica do disco está patente na sua embalagem. Nos encartes há mulheres em trajes menores, agachadas e não só, nos desenhos da capa e do próprio CD e há fotografias de cada membro da banda e dos instrumentos que tocaram (sempre as mesmas fotografias) no livrete que o acompanha. Assim, ficamos a saber que em cada tema de Jeff Tweedy foi Jim O’Rourke que tocou baixo, que microfone é que foi utilizado, que Tweedy tocou guitarra de 12 cordas em “Answers to Your Questions”, quem é que tocou harmônica, que guitarra foi usada, tudo em fotografias. Para além disso, as fotografias dos membros parecem ter sido tiradas quando estes acordaram, de tão grotescas que são. Isto só sublinha a necessidade de não levar esta coisa toda demasiado a sério.
Há, em Born Again in the USA, espaço para tudo. Aprendendo com o rock progressivo, as estruturas das canções envolvem sempre momentos instrumentais que não se revelam demasiado longos e que, ao contrário do que era o caso em Loose Fur (homônimo), não envolvem improviso excessivo. As canções são mais curtas, há uma economia dos momentos instrumentais que faz com que estes sejam utilizados da melhor forma, mais ponderados e interessantes.
Born Again in the USA é um triunfo, um disco económico nos seus quase 38 minutos, mas com tudo aquilo que de bom os três membros têm para oferecer. Curto e directo, Born Again in the USA é um disco sobre Deus. Sobre a América e Deus. Mas não é preciso ser amigo Dele para gostar da obra encomendada por Ele. Não contem a ninguém, mas muito provavelmente os Loose Fur também não são amigos Dele. E, no final de contas, isto não é para levar lá muito a sério.
Belo texto (sobre obra prima de álbum) editado do site portuguêsBody Space
QUEM DISSER QUE BOA MÚSICA É SÓ O PURO JAZZ, ESTARÁ PROS ELITISTAS, ASSIM COMO O ERUDITO QUE SÓ ACEITA A SINFÔNICA, OS FILHOTES DO BUARQUE, A MPB ENGAJADA, OS XENÓFOBOS DO SAMBA, FUNDO DE QUINTAL, NO MÁXIMO, LAPA. OU AINDA PIOR, O ROQUEIRO SERROTE, QUE SÓ CONCEBE UM SOM COMO BOM, SE ACOMPANHADO DE GUITARRA, DISTORÇÃO - E O SERROTE? SÓ NO ROCK, ROCK, ROCK...
MÚSICA BOA PODE SER POP! SIM, MÚSICA MUITO BOA, ALIÁS, PODE SER MAIS: PODE SER TOTALMENTE DESPRETENSIOSA, SER SÓ PRÁ DIVERTIR E PRA DANÇAR. PODE ATÉ TER PARTE COM O DIABO QUE NOS RE-CARREGUE ÀS DISCOTEQUES E FLERTAR COM O TAL DO ROCK DISTORCIDO, FURIOSO... TAMBÉM PODE SER FOLK, TER TECNO MIXADO AO ELECTRO, RAP OU MESMO SE ORIENTALIZAR, NA PAZ, PELA “WORLD”. E PROCURAR O CAMINHO DAS ÍNDIAS, BUSCAR EXPRESSAR-SE NOS TODOS IDIOMAS POSSÍVEIS, INIMAGINÁVEIS. AFINAL NÃO É A MÚSICA, UM TIPO QUASE ÚNICO DE ESPERANTO INTELIGÍVEL NA QUASE TOTALIDADE DESTE IMBROGLIO CULTURAL GLOBAL?
POR EXEMPLO, AGORA, NO ATMO, DO QUAL O POP É FEITO, A BOA MÚSICA É ESSA: ALTO FALANTE NA MAIS GRITANTE EXPRESSÃO DE SINCERIDADE. ISSO PORQUE MEU OUVIDO NÃO É PINÓQUIO! E GEPETO, O DO JABÁ INTRAESTELAR (UI!), NÃO APITA MAIS AQUI NA MINHA ESCOLA. NÃO ESTÁ APTO A REGER, DE BATUTA EM RISTE, O RITMO DESTE BLOCO OU PILOTAR AS CARRAPETAS E PICK UPS, ATROPELANDO A AUDIÊNCIA COMO UM TÍPICO DJ DA UNANIMIDADE NÉSCIA. TÃO NÉSCIA QUANTO DESNECESSÁRIA.
E QUEM QUISER QUE ENCONTRE OUTRA (DE NOVO DAHL).
Reseinha DND:
Diretamente de Nashville, Texas, a De Novo Dahl alterna em suas faixas rock e pop experimentais com influências de David Bowie, Roxy Music, Super Furry Animals, Supergrass, Kinks e o que mais vier. Depois de gravarem um EP independente, a banda conseguiu um contrato para um disco duplo ("Cats & Kittens" / 2005,) por uma editora underground local.
Além de suas músicas, a De Novo Dahl também é conhecida na cena independente americana por se apresentar com figurinos inusitados a cada show.
Liderada pelo vocalista, guitarrista e farmaceuta especializado em medicina nuclear Joel J. Dahl - o cara é o senhor distinto - a banda já dividiu o palco com Wilco e TV On The Radio. Atualmente excursiona pelos EUA e recentemente lançou novo álbum “Move Every Muscle, Make Every” mixado por David Fridmann (Flaming Lips) e Tony Doogan (Belle & Sebastian). Conferir o site da banda e a página da nova gravadora.
Aos nos ou aos à beira dosenta, um recado:Marc Bolantambém não morreu! Ressuscitou trinta anos mais tarde e voltou com os T-Rex sob a alcunha de David Vandervelde, com o álbum The Moonstation House Band.
David tem 22 anos, é natural de Chicago mas antes de estrear carreira solo, obrou inúmeros projetos com Jay Bennett (o fundador dos Wilco), sendo que foi na casa deste que Vandervelde gravou este “The Moonstation” durante dois anos, tocando todos os instrumentos, só recebendo ajuda externa quando a obra exigia, por exemplo, a autoridade da presença ilustre de um David Campbell, co-responsável pelos arranjos orquestrais - tarefa já desempenhada por Campbell na trilha sonora do filme Brokeback Mountain e para artistas do quilate de Beck.
A época glam-rock dos 70s é, no álbum, revisitada constantemente. E, impossível não nos surgir à mente nomes como o dos T-Rex quando ouvimos uma “Nothin’ No” ou de um David Bowie em “Jacket”. Quem estiver à espera de um museu de grandes novidades esqueça. O que David Vandervelde faz basicamente são canções de acendo agudo no que há de clássico do rock, fazendo-nos acreditar que voltamos a viver nos mais glamurosos tempos roqueiros. Além da veia glam-rock também se sente muita influência dos Beatles (como em “Murder Michigan”).
The Moonstation House Band tem boas canções, produzidas com as mesmas técnicas do início dos anos 70, e que por isso mesmo estão plenamente agarradas ao passado. Mas por estarem tão ligadas ao que se fez nos primórdios, insinua-nos constantemente como as influências de David Vandervelde fizeram este álbum parecer infinitamente melhor do que a grande maioria de tentativas e erros de uma fórmula, revival, para lá de desgastada atualmente. Vandervelde além de saber manejar bem com o rock clássico, apesar de não lhe acrescentar nada de novo, também tem letras bastante peculiares, que são autênticas narrativas da vida pessoal.
Resumindo, para quem se interessa pelo glam-rock de T-Rex ou pela pop/rock história a lá Beatles, este é o disco indicado; quem está à espera de uma mudança radical do que estes músicos fizeram, não vai encontrar aqui. Quer saber? Bom saber.
Em tempo: o maior defeito deste álbum é que todo ele têm por volta de 32 minutos de duração. Nos anos 70, seria como ouvir uma faixa, lado A ou Lado B, tanto faz, de um LP do Yes. Com a diferença que uma música de 32 minutos do Yes dura umas duas horas e meia... Esse disco passa tão rápido que é-se obrigado a ouvir outra vez e outra vez e... assim por diante.
Praticante de um folk atmosférico e etéreo, que terá como expoentes máximos os Mazzy Star de Hope Sandoval, Linda Draper aparece agora com novo fulgor para nos apresentar as suas canções perfeitas e embalar-nos com a sua voz cativante. Uma das várias críticas ao terceiro álbum da nova-iorquina dizia o seguinte: «A sua força expressiva aumenta de disco para disco e está a tornar-se óbvio que, mais cedo ou mais tarde, Draper deverá apresentar-nos algo verdadeiramente brilhante.». Chegados ao quarto álbum – “One Two Three Four”, a previsão confirma-se. Unindo esforços, uma vez mais, com o lendário produtor Kramer (Galaxy 500, Low, Sonic Youth, Urge Overkill e fundador da Shimmy Disc Records), “One Two Three Four” é, do princípio ao fim, uma experiência memorável e atemporal. Gravado no centro de Nova Iorque nos estúdios Tribeca e, em condições mais simples e intimistas, no Noise New York. Para além de produzir e dirigir a parte técnica, Kramer contribui com a sua enorme capacidade musical e o seu estilo único, acentuando a pureza e brilhantismo da voz de Draper e da sua distinta interpretação.
Ano passado foram praticamente 365 dias dedicados a ouvir e descobrir músicos. Dos novos artistas, sobretudo discos lançados naquele ano, este foi dos melhores álbuns que ouvi sem titubeio. E "Learn To Sing"... me chegou no começo de janeiro de 2007, portanto, houve tempo.
“In Shok” dá as boas vindas com o estilo já consagrado de Kristin. Um violão dando a base, chamando os ápices das guitarras e da bateria, tudo isso acompanhado por violinos e violoncelos que dividem a atenção com a voz rouca de Kristin. Depois de quase perder o fôlego já na primeira faixa, Kristin traz mais uma daquelas baladas acústicas que caberiam muito bem em seu álbum anterior, “The Grotto”.
“Day Glow” é daquela canções que vão crescendo e numa hora estouram com um refrão que preenche os ouvidos. A primeira, das três faixas instrumentais do disco, vem logo em seguida, com a curiosa “Christian Hearse”, o nome soa parecido com o de Kristin Hersh, e nada mais é que o pseudônimo que seu filho mais velho, Dylan, usa na página do MySpace com a sua banda Happy Birthday LA. O disco segue na sua fórmula de baladas acústicas/elétricas, destacando-se a bela “Under the Gun”, até a segunda pausa, em “Piano 1”, mais uma faixa instrumental.
Essa pausa é só para retomar o fôlego. Voltam as baladas acústicas com mais uma pausa para “Piano 2” que na verdade é essencialmente levada na guitarra. Nessa hora a fórmula já parece não dar mais certo, o disco vai cansando um pouco, é preciso estar atento para captar o diferencial de cada faixa, todas com muita qualidade, separadamente, porém, uma atrás da outra corre-se o risco de receber um stop antes da hora.
A milhas do plástico emo que infecta novas bandas e das doses de depressão sem fim à vista também presente em alguns projectos indie, "Learn To Sing Like A Star" é um álbum onde a mágoa, a melancolia e a desilusão estão presentes mas não como mero efeito postiço ou teatral. São, antes, o reflexo de vivências que se moldam em canções cuja honestidade cativa, relatadas por alguém capaz de dar densidade às palavras.
Aos 40 anos, a voz de Kristin é de tudo menos de alguém que procura imitar a estrela que não é nem quer ser. É uma voz intensa, magoada e recomposta. Veículo de dor e de perda. De aparente resignação maturada ante a vontade de gritar por causas perdidas. Learn To Sing Like A Star é, todavia, tudo menos um álbum de uma desistente. É, antes, um olhar maduro sobre etapas de vida que a razão acaba de conquistar à emoção (nunca a obliterando, contudo). Neste álbum Kristin é omnipresente. Toca quase todos os instrumentos, salvo a bateria (que entrega a David Narcizo, dos Throwing Muses) e as cordas, violino e violoncelo respectivamente nas mãos de Martin e Kimberlee McCarrick. As canções são híbridos não laboratoriais que cruzam a fragilidade das cordas e o desenhar de melodias no dedilhar da guitarra acústica com o vigor de uma electricidade contida. A voz transporta uma melancolia em estado de consciente nudez, que apara a intensidade que brota do amplificador. “Pinned by a dream state / you are fearless / and your empty arms /waiting for no one / you wanted to be wanted” canta logo nos primeiros instantes de In Shock, observando-se como se vista a si mesmo de fora. Ponto de partida para uma viagem onde a crueza sóbria das palavras convive com uma música tão terna quanto inquieta.
Os Sparklehorse é uma das projeções de Mark Linkous, esteta norte-americano da pop lo-fi. Portanto, o que Linkous faz é pop de guitarra em punho (ou seja, pop-rock) com uma sonoridade suja, tipicamente americana, a exemplo dos Sonic Youth, com notas soltas que podem ser de um "mágico e genial piano", como de um violino, ou mesmo de um mellotron marejado. Com resultados surpreendentes e rodeado de alguns dos mais geniais "arquitetos" musicais da atualidade. A começar por Dave Fridmann, ex-Mercury Rev e que aqui, além da produção da maior parte das faixas ainda se ocupa de instrumentos diversos, mais Scott Minor e convidados do porte de Tom Waits, P.J.Harvey, John Parish e Nina "Cardigans" Person.
"It's a wonderful life" é, portanto, em sua simplicidade, melancolia, sensualidade... e no danado de bão conceito: fazer-música-em-casa-com-os-amigos-que-por-acaso-são-os-me- lhores-músicos-do-mundo, um disco imperdível, carregado da rudeza blues e de um brilhantismo orgulhosamente à salvo dos limites da doçura pop e, simplesmente zerando as calorias da malfadada sacarina. Dêem-lhe espaço, deixem-no respirar e não haverá chance para arrependimentos.
Seguindo a Sônica tendência de homenagear aniversários das obras mais incensadas do século passado, olha a coincidência: citado no texto abaixo sobre Forever Changes (Love) o álbum Marquee Moon dos Television, comemora 30 anos de sua criação este ano. Aproveitando o embalo...
Na adolescência Tom Miller era tão inexpressivo que chegou a ser votado como a figura mais insossa de sua escola. Certamente pelo seu isolamento e distanciamento dos demais colegas. Aos 18, resolve deixar a pequena cidade de Delaware trocando-a por Nova York - em agosto de 1968. E aquele garoto disperso, arredio (que sonhava ser músico clássico e poeta, amava o free jazz - em especial John Coltrane -, acabou querendo ser band leader de grupo de rock após ouvir "19th Nervous Breakdown", dos Rolling Stones).
Quando mudou-se para a "Big Apple", queria reencontrar o único amigo de infância que lá já estava desde o ano anterior: Richards Myers.
Myers e Tom já tinham uma longa e antiga amizade. Mesmo não se bicando no começo, tornaram-se inseparáveis, a pesar das diferenças de personalidade: Tom era quieto, arredio, e Myers, niilista, briguento, drogado, e pode ser considerado realmente um dos primeiros punks da América.
Ao desembarcar na cidade, Tom foi trabalhar em uma loja que vendia filmes chamada Cinemabilia, onde já estava seu velho amigo. Com a entrada de Billy Ficca na bateria, montaram a banda Neon Boys em 1971. O grupo durou pouco, pois Billy foi para Boston durante algum tempo, antes de voltar para ser membro oficial do Television.
Com a banda desfeita, Tom começou a fazer alguns shows na cidade, tocando sua guitarra e declamando suas poesias. Myers ainda era seu melhor amigo e os dois iam muitas vezes assistir a shows pela cidade, em especial os New York Dolls, banda preferida do baixista. Os dois começaram a trabalhar juntos e interessaram a Terry Ork, o gerente da tal Cinemabilia que resolveu ajudá-los. Os dois procuravam um segundo guitarrista e foi Ork que os apresentou a um garoto que chamava a atenção, não só por seu estilo de tocar, mas também pela aparência: Richard Lloyd.
Tom adota o sobrenome Verlaine, em homenagem a um de seus poetas preferidos e Richard muda o nome Myers por Hell (R.H. & The Vovoids).
Fala Richard Lloyd:Terry trabalhava na Factory de Andy (Warhol) e eu procurava um lugar para morar. Nos conhecemos no Max’s Kansas City e ele me ofereceu um quarto. Ele sabia que Tom procurava mais um guitarrista e começou a falar de mim. A princípio não se empolgou. Eles (Verlaine e Hell) eram ainda os Neon Boys e tinham até colocado um anúncio na Creem Magazine com os seguintes dizeres: "procura-se um guitarrista-base. Não é necessário ter talento". Dee Dee Ramone e Chris Stein foram os primeiros a aparecer, mas acabaram não sendo aprovados.
Fala Dee Dee Ramone:Eu me lembro que após audição com o grupo, Tom ficou irritado com a minha inabilidade de executar os acordes que ele pedia. Ele e Richard (Hell) eram muito sérios e eu não era bom o suficiente para a banda. Acabei sendo dispensado.
Depois do insucesso com um futuro Ramones, Terry voltou à carga oferecendo seu apartamento para ensaiaos e prometia comprar amplificadores e custeá-los até que pudessem se apresentar, mas com a condição de que Verlaine deixasse que Lloyd entrasse na banda. O acordo foi fechado. Apesar disso, outros problemas viriam tumultuar o nascimento do Television: Terry era viciado em heroína e Lloyd ia pelo mesmo caminho. Hell também caiu de cara nas drogas. O único que não se aventurava era Tom, que começou a se irritar com a influência de Terry. Lloyd foi o primeiro a ter sérios problemas com a heroína e chegou a ser várias vezes internado devido ao vício, a ponto de ser submetido a tratamento de choques, olha só...
Mesmo com todos esses problemas, e com a volta de Billy estava formado o Television. O nome veio de uma ironia de Hell e Verlaine que diziam que televisão era uma coisa que estava em todos os lares americanos. Após muito ensaio, Verlaine e Lloyd procuram desesperadamente um lugar para se apresentarem. Acabaram topando com Hilly Kristal, dono de um clube chamado CBGB que abrigava qualquer tipo de expressão musical se fosse interessante e fresca, no sentido de novidade, claro. No dia 2 de março de 1974 fizeram a primeira apresentação na casa que mais tarde ficaria marcada como a meca do movimento punk em Nova York.
Uma das pessoas mais assíduas da casa era Patti Smith, então uma poetisa de prestígio no circuito literário da cidade. Ela se encantou com Tom e com sua maneira de tocar guitarra: "a guitarra dele reproduz o mesmo som de mil pássaros berrando". Rapidamente iniciou-se um flerte entre os dois. O caso entre Tom e Patti começou a irritar Hell. Além de discutirem várias vezes no palco, Richard sentia-se em segundo plano na vida de Verlaine.
Terry Ork, que havia montado um pequeno selo e lançado o primeiro compacto do Television no dia 19 de agosto de 1975 ("Little Johnny Jewel"), sabia que Patti negociava um contrato com a Arista Records para lançar seu primeiro álbum (Horses) e organizou quatro shows conjuntos entre as duas bandas no CBGB, de quinta a domingo, durante algumas semanas. Entusiasmado com o sucesso, Kristal desistiu de fazer o CBGB ser uma casa de vários estilos musicais e abraçou a nova cena da cidade.
Fala Richard Hell:O CBGB foi especial. Era o local onde tudo acontecia e as bandas queriam se apresentar. Mas nós éramos únicos. Eu tinha certeza que éramos o melhor grupo do planeta, pelo menos nos nossos primeiros cincos meses.
Mesmo integrando a "melhor banda da Terra", Hell acabou sendo expulso por Verlaine. Tom argumentara que não aguentava mais os excessos do companheiro, que não praticava e só queria encher os córnis durante os ensaios. Hell argumentara que Tom havia virado um monstro e que começara a limar todas as composições dele, Hell, lentamente, numa espécie de tortura pscológica.
Me lembro que em um ensaio, Tom começou a desprezar as minha canções, até sobrar apenas "Blank Generation" (que acabou virando um clássico no homônimo solo de Hell com sua banda Voidoids). Eu já estava irritado e ele me chamou prum papo e dizendo-me que essa canção também estava fora do repertório. Olhei para a cara dele, puto da vida, e saímos na porrada. Ele me chamava de irresponsável, drogado, eu argumentava que ele se transformara num egocêntrico pé-no-saco. Não havia mais como ficarmos juntos...
Para o lugar de Hell, foi chamado Fred Smith. Com essa formação, em julho de 1976, a banda assina com a gravadora Elektra, e em fevereiro de 1977, lança o primeiro disco Marquee Moon.
Considerado o disco mais importante da "era CBGB", junto com Horses, Marquee Moon foi aclamado pelo mundo todo. Além das letras peculiares de Verlaine, o grupo entusiasmava pela sonoridade das guitarras, que criavam uma coesão pouco experimentada anteriormente.
Apesar de ser um dos expoentes dos grupos punks da América, o som do Television era radicalmente diferente, por exemplo, de seus colegas Ramones. Enquanto os Ramones insistiam em riffs básicos e canções curtas, Verlaine e Lloyd produziam canções complexas e longas e com letras digamos mais profundas.
Um mês após o lançamento foram convidados para abrirem a turnê norte-americana de Peter Gabriel. Em maio, fizeram shows com ingressos esgotados pela Inglaterra e foram eleitos como a banda mais promissora pela Melody Maker e o melhor disco pela Sound. O sucesso chegara ao grupo. E após apenas duas semanas de lançamento o disco pulara da 81ª posição nas paradas inglesa para a sétima. __________________________________________________
Um grande abraço a todos os que curtiram ler a história de banda e álbum. Fiquem com a letra da clássica faixa-titulo.
MARQUEE MOON I remember / how the darkness doubled / I recall lightning struck itself. / I was listening / listening to the rain I was hearing / hearing something else. / Life in the hive puckered up my night, / the kiss of death, the embrace of life. / Ooh! There I stand neath the Marquee Moon / Just waiting, / Hesitating... / I ain't waiting / I spoke to a man / down at the tracks. / I asked him how he don't go mad. / He said "Look here junior, don't you be so happy. / And for Heaven's sake, don't you be so sad." / Well a Cadillac / it pulled out of the graveyard. / Pulled up to me all they said get in. / Then the Cadillac / it puttered back into the graveyard. / And me, /I got out again.
Kingsbury Manx é uma banda americana da Carolina do Norte. O som tem forte parentesco com a fase Barret, mais acústica do Pink Floyd, dos álbuns “The Piper at the Gates of Dawn”, “A Saucerful of Secrets” e “Obscured by Clouds”. São melodias suaves, cativantes embaladas naquele climão lisérgico (não confundir com letárgico) dos 70s.
Um bom lugar pra desencavar essas novidades interessantes na rede, é freqüentar o allmusic (link ao lado nas “In Forma Sons”). O site, o mais completo sobre música - principalmente, americana, rock, blues, soul e jazz - dedica um espaço para o “albun of the day”. E foi ali que descobri Kingsbury Manx, na ativa desde 1999. Este homônimo (2000) é o mais bacana dos outros 2 (lançaram até agora 4 álbuns. No allmusic, todos muito bem cotados em 4 estrelas). Me apeguei ao som dos caras quando topei, logo na faixa 2, com "Regular Hands". O álbum está na íntegra no link abaixo, mas pros sãotomés, clicando na faixa citada aí atrás, sabe-se diante mão se se vai apreciar o estilo zen do KM ou não... Boa audição.
Em tempo: caros pacientes leitores, confesso que menti. Sou um afobado! Tudo se passou entre ontem e hoje: havia acabado de ouvir o Homônimo e comparava este com “The Fast Rise and Fall of the South”, o último, de 2007. Preparava-me ainda para escutar o “Aztec Discipline” (sem levar fé que a coisa podia melhorar). Estando agora sim, tudo devidamente degustado “Aztec Discipline” (2003) é disparado, o melhor desses 3 álbuns que tenho. Aproveitando o ensejo e aquela velha mania inútil de comparar pra ver qual o melhor, posto logo os dois. Destacando deste, a faixa primeira logo “Pelz Komet”. O Aztec... levou vantagem sobre o homônimo porque é mais ensolarado. Devo tê-lo preferido, provavelmente, porque o tempo começa a melhorar aqui no balneário. O que, claro, não desmerece o outro* - na certeza de que a vida nos dará a atmosfera propícia para ambos, ganha quem apreciar o estilo KB, levará dois álbuns pra, no feriadão, ouvir dentro de casa pq o feriadão ó... aqui no Rio, ba-bô. Mas não acostuma não hein! Bom.
* Na mesma postagem o que era O álbum Homônimo passou a ser o outro. Como sou volúvel... Polianamente encerro: o lado bom é que os volúveis só envelhecem quando não mudam mais de opinião (li isso num livro de auto-ajuda ou na coluna do Paulo Coelho no Extra?).