sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O dia em que Emanoel deu de pensar ou "O culpado é o bom senso"




O culpado dis...(Fecha a braguilha e sai. Disfarça) O culpado disso é esse imenso mar de gente a sua volta, pensando e desejando tudo ao mesmo tempo agora. Resultado, para a mais natural transgressão, haverá sempre uma testemunha ocular do fato. E da foto, nesses tempos de "sorria!"... Mas quem disse que não há espaço também pra isso, ou qualquer outra liberdade? Só que o seu termina onde começa o dos outros...(É braguilha ou barriguilha? Eu sempre fiz confusão com essa palavra) E essas fronteiras são determinadas por uma expressãozinha chave mestra, de nome bom senso. Com ela, toda e qualquer porta se abrirá sem abracadabra, sem senha particular, sem QI - de quem indica... Sem nada além do coeficiente de inteligência, porque, no bom senso (Sorria, agora é sério, você acaba de adentrar o 2º restaurante mais fino da cidade, agora vá acabar o que tinhas começado ali na arvore) a inteligência é primordial. Não há mágica no bom senso. O próprio princípio já é a magia. No bom senso não se está de posse de nada. Nada que outro ser sensato também não tenha acesso (Caramba, ocupado?... Tudo bem, mas, mija rápido, ô bacana...). Portanto tudo, no bom senso, é de todos! Com ele, esse coringa que bate e substitui todas as cartadas dos insensatos, é-se capaz de se ter tudo o que se deseja. Por que não? (Porque esse riquinho não abre a porra dessa porta? Tá evacuando? Mas logo agora? Isso é hora de rico sofrer um piriri?) Por exemplo: há bom senso no trânsito caótico urbano? Buzinas, eu, você... Buzinamos todos com bom senso enquanto há trocentos carros, com a mesma pressa e o sinal está fechado prá nós, que somos jovens? E mesmo que ele abra... Quem disse que tens a preferência? Sua pressa é mais urgente do que a de quem está a seu lado? (Pior que é, caralho! Sai logo daí, mauricinhoi dos infernos!) Bom senso é phoda, parcero... Porque ele está sempre pronto a te mostrar aquele tal outro lado, que na maioria das vezes você despreza. E o outro lado é tão simplesmente, outro ser que deseja! Melhor! Que necessita, ser, na maioria das vezes, tão cheio de urgências, quanto você (Mas nem por um caralho, esse daí o é!...). No trânsito, então, porque a pressa? Óbvio! Porque alguém, sem senso comum, numa escala hierárquica feita pra te pôr em seu devido lugar, te ordena a produzir mais e mais e muito mais! E você, com teu bom senso refletido no desejo de um sem-senso-algum (um sem noção) esqueceu que está ali, buzinando, pra produzir lucros nababescos, pra esse safado! (Calma, tu já tá se estressando) que tem a preferência de tudo! (Se vacilá, é meu chefe, o cretino, que não desocupa essa fossa comum dessa espelunca!)... Afinal ele é o chefe! Tua pressa não é sua, afinal. (Afinal, sai ou não sai, esse nababo desse rabo?) Não é legítima então! E teu desejo é menor! Alimentas apenas a ambição de alguém, sentado numa sala maior que o seu condomínio classe média, aboletado numa poltrona maior e mais confortável que a sua cama de casal, luxo único de solteiro (pelo qual ainda estás pagando)... E ele está lá agora, com uma das secretárias gostosas, que neste exato, massageia as costas e o ego do todo poderoso... (Será que estão trepando aí dentro?) E, lá no asfalto, ainda buzinas feito louco! (Ai, meu Deus... Nock, nock, nock on heavens door...) porque não pode deixar o chefe esperando. Mesmo que ele nem saiba o seu nome! Tem algum sentido nisso?


"Quer saber? Vou agir, no trânsito, da mesma forma serena e civilizada que procedo diante dessa porta fechada" (agora você pensou com o bom senso e a razão).

Mas enquanto raciocinas sobre como lidar com as injustiças sociais desse mundo, este imenso porquinho redondo, azul com uma fenda nas costas, sua vontade de mijar e sua "dança do apertado" já deu até o que falar e reparar no lá no bar... Cheio de seu educado senso - que é bom, é bem paciente - dê mais 3 últimas pancadinhas nessa porta... “Alô!” Ninguém responde. Você olha pro toillete vago ao lado, com aquela plaquinha indicando “mulheres de fino trato” (O fino trato fui eu que improvisei) Mas está livre! E você medita... (Mais?!)

"Meus deus, quanto bom senso eu tenho!"... (pois é. Daqui há pouco, mijas as calças...) Então você entra muito rápido e, ao invés de fazer de pé, senta-se educado, respeitando assim a maneira feminina de se fazer as coisas... Nunca fora do penico. Isso! Não pensa mais não, pensador! É só uma mijada breve, vai lá, entra e faz!


Toc, toc, toc... Putz, agora estão batendo na tua porta – que não é tua coisa nenhuma! Nem aqui é o teu lugar!... Teu lugar era o poste, Mané! E é uma mulher madame, claro!, quem bate... Você não pode dizer “já vai!”. A moça saberá quem você é ("Um homem! E pobre! Que nojo!"), e num restaurante chique assim, ela pode chamar até o gerente. Quiça os seguranças... Com tua sorte, a polícia. Pior! Você pagará por ser um cavalheiro! Um cidadão que, por não querer urinar na rua, entrou de gaiato nesse restaurante chique que não te pertence! Nunca, nunca pertenceu, ao padrão pé sujo que você costuma freqüentar. Por isso estás tão intimidado? Mas, vem cá, porque não mijou nas árvores como faz qualquer mortal comum desta cidade porca?... E, sentado? És gay, por acaso?!

Pára de pensar, rapá! Já estás se confundindo. Destranca logo essa porta e... A lá! A moça fina está bem na tua frente como previstes... E com as mãos na cintura. Ao lado do marido inquisidor - essa tu não previu. Vejamos como te tratam.


“Mas, como assim? O senhor não devia ir neste aqui?” Aponta a mulher, para a porta escancarada do reservado dos homens.


“Perdão, senhora, mas estava ocupado e eu...”


“Não estava ocupado não, senhor. Estava aberta, não é amor?


“Era só empurrar com mais força”, amizade - complementou o maridão meio cordato, outra metade totalmente sardônico.


Você disfarça e resolve dizer, usando do bom senso e aquele rasgo de sinceridade remoída na espera, que...

“Não se preocupe dona, em respeito às damas, eu fiz tudo sentadinho aqui”.


O que deu em você, rapaz? Não é de bom tom ser tão sincero. E, “tudo” o Q, cara pálida? Claro, também, que tais pessoas, as quais, provavelmente, seriam do convívio de teu patrão, se o conhecessem, não tinham o direito de começar a te zoar levantando a mão e gritando...

“Garçom! O número dois!”; “O número dois, Garçom!”; Você esqueceu do número dois, garçom!”; “É dois, hein, garçom?!”...


Caralho. Acabei de passar por um corredor polonês de injúria e difamação. E foi só um pipizinho... Que baixaria. Só porque são ricos? E ricos não mijam, não cagam, nem nunca se atrapalham?...

E tu sai dali tão atordoado com a acolhida que tá pronto pra topar com o primeiro gelo baiano que se lhe aparece na calçada. E tu de sandálias de dedo. As mesmas, por sinal, que denunciaram-lhes o mulambo alienígena que és naquele high societ hostil. Comprasse as havaianas, a 14 euros no estrangeiro... Mas tu com o dedão estraçalhado, se esvaindo, nem cogita mais ater-se a essas barganhagens com tua imaginação delirante. Num ato desesperado, levanta a soteropolitana pedra e tu...

“Aos diabos com o bom senso!" Se houvesse trilha sonora, você ameaçador com esse pedregulhão erguido nas mãos, seria a melô do Zaratrusta 2001 Uma Odisséia No Espaço, o tema. Emblemática cena... “Só de sacanagem, eu vou...” – Nããão! - a voz da consciência e do bom senso soa tão desesperada que o efeito é de um poderoso alarme (Car Sistem) ante-furto - Diga-me que você não vai fazer o que está ameaçando fazer!
“É isso mesmo!... Era o que eu deveria fazer. Barbarizar com todos os vidros desse Citroën Grand Xsara Picasso aqui!... Símbolo fálico maldito! Mas eu sou da paz. Só vou afastar a pedra pra que ninguém mais se machuque.”


"Ô, rapaz! Quê que isso, tá maluco!? Querendo arrombar meu carro, seu moleque? Segura ele, segurança! Pst, você manobrista, que que tá aí parado? Chama o gerente e manda ele ligar pra polícia. Mas, hei!... Alto lá. Eu não conheço você, ladrão?... Você não é o...?"


Como poderia eu adivinhar que, no restaurante da esquina, aquele que é o 1º mais elegante da cidade... Que nem disfarçado de homem invisivel, entrarias - a não ser com uma senha, e haja QI pra freqëntar... -, jantava, ele mesmo. O seu injustíssimo patrão!? E, vê que máximo! Ele sabe o teu nome, o sobrenome, e até sua ridícula 'ex'-posição no trabalho! Agora ele, homem probo que é, ajuda os policiais a fazer justiça com as próprias mãos...Tapa na cara sim, porque dispensar as formalidades?


Enfim, perdeste completamente o bom senso e a razão. Falta-lhe só aquele estágio na Faculdade do crime. Afinal, mudastes numa tacada o referencial. Vergonha deixou de ser essa bobagem de mijar civilizadamente, na elegância. Vergonha agora é não roubar, nem carregar e ainda porriba sair arrastado pr'alguma averiguação... Daqui pra frente, rebeldia pouca é bobagem!


“Vãobora, ladrão, perdeu! Perdeu, vagabundo, tu perdeu!”


"Ó como o cara tá sangrando, Peçanha! Deu tiro no pé, ladrão?"


“Não, dotô! Tem tiro nenhum não, dotô... Eu sou trabalhador... Só fui dá uma mijadinha inucente ali, dotô...”



Parabéns! Teu bom senso é tão automático que já estás verbalizando tal e qual um legítimo detento.

13 comentários:

  1. Não percam a próxima aventura de Emanoel "o pensador" em sua saga pelos restaurantes finos da Cidade Maravilhosa". Acho que já tenho o mote: na cadeia, e por vingança, ele fará um curso por correspondência de alta-culinária. O título já está decidido: "O creme não compensa".

    ResponderExcluir
  2. Salve Sergio!

    hahaha

    haja verossimilhança...Somos, Emanoel e eu, partidários em peripécias...

    Mas olha a Senha da Calcanhoto:



    Eu aguento até os estetas
    Eu não julgo competência
    Eu não ligo pra etiqueta
    Eu aplaudo rebeldias
    Eu respeito tiranias
    E compreendo piedades
    Eu não condeno mentiras
    Eu não condeno vaidades

    O que eu não gosto é do bom gosto
    Eu não gosto de bom senso
    Não, não gosto dos bons modos
    Não gosto...




    (((^.^)))

    ResponderExcluir
  3. Valeu, Jo. Adoro! a preguiçosa voz empenhada na diligente poesia de Adriana.

    ResponderExcluir
  4. Sergio (Eu fico intrigada... Eh s acento, msm?! Ah, e em comentários o internetês pode, tah?!hahah),

    Seguinte: bom senso eh o q eu acho q eh bom senso e c'est fini, sacomeh?! hahahah

    Am... Agora haja Lei d Murphy, am?! Banheiro d mulher vazio e d homem cheio????!!!!

    E o seu escrito lah q c falou p eu 'avaliar'?! Bora, me fala o título, tô curiosa!!!!

    Bj!!!!!!

    ResponderExcluir
  5. É com acento (tem que ter é da regra) mas eu tirei ele pra abrir mais espaço.

    E o meu 'escrito lá' é esse escrito aqui, ué. Obrigado por ter ido até o fim, afinal é longão prá blog.

    Agora, quanto ao Murphy, claro, né Gabi? Murphy pode ser capaz de destruir com a vida de um sujeito, em compensação faz dos mais inteligentes excelentes humorista.

    E o banheiro dos homens não estava ocupado. Você não viu o maridão da madame dizer que era só empurrar a porta com mais força? Presta atenção, Gabi Galvã...

    Ah, obrigado. Adorei conhecer a Jo.

    ResponderExcluir
  6. Eh msm menino, era soh empurrar a porta.

    Cara, uma vz eu tava no interior do interior do interior d MG (em Carrancas) curtindo um carnaval sossegado... Paramos num barzinho no meio do mato, fui ao banheiro... Ocupado! Soh o das mulheres, calaro!!!


    E sexta tinha uma fiiilaaaa... O dos homens vazio, e era normal, s ser d mictório!!! Ah, meu caro... Eu inaugurei o 'unisex' s pestanejar!

    Am, tah, então o txt eh este... Tão, tah. Lido e gostado!

    (Eu tb, tb gostei d conehcer a Jo.)

    ; )

    ResponderExcluir
  7. Agora q vi o comentário dela (Jo): Emanoel, Jo, eu...

    ResponderExcluir
  8. Uau, formou-se a tríade! rsrsr

    Bom, Sérgio, falei do site erótico de onde "roubei" a foto do cabeçalho [já pensou: a menina q roubava fotos...]não lembro exatamente, mas foi do www.pequenosdelitos.wordpress.com, que entrei em outro linkaminho, onde encontrei a tal fotinha. Mas esse Pequenos Delitos é um site super criativo na escrita erótica e satírica, sem contar as fotos q são...na dose certa...isso deve ser propaganda de minha parte, rs, mas é inevitável.

    Adorei aqui tb Sérgio. Vc e Gabriela devidamente linkados!



    )))(~.~)(((

    ResponderExcluir
  9. oBrigadão, Jo! Tou te linkando aqui. E se voltar neste espaço e puder opinar sobra a dica da escritorinha que te dei, por favor. Sua opinião é muito importante.
    Beijos!

    Ah! e não deixe de aproveitar os álbuns q disponibilizo aqui. Cada som, Jo, q não fazes no-ção!...

    ResponderExcluir
  10. Ah, já fui ver a menina Jéssica, é mesmo tudo q disse e mais um pouco!

    :*

    ResponderExcluir
  11. Jo, Jo, Jo, Jo........... Procurei as fotos e (rs!)... É um puta blog, extremamente puta mesmo! blog erótico... Acabei q vi (amarradão, confesso) tanta sacanagem que (rs)... Pior que não. Vc pode pensar q sim, mas... Não perdi o foco. E fui me adentrando nas postagens anteriores focado! E haja sacanagem, mas nada da foto, haja sacanagem e....... nada. Desisti. E só agora entendo o trabalho que te daria procurar por ela. Como gostei do blog, independente da tal foto, caçarei mais. Enquanto isso, na procura (rs) haja sacanagem ainda por ver!!! Os caras tem talento e o que é melhor, a coisa não é gratuita.

    Falar nisso, será q nossa amiga Gabi Galvã já foi apresentada?

    Beijos, valeu e... (tenho certeza q vc nem achou isso), mas, por desencargo de q foi totalmente sem querer, me desculpe a indiscrição na insistência de obter a bendita foto.

    ResponderExcluir
  12. Oxi, mas no PD a gente acaba é esquecendo o q era mesmo q procurava... rs

    A Gabi, se ñ conhece, creio q tb vai gostar pacas.

    Ah, e não consegui de jeito nenhum ouvir naquele link a Denúncia do JB, e nem em outro qualquer [coisa de Emanoel isso... rs], aliás ouvi só o comecim noutro site q encontrei. Mas li a letra. E tentei até a telepatia para perguntar de outro site para ouvir, mas sua linha tava ocupada. rs

    :*

    ResponderExcluir
  13. hahaha... gosti do texto, Sergio!
    se tiver uma saga, acompanho... novela virtual? pois.

    beijo

    ResponderExcluir

Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)