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domingo, 15 de julho de 2012

Tamba Trio (Brasil Saluda A Mexico) 1966



Qualquer crítico de música e digo qualquer do time dos que fazem a diferença, deveria deixar um álbum como esse falar por si. Assim como qualquer empresário do tipo que se preze - o que no ramo da música, guardadas as mínimas exceções, é um time de cabeças de bagre -, teria a obrigação de fazer com que um álbum desse calibre, jamais caísse no esquecimento. É um disco que o ouvinte pode deixar no seu play em função “repeat”, pelo dia inteiro. Álbum, ou melhor, obra que dispensa os mp3 com 100 milhões de músicas. Isto porque Brasil Saluda A Mexico, mesmo, na função repeat, bisando uma seleção de 11 faixas, se renova a cada audição. E olha que estamos falando de 11 clássicos da Bossa Nova. Cantados e tocados por uma infinidade de gente. Infelizmente a capa do LP, ao menos a que tive acesso, não fornece qualquer informação. A solução então foi confiar no wikipédia para creditar a formação do Trio, ao vivo no México, em 1966... Com Luiz Eça ao piano (e que piano! destaque absoluto neste show), Bebeto Castilho, corretíssimo, sem firulas no baixo e Rubem Ohana, esquentando os coros da batera. Solos fantásticos nas últimas faixas... É de impressionar também a reação inflamada da platéia. A impressão é de que o álbum foi gravado em estúdio nas primeiras faixas – não há aplausos ou ruído de público - e que em um determinado ponto, o povo acorda e já chega ao delírio. Mas, como já foi dito não há informação de capa sobre a técnica (certamente rudimentar) de gravação… Mas o áudio é o que promete a capa “Alta Fidelidad”. Enfim, “Brasil Saluda a México”, é um disco trilha sonora de uma Cidade. De um tempo que, como trilha sonora, deveria ser oficializado e, já que tá na moda, tombado pelo patrimônio histórico. Atenção: aqui quem fala não é um crítico de música. Nem um qualquer, tampouco um que faça diferença, por isso mesmo, isento do compromisso de ser profissional, não deixou o álbum falar por si. Mas numa época em que o que impera é o Tchu Tcha Tcha, obras deste nível de sofisticação precisam muito ser estimuladas. Agora vamos sentar e aguardar pra ver quanto tempo dura este link.

Tamba Trio (Brasil Saluda A México) faixa 2- Corcovado



Tamba Trio (Brasil Saluda A México) faixa 10- El Cierro


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sphere - Four In One - 1982



Em 1981, o grande Charlie Rouse e o não menos talentoso pianista Kenny Barron deram luz ao redondíssimo grupo “Sphere”, um quarteto dedicado a difundir a obra de Thelonious Sphere Monk. Da banda faziam parte, certamente, os amigos de longa data pela interação - baterista Ben Riley e baixista Buster Williams -, e o escrete permaneu em atividade até a morte de Rouse, em 1988. Na conta do allmusic.com, o quarteto lançou 8 álbuns oficiais e poucas semanas antes do falecimento do saxofonista, a banda havia realizado uma vitoriosa temporada no Village Vanguard. Embora o Sphere tenha começado como uma banda tributo, também realizou temas originais e standards de jazz durante sua existência. O quarteto gravou para a Elektra Musician, Red, e Verve (incluindo um conjunto de músicas de Charlie Parker no último álbum "Bird Songs" 1988). E teve um breve retorno aos palcos em 1997, com Gary Bartz assumindo o papel de Rouse, durante um festival de jazz em Atenas, na Grécia.

Sobre este que vem a ser o primeiro LP do Sphere, se há algo a lamentar a partir de sua audição, será o fato do muso inspirador, Thelonious Monk, ter morrido exatamente no dia em que “Four in One” foi lançado (17/02/1982). Isto porque mesmo os aparentemente escassos 35 minutos de duração deste que é um verdadeiro tratado sobre algumas monkianas, são um claro recurso que os artistas envolvidos nos dão para repetir sua execução, no mínimo 3 vezes. A conclusão é definitiva, pode acreditar: são os 35 minutos mais bem fundamentados da história dos álbuns tributo. Ou então vá, ouça e se puder, questione.

A postagem vai em homenagem ao meu amigo maranhoca, Érico Cordeiro, de quem tomei emprestado as primeiras informações deste texto e por mesmo sem querer, me lembrar que havia esquecido por tempo demais do grande pianista que é Kenny Barron. Valeu, mr.!

Bom, a faixa "demo" escolhida foi A Escolhida por motivos emotivos, destaco um estupefato eu mesmo ouvindo e repetindo o mesmo take várias vezes, enquanto virando a ampola de cerveja no butiquim da preferência repetia como um mantra "... O que é esse Buster Williams no baixo, karái...?!!! Que bôuom bom da porra, seu!" É que um músico fera não precisa de um solo de 30 minutos pra mostrar serviço, com alguns segundos dá-se, numa boa, a evidência.
 
Sphere "Four In One" 4 - Evidence


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sean Costello (Cuttin' In) 2000


Este vai em homenagem a um novo frequentador TRICOLOR, que pelo nome(nick), creio deva ser roqueiro com RG, título de eleitor e brevê. Aí Hendrixguitarra!, vai um bluseiro  aí? E que blueseiro! Diferenciadaça! Mas... há sempre um porém: opine com franqueza, caso não viajes, no mínimo, tanto quanto eu viajei... Até pela história tragica do muleque, que grava  5 discos e antes de completar 30 anos, o apressado, cheio de urgências, já partiu pra prestar contas com o Criador.

Sean Costello (16 de abril, 1979 - 15 abril de 2008) foi um músico de blues americano, conhecido pela sua alma ardente, tanto na forma de tocar guitarra, como, mais ainda na forma de cantar. Lançou cinco aclamados álbuns antes de sua carreira ser interrompida por sua morte súbita aos 28 anos de idade.O também bluseiro sonrighter, Tinsley Ellis, o considerou "o mais talentoso guitarrista jovem de blues em cena (...) ele era uma ameaça tripla na guitarra, vocais e como compositor”. Costello dominou a guitarra blues tradicional em tenra idade e começou sua carreira ainda no colegial. Seus discos se tornaram cada vez mais ecléticos enquanto a sua carreira progrediu. E um ecletismo substancioso, nada daquelas demonstrações de falta de direção, que tornaram a palavra algo desmerecedora hoje em dia... Nascido na Filadélfia, Costello se mudou para Atlanta com a idade de 9. Obsessivo sobre a guitarra, ele foi encantado pelo blues após a compra do álbum "Howlin Wolf Rockin Chair'. Aos 14 anos o jovem prodígio criou uma celeuma em uma loja de guitarra Memphis, a cerca de um concurso de talentos promovido pela Beale Street Blues Society, que Costello devidamente inscrito, venceu a contanda mas não levou o prêmio. Formou sua primeira banda e logo aos dezesseis anos, gravou seu primeiro álbum, Call The Cops (1996), já exibindo um comando impecável. Colaborou com incrível desenvoltura no álbum de Susan Tedeschi, Just Won't Burn, (1998), o que, posteriormente, o levou a uma exposição nacional. E a banda de Costello depois fez uma turnê como grupo de apoio Tedeschi. "Seu modo de tocar é impressionante para um menino de 20 anos", escreveu o guia Allmusic sobre o segundo álbum de Costello, Cuttin 'Em (2000), que foi indicado para o prêmio WC Handy de Melhor Artista Revelação estréia. O seguinte, Moanin' For Molasses, também foi muito bem recebido, o guia Allmusic chamou a atenção para "a voz soulful" de Costello e sua "capacidade de adesão a todas as formas de blues, R & B e soul". "A paixão que Costello coloca em suas músicas e a forma com as interpreta são mais que surpreendente", relatou Blues Revue Magazine. E o muleque aperfeiçoou suas habilidades através de uma constante vida de estrada e apresentações, tocando mais de 300 shows por ano em turnês nos EUA e na Europa. Sua reputação como um artista brilhante lhe permitiu muito cedo ir tocar ao lado de luminares do blues como BB King e Buddy Guy (Ma Rainey concerto beneficente Casa, Columbus, Geórgia, Junho de 1997), James Cotton (concerto de Cotton 64 º aniversário, em Memphis) e Sumlin Hubert ( South by Southwest, em Austin, Texas, março de 2005). Quando não estava em turnê, Costello ganhava a vida tocando em lugares pequenos em sua cidade natal, Atlanta, Geórgia, como o Tavern Northside. Richard Rosenblatt, ex-presidente da Cool-Tone Records, recorda performances de Costello: Como guitarrista, ele era assustador, mas para Sean nunca foi uma história de mostrar estilo, nas costeletas monstruosos ou acariciar seu próprio ego se exibindo. Tocar e sentir o retorno do público eram o seu alimento, seu modo de sentir-se vivo! Trabalhava seu estilo sempre combinando forma e conteudo, com uma economia de notas que permitiam os espaços vazios pareceremdolorosas horas, como pede a tradição. Mas ele é mais. Toca à Chuck Berry, em seguida, um blues, em seguida, uma melodia tradicional, em seguida um rock... ou o que quer, e nem sequer pensar duas vezes sobre o que vai fazer, vai e faz.

Em 2007, no álbum Nappy Brown volta, Long Time Coming, Costelo foi novamente destacado pelo louvor da crítica. No ano seguinte, lançou o que seria o seu último álbum, We Can Get Together, aclamado por muitos como seu melhor trabalho (o incrível desse álbum foi ter enchergado uns laivos de Amy Winhouse ali, mas isso é outra história) . Sua guitarra neste disco foi descrita como "incendiária", "escaldante", e "borbulhante". Hal Horowitz do guia Allmusic escreveu o seguinte: - "O material é tão forte e tocado de uma maneira tão “fácil” que não se precisa desviar a atenção das músicas quando os solos estendidos,  E também estabelece uma conexão quase improvável enquanto serpenteia através estilos tão distitos. Prossegue o cara do allmusic: Costello Embora seja claramente inspirado por grandes nomes do blues, se inclina mais para a soul ao sul dos anos 70, também no rock e no R & B.

Mas... infelirmente, parte da história que consegui traduzir do wikipédia (no gugôl tranrleitor) acaba assim: Sean Costello foi encontrado morto em seu quarto de hotel em Atlanta em 15 de abril de 2008. Um relatório médico posterior determinou que ele morreu de uma overdose acidental de medicamentos. Postumamente, a família de Sean Costello revelou que ele sofria de transtorno bipolar, e criaram o Sean Costello Memorial Fund Research para auxiliar no tratamento e pesquisas sobre Transtorno Bipolar em sua honra e pela posteridadade. Muito bom. Mas o blues, sozinho, pra quem mergulha de cabeça, como é um claro caso aqui, pode ser devastador - vê se não é.



Link renovado:
Seam Coatello (Cuttin' In) 2000

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Samuel James, galera; galera, Samuel James

Samuel James - For Rosa, Maeve & Noreen (2009)

Pois é, dá pra manter a idéia da postagem anterior. Considerando agora que este é mesmo um artista novo - com apenas dois álbuns, contando o acima citado. Mas é novo, porém... 

Alguns puristas dirão que os blues foram feitos para serem tocados e cantados por um único homem ou uma mulher, e o arranjo, para ser mantido enxuto, tanto quanto possível - o que era método  oficial no nascedouro do gênero. E se você é um desses fãs da música orgânica que deve ser colhida fresca e na raiz, Samuel James é um bluesman feito para você. Como evidenciado em sua versão 2009, "For Rosa, Maeve & Noreen", James segue o mesmo modelo musical  previsto em sua obra anterior, "Songs Famed for Sorrow and Joy" (2008). Mas pense no blues dos anos 20 - com uma produção moderna - e você não estará muito longe do que se estabelece “Para Rosa, Maeve e Noreen”. Mais uma vez, James montou um álbum inteiro de cantigas  blues autênticas, principalmente os destaques, como a faixa logo na abertura "Bigger, Blacker Ben," bem como "Joe Fletcher's Blues" e "Wooden Tombstone" - o último dos quais, composto apenas pela voz de James e que soa ritmado na sola de seu sapato mantendo o tempo. Poucos revivalistas do blues moderno aceitam, quanto mais se contentam, com regurgitações simples xerox da obra popularizada por Hendrix e Stevie Ray Vaughan. Mas Samuel James é certamente uma exceção, justo porque está n’outro plano da terra, especificamente, plantado nela. Mas germinando. 



Sobre este, vaticinou Johnny Winter: "Fantástico! Uma grande voz, um grande músico e um estilo de blues tradicional feito com uma oportuna torção do quadril." 


Enfim, Samuel James é como uma máquina do tempo - adaptada a uma maria fumaça - que se mantém viajando de volta à consciência pública. A mim, cuja palavra "tradição" sempre me causou calafrios, quem sabe não esteja passando até da hora da tradição virar a última tendência?

Em tempo: Samuel James arrebanhou o prêmio de melhor álbum do gênero, pela Blues Fundation, no The Blues Music Awards, agora, em 2 de junho de 2010.



Samuel James (for Rosa, Maeve & Noreen) 01 - Bigger, Blacker Ben


Samuel James (for Rosa, Maeve & Noreen) 11 - John Ross said


Samuel James (for Rosa, Maeve & Noreen) 2009

terça-feira, 20 de julho de 2010

moe. galera, galera, moe.


Há quanto tempo não posto o bom e velho rock and roll nesta casa?... Bom e velho,  afinal 20 anos não são 20 meses. E como prova de antiguidade é que posto o 4º álbum de 1998 - o 1º "Headseed" impossível, como quase impossivel a maioria da discografia - e o último (2010, coletânea) da banda. Até aqui morreu o neves, quantas bandas que ninguém ouviu falar de repente aparecem na rede depois de 20, 30, 40 anos? Ocorre que, sabe o que vai acontecer quando ouvires isso aqui? Correrás de volta ao texto esfregando os óinhos pra se certificar de que... Como diabos, logo você, roqueirão de carteirinha, sindicalizado vacinado e o varái, vivestes os últimos 20 anos, sem dar-se conta que esses cara existiam!?

Poizé, bom vragarái e nada, redondamente, nada encontrei na rede em língua de Joaquim e Manoel, sobre os cara. Então, visto assim, pra mim essa é também a mais nova banda de rock do pedaço! E eu recomendaralharaça, esses 2 discos! Pra quem gosta das chamadas jam bands, Allman Brothes, Traffic, Derek and Dominos, de ontem, e continua rastando corrente por Gov't Mule, Phish, Drive By Truckers de hoje, amigo, roqueiro, conheça o Moe. A esse você vai se agarrar e não irá querer largar jamais! Ui! Tomém n'exagera...

Vinnie Amico / Drums
Rob Derhak / Bass, Vocals
Chuck Garvey / Guitar, Vocals
Jim Loughlin / Acoustic Guitar, Percussion, Xylophone, Vibraphone, Piccolo Bass
Al Schnier / Guitar, Keyboards, Vocals


BIO

moe. (Tin Cans and Car Tires) 1998


moe. (Smash Hits, Vol. 1) 2010


moe. (Tin Cans and Car Tires) track 7 - Letter Home


moe. (Smash Hits, Vol. 1) track 2 - Yodelittle

quarta-feira, 14 de julho de 2010

OTIS TAYLOR ''Respect the Dead" - ''Definition Of A Circle''


Bom, depois de lavar e pôr meu babadô pá secá – era muito necessário – entremos com algo mais rascante pra mudar o clima.

Otis Taylor foi mais uma aquisição ao acaso. Mas, já estava quase me esquecendo dele, que tinha álbuns dele, quando ontem, assisti a um filmaço (Michael Mann, o diretor): Inimigos Públicos - com o Johnny Deep, daí q o filme começa com uma fuga espetacular – o filme conta a história real de um ladrão de bancos, cheio de repulsa às regras e desprezo à polícia – um homem duro, não um homem mau. John Dillinger (1903-1934)... Enfim, na cena da fuga, na trilha, rola uma blusera folkeada, diferntaça! E eu disse comigo e meus buracos de traça na camisa à Fred Fingstone, “eu conheço esse som”. O acaso sabe encontrar quem sabe servir-se dele... 

A dúvida agora é qual dos discos apresentar pra galera. “Definition Of A Circle” 2007 or “Respect the Dead” 2002? O 1º é mais redondo, o 2º faz tcham tcham tcham tcham! Porque é justo o que tem a faixa, logo a 1ª, “Ten Million Slaves” da fuga de Deep/Dillinger... Ah quer saber? Posto os 2!

Otis Taylor:
Bluesman Otis Taylor nunca contornou assuntos difíceis. Numa carreira que o levou do Centro de Folclore em Denver para uma breve estadia em Londres. De lá, se afasta de sua vocação primeira, para trabalhar como um corretor de sucesso especializando-se na venda de antiguidades até 1995, quando volta aos States e forma sua primeira banda de blues. Em 2001 Taylor lança o álbum White Africans pela Northern Blues Music, com Kenny Passarelli (baixo, teclados) e Eddie Turner (guitarra), que tornou-se a sua declaração mais direta e pessoal sobre as experiências dos Afro-Americanos. Onde dirigiu-se ao linchamento de seu bisavô e o assassinato de seu tio. A brutalidade tornou-se sua preocupação em canções sobre um homem negro, executado em 1930 por crime que não cometeu e sobre um pai que não podia pagar as contas do médico e sentou-se impotente assistindo seu filho morrer. Faith encontrou ironia Taylor em sua visão de Jesus como um homem mortal que procurara formas de evitar a sua crucificação e sua visão sobre a infidelidade romântica entre os homens comuns.

Até onde sei, Otis Taylor jamais emplacou um álbum no Brasil. Porque? Simplesmente porque, Lady Gaga, Paramore, Claudia Leitte, a nossa musa mor da MPB Ana Carolina e os autores do Reboleixon tocam mais fundo nos corações, mentes e bundas do povo médio latino americano. Assim decidiu Deus Mercado. Vai encará? Eu encararia. Manda a mídia à merda que Deus Mercado vai junto.

Ah! Em tempo: Em meio a saraivada de balas, Inimigos Púlbicos, também é uma p... love history! Agora deixa ver se meu babadô já secô.

Otis Taylor (Respect the Dead) 2002

Otis Taylor (Definition Of A Circle) 2007


saca aí Ten Million Slaves do Otis Taylor...

sábado, 1 de maio de 2010

The Negro Problem (Welcome Black) 2002


Imprescindível. É necessário discutir-se a questão do nome. "O Problema do Negro" é irônico, mas de maneira nenhuma usado para chocar ou barganhar a simpatia do público afro-americano. Ao contrário, na verdade ele ilumina todas as subterrâneas intenções da banda: apesar de artistas tão díspares como Jimi Hendrix, Love, 5th Dimention saírem todos a fazer música psicodélica no final dos anos 60 e justo por isso, um fosso racial reafirmou se desde então. O conceito de uma suposta divisão estilística no que seria a música "branca" e a "black music" de raiz, eram ainda resquícios da primeira metade do século 20 quando os registros dos artistas negros foram forçosamente desviados para as questões raciais. Com muita razão, mas não tão razoável a ser obrigatotriamente imposta e sobreposta à liberdade do artista de criar... música simplesmente.

Uma vez em noite de lua cheia, às avessas, um Prince ou um Lenny Kravitz puderam ganhar uma posição no mercado de rock dito de branco, mas mais frequentemente, num passado não tão distante, artistas dotados dessa mesma iluminação quanto um Shuggie Otis, por exemplo, permaneceram friamente fechados, na opinião da indústria míope, num eufemistico mercado urbano restrito e paralelo. Por essa razão o cantor band lider e compositor Mark Stewart (Stew) achou por bem batizar seu projeto particular de The Negro Problem, e é por isso, uma marca tão brilhante. Como a indústria da música verá uma banda, ao contrário da música dita “branca”, liderada por um negro, cujas principais influências incluem, além de Sly Stone e George Clinton – está na raiz -, mas também, Stephen Sondheim, Burt Bacharach, Syd Barrett, Brian Wilson e Paul McCartney? É certo, como um problema. Acima de todo o talento e do alto de seus 2 metros de altura, Stew é um provocador.

Mark Stewart, que atende pelo nome Stew (para diferenciar-se do cantor britânico da antiga banda o Steppers), preenche as suas letras com esse tipo de princípio. E, em princípio, seu corpanzil remete aos desavisados que se trate de um rapper estiloso no modo de vestir nada convencional aos rappers. Mas o humor irônico e sua mistura de melodias vocais soulful, a musculatura de todas as misturas possíveis da Folk music aos R&B, chegando em certos momentos a lembrar até – e a mim pelo menos lembrou muito - a 1ª fase do Genesis (acústico/folk) de Peter Gabriel e também, um Cat Stevens - nos provoca, de cara, um sobressalto. Foi o que me aconteceu, por exemplo quando ouvi de primeira, no 1º contato com os TNP, a surpreendente versão de “MacArthur Park"! Tudo somado, demonstra mais uma vez a grande sacada do nome que Stew criou para sua banda. “The Negro Problem”, não poderia ser mais sarcástico.

Surpreendentemente, um talento nato como Stew só entraria profissionalmente para o mundo da música aos trinta anos, formando os The Negro Problem em 1995, quando mudou-se para Silverlake, um subúrbio de Los Angeles, após um período vivido na Europa. A formação original incluía o tecladista Jill Meschke Blair, o baixista Gwynne Kahn, e o baterista Charles Pagano - com o multi instrumentista Probyn Gregory ajudando como membro auxiliar.

Entre seguidas mudanças no elenco da banda, os The Negro Problem gravaram ao todo 3 álbuns, todos de excelente qualidade. Compondo a dissolução lenta do problema Negro, Pagano, um membro mais ativo dentro da hierarquia, deixou o grupo no final de 1999, embora continuasse a realizar com eles participações esporádicas.

Neste pequeno impasse entre uma carreira regular dos TNP, Stew gravou e lançou seu primeiro álbum solo, o aclamado pela crítica Guest Host, em 2000. Após sua liberação, Stew anunciou que o problema do negro não havia se dissolvido. Como prova disso, em 2002 lançou o TNP, seu último álbum até então, Welcome Black, outro passo no sentido pop barroco que parecia incluir mais idéias da banda como um todo. Desde então, isso é tudo para os The Negro Problem. Stew continuou alimentando sua carreira solo com mais 2 álbuns: “The Naked Dutch Painter and Other Songs” no mesmo 2002 e “Something Deeper Than These Changes”

Em 2008, a peça “Passing Strange”, de autoria de Stew, texto e música, concorreria ao Tony como melhor musical. Não ganhou mais deu o que falar.

Em tempo: para variar este álbum vem com alguns bônus. Todos raros um deles consegui identificar no bootleg: Muddy Sweetboot Stranded, música, "On The Cloud Girl's Terrain". Enfim, da faixa 13 até a 17 são bonus de músicas que não constam de nenhum álbum, ao menos dos listados no allmusic. Destaque para (além das originais de Welcome Black, claro) a belíssima balada folk, "My Muddy Trailer Park CD's" (faixa 16).

The Negro Problem (Welcome Black) 2002

Todos os 3 álbuns do The Negro Problem podem ser encontrados (ainda baixáveis, tentem o magaupload) no blog Gravetos & Berlotas. Inclusive o álbum "Post Minstrel Syndrome" de 1997, que contém a - que me perdoe o Richard Harris e até a boa banda prog. Beggar's Opera - senão melhor, a mais elegante versão de "Macarthur Park" que já encontrei.

Em tempo, super em tempo, mais que a tempo: aqui vai a tradução (gugou tranrleitor, mas boa) do depoimento do artista (Stew) sobre sua peça:

"Temos de agradecer ao GWBush por ajudar na realização desta peça. Sério mesmo. Quando descobri que ele nunca tinha ido para a Europa na sua juventude (ou, na idade adulta, até tornar-se presidente!), imediatamente soube o que queria escrever. Uma peça sobre uma criança que queria ir a Europa. Esse fato sobre Bush disse-me muito sobre a falta de interesse dos EUA em nada que seja estranho a eles mesmos, exceto o que eles mesmos podem explorar (obter lucros, sem nunca ter o "trabalho" de aprender). Você pode imaginar o filho de um bilionário uber-privilegiado em qualquer outro país do mundo que não tenha curiosidade suficiente para viajar para um país estrangeiro - aos dois ou três ou 20 anos? Especialmente quando você está imaginando o tipo de dinheiro que esse sujeito possui para a compra até de alguns aviões a seu bel prazer?

Como alguém cuja experiência própria foi praticamente formada e moldada no exterior a minha existência e a consciência sobre tudo, desde a sexualidade, política, cultura, língua à natureza humana... Eu me tornei obcecado por esses factóides e conclui que essa falta de curiosidade estava no coração da guerra - isto é, na origem dos que praticam a guerra. Percebi que estasmos realmente sofrendo os resultados dos Bush-efeitos e seus comparsas incuriousness ... tocando uma política externa
estúpida, inócua demostrando que sob a ótica desses cabrões, não tem a menor relevância tentar compreender um mundo que eles apenas desejam dominar."

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ronnie Mathews Trio (Song For Leslie)


Foi assim que se deu essa escolha: tava bem eu mais ou menos completamente deprê, num calor sem chance longe de um aparelho de ar-condicionado - e aqui não tem desses luxos -, chovia vragarái lá fora, o que me obrigava a estar com as janelas fechadas... E, lógico!, com o ventilador de teto não dando vazão, quando resolvi fazer uma roleta russa (calma!) com meus arquivos musicais, na idéia de postar alguma coisa. Tipo o primeiro que a setinha do mouse apontar eu posto. No mínimo só pra não dizer que nada criei no ócio, e que o calor me venceu aquela tarde felá da puta de quente. Na pasta de capas (fotos de capas) de 2008, mais de duas milioito fotos - imagens de capas - e eu lá no mamãe mandô, correndo de cá pra lá, de lá pra cá, numa cena factual de cinema de completo tédio e absoluto marasmo. Não ouvia música, a tv, a rádio CBN estavam todos desligados... Banho tbm não solucionava mais. Àquela altura já era o 3º (da tarde). E as imagens corriam de um lado pro outro na rodinha do rato – ah! O ratinho meu de estimação é um caso a parte. Já compus até musiquinha pr’ele. A letra diz assim Meu bem, meu quem, meu mouse... É preciso dizer que trapaceei no jogo. O 1º disco (imagem de capa) que o rato apontou não correspondeu as minhas expectativas e roletei uma 2ª tentativa. Ocorre que, antes, antes de fazer roleta russa no mouse, já havia caído nessa capa do "Ronnie Mathews Trio (Song For Leslie) " hoje, horas antes, e pensei, quem é esse cara mesmo? Afinal sou pato novo no quebra-cabeça adulto do jazz. E com tanto disco baixado, não dá pra lembrar assim de todos. Bem, na 2ª tentativa, já no jogo de “mamãe mandou apostar neste daqui!”, não é que deu Ronnie Mathews Trio de novo? Daí obedeci porque o cara pediu pra ser postado, certo?


Antes de esgotar esse papo e ir pro chuveiro - q tá feia a coisa, aí vai um texto q encontrei, advinha de quem, sobre o pianista Ronnie Mathews:

Ronnie Mathews é mais um daqueles pianistas do hard bop esquecidos sob as toneladas de rock que soterraram o jazz na década de 1960. Dotado de uma concepção moderna aliada à intensa herança perpetrada pelo bebop nas décadas anteriores, Mathews tentou sobreviver com sua música bem elaborada numa época em que, quanto mais imbecil, mais festejada era a música. Enquanto Lennon e McCartney compravam seus aviões particulares, a maioria dos músicos de jazz voltava a lavar pratos ou pilotar elevadores para sobreviver. Felizmente alguns ainda conseguiram fazer música e até mesmo gravar alguns discos. Esse é o caso de Ronnie."

John Lester (Jazzseen)

Seu Lester, eu não compactuo com a sua beatlemaníaca obsessão de por a culpa nos 4 fab de Liverpool pela derrocada do Jazz. Tudo bem, eles contribuíram, mas não são exatamente os responsáveis.


E minha opinião sobre esse disco é: ... ??? !!!: ganhei meu dia!

Abraço!


domingo, 13 de dezembro de 2009

Chris Harwood (Nice to Meet Miss Christine) 1970




Já faz mais de mês que fui na minha última festinha. Devo fazer esses programas umas 3 ou 4 vezes por ano. Fui porque o local era o Lagoinha em Santa Tereza (pena q o link não mostra foto). Minha 1ª vez naquele recanto escondidinho do Rio... E a vista lá de cima... O que era aquilo?! Bem, minha cisma com festas de DJ é que esses DJs, por mais conhecidos, festejados e com legiões de fãs que o perseguem - até no Lagoinha, local make desconhecido e de difícil acesso - nunca me agradam totalmente. Aposte o que quiser como uma hora vai ter a seção Jorge Bem Jor com aquelas músicas que todo mundo ouve e sai dançando em todas as festas, imendando numa ordem que a gente já prevê, com a seção Tim Maia... E por aí vai, no plano do previsível. Aqueles Soul sucessos do James Brown... Crazy dos Gnarls Barkley tbm não pode deixar de ter, enfim, o que eue quero dizer é sem-novidades-no-front. A festa vai ser tudo aquilo que você espera dela: musicalmente previsível. Ah claro, tem as moças... Isso pode até ser que não o seja (previsível). Mas nem sempre pega-se ou conhece-se alguém que valha a pena...


Mas há algo a dizer também em defesa do DJ famoso, segundo a amiga que me apresentou o Lagoinha, a festa e ao próprio, não adianta ousar muito, porque aquele público (que é o público do DJ) não aprecia novidades. Então o jeito é fazer o bêabá, mesmo, senão quem acaba dançando é o DJ. Não há público para o novo, o não tão usual, então? Creio que se não, no mínimo, nem tanto quanto se precisa para fazer uma festa bombar. Essa audiência VIP em matéria de gosto musical está dispersa em algum lugar incomum - que não o Lagoinha.

O barato então dessa festa foi ter ido com uma amiga que não via a anos. Ela estava morando na Inglaterra e voltara com um marido inglês, este sim DJ! E que fora contratado para abrir os trabalhos do DJ famoso. Enquanto o inglês estava abrindo os trabalhos o som era perfeito! O cara sabia mais de música brasileira rara do que a grande maioria dos brasileiros. E foi um desfilar feliz de raros Sergio Mendes, Cassiano, Gonzaguinha, João Donato, Jorge Mautner, Marku Ribas, Marcos Valle... Gainsbourg, Tom Waits, jazz psicodélico vintage italiano dos 70... Putz! Não parava de vir música boa! Tudo raro, tudo muito dançante, tudo maravilhoso!... Agora, me pergunte se havia alguém dançando na pista. Ninguém, meu. Talvez, e muito provavelmente, se essa festa fosse no Braz, na Paulista ou na Angélica, estaria bombando muito mais porque nesse particular, reconhecer o cult, o novo, o diferente, o paulista sabe muito mais do que esse bando de carioca amansado. Anfã, fiquei amigo do DJ Londrino, pq sou muito amigo da atual esposa dele. O cara, que, como eu disse a ele, era pra dar festas em iates cobrando 10 barão de cachê está cortando um dobrado aqui no Rio. Sem trabalho, sem muitas perspectivas... A mulher, que é uma cantora fora de série, grávida, também sem grandes perspectivas. Mas eu entendo a coisa como ela é. Trocar o Rio por Sampa, por ex., não é pra qualquer abnegado. Então nego vai vivendo como dá, aceitando uns trabalhinhos aqui outro acolá, e nesse ínterim, entre o buzum e a van sempre há o Posto 9 em Ipanema e a vida passa mais agradável de se levar... Ah! E o londrino não larga esse osso paradisiaco aqui nem que o Big Ben atrase e mude o fuso horário para "em Brasília 19 horas!". Se um cara de Manchester - acho q é de lá que ele veio - encontra uma carioca bonita, talentosa e que conhece essa cidade em que moramos, nos mínimos detalhes... vai querer voltar praquela pasmacera nebulosa? Acho que não, né? Anfã... Bairrista eu??? Como assim, por exemplo?


Mas, finalmente, o quié é quié que tem Chris Harwood e o álbum (acho que único da cantora) raro e belíssimo a ver com toda essa história? Bem, eu tenho freqüentado o ap do casal DJ inglês/Cantora nacional, grávida, de talentos inquestionáveis e nessa de tomar umas cervejinhas o cara vai me apresentando os seus discos LPs e compactos simples – pois é, o DJ pega um CD como se estivesse manuseando uma cueca suja! A parada dele é vinil e ponto final! Inclusive uma de suas fontes de renda é vender LPs raríssimos pela internet. E nessas de bebe uma cerva aqui põe um LP pra tocar, dá-lhe som nas carrapetas! E não é que de repente, não mais que de repentelho, na octanagem do álccol que transforma toda pessoa normal em generosos amigos de longa data, o cara me presenteia com um compacto simples de Chris Harwood!? Acho que estou rico e não sei, porque a coisa é muito desconhecida. Mas antes de me dar o exemplar, claro!, ele me mostrou a música do disquinho. Uma versão matadora de Wooden Ships dos Crosby, Stills, Nash Young se apresenta nos meus ouvidos desavisados!... E a primeira coisa que eu disse, ao ouvir a versão foi: “Ué! Isso é coisa muito muderna, mermão! você não lida somente com antiguidades?”. Amigo leitor, o disco “Nice to Meet Miss Christine” é de 1970. Observe que maravilha de versão a de Wooden Ships e me digam se a impressão de modernidade não lhes saltam os olhos! No mais o resto do LP também é todo bom e, pra variar, o eu vaidoso meu que pensava que ia apresentar a maior raridade do planeta ao mundo descobriu que já existe um link do disco num blog que não me recordo mais. Mas o importante é conhecer! E o nome do álbum diz tudo o que faltou dizer...



quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Agora só daqui a 35 anos!



Gary Higgins [Second] 2009

A pedidos, digo, imposição, o link desta postagem foi deletado por Decisão Major Capitalista Arbitrária do Estado - de calamidade cultural que a todos nos cerceia. A casa se ressente mas acata.


... A cata de mais e melhores blues, jazz, mpb, rock, folk, tango... Sem rare baba nem axé babá...

Se os super cult Six Organs of Admittance não tivessem gravado uma versão de Thicker than a Smokey, tema incluido no álbum School of the Flower de 2005, é muito provável que Gary Higgins tivesse permanecido no esquecimento a que foi relegado desde o lançamento de Red Hash, quando decorria o longínquo ano de 1973. Cantor e compositor de música folk, pode dizer-se que Higgins teve uma vida atribulada, fechando, ele mesmo, as portas a uma carreira que, a se avaliar pelo único disco que gravou em toda a vida, se apresentava cheia de promessas. Red Hash, que antes da reedição em CD era disputado por coleccionadores que se dispunham a pagar pequenas exorbitâncias por um dos raros exemplares em vinil disponíveis - na altura do lançamento apenas foram colocadas no mercado três mil cópias... Originalmente, à época, um álbum, na verdade, gravado na correria, em 40 horas, antecedendo meses ao encarceramento de Higgins, durante 1 ano, para cumprir pena por porte e venda de haxixe. Se os temas compostos neste álbum não bastassem para fazer dele um ponto de paragem incontornável para quem aprecie música folk, todas estas peripécias, por si só, fariam de Red Hash um disco muito especial. Mas, evidentemiente que o disco não foi escolhido só pelo passado 'bad boy' arredio do autor. Aquela obra (Red Hash) dizia tudo sobre o mundo fumarento em que o cantor vivia então.


Ainda em Red Hash, o tema dedicado à baleia é uma celebração da liberdade reconquistada, mas a verdade é que no fim da história a que dá voz a dita morre e este pioneiro sai de cena no mesmo ano em que entra, para só agora
em 2009 gravar mais uma obra prima, o Second. Agora com uma agenda de concertos que está a ser a consequência do sucesso daquele velho LP de antanho, que, nunca perdeu o prazo de validade. Tanto Red Hash quanto o Second são álbuns essenciais históricos para a memória da música popular americana.

Mas para que tal acontecesse e Red Hash saísse reeditado em CD pela Drag City e visse a luz do dia, houve um homem que se desdobrou em iniciativas para encontrar Gary Higgins nas listas telefónicas do Connecticut, enviando cartas a todos quantos homônimos que existissem sobre o solo daquele estado americano: Zach Cowie. A sua investigação foi coroada de êxito, para nossa felicidade. O ditado é véio, mas não custa insinuá-lo, o que é do homem...



Gary Higgins (Seconds) 2009

sábado, 26 de setembro de 2009

Pink Turtle (Pop In Swing) 2009



Nota de rodapé [de valsa]: Pra curtir muito esse albinho, edite o mano. Desconsidere a dor e atenha-se só a delícia de ser o que é. Quem se leva a sério é juiz.


O SEPTETO FRANCÊS PINK TURTLE, que se apresentou ontem, sexta feira, 25/09, na Praça do Papa (BH/MG), durante a primeira edição do festival I love jazz. - evento centrado no chamado jazz tradicional, da primeira metade do século 20 - promete fazer um dos shows de maior apelo popular do evento. Conversar a sério com o pianista Jean-Marc Montaut é complicado, pois o que ele revela é uma história um tanto ou muito mirabolante. Mas a brincadeira é para lá de divertida: “O Pink Turtle - segundo Jean-Marc - é uma banda criada no início dos anos 60 que terminou na década de 70 e retornou agora, em fins da primeira década do século 21. Tocamos nossas músicas mais obscuras, como Billie Jean, Yesterday e Highway to hell, que compusemos de brincadeira, entre um show e outro, mas só depois é que elas se tornaram conhecidas, quando foram gravadas por dedicados astros do pop como Michael Jackson, Beatles e Pink Floyd.”

Essa história eles contam durante os shows, onde também reinterpretam, em swing, bebop ou bossa nova, outros clássicos da música pop com, segundo eles, artistas mais sortudos. Gente como Stevie Wonder, Supertramp, Bee Gees, Rolling Stones, Eagles e Carlos Santana. E como a trajetória do gênero foi escrita em inglês, nunca houve releitura do pop francês. “Quando estamos no palco, prestamos muita atenção na plateia. É divertido reparar as pessoas ao ouvir a nossa música sorrir assim que reconhecem, e começar a dançar felizes da vida! O que importa se foram os pops que nos farão conhecidos agora? - continua Montaut.


FONTE


Não é nada não é nada, é uma deliciosa maneira dos iniciantes no gênero, injetarem um pouco de jazz em suas vidas. No caso, como reza o conceito do I Love Jazz [BH], o mais tradicional jazz que há. "Afinal, segundo Montaut, no original, os hoje hits, foram pensados exatamente assim como os executamos agora." Nisso, do tradicional jazz, os franceses do Pink Turtle são absolutamente fieis às raízes. Pode acreditar.


Pink Turtle (Pop In Swing) 2009

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Paolo Conte (The Best of) 1998



Paolo Conte nasceu em Asti, Itália, a 6 de Janeiro de 1937. Desde menino, começou a cultivar o que ainda hoje são as suas grandes paixões: o jazz americano e as artes visuais. A escrita das suas cancoes já começaram numa idade avançada, no início com seu irmão, Giorgio Conte, e mais tarde como compositor isolado. Formado em Direito, dispendeu grande parte da sua vida como advogado. No entanto, entusiasta do jazz, foi inspirado não apenas pela vida diária, mas também pelo cinema e pela literatura compondo músicas baseadas em livros e filmes. O seu estilo jazzístico delicado e acústico, incorpora frequentemente elementos latinos nativos tais como o tango, o samba e o quadrille.


Nos anos 60, o seu estilo, altamente original, tornou-se popular com as vozes dos cantores mais famosos da altura: “Coppia più bella del mondo” e “Azzurro” foram cantadas por Celentano, “Insieme a te non ci sto pie”por Caterina Caselli, “Tripoli 69 por Patty Pravo, “Nuvole de Messico” por Enzo Jannacci, “Genova por o noi” e “Onda su Onda” por Bruno Lauzi, entre outros.


"Em 1974 um album intitulado “Paolo Conte” foi lançado, seguido por outro no seguinte ano com o mesmo título. Representam o seu princípio da carreira como cantor de suas próprias cancoes. Mas foi somente em 1979, com “Gelato Al Limon” que o público começou realmente a conhecer e apreciar Paolo Conte. Em 1981, o lançamento de “Paris Milonga” foi marcado por um dia inteiro dedicado a seu trabalho, organizado pelo Clube Tenco em Sanremo. Em 1982, foi lançado “Appunti Di Viaggio”. Em 1984 Conte lançou um outro album intitulado “Paolo Conte” que lhe trouxe a fama internacional e a possibilidade de se internacionalizar. O fruto desta excursão europeia é o registro vivo intitulado “Concerti”. 1987 era o ano de um novo projecto: “Aguaplano”, um duplo álbum seguido por uma digressão pelo mundo (França como habitualmente, mas também Holanda, Alemanha, Áustria, e mesmo os Estados Unidos da América), e participações nos mais importantes festivais mundiais de jazz. Depois de um interregno, interrompido pelo lançamento de um novo álbum ao vivo “Paolo Conte Live” (1988), produziu o que é considerado um de seus albuns mais proeminentes, “Parole d'amore scritte a la macchina”, que revela um lado despercebido do singer-songwriter, cheio de ideias musicais novas. Com o “Novecento” em 1992, retornou a seu estilo clássico, seguido de “Tournée Live” em 1993, e em 1995 lançou o álbum mais maduro de sua carreira, “Una faccia in prestito”, produzido brilhantemente com a sustentação de uma equipe first-class de músicos profissionais. 1996 o álbum, “The Best Of Paolo Conte” foi lançado não somente nos países usuais, mas também, para a primeira vez, nos Estados Unidos da América.


Sua digressão americana de 1998 transformou-se num enorme sucesso. Durante esse ano, “Tournée 2 foi lançado como uma continuação do seu álbum ao vivo "Tournée Live", e inclui cancoes nunca cantadas ao vivo. No ano 2000, Conte terminou “RazMataz”, um projecto com que sonhava há mais de vinte anos: um conto no jogo musical, em Paris dos anos 20, que combinam Europa velha e música negra. Depois da edição do CD musical, é lançado “RazMataz” em DVD onde o autor utiliza cerca de 1800 desenhos e aguarelas suas, obras que também fazem parte de várias exposições pela Europa."


Texto fonte


Uma boa maneira de descobrir um artista raro de país sem maiores tradições na música dita pop contemporênea - embora o termo esteja um tanto distante daqui -, é ouvir uma compilação caprichada. A partir disso, decide-se se gosta e se vale a pena correr atrás das obras citadas ou dela completa. O fato é que a refinada música de Paolo Conte atiçou-me a curiosidade. Eu mesmo serei um daqueles que vou querer ir atrás de ouvir bem mais do que acabo de conhecer nesta boa coletânea. Estou só no começo ainda.




Paolo Conte (The Best of) 1998





quinta-feira, 9 de julho de 2009

Hadouk Trio (Utopies) 2006


Entre as mais importantes, relativamente recentes e não clássicas realizações da editora francesa Naïve está um disco que merece um destaque muito especial: Utopies, lançado em 2006, do Hadouk Trio.

Quinto álbum da banda constituída por Loy Ehrlich (baixo), Steve Shehan (percussões) e Didier Malherme (sopros), no qual desta vez se junta como convidado especial Jon Hassell (trompete), este trabalho representa a nouvelle vague de uma música universalista, que funde o jazz com a world music (especialmente inspirada na África marroquina e na Ásia armênia), mas não só... O que sequer é de estranhar, uma vez que Didier Malherbe esteve profundamente ligado à liberalização cultural vinda do Maio de 1968, em Paris, tendo posteriormente formado o grupo Gong e trabalhado com figuras preponderantes nas novas músicas das décadas de 70 e 80 como Daevid Allen, Steve Hillage, Mike Howlett e Pierre Moerlen (no próprio Gong e em trabalhos solos desses mesmos músicos). Enfim, Malherbe é uma das cabeças mais inquietas e criativas da Hidra Gong. Um instrumentista capaz de dominar todo e qualquer instrumento, por mais exótico que seja. Ehrlich já tocou ao lado de nomes consagrados da música internacional como Youssou N’Dour e Peter Gabriel. Mestre em vários instrumentos, é brilhante tocador de kora (viola da África Ocidental, com 21 cordas) e tem grande reputação como arranjador, produtor e programador do Festival Essaouira. Steve Shehan é um músico eclético, convocado sempre pelos grandes astros do rock internacional, como Paul Simon, Paul McCartney, Brian Eno e vários outros.


Sucedendo-se ao 1º álbum "Eponyme" de 1995, da Tangram, "Shamanimal", Celluloid (a ser reditado em Setembro pela Naïve), "Now" (idem) e "Live à FIP" (2004, Celluloid), este novo "Utopies" é um trabalho maior no seu género, tendo rapidamente alcançado em França o nº 1 do Top de vendas de discos de jazz. Disco que em Portugal está também a ser um grande sucesso!


Fonte: Andantemusic. (Portugal)


Hadouk Trio (Utopies) 2006


Hadouk Trio (Utopies) Part 2