Assim como todo o objeto (nessa sociedade abjeta onde tudo se presta a virar um), até as palavras entram e saem de moda, certo? Uma que adoro e aqui uso dicum vontade, é "vintage". Acho-a sonora, acho-a chique, me remete um tempo em que se via os mais abjetos em jaulas. Ou em HQs dentro de macacões de listrinhas como os Irmãos Metralha...
Bem, esse som que calhou de cair cá pela postagem é tão vintage, tão elegante - como tudo vintage deve sê-lo - que me obrigo, adentrando os arcos décor do clichê, àquela velha frase feita brega do, uma imagem vale mais que 1 milhão de palavras rebuscadas. E falar mais pra Q se estará tudo dito abaixo, sobre esse multi instrumentista, auto-didata e DJ francês...
Explosiva compilation do que há de melhor (pá pista)em matéria deLatin/Samba, Soul, Psycho, Techno, Afro (jazzy) e o que mais vier, minuciosamente costurada pelo DJ, músico/produtor Russ Dewbury - descobri o sujeito, me infiltrando na Rede, disfarçado de Tetive, assuntando sobre os responsáveis pela ressurreição do vizinho do andar cá de baixo, Terry Callier...
Por falar em andar de baixo, minha idéia da melhor utilização dessa pista dupla é a seguinte: acorrento e arrasto num baú encarnado meu receiver Pioneer SX 434 (modelo 1975), juntamente com as Polyvox (mesmo ano) feitas em pauaglomerado, que a ação do tempo cuidou de desaglomerá, pra dentro do cemitério São João Batista. Posiciono, respectivamente os caixões (de som) sobre as lápides, uma do Rauzito, outra do Tim Maia “Racional”. Levanto o volume no pico e espero sentado na tumba do Cazuza as 12 badaladas noturnas... Pontualmente na hora do rush das almas, espeto e aperto o play desse som agulhado pra ver se isso de fantasma existe mesmo ou, na real, é tudo invenção da mídia. Uma coisa é certa, pacero, enquanto o som bombar quem tá morto, Oi, dançará e os vivos, mais vivo, claro, que Tim estará.
Então... pro dia nascer feliz por entre as criptas e as alma de-penada (meu, o Rio tá embaçado) não saírem voando desembestada com uma sensação de vazio no bucho, self-serve-se um brunch frugal que dê sustância. A sugestão do chef DJ, pra rebatê o som, é o famoso caldin de tamanco que é servido ali perto no morro Dona Martha. Pedida local bem legal... Quê?! Nunca provou sopa de tamanco, mermão? É pau puro! ... Hey, mr. DJ, repete a porra toda de novamente aê, cumpadi! Epõe mais grave, mais agudo, mais tudo!
Bem, agora, devidamente quase pleno, depois do descarrego da esbórnia passada nessa trilha mardita... Aqui vai, tudo que encontrei de informação, séria, no Amazon, sobre álbum e autor:
Product Description Compiled by legendary Brighton DJ Russ Dewbury. This CD represents the sound of the Jazz Rooms sessions and is a look to the future rather than a retrospective 'best of'. Even if you have never been to the club night or have only a passing interest in jazz and related music you ll find something here to inspire you. Featuring tracks from Karl Denson, Sarah Webster Fabio, Ricotti & Alburquerque, Ray Harris & the Fusion Experience, Peter Nero, Tuomo, The Recloose Live Band, Alex Wilson, Mitchell & Dewbury Band, Bob Azzam and more across 2xCD's and 12" vinyl
About the Artist
From his debut in 1986 Russ Dewbury has become one of the most influential and, highly respected figures on the international dance music scene. Brighton based Dewbury is one of the top DJs on the circuit and has developed a substantial reputation as live music promoter, record compiler,broadcaster, composer/ producer and all - round musicologist. One of the original UK
jazz DJs, Russ opened the Brighton Jazz Rooms in 1987. Stronger than ever in 2008, the Jazz Rooms has become one of the most successful sessions in club history. "A legendary affair that all should attend" (Straight No Chaser Magazine). From this base Russ has performed at all of the top clubs worldwide and enjoys a hectic touring schedule.
ATENÇÃO: 07/06/2008 (19:06 HS) LINK PARA A 2ª PARTE DO ÁLBUM REFEITO.
De muito, muito, muito bom gosto! Um algo além retrô. Uma sensação acentuada de frescor e saudosismo se misturando - porque a música aqui é uma equilibrada combinação vintage muderna. Estranha sensação essa, aliás... Um disco que, à primeira ouvidela (e para álbuns assim não vale "ouvidela") não chegou a ser suficiente para o encantamento, o mesmo encanto que à 2º audição deixou marcas de que estive, desde antes, diante de uma pequena obra prima! Sem a menor sombra de exagero. O poder da música é um grande mistério! Quiet Village “Silent Movie” é desses álbuns que, depois do desconforto inicial, se hospedarão e farão morada no seu tocador de CD, HD, Ipod ou seja lá o que ainda “inventarão ontem” - nossa tecnologia reproduz o fenômeno das tais estrelas, ainda brilham embora nem estejam mais lá. Enfim. Fui pesquisar para sentir as críticas e...
"Não será um disco de amor à primeira vista. E nem se chega a perceber muito bem o motivo pelo qual é rejeitado à partida e sujeito a adoração no fim. Certo é que a insistência é fundamental para assimilação das cores, dos corais sonoros e das paisagens retro (sim, retro!) propostas por 2 activistas da causa sonora cinematográfica (Matt Edwards e Joel Martin).
Silent Movie é um mimo intimista que se estranha na pele mas que mais cedo ou mais tarde se entranha na mente, especialmente quando surge o momento do desejo de uma banda sonora que sussurre eloquentemente toda a conjugação do verbo prazer ou dite em surdina a narrativa de uma inesquecível história de amor."
Leia, também, a resenha que encontrei na rede para o álbum:
23.04.08 17:30
A trajetória do produtor Matthew Edwards é digna de uma história de dupla personalidade. Dono do selo Rekids - plataforma para artistas como Toby Tobias e Luke Solomon -, ele é mais conhecido pela sua alcunha Radio Slave, antiga parceria com Serge Santiago. Essa é a faceta bate-estaca de Edwards, que fez sucesso em pistas de dança desde seus primeiros lançamentos em 2006. Mas a coisa não pára por aí.
O projeto Radio Slave é techno no sentido mais tradicional do termo - mecânico, futurista e com uma queda por sonoridades sombrias. Mas apesar de não ser mais novidade na praça - com essa assinatura já saíram coletâneas e discos pela Eskimo e pela Ministry of Sound -, Matthew embarcou em um novo projeto que deve mexer com as atenções nos próximos meses, o Quiet Village.
ESCRAVOS DA QUIETUDE A empreitada é uma parceria com Joel Martin e já dava sinais de vida há algum tempo. Alguns remixes para artistas como Gorillaz e François K haviam emergido anteriormente, além de algumas raridades lançadas pela Whatever We Want em vinis de escala diminuta. A diferença agora é que há um álbum inteiro a caminho. Silent Movie sai oficialmente no dia treze de maio pelo Studio K7! (casa da série DJ-Kicks) e já vazou na rede.
Quem acha que vai encontrar nesse debut muita música de pista pode se preparar para quebrar a cara. O álbum reúne doze faixas de música lo-fi, surf psicodélico e retalhos desacelerados extraídos de antigos filmes europeus. Tudo está reunido em uma trama abafada, com cheiro de mofo, que serve de trilha sonora em viagens por praias ensolaradas de passados remotos.
Atração recém-anunciada do festival espanhol Sónar (na edição de Barcelona), o Quiet Village faz seu caminho por blogs e publicações especializadas justamente pela sonoridade única. Matthew e Joel conceberam um projeto que fica no meio do caminho entre os edits de um Pilooski (outro que estará no Sónar em junho e que acaba de passar pelo Brasil) e as seletas Sci-Fi Lo-Fi da gravadora escocesa Soma.
CABE ATÉ TIM MAIA Entre os destaques do álbum estão Free Rider, um delicioso passeio etéreo por samples gravadas em péssima qualidade, e Circus of Horror. Essa última se desenvolve com uma guitarra seca, bateria de rock setentista e backin vocals saídos de alguma série televisiva dos anos 80. Mas no fim não há impressão de que aquilo que se ouve é um boneco de retalhos temporais, mas um conjunto bem amarrado, melodioso e de arranjos complexos.
A abertura do álbum, com "Victoria's Secret", não poderia ser mais nostálgica. A música começa com violinos, gaivotas cantando e barulho do mar. Com muita força de abstração, dá até para imaginar como encaixaria ali o vozeirão de Tim Maia cantando "Azul da Cor do Mar".
Quiet Village não é o único projeto paralelo de Matthew Edwards, mas prova como o ecletismo pode ser saudável para uma carreira. Em meio a samplers devoradas por traças e muita bagagem resgatada em abismos mnemônicos, Edwards e Joel mostram que para se manter relevante e atrativo não basta apelar para futurologia, mas simplesmente continuar original.
Um português em Portugal escreveu: “Há toda uma história de relacionamento dos públicos ocidentais com temperos exóticos ao longo da história. A música de dança, em particular, albergou algumas das manifestações dos últimos anos, dos ethno beats de uma Ofra Haza em 87 ao caril dançável de uns Transglobal Undreground de 90, não esquecendo o tango chill out do mais recente Gotan Project, entre inúmeras outras manifestações do género. A mais recente ideia de dança” (nos rítimos exóticos) “vem de Nova Iorque, aponta ponto de partida à eufórica energia e melodismo contagiante de algumas musicologias balcânicas, cruza-as com aromas colhidos à volta do Mediterrâneo (Israel, Palestina, Marrocos e Espanha) e usa electrónicas como fio condutor. Com um saxofonista e um percussionista com conhecimentos profundos destas músicas no núcleo creativo, uma ideia de ecumenismo cultural mediterrânico e uma evidente mensagem subliminar de paz e entendimento entre povos em conflito (transcendendo pela música debates políticos até aqui frustrados), o projecto é uma interessante manifestação de projecção da world music em espaços de diálogo com outras músicas. Um potencial motor de farra. E um disco agradável de ouvir. (…)."
Os Balkan Beat Box são compostos por: Tamir Muskat – bateria, Laptop. Ori Kaplan – Saxofone. Tomer Yosef – Percurssão + Voz/ M.C. Itamar Ziegler – Baixista Uri Kinrot – Guitarrista Eyal Talmudi – Sax
Para se aprofundar no assunto você pode ouvir a música e ver os filmes do Emir Kusturica. E também, por aqui no Brasil, ir atrás de alguns discos do multimídia André Abujamra, esse, em seu departamento, é tão bruxo quanto o pai.
E a necessidade de dizer que quem escreve escreve de Portugal, não foi só para dar crédito a quem de direito. É importante dizer que ainda não li no Brasil pela internet, nada sobre Balkan Beat Box. Provavelmente, então, só os muito viajados, DJs interados ou gente como este que vive do prazer de buscar novidades raras e agora do maior, de disponibilizá-las.