sexta-feira, 10 de abril de 2009

6ª cheira a santa, sexta sacra...sexta do Mal e as portas da percepção.


Quer ter uma dimensão de como o cara me chegou no dia? "Quer saber como eu vejo o jazz? Imagine um butiquim make caótico. Mas tu tá lá feliz... Nem sabe porque, mas tá lá. Não tem desses dias em que tudo parece estar perfeito? Tipo aqui. Tipo hoje... As mulheres estão lindas, os rapazes... Vá lá, nunca merecem as mulheres lindas com que estão, mas... até eles hoje tão simpáticos. A noite está fresca, lua cheia... De que precisas mais? Combinemos: eis vc aqui, feliz! Mil assuntos fluindo e tu, um otimista solitário profissional, buscando harmonia e musicalidade nos fatos e assuntos. Harmonizou? Isso é a introdução. Uma hora chega um amigo, que não eu, e te diz: "tu não sabe o que me aconteceu agorinha" - ele vai solar! Não é teu amigo? Tem espaço pra amador no grupo? Então deixa o cara. Mas vc, que tá acostumado com o papo frenético desse sujeito, como estas num a nice, momento totalmente zen, cê se limta a acompanhá-lo com os pés - só no sapatinho - tap tap. Jazz é como a vida, pacero, alguém tem que ceder a vez pro solo alheio. O cara tá empolgado, recém saído de uma tremenda odisséia pra contar, então deixa o sujeito solando! Faz umas intervenções, discretas, mas contundentes, enquanto as gargalhadas repercutem no ambiente... Não, mané! Eles não tão rindo de tu - paranóico! - ou da musicalidade precisa tua e do amigo - vaidoso! - estão rindo deles mesmos, só que na batida exata, no mesmo diapazão. Esse ritmo... imagine que vem da "cozinha" da casa - risos e burburinho... É a jam rolando solta pacero! Papos difusos, mesmo q não levem a lugar algum fazem parte do arranjo,. Não vão deixar o ritmo cair. Ao contrário! Tudo aqui é fluido, já que no mesmo diapazão. E esse clichê de que jazz é puro improviso, não é só papo marqueting pra te vender um estilo cool, low profile elegante. Existe uma ordem no caos do improviso. Com uma ressalva de canhão no bojo! O jazz, o gosto por ele, é o que difere o ouvinte profissional do amador. Tá ligado? Bem explicado? Foi o melhor que consegui. Se não tiver totalmente claro, amigo, que terceiros te esclareçam. Não bole com isso de ser o último a saber. O negócio é saber. Descobrir é detalhe. O que não podes é morrer desconhecendo a verdade.


Por exemplo, depois que a procissão passou... Há uma procissão que vara as noites de sexta feira no Leblon (agrega isso! agraga isso no jazz). Ela sai da Igreja dos Santos Anjos, entra pela Cruzada São Sebastião, pega a Borges de Medeiros, cruza a Ataulfo de Paiva, entra na Afrânio de Melo Franco, passa por nós, no bar - por um momento o clima fica surreal com o padreco dirijindo impropérios a quem tá trabalhando ou se divertino -, passa pelos poliça da 14ª DP e volta à Santos Anjos.... Nisso o garçom passou o rodo embaixo dos meus pés, daquela água preta que (quase sempre) me deprime... O clima no buteco ficou make intorpecido pelo bumbo, a tuba, as novenas e o sermão do vigário. E o amigo... Q d ele? Já tinha se escafedido longe! Mas aprendi horrores, sério, na mesma noite. Dali, renascido, papo bom, papo reto!, fui direto prum dos meus infernos prediletos. Onde todas as santas praticam jazz. Música mundana dos deuses! Mesmo quando infernal nas influências... O amigo não sabe o que perdeu... Ou melhor, o que deixou de ganhar.


Pra encerrar essa sandice, vai parecer óbvia a definição que deixarei sobre o álbum e o artista que acompanham a postagem... Trata-se de uma obra do Mal.


Mal Waldron (One Entrance, Many Exits) 1982


6 comentários:

  1. E ai Sergio,
    Que bom que gostou do Kiko Dinucci e os Afromacarrônicos!
    O som é muito bom né?
    Se quiser fazer uma postagem com fotos etc - pode usar os links e tudo - até a entrevista lá do EuOvo.
    Também não ligo pra isso não - É como os caras que liberam o som pra download - como o Kiko Dinucci e o Douglas Germano (Que conheci ambos aqui em Brasília) Eles defendem a divulgação.
    Maior que a sacanagem da Biscoito Fino (com o Som Barato) é a RIAA que atualmente está processando um jovem (Joel Tenenbaum) por baixar música ilegalmente nos EUA.
    A boa notícia é que ninguém menos que os caras do Radiohead, vão testemunhar a favor do jovem Tenenbaum.
    Só mesmo RIndo desses caras como da RIAA ou da Biscoito Fino, ou mesmo a APCC (ou coisa parecida) que fechou a MAIOR comunidade do orkut de baixar músicas (que era a discografias).
    No dia seguinte já existia outra comunidade no lugar da discografias (dessa vez com o sugestivo subtitulo: o retorno).
    Essa luta ELES já perderam (com esse pronome quero dizer a RIAA, bicoito fino, APCC e todos os outros que ainda se preocupam com essa baixação na internet).
    Perderam e ainda não sabem - porque o placar deve estar uns 100 a 0 pra nóix.
    E tem gente no orkut querendo organizar passeata pelo centro de SP etc.
    Essa luta é de formiguinha contra elefante... a gente tem mais é que ficar se ploriferando, auto-copiando e multiplicando os links.
    Por isso não dá mais pra ficar tendo ciúmes de links.
    Pega lá no EuOvo o que quiser e copia e cola onde quiser da forma que quiser.
    É isso aí! É noix na web!
    hehehehehehe!
    Quanto a esse som ai? Mal Waldron... Não conhecia.
    Esse som é realmente do mal!
    Que síndrome herbívora é essa?
    Deu nó no cabeção aqui...
    mas vou colocar a 'chazz jazz' no 'repeat' e dar um cochilão.
    abração,
    Bruno

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  2. Bueno, Bruno, não foi pq não quis, ou achar q vc ia se enciumar ou pq não fui autorizado pelos artistas que AINDA não postei o Kiko Dinnucci. Esse post que encabeça o sergio sônico é só uma chamada. O artista em entrevista me autorizou (segundo o q está escrito), não só a linkar como até a vender seus discos, se isso fosse do meu agrado... E esse não é o 1º depoimento do tipo q vejo na rede. No meu blog mesmo tem um recorte do jornal O Globo com Mônica Salmaso dizendo "Adoro ver meus discos pirateados", então esse tipo de artista é o que mais me interessa. E movimentos como passeata em prol da liberdade de se trocar arquivos na rede indiscriminadamente, se rolar aqui no Rio, serei o 1º da fila! Então só tou estratejando repostar aqui o Kiko. Mas sabe qual é a minha opinião sobre esse assunto político de troca de arquivos musicais, Bruno? Eu acho q cada artista (bom artista, artista honesto) que se mostrar a favor do trabalho que fazemos, devia ser postado e repostado em todos os blogs amigos. Assim ele es espalharia muito mais rápido! Seria a nossa justa contrapartida ao apoio que recebemos. E tanto nós blogueiros quanto ele(s) artista(s) sairíamos ganhando muito mais.

    Outra coisa, assim como vc, imagine se me importo quando levam meus links pra outros blogs... Se tudo q quero é vê-los se proliferando. Mas o lado vaidoso q não abafo, gostaria só de me saber reconhecido pela minha descoberta, então, acho bacana q nos dêem crédito, Uma tbm justa forma de promover o nome de nossas casas. Acho q é só.

    É CALARO Q VOU REPOSTAR OS MACARRÔNICOS!

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  3. mas é essa mesma a intenção.
    outro artista que já confessou a mim sua predileção a ver seus discos pirateados, foi o carlos careqa.
    que disse que sua parte como artista está 'finita'.
    cabe agora a outros colocarem o link na rede, venderem nas lojas, pracinhas, bares etc e tal.
    mas é isso mesmo.
    se eu curto o som sempre coloco no meu blogui.
    já liguei para créditos.
    hoje em dia não me importo.
    já cansei de me importar com isso.
    mas sempre dou creditos quando posso.
    outro dia copiei o link (na verdade fiz o link - apenas usei o arquivo rar baixado em outro link) de um blogui, mas quem veio reclamar os créditos foi outro blogui que eu nunca tinha ouvido falar.
    obviamente não baixei o link de quem estava reclamando o arquivo...
    como eu poderia ter dado crédito, se no telefone-sem-fio a informação fora omitida?
    por essas coisas, que só acontecem na internet, que eu parei de me importar com isso.
    eu acho melhor deixar pra lá.
    Pq tem gente que renomeia as músicas pra encaixar seu próprio endereço no file, coloca link do blogui na pasta, coloca o banner do site etc e tal.
    credo, que complicação!
    hehehehehehe.
    mas vc está certo - temos que sempre multiplicar.

    abração,
    Bruno

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  4. Muito bom, Sérgio. A contribuição ao jazz é essa: o tamborilar na mesa, o tap-tap com os pés, a risada, o tilintar dos copos, a água e o rodo, contanto que esteja lá, no mesmo diapasão. è como disse ellington:

    What good is melody?
    What good is music?
    If it ain't possessin' something sweet
    It ain't the melody, it ain't the music

    There's something else that makes the tune complete
    It don't mean a thing, if it ain't got that swing
    It don't mean a thing all you got to do is sing

    It makes no difference
    If it's sweet or hot
    Just give that rhythm
    Everything you've got
    It don't mean a thing if it ain't got that swing

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  5. PS - eu ainda sou grilado com esse lance do download. Penso no que sobra pro músico... Acho que, no momento, ele está no prejú. Mas a maioria sempre esteve. Vá lá que o som fica como um cartão de visita, sei lá. Alguns colegas, quando descolam um patrocínio, gravam e deixam lá pro povaréu downloadear (ouçam o som do Solana: www.felizfeliz.com.br - um som retrô, meio loureediano, meio roberto, e por aí a fora).

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  6. Tem q multiplicar igual coelho!!!!

    Bicho, td q eh artista sempre falou (msm antes d internet) q o $ vem eh d show, msm. Mais gente conhecendo, mais show, mais $! E daih talvez um som melhor, q nego pode investir em si e em equipamento, pararah, pororô.

    Qm chia eh mercenário, ñ tem outra, serião.

    (Ñ estou chamando o caro Salsalito d mercenário pq nem cabe.)

    Parabéns procês.

    Hum!: Solana eh mt bom, ouve, msm!

    Bisous

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)