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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Mama Compilation One


Este post vai cheio de imagems e cheio de vida - em vídeo. É por uma boa causa... uma mulher com a qual me sinto em dívida, por não ter atinado para o seu talento há muitos anos - então é um make mea culpa. Quando a conheci, participando numa faixa num dos álbuns de Michael Franti não dei muita atenção. O Franti - rapper e ativista político, convicto de sua posição como artista com uma missão que vai além (ele acredita) de fazer uma música engajada - era o meu interesse na época. Agora... o meu erro é me perder nos assuntos adjacentes. Já que pra Franti já deixei 2 links - aí atrás.

Então cá o assunto é Marie Daulne! AKA, Zap Mama! Como disse a ouvi há uns bons anos, baixei algumas músicas soltas em tempos de Kazaa, mas havia muita sede de conhecer tudo de todo mundo ao mesmo tempo agora e, eis aqui uma bela fórmula "com sede ao pote", de não se conhecer muito de coisa alguma. Somente no começo desta semana, ao saber de um novo lançamento do Michael Franti, onde, como sempre, Marie Daulne colabora, me lembrei de baixar um disco da moça e ver-lhe a face. Além de descobrir uma artista talentosíssima, que bela mulher encontrei! Vejamos o efeito que ela fará nos vocês. Comigo foi conhecer de verdade e correr atrás de toda a obra da moça (é um grupo vocal mas foi Marie Daulne quem criou o conceito) e ouvir muito atentamente dessa vez.

Ao invés de escolher um álbum para postar - estou numa fase totalmente "compilation" -, fiz um literalmente trabalhaço de seleção - foi um dia inteiro ouvindo e escolhendo faixa por faixa, até fechar o especial da moça.

O texto abaixo, que editei de um blog português fala que as Zap Mama têm, no mínimo, duas fases bem distintas na carreira, total verdade. Como os 7 originais até então editados são de excelente qualidade, me ative ao começo da carreira, onde o que se ouve, sem exagero, pode elevar as Zap Mama, em vossa seleta opinião, assim como na minha já elevou, a categoria de "a mais orgânica banda vocal" que já existiu sobre a Terra. Então dirá o leitor: "mas banda vocal é um contra-senso e se existrir está implícito ser orgânica." Pois é. E eu não podia ter dito orquestra? Mas, só vai entender quem escutar. Elas cantam, não só vocalizações da música como a conhecemos, mas os sons da terra e de tudo que cá habita e ressoa. Pode até haver outros grupos com as mesmas intenções, mas para atingir tamanha qualidade, é de se duvidar quem as supere. Não custa insistir: só entende quem escuta. Na seleção das músicas, detive-me ao meio da tragetória - do começo, quando o grupo era somente vocal até o quarto álbum solo de 1999, já elas acompanhdas de banda. Mas ora pois se não estou a contaire tudo aqui! No texto do português editado continuamos a história.

Filha de pai Belga e mãe Congolensa, Marie Daulne mudou-se para Bruxelas aos 3 anos de idade, quando começou a sua odisseia musical. Enquanto as outras crianças aprendiam a tocar instrumentos clássicos, a mãe de Marie preferiu ensinar-lhe as polifonias dos pigmeus africanos. Aos 18 anos Daulne regressa ao Congo, onde cria o grupo Zap Mama em 1990.

Ao todo (até 2009) editaram 7 álbuns solos. O primeiro, Adventures in Afropea (1992), é estritamente vocal. E já no segundo, Sabsylma (1994), receberam indicação ao Grammy de melhor álbum na categoria "World music". Estes foram os álbuns onde Zap Mama desenvolveu realmente o poder e as possibilidades da voz feminina como instrumento musical. Ver o vídeo desta fase.

Caso não consiga visualizar clique aqui.

Em 1997 com o álbum - Seven, as Zap Mama começaram a trabalhar com instrumentistas, contando com a colaboração de lendas do Reggae e do Dub U-Roy e Michael Franti (Spearhead). No seu quarto álbum - A Ma Zone (1999) - as Zap Mama operaram uma verdadeira transformação musical. O single "Rafiki", com a participação de Black Thought, do The Roots (que não consta desta compilação), foi o primeiro passo para uma nova direção no grupo.

Aqui, com a participação de Erikah Badu:

Caso não consiga visualizar clique aqui.

Nesta "Compilation One", exclusiva da Casa, temos a citada primeira etapa da evolução do grupo vocal. Nas primeiras nove faixas, as moças nos levam por uma viagem à savanasafricana, brincam com o som da fauna local e tribos nativas, sem deixar, com a experiência, de fazer música de ótima qualidade. E quem quiser a experiência sem restrinções, a casa recomenda começar com os álbuns "Sabsylma" da 1ª fase vocal e o "Seven" já intrumentalizado, como dois álbuns mais representativos da carreira das Zap Mama.

Para fechar, uma entrevista com a simpática Marie Daulne que, entre tantas paixões, revela um indisfarçável desejo de mais Brasil. Ela diz que esteve aqui? Tipo, quando? E porque não volta , tipo, zap Mama?

Caso não consiga visualizar clique aqui.

Mama Compilation One (1992 - 1999)

Parafraseando o Mano... Como é bom poder gostar d'outros elementos...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Paolo Conte (The Best of) 1998



Paolo Conte nasceu em Asti, Itália, a 6 de Janeiro de 1937. Desde menino, começou a cultivar o que ainda hoje são as suas grandes paixões: o jazz americano e as artes visuais. A escrita das suas cancoes já começaram numa idade avançada, no início com seu irmão, Giorgio Conte, e mais tarde como compositor isolado. Formado em Direito, dispendeu grande parte da sua vida como advogado. No entanto, entusiasta do jazz, foi inspirado não apenas pela vida diária, mas também pelo cinema e pela literatura compondo músicas baseadas em livros e filmes. O seu estilo jazzístico delicado e acústico, incorpora frequentemente elementos latinos nativos tais como o tango, o samba e o quadrille.


Nos anos 60, o seu estilo, altamente original, tornou-se popular com as vozes dos cantores mais famosos da altura: “Coppia più bella del mondo” e “Azzurro” foram cantadas por Celentano, “Insieme a te non ci sto pie”por Caterina Caselli, “Tripoli 69 por Patty Pravo, “Nuvole de Messico” por Enzo Jannacci, “Genova por o noi” e “Onda su Onda” por Bruno Lauzi, entre outros.


"Em 1974 um album intitulado “Paolo Conte” foi lançado, seguido por outro no seguinte ano com o mesmo título. Representam o seu princípio da carreira como cantor de suas próprias cancoes. Mas foi somente em 1979, com “Gelato Al Limon” que o público começou realmente a conhecer e apreciar Paolo Conte. Em 1981, o lançamento de “Paris Milonga” foi marcado por um dia inteiro dedicado a seu trabalho, organizado pelo Clube Tenco em Sanremo. Em 1982, foi lançado “Appunti Di Viaggio”. Em 1984 Conte lançou um outro album intitulado “Paolo Conte” que lhe trouxe a fama internacional e a possibilidade de se internacionalizar. O fruto desta excursão europeia é o registro vivo intitulado “Concerti”. 1987 era o ano de um novo projecto: “Aguaplano”, um duplo álbum seguido por uma digressão pelo mundo (França como habitualmente, mas também Holanda, Alemanha, Áustria, e mesmo os Estados Unidos da América), e participações nos mais importantes festivais mundiais de jazz. Depois de um interregno, interrompido pelo lançamento de um novo álbum ao vivo “Paolo Conte Live” (1988), produziu o que é considerado um de seus albuns mais proeminentes, “Parole d'amore scritte a la macchina”, que revela um lado despercebido do singer-songwriter, cheio de ideias musicais novas. Com o “Novecento” em 1992, retornou a seu estilo clássico, seguido de “Tournée Live” em 1993, e em 1995 lançou o álbum mais maduro de sua carreira, “Una faccia in prestito”, produzido brilhantemente com a sustentação de uma equipe first-class de músicos profissionais. 1996 o álbum, “The Best Of Paolo Conte” foi lançado não somente nos países usuais, mas também, para a primeira vez, nos Estados Unidos da América.


Sua digressão americana de 1998 transformou-se num enorme sucesso. Durante esse ano, “Tournée 2 foi lançado como uma continuação do seu álbum ao vivo "Tournée Live", e inclui cancoes nunca cantadas ao vivo. No ano 2000, Conte terminou “RazMataz”, um projecto com que sonhava há mais de vinte anos: um conto no jogo musical, em Paris dos anos 20, que combinam Europa velha e música negra. Depois da edição do CD musical, é lançado “RazMataz” em DVD onde o autor utiliza cerca de 1800 desenhos e aguarelas suas, obras que também fazem parte de várias exposições pela Europa."


Texto fonte


Uma boa maneira de descobrir um artista raro de país sem maiores tradições na música dita pop contemporênea - embora o termo esteja um tanto distante daqui -, é ouvir uma compilação caprichada. A partir disso, decide-se se gosta e se vale a pena correr atrás das obras citadas ou dela completa. O fato é que a refinada música de Paolo Conte atiçou-me a curiosidade. Eu mesmo serei um daqueles que vou querer ir atrás de ouvir bem mais do que acabo de conhecer nesta boa coletânea. Estou só no começo ainda.




Paolo Conte (The Best of) 1998





quarta-feira, 12 de agosto de 2009

RAIVO TAFENAU - TAKE OF

Não, caro navegante louco por música, não será a peladinha que a seleção brasileira fará /já está fazendo/fez contra a Estônia, o evento que espera-se - de um louco por música -, venha a atrair a atenção para aquele pequeno país da Europa Setentrional. Mas... E este vídeo aqui?



Raivo Tafenau
Raivo Tafenau - one of the best sax players in Estonia has built up his reputation in Estonia, Finland and also Russia. He is a very accomplished saxophonist who has his own popular quintet recently featuring the wonderful vocals of Sergio Bastos from Brazil and Neda from Lithuania
The album with the Quintet featuring Sergio Bastos the Brazillian singer is called "Ice on Ipanema". It contains a very dancy upbeat first track and some emotionally charged songs which fuse the warmth of Brazil vocal emotion with the coolest of saxophones from Estonia. BurningCandle favourite is the 'hair on the back of the neck' Nuvens Gravidas.

Performances so far have been sell-outs, receiving standing ovations in concert halls and clubs alike! The Raivo Tafenau Quintet features:

Performances so far have been sell-outs, receiving standing ovations in concert halls and clubs alike! The Raivo Tafenau Quintet features:

Sergio Bastos, vocals (BR)
Petteri Hasa on drums (FI)
Ricardo Padilla, percussion (BR)
Ain Agan, guitar (EST)
Raivo Tafenau, sax (EST)
Mihkel Mälgand, bass (EST)

... E este disco de bossanova Estoniana?

Raivo Tafenau (Ice On I
panema, feat. Sergio Bastos) 2003

Camarada navegante, quando digo louco por música penso naquele tarado mesmo, que caça a perseguida onde quer que ela esteja ou seja. Numa busca quase frenética de descobrir, no caso, o que é que a estoniana tem. Vai que ela é boa, ela é gostosa... - essa vai em homenagem ao amigo Bruno da Bocaina.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Staff Benda Bilili (Trés Tres Fort) 2009




Este aqui é um legítimo parem as prensas de última hora. E quem são esses agitadores, causadores do reboliço logo após o blog sofrer a violação de seus direitos? Staff Benda Bilili, jo. Foi bater no ouvido, valer na alma e postar. de coração! Admirável grupo novo de artistas paraplégicos congoleses, guitarristas, cantores e compositores de rua e... vai ser excelente assim lá em Kinshasa!, acompanhados por uma secção rítmica acústica de jovens meninos de rua dos quais se destaca Roger Landu de 17 anos tocando uma espécie singular super maximinimalista de alaúde de uma corda, idealizada e construída pelo próprio e do qual arranca solos fenomenais. A música do grupo é um cocktail descarga cubana com jazz, afro-pop, funk e soul, numa sutil mistura de tradicional e moderno que enquanto arrebata-lhe os sentidos desconjuntando-te as juntas numa espécie de furor primal tribalista, vai alertando à coletividade sobre questões importantes de pobreza e violência na África, a falta de habitação, a saúde pública que simplesmente inesistte e a poliomielite que inevitavelmente atingiu em tenra idade os elementos mais velhos da banda. A maioria dos Staff canta em vários idiomas e as harmonias são um dos seus trunfos mais importantes.


É muito bom isso aqui. Nem acabe de ler e vai baixar! Que a Cuca, (leia-se DMCA) pode vir pegar.


Só mais uma informaçãozinha para se ter idéia da atenção que se dá às subumanas condições sociais africanas: em alguma campanha publicitária as Nações Unidas se utilizaram de uma canção do grupo sem a devida autorização ou créditos, fato que levou os Staff Benda Billi a processar a mesma “organização” que supostamente foi fundada para defender-lhes o direito. Maravilha, não? Anfã...


De Portugal vem mais informações:


"(...) uma das mais relevantes edições discográficas para o primeiro trimestre de 2009 tem destaque óbvio para o grupo congolês Staff Benda Bilili. Um colectivo de músicos de rua. que não sabem ler nem escrever e nunca aprenderam a compor. Sua música, fazem de ouvido, os instrumentos improvisam com quinquilharias que acham na rua. Deveriam ter estado na última edição da WOMEX (caso não tivesse havido a habitual dificuldade na obtenção de visto para entrada na Europa). “Très Très Fort” é o primeiro álbum dos Bilili, editado pela etiqueta belga Crammed Discs, que poderia ser uma espécie de terceiro volume da série Congtronics. De referir que o produtor deste disco é Vincent Kenis, responsável pelo som electro-rústico de Kasaï Allstars e Konono nº1"


"Très Très Fort" foi gravado ao ar livre, no jardim zoológico de Kinshasa. Está à venda (Amazon, por exemp.) desde Março deste ano (2009).

Na língua deles, "Benda Billi" significa "ver para além das aparências".

Aos que exercem o dom natural da consciência, "ver além das aparências" não chega a ser uma habilidade sobre-humana. Ou é?


Staff Benda Bilili (Trés Trés Fort) 2009


Staff Benda Bilili (Trés Tres Fort) Part 2


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Hadouk Trio (Utopies) 2006


Entre as mais importantes, relativamente recentes e não clássicas realizações da editora francesa Naïve está um disco que merece um destaque muito especial: Utopies, lançado em 2006, do Hadouk Trio.

Quinto álbum da banda constituída por Loy Ehrlich (baixo), Steve Shehan (percussões) e Didier Malherme (sopros), no qual desta vez se junta como convidado especial Jon Hassell (trompete), este trabalho representa a nouvelle vague de uma música universalista, que funde o jazz com a world music (especialmente inspirada na África marroquina e na Ásia armênia), mas não só... O que sequer é de estranhar, uma vez que Didier Malherbe esteve profundamente ligado à liberalização cultural vinda do Maio de 1968, em Paris, tendo posteriormente formado o grupo Gong e trabalhado com figuras preponderantes nas novas músicas das décadas de 70 e 80 como Daevid Allen, Steve Hillage, Mike Howlett e Pierre Moerlen (no próprio Gong e em trabalhos solos desses mesmos músicos). Enfim, Malherbe é uma das cabeças mais inquietas e criativas da Hidra Gong. Um instrumentista capaz de dominar todo e qualquer instrumento, por mais exótico que seja. Ehrlich já tocou ao lado de nomes consagrados da música internacional como Youssou N’Dour e Peter Gabriel. Mestre em vários instrumentos, é brilhante tocador de kora (viola da África Ocidental, com 21 cordas) e tem grande reputação como arranjador, produtor e programador do Festival Essaouira. Steve Shehan é um músico eclético, convocado sempre pelos grandes astros do rock internacional, como Paul Simon, Paul McCartney, Brian Eno e vários outros.


Sucedendo-se ao 1º álbum "Eponyme" de 1995, da Tangram, "Shamanimal", Celluloid (a ser reditado em Setembro pela Naïve), "Now" (idem) e "Live à FIP" (2004, Celluloid), este novo "Utopies" é um trabalho maior no seu género, tendo rapidamente alcançado em França o nº 1 do Top de vendas de discos de jazz. Disco que em Portugal está também a ser um grande sucesso!


Fonte: Andantemusic. (Portugal)


Hadouk Trio (Utopies) 2006


Hadouk Trio (Utopies) Part 2

quinta-feira, 28 de maio de 2009

TINARIWEN - AMAN IMAN: WATER IS LIFE (2007)


INSISTINDO NO SE ORINTE RAPAZ...: Peguei meu camelo e pedalei pro Mali. Isto é uma repostagem.

Os primeiros trabalhos discográficos dos Tinariwen chegados à ribalta internacional, «The Radio Tisdas Sessions» e «Amassakoul», mostravam já, claramente, as potencialidades destes tuaregues armados de guitarras electricas e de seu trabalho produzido em gnawa, de música árabe, da tradição própria (tuaregue) e de outras músicas apanhadas em rádios a pilhas: os blues, o rock psicadélico, o rock ácido da Costa Oeste dos Estados Unidos dos anos 60. Mas nenhum deles tinha o fulgor, a chama, a verdade que está presente no novo álbum «Aman Iman» (que tem como sub-título revelador «Water Is Life»). Em «Aman Iman», os Tinariwen fazem uma música muito mais verdadeira, direta, ativa, «in your face», e dão-nos uma lição de música sem fronteiras nem grilhões nem auto-censura de espécie alguma. «Aman Iman» é um álbum que se ouve do princípio (o tema de abertura, «Cler Achel», é o resumo perfeito de tudo o que vem depois e parece uma jam de Jimi Hendrix com os Jefferson Airplane se todos eles tivessem nascido no Sahara, com Grace Slick incluída) ao fim (o tema de fecho, «Nak Assarhagh», é uma balada mágica e hipnótica, belíssima) sempre com um sorriso nos lábios, uma ginga em partes secretas do corpo e um tremor constante na alma, como se esta música nova, novíssima, fosse já uma nossa velha conhecida. «Aman Iman» é um álbum de rock? Seria, se o rock ainda fosse isto: aquilo por que vale ainda a pena viver e... viver fazendo disso uma forma de arte.

TINARIWEN - AMAN IMAN

Atenção que este tem senha/pass: zombi

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Cheikha Rimitti (Nouar) 1999




"O Rai é um movimento musical que apareceu no inicio do século XX, em Oran. A origem da palavra Rai , que significa “opinião”, “aviso” ou “ponto de vista”, viria da época onde o cheik (mestre), poeta da tradição do Melhon (???), recitava sabedoria e conselhos através de poesias cantadas em dialeto local. O Rai inicial cantava o amor e os valores morais nas festas populares mas também tinha uma vertente irreverente que escapava ás regras islâmicas. Essa última, reduzida à clandestinidade, era cantada essencialmente nas tavernas e nos "souks" (mercado tradicional). Estas duas formas vieram dar origem ao Rai Moderno. Na sua fase inicial, a partir dos anos 20, destacaram-se vários mestres entre eles a “rainha do Rai” a Cheikha Rimitti."

A única informação segura, importante, de passado remoto que guardei sobre a Argélia e que não tive que consultar o pai dos burros cibernéticos Wikipédia, é que lá é a terra do estrangeiro Albert Camus. Agora, graças ao Fripp (vide postagem abaixo), descobri quem seja, talvez, a mais importante cantora Argelina e que o som rústico dessa senhora me arrebatou totalmente. Acaba que esse disco, sem o estrangeirismo de Fripp e Flea, gostei até mais. Sem desmerecer o ábum do andar de baixo, claro. Ah, sim. Antecipando a piada da vez,
Cheikha Rimitti, não chega ser em formosura, tão bela quanto aquela... Como é mesmo o nome dela?

Mas anfã. Amigo, resistente, por favor, reveja os seus conceitos empregnados e encardidos de ocidente. Provar pode até contagiar mas não contamina. E a vice se versar é porque foi bom pra você.

Cheikha Rimitti (Nouar) 1999

AND THE ''MACACO COCA'' GOES TO...



Fosse um cara paciente, um tanto ou muito adoentado, instituiria o meu próprio prêmio “blogueiro do mês” (pra distribuir entre os colegas, a semelhança dos Dardos que inundam a blogsfera). O mimo eu batizaria de “Prêmio Macaco Coca” – para entender a idéia o leitor terá que clicar o link e assistir a deliciosa animação de “Música & Fantasia” (Bruno Bozzetto). Clica que te fa bene. É como já disse e não canso de repetir: o único produto perfeito e acabado é a coca-cola. O resto é Zero! Zero em intenção, criatividade... zero em tentativa e 1000 em erro. Graças a deus, aliás, porque a perfeição é um ovo. Impossível extrair ou acrescentar algo sem danificar o objeto na forma e conteúdo. A verdadeira arte não busca a perfeição. Então a busca da perfeição para mim não cola.


Em que consistiria o prêmio Macaco Coca? Simples: vence quem postar a maior raridade musical do mês. Nacional ou importada, não importa. Mas como além de preguiçoso sou vaidoso à vera – e totalmente imperfeitinho -, a 1ª e única edição do Macaco Coca, fica pra esta postagem própria aqui do Sônico mesmo. Afinal quem conseguiu encontrar na rede um álbum com a seguinte reunião improbabilíssima: Robert Fripp (King Crimson, trademark, desde 1969 prestando belos serviços à música); Flea (Red Hot Chilli Peppers), East Bay Ray da banda punk Dead Kennedys? E... (afinou o portunhol?)


"Cheikha Rimitti nació en Tessala (Argelia) el día 8 de mayo de 1923 y murió en Paris el día 15 de mayo de 2006. Descendiente de rifeños, su aportación a la música argelina la convierte en una auténtica innovadora y en la gran figura del raï, siendo la maestra de cantantes como Cheb Khaled, Cheb Mami, etc.


Cheikha Rimitti....em los años 50´s con sus letras sobre el estatus de la mujer, el amor, el placer carnal o incluso el alcohol (Rockera!!!) la enemisto con el publico integrista mediocre de turno.Posee una atmósfera al componer que hunde sus raíces en las músicas magrebíes, como es el rai, su carácter tresgesor y revolucionario quedaron en manifiesto desde su disco Charrak gatta de 1954, que contenía un velado ataque al tabú de la virginidad. Nacida en la región de Orán, Rimitti, cuyo nombre real era Saida, logró la fama mundial gracias a este disco que en 1993 grabó con Sidi Mansour, Robert Fripp líder del grupo King Crimson, , el bajista Michael Peter Balzary, más conocido como "Flea" de los Red Hot, East Ray Bay (Dead Kennedys) y los metales de Frank Zappa, músicos de los cuales no tendría que explicar nada si estas en este blogg...
Fusionaron sus expresiones haciendo un disco fresco y muy profundo. A disfrutar publico libre!!!


FLEA sobre o álbum: “Probably my favorite is an album by Cheikha Rimitti called Sidi Mansour. She sings so beautifully. It's rhyme and traditional North African music mixed with me on bass, Robert Fripp on guitar, and the Dead Kennedys' East Bay Ray on guitar. The songs are kind of tribalish grooves, and I'm playing funky bass over percussion and microtonal flute.”


E aí o navegante (que não é o leitor! Não me vista a carapuça!) estufado em seu saber e seu enfado intelectual, balbucia algo como: "Ih, isso deve ser mais uma daquelas P.U.N.H.E.T.A.s" (Processo Unilateral de Normalização Hormonal por Estimulação Temporária Autoinduzida) "do Fripp..." Vai nessa, sabichão. Vai nessa...


Cheikha Rimitti, Robert fripp, Flea and East Ray Bay - 1995 - 4 Share


Cheikha Rimitti, Robert fripp, Flea and East Ray Bay - 1995 - rapidshare

sábado, 20 de dezembro de 2008

JUANA MOLINA - UN DIA (2008)



É bem possível que você não tenha ouvido falar em uma cantora chamada Juana Molina. Mas sempre é tempo de descobrir uma artista completa como ela. E para aqueles que já a conhecem, o novo disco Um Día é a oportunidade de redescobri-la e mergulhar em um universo repleto de complexidade harmônica e melodicamente perturbador. Mas não tome esta descrição como um defeito, muito pelo contrário. Estamos tratando de uma artista que ultrapassa o convencional para dar a luz a músicas que se assemelham apenas com elas mesmas, sem soar como algo repetitivo e já feito milhares de vezes antes.

Molina começou a carreira cedo, como atriz em um programa que fez muito sucesso na Argentina. No entanto, talvez por influência do pai cantor de tango, a vontade da moça sempre foi trabalhar com música. Esta paixão latente, despertada por influências que talvez não sejam compatíveis com seu trabalho, como King Crimson e Led Zepellin, a levaram ao lançamento de seu seu primeiro disco, Rara, em 1996. Doze anos depois, o quinto trabalho serve como o exemplar da personificação de uma artista completamente original e intrigante.

Seja por sua voz, ou pela construção estrutural de suas canções, ouvir as canções de Molina deixa de ser apenas um ato de degustar uma experiência auditiva para passar a tratar-se de uma experimentação complexa e infindável. Começando por “Dar (qué difícil)” já se percebe que as melodias não são criadas como a aglutinação de vários instrumentos separados. Qualquer som, gemido, barulhinho eletrônico ou até mesmo desconhecido é parte essencial de um todo que funciona na mais perfeita harmonia.

Ao contrário da mexicana Julieta Venagas, que vem conquistando os brasileiros desde sua participação no magnífico acústico de Lenine, Juana Molina não busca a criação de canções que provoquem aquela certa sensação de serenidade no público, pelo contrário. Canções como “Lo dejamos” e “Los hongos de Marosa” até provocam um certo estranhamento no ouvinte. Não se trata de música pop latina, trata-se de folktrônica.

Como o nome do estilo musical já prevê, a mistura de folk mais eletrônico foge um pouco do contexto que costumamos perceber nos artistas ligados a tradição de seus países. Se algum dia Molina foi comparada com Björk, este paralelo não se trata de um absurdo quando pensamos no poder imaginativo que estas duas artesãs da música têm ao edificar suas criações em um produto completo, um produto final que adquire vida própria perante o público.

Mas não pense em ouvir Un Dia como uma forma de procurar os indícios de outras cantoras mais fomosas com estilo supostamente parecido. Ouça Um día, pensando apenas em Juana Molina e na artista cheia de particularidades que ela vem provando ser durante sua trajetória musical.




JUANA MOLINA (UN DIA) 2008

sábado, 18 de outubro de 2008

MÁRIO LAGINHA TRIO "ESPAÇO"


Aproveitando o mote da postagem no plano abaixo, continuemos no espaço! Finalmente encontrei um álbum do artista que tanto ouvi falar em minhas digressões à terrinha... Digressões virtuais, por enquanto. E que ainda não me havia dado o prazer de conhecer. Infelizmente, Portugal ainda não fincou e fez tremular soberana, sua bandeira no território do Jazz. Ainda!... Músico/pianista de Jazz, Mário Laginha é o nome que mais li,/ouvi falar, desde que comecei a buscar na Rede a música do mundo. No entanto seus discos solos não são nada fáceis de encontrar – quando não se tem dinheiro para mandar importar, claro. Enfim, finalmente, afinal, agora aí está “Espaço”, álbum, sempre no bom sentido, fresquinho de 2007.


Encomendado pela Trienal de Arquitectura de Lisboa (2007), “Espaço” é mais que um belo disco de trio (piano, baixo e bateria) jazz.


A arquitetura é o tema que alicerça esta música simultaneamente geométrica e orgânica: a idéia de estruturas regulares e irregulares, linhas contínuas e descontínuas, superfícies planas ou distorcidas, espaço e a ausência de espaço, é transferida para o universo sonoro, resultando num opus único sobre a forma e suas contradições.


São muitos os aspectos abordados, a configuração das ruas numa cidade (“Tráfico”), a claustrofobia (“Paredes Que Nos Rodeiam”) e o vazio (“Vazio Urbano”, precisamente o mote da trienal) sendo apenas alguns deles, e não necessariamente com propósitos descritivos.

Com Laginha estão o contrabaixista Bernardo Moreira e o baterista Alexandre Frazão (monstros!), nomes fundamentais da cena jazzística portuguesa.

Oiçam, que não se arrependerão.


Para instigar a curiosidade dos que aqui aportam, um depoimento de um gajo que assistiu a uma apresentação de Laginha:


"Tenho as mãos a arder. Depois dos muitos aplausos de ontem, ainda tenho as mãos a arder e a cabeça a borbulhar de boa música.


Foi um prazer estar no lançamento de Espaço, o mais recente trabalho de Mário Laginha. O desafio foi lançado pela Trienal de Arquitectura e a reflexão do músico sobre o espaço que o rodeia foi partilhada ontem connosco, no escurinho quente do auditório da Culturgest. E foi soberbo!


Soberbo não só porque Mário é um compositor genial, mas por tudo. Fascina-me aquela figura tímida que sentada ao piano quebra as barreiras que existem em qualquer espaço, qualquer mente, qualquer corrente musical e consegue misturar no seu trio clássico um jazz mágico e irrequieto que nos envolve, rapta e devolve ao mundo umas horas depois. Voltamos mais ricos. Voltamos melhor. Gosto da figura que pisa um palco eclético com uns ténis de montanha confortáveis, que deixa os pés flutuarem sobre o chão ao ritmo das fugas e melodias, que me engana os sentidos ... quando o som do piano parece ser tocado por muito mais do que dez dedos humanos. Tão humanos que só posso descrevê-los como geniais. Bernardo Moreira no contrabaixo e Alexandre Frazão na bateria completam o trio Laginha."


A mim me encanta! E, em casa, ouvindo singela reprodução mp3 da obra, a impressão que ficou foi: o álbum é curto demais. Curti demais. Daqueles discos, que no tempo das eletrolas, apertaria-se um botão encardido e o braço levantaria daquele espaço onde já girava em falso fazendo plec plect esbarrando repetidas vezes no rótulo, e sozinho – que tecnologia admirável! – percorreria o mesmo caminho de volta, baixaria em câmera lenta, na primeira faixa e voltaria a tocar, tudo novamente agora.


É por isso que invejo o único fiel espectador/baixador ouvinte deste blog (deve haver um). Ele se dá esse luxo de apertar uma tecla e ouvir tudo de novo... E quantas vezes quiser! Pra mim, nessa rotina estafante... a fila tem que andar.


Prazerzão te conhecer, Laginha! Beijo, me liga!


MÁRIO LAGINHA (ESPAÇO) 2007

sábado, 4 de outubro de 2008

Soil & Pimp Sessions (Planet Pimp) 2008


Grupo club jazz japonês que vem recebendo destaque internacional desde o álbum homônimo (2006), devido ao realce por parte de DJ’s a combinações inusistadas, acid/free jazz cheio de adrenalina, enorme espírito desbravador, plural, viking (?)...

Depois de terem conquistado algum espaço na UK, ainda em 2005 foram convidados pelo grupo alemão Jazzanova a actuar em Berlim, abrindo-lhes desde aí a oportunidade para trilhar o Japão e continente europeu divulgando o seu trabalho. Em 2006, Pimp Master foi lançado na Europa e, o sexteto para além de continuar em tour extensiva pelo velho continente, marcou presença no Festival de Montreux. Planet Pimp é o mais recente e quarto trabalho de 2008.

E que som, amiguinho. Cês viram que o blog anda make num recesso sônico, em virtude de Gabeira, que merece toda a atenção. Mas este albão de última hora furou a fila legal! ...e até a preguiça santa local. O bode foi pro espaço - e o coelho também! Pé de pato bangalô 3 vez!... eu diria... Tens dúvida? Pegaí e vê se não é!... Cara teimoso...

Soil & Pimp Sessions (Planet Pimp) 2008

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Chano Dominguez (Hecho a Mano) 1996



Com sólida formação de flamenco, Chano Domínguez aprendeu a tocar guitarra de ouvido. Atreveu-se entretanto por diversas áreas do rock, antes de se dedicar por inteiro as suas influências in jazz com o Chano Domínguez Trio, e de passar pelas formações de Pepe de Lucía, Potito e Juan Manuel Cañizares.

Chano Domínguez nasceu em Cádiz em 29 de Março de 1960 (ou seja, um muleque pros padrões convencionados). Aos oito anos o pai ofereceu-lhe seu primeiro instrumento, uma guitarra flamenca com a qual começou a tocar. Aos 18 formou um grupo de rock andaluz, no qual tocava teclados. Gravou três discos para a CBS. Atraído pelo jazz, em 1981 integrou, como tecladista, a banda Hiscadix e nela ganhou sólida reputação como músico, prêmios e presenças em festivais. Ao longo dos anos Domínguez apurou a fusão de ritmos e linguagens do jazz e do flamenco, manifestada na abordagem do swing e da improvisação, cruzados com a energia e a espontaneidade do flamenco. "Cádiz na alma e Thelonious Monk nos dedos", como alguém sintetizou.

Oye cómo viene, foi seu álbum aclamado pela crítica e nomeado para os Grammy na categoria de Jazz Latino (2002), com Chano Domínguez piano, Mario Rossy, contrabaixo; Marc Miralta, bateria; Blas Cordoba "Keíjo", canto e palmas; e Tomás Moreno "Tomasito", dança e palmas. Mas no meu entender, este álbum ter sido destacado para ganhar prêmios importantes, dá-se mais pelo fato de ter sido numa época em que Chano já conquistava os ouvidos do mundo. Não seria ainda, na minha opinião, um disco para se introduzir aos iniciantes. Fiz uma escolha mais palatável para isso. Escolhi um disco, mezzo a mezzo. Nem tanto ao jazz, nem tanto à Espanha.

Enfim, o flamenco jazz foi uma variação e experiência completamente nova para mim. E, até onde sei, uma criação (será?) exclusiva de Chano Dominguez. Talvez por ele guardar mais identificação com os dois estilos. Há o fusion espânico de DiMeola, assim como o característico (quando ao jazz) violado do De Lucia. Mas a mim, falou mais original o piano de Chano. É difícil ficar indiferente a este jazz "espanholado" assim como como impossível ficar imune/imóvel também. Mas facinho é o som de Dominguez te fazer incorporar o Antonio Gades que há em tua alma de memória cíclica – ou o Sidney Magal, afinal, su alma, su palma. Brincadeiras a parte, re-ouvi os cds que tenho de Chano e este "Hecho a mano" (1996), não penso duas vezes em recomendá-lo. O cd está recheado de bons músicos, estupenda música - quase todas de autoria do pianista (à exceção da faixa 4 de Bill Evans, e 11 de Thelonious Monk). Tendo ouvido os demais, assim, na base do critério, elegi este como o mais recomendável.

Ah!, ps.: Jô (ó eu metido), é música pra trilhar suas viagens líricas. Em suma e na língua em que melhor me expresso: bom vragarái.

Chano Dominguez (Hecho a Mano) 1996

sábado, 9 de agosto de 2008

Nino Katamadze and Inside [Geórgia / 2004] E... para variar... direto de lá mesmo... em 2008...


GUERRA À VISTA!

Ap, Afp e Reuters:

"Horas depois de forças da Geórgia terem entrado na província separatista da Ossétia do Sul e ocupado sua capital, Tskinvali, na madrugada de ontem, tanques e blindados da Rússia cruzaram a fronteira e começaram a bombardear os invasores georgianos, no mais grave conflito na região - onde 70 mil ossétios lutam desde os anos 90, com apoio russo, por um governo autônomo. O conflito que segundo fontes locais já teria deixado 1400 mortos, começou no enclave e já se espalhou pela ex-república soviética, com aviões russos bombardeando a capital Gerogiana, Tbillisi." (Agora, a melhor parte): "Alarmados, os EUA Exortaram a Rússia a retirar suas tropas da Geórgia, uma aliada de Washington. A China evocou o espírito olímpico e pediu o fim imediato do confronto."

Ou seja: metam-se com os seus assuntos que eu não deixarei de me imiscuir nos vossos.

Ah, os poderosos néscios com seus boçais comandados... Acho que a forma mais eficiente de se aplicar a democracia é aquela exercida nos estádios de futebol. Ali o público exige resultados e os técnicos (espécie de 1º ministro das “nações”) não dando conta, o povo em primeira analise questiona, avalia, protesta, vaia, xinga e se a coisa chega ao patamar do insuportável, o comandante, via de regra, é gentilmente convidado a entregar seu posto. Partindo-se desse eficiente exercício na defesa dos direitos do torcedor - é bom que se diga que pouca ou nenhuma mudança significativa ocorre na vida prática de um sujeito que só torce -, eleições poderiam ser ganhas e perdidas exatamente dessa forma: nos estádios. Como? Ao fim de cada ano de governo, a imprensa faria uma retrospectiva da administração de seu governante em técnico, uma exibição de gala mesmo, com telões e estrelas do jornalismo da competência de um Big Brother Bial, mostrando tudo de bom e ruim que deu na imprensa na administração do ano passado. A população pagaria entrada normalmente, humildes na geral; arquibancadas reservadas à classe média e os mais ricos nas tribunas e camarotes... Claro que, meses antes do show, haveria uma caça rigorosa aos cambistas... No mais, tudo transcorreria como numa partida de futebol. O presidente, no nosso caso, o Lula, no banco - do jeitinho que ele adora! -, bem perto da geral, ministros sentadinhos lá no grande círculo... E come de vídeo tape, sabatinas... Se satisfeitos ou não, a média de aprovação apareceria nos aplausos, apupos e/ou xingamentos. Já o tradicional e inquestionável BURRO!!! bisado com entusiasmo, sumariamente decretaria o impeachment do mau governante. Pensa bem: se com a pecha de “Burro”, no futebol, técnico algum sobrevive no poder, imagine em se tratando do bem estar e a dignidade do indivíduo enquanto cidadão que paga impostos...

Eles não sabem ou não dão a devida importância ao poder devastador que tem a burrice... Por exemplo: uma bomba atômica precisou de muito tempo, cabeças pensantes e, vá lá, até alguma inteligência para ser inventada. Mas não necessitamos mais que um imbecil numa ponta da linha tênue e um idiota na outra, pro nosso mundo virar poeira cósmica. História? E quem estará lá para contar? Ah! Já sei! "No princípio, criou Deus o céu e a terra era sem forma e vazia e havia trevas sobre a face do abismo"... De novo, patrão?!

Como todo brasileiro é um técnico em potencial, no mínimo, excelente conselheiro, me vejo na esquina da criação enquanto Deus patrão tenta estacionar a arca do novo mundo! Eu, uma espécie de flanelinha no Gênesis: Isso, patrão... Agora vira o jogo todo pra direita... Dá só uma ré-zinha agora(rezinha é ótimo!) ...Isso, patrão! Piloto é piloto! Agora pode deixar a arca solta, sem o freio de mão puxado, na minha que tá tranquilo... Mas, patrão, na boa, sem querer me metê nos seus assuntos: s'eu fosse o senhor deixava só os bichinhos pra garantir a integridade do paraíso, sabe? Na boa, tu.., qué dizê, o senhor, já tentou o Adão, não deu certo. Depois veio o Noé, com uma viatura até parecida com essa sua... Babau, qué dizê, Babel, Sodoma, Gomorra... só violência e pornografia. Até teu próprio filho, o senhor mandou pessoalmente, senhor!... Que que nêgo fez? Pregou o muleque logo na cruz pra não deixar dúvidas que é tudo sangue ruim - isso porque ainda não tinham inventado os pneus de micro-ondas... Sem imprensa investigativa, não sobraria nem cruz pra contar a história!... Pensa bem, meu bom (pai). Eu, se eu fosse o sinhô, incluiria vossa imagem e semelhança fora disso aqui. Eu sei, eu sei que és uma figura bem apessoada, intencionada e tal, mas... Afinal, o espelho existe com qual finalidade? ... E é tão mais simples, né, senhor?...

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Nino Katamadze e Inside:

Enfim... Como cá o negócio é valorizar e dar voz a arte da paz - Olimpíadas a parte -, na música, aí vai uma cantora georgiana sensacional. O estilo é jazz-rock-folk com até algumas vezes de MPB. A voz de Nino (que é mulher) me lembrou em certas canções o tom da nossa Tânia Maria – principalmente, em “Cabaret”. “Olei” é o carro chefe. Transpondo-a para a língua local tupiniquim, o refrão fica mais ou menos assim: "Quer falar fudê, quer falá fudê, fudê, fudêiauêia"... Cês hão de concordar que só de falá “fudê” (no bom sentido, como sempre) a tendência popular em qualquer língua ou região é a de manifestar uma vontade fudida de fazê, iauêia iauê.

Aproveitem a dica que, como sempre, é muito boa. Aquele que conhece o Sônico já deve saber que aqui não se leva ninguém pra roubada. Já aquele que cai desavisado, esse deve confiar e final point.

Nino Katamadze & Inside

Saiba mais sobre a cantora clicando aqui

quinta-feira, 10 de julho de 2008

NGUYÊN LÊ (CELEBRATING JIMI HENDRIX PURPLE)


“A LITTLE BIO”:

Filho de Pais Vietnamitas, Nguyên Lê nasceu a 14 de Janeiro de 1959, em Paris. E é um verdadeiro "malabarista" do instrumento, passa da grande intensidade do Rock ao requinte das suas origens Vietnamitas, do trabalho minucioso das sonoridades da Guitarra-Sintetizador, à alegria direta e contagiosa da improvisação. Se inicia na música aos 15 anos, pela bateria, depois a guitarra e depois o baixo elétrico. Larga tudo e licencencia-se em artes plásticas e mais adiante um mestrado de Filosofia sobre o Exotismo. Tudo a ver... Reencontra sua paixão, a guitarra, mais adiante e dela não se separa mais. Co-fundador, em 1983, do grupo "Ultramarine" (andei passeando por essa banda ou ela passeando por meus ouvidos. Muito bom o techno electro Ultramarine!), cujo disco "Dé" foi, mais tarde definido como o melhor álbum no "World Music" do ano de 1989.

Músico autodidata, por vocação, maneja as cordas com a mesma maestria e intimidade seja para trabalhar com o rock, o funk, os standards do Jazz, o jazz moderno, a música experimental, electro acústica, as músicas extra-europeias (África, Caraíbas, Argélia de Safy Boutella, o Vietnam onde aprende o monocórdio, instrumento tradicional, com o seu professor Truong Tang, e a Índia com Sen Gupta e Kakoli)... O cara é o bicho, leitor – esses resenhistas prendem-se a muitos detalhes, se é chato editar esses textos do alheio, que dirá ler. O bom é ouvir. Economizo-te dizendo: não desconfie de tantas digressões estilísticas. O cara dá conta do recado.

Para além dessas informações Nguyên Lê, em Paris, apresenta com Corin Curschellas (voz), Richard Bona (baixo) e Steve Arguelles (bateria), um programa só sobre a música de Jimi Hendrix “Nguyên Lê plays Jimi Hendrix”, que é uma descoberta construções e principalmente descontruções da bem sucedida música do mítico guitarrista, e trabalha na criação de um programa sobre a música vietnamita, da qual ele faz parte – se em rádio ou na tv, o tal programa, não me perguntem. E se descobrirem, informem-me (ulha!). Mas, ou radio ou tevê a inveja terá igual proporção. Já que aqui, no máximo se produz são especiais onde se relembra a vida de astros como os Mamonas Assassinas... Anfã...

THE ALBUM:

Nguyen Le (Celebrating Jimi Hendrix Purple) 2002

1. (A Merman I Should Turn to Be) 1983

2. Manic Depression

3. Are You Experienced

4. Purple Haze

5. Burning of the Midnight Lamp

6. If 6 was 9

7. Voodoo Child

8. South Saturn Delta

9. Up from the Skies

10.Third Stone from the Sun

THE MUSICIANS:

Nguyên Lê guitars, guitar-synth (1, 5, 8, 10), programmed synths (3, 7)

Michel Alibo electric bass (except 3 & 7)

Terri Lyne Carrington drums (all) & vocals (1, 4, 5, 6, 9)

Aïda Khann vocals (2, 6, 7)

Corin Curschellas vocals (3, 10)

Meshell Ndegeocello electric bass (3, 7)

Karim Ziad gumbri & north african percussions (7)

Bojan Zulfikarpasic acoustic piano (1) & Fender Rhodes piano (6, 9)

Em tempo: acrescentei um bonus ao álbum, uma versão à tradicional para “Little Wing” do álbum "Million Waves".

NGUYÊN LÊ (CELEBRATING JIMI HENDRIX PURPLE)

domingo, 29 de junho de 2008

CONCHA BUIKA DE ESPANHA (2006)



Pois é, caro navegador. Nada como estar de corpo e alma numa experiência... Sorte nossa, no entanto, se o narrador (texto abaixo) souber passá-la tão próxima à realidade que basta um trago de imaginação e a mágica acontece. Então se faz possível provar a essência da coisa experimentada in loco, degustá-la - o que já não será nada mal, concordas? - e finalmente, para obra completar-se, dividimos a sensação e a descoberta com o próximo>>>

Concha Buika de Espanha

“...Luzes apagadas, um guitarrista arranca notas de seu instrumento. De repente, uma voz que enche o Teatro Caem, que se faz sentir, que te arrepia e te anima. Concha Buika entrou em palco. O meu coração bate depressa, depressa...

Parece estranho mas é verdade! Aquela terça dia 24 de Abril estava mesmo com vontade de poder finalmente ver a incrível Concha Buika em concerto. Quando ela entrou a cantar no palco (ainda às escuras) do Teatro Caem aqui em Salamanca, eu soube que tinham valido bem a pena os 15 euros de bilhete que paguei por ir.

Esta jovem espanhola de origens africanas é uma delicia para todos aqueles apreciadores das iguarias musicais de hoje em día.

Buika tem uma voz descontrolada que ela controla de maneira maestral como podemos ouvir no último cd dela, "Mi niña Lola" onde encontramos temas que vão dos boleros ao jazz, tudo com uma naturalidade de quem sabe e sente o que faz.

Ela grita, sussurra, ri e dança, tão à vontade como se estivesse em casa, sempre com um sorriso no rosto e palavras sinceras que vai soltando durante o concerto.

A banda (um piano, uma caixa, uma batería, uma guitarra acústica e um baixo) segue o sentimento que ela põe nas músicas ao cantar e não é estranho ver toda a banda rir-se às gargalhadas enquanto dançam e tocam.

Devo confessar que esperava um concerto diferente, mais relaxado e não tão formal. Digo isto porque a sala de espetáculos (Teatro Caem) era bem maior do que eu imaginava e o público bastante mais "engravatado" do que podía imaginar, mas de qualquer maneira Concha esteve mesmo a altura e fez de cada canção um momento de felicidade para um desgraçado que lá estava, de barba por fazer, uma camisa meio rasgada e sentado ao lado de um alemão de uns 70 anos. É verdade, adorei o concerto, adorei a personalidade dela e cada uma das canções (especialmente "Ojos verdes" sem banda. Uau!) . Gritei, assobiei e aplaudí emocionado!”

FONTE

Concha Buika (Mi Niña Lola) abril - 2006

Concha Buika (Concha Buika) agosto - 2006