segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O meu 69 preferido...


Tudo bem que o outro é um recém 40tão mais famoso, classico desde que nasceu e tal, mas a minha posição é outra a respeito dos 69vis fora que com a maior honra do mundo completa os seus 40 este ano. E o meu, meu!, tem até bandeirola pra agitar do alto de sua capa e título pomposo. Vai venu! Ou melhor, lennum...

The Kinks "Arthur (Or the Decline and Fall of the British Empire)" Gravado em 10/10 de 1969.

FONTE

Um dos maiores representantes do rock britânico, os Kinks também foram protagonistas da chamada Invasão Britânica – um marco na história do rock, cujo estopim foi o desembarque dos Beatles no aeroporto de Nova Iorque, em fevereiro de 1964. O fenômeno foi responsável pela popularização de bandas inglesas na terra do Tio Sam, lançando no mercado americano não só os Beatles, como os Rolling Stones, The Who, The Animals, Yardbirds, Small Faces… e claro, os Kinks, uma das prediletas da casa.

Nascido das cinzas do Ravens em 1963, o grupo Kinks era composto em sua formação original pelos irmãos Ray Davies – vocalista, guitarrista, principal compositor e também a alma da banda – e Dave Davies (guitarra e vocais) e ainda Pete Quaife (baixo e vocais) e Mick Avory (bateria). Nem sempre tão lembrados como os Fab Four ou os Stones, mas tão importantes e influentes quanto, tocaram do rock and roll ao pop, passando pelo rhythm and blues, psicodelismo, country e folk. Com o single “You Really Got Me” em 1964, alcançaram o primeiro lugar na parada britânica, lançando as bases do hard rock.


O som dos Kinks pode ser pressentido principalmente através dos acordes potentes e distorcidos da guitarra de Dave e claro, nas sensacionais composições de humor refinado interpretadas por Ray, um autêntico cronista do modo de vida britânico e simplesmente um dos melhores letristas da história do rock. Legítimos “bad boys”, desenvolveram uma carreira cercada de polêmicas, envolvendo conflitos internos, agressões mútuas entre os músicos e condutas deploráveis em algumas turnês.


Nos Estados Unidos, após performances viscerais na tour de 1965, foram proibidos de pisar em solo americano até meados de 1969. Os motivos nunca foram revelados, mas o comportamento selvagem nos palcos, as desavenças com os promotores locais por causa dos cachês, shows inacabados ou cancelados e as confusões e brigas envolvendo os integrantes são alguns dos fatores que certamente contribuiram para que o veto ocorresse. A “doce” relação entre os irmãos Davies foi definida pelos próprios na música “Hatred (A Duet)”, do disco Phobia de 1993: “O ódio é a única coisa que nos une”.


Com uma carreira sólida que se estendeu até 1996, gravaram mais de 30 álbuns, alguns indispensáveis como a estréia homônima (64), Kinks-Size (65), The Kinks Kontroversy (65), Face To Face (66), Something Else By The Kinks (67), The Village Green Preservation Society (68), Lola Versus Powerman and the Money-Go-Round – Part One (70) ou Muswell Hillbillies (71), só pra citar alguns. O disco que escuto neste momento é sem dúvidas um dos meus favoritos: Arthur (Or The Decline And Fall Of The British Empire).


Lançado em 1969, Arthur era a trilha sonora de um projeto da TV Britânica que acabou não indo adiante, no qual Ray Davies colaborava com o dramaturgo e roteirista Julian Mitchell. Um álbum menosprezado pela crítica da época e atropelado meses depois pela ópera rock Tommy do The Who. Considerado ultrapassado e recebido de forma gélida pelos súditos da coroa, o long-play passou longe das paradas de sucesso e vendeu pouco, tornando-se um fracasso comercial do selo Pye. Algo que não dá para entender, já que o registro é simplesmente maravilhoso. Arthur marca também a estréia do baixista John Dalton (ex- Mark Four) como membro fixo, substituindo Pete Quaife, que preferiu respirar novos ares, montando a sua própria banda, o Mapleoak.


Obra conceitual retratando o declínio e a queda do Império Britânico pós Segunda Guerra Mundial, numa crônica debochada e miserável de Mr. Ray Davies. Um almanaque sonoro contendo uma coleção de críticas sociais e políticas das mais irônicas ao modo de vida britânico, em meio à reconstrução nacional do pós-guerra. O que se ouve são verdadeiros hinos detonando as guerras, o imperialismo, a monarquia reinante e o establishment inglês. Letras sarcásticas disparando contra a pequena burguesia, a decadência moral e econômica, o panorama desalentador da classe operária, o incógnito mercado de trabalho em outro país, lavagem cerebral e repressão institucional, vitórias e derrotas, sonhos e desilusões, o glorioso e o banal.


Faixas altamente pegajosas, embaladas por levadas empolgantes, numa sucessão de melodias e composições insuperáveis. Belos arranjos vocais, riffs memoráveis, orquestrações, naipe de metais e seção rítmica made Távola Redonda, com o quarteto mostrando porque era a mais inglesa das bandas inglesas. O que dizer de maravilhas como “Victoria”, “Yes Sir, No Sir”, “Some Mother’s Son”, “Drivin”, “Brainwashed”, “Austrália”… e eu nem cheguei no lado B do vinil. Não preciso falar mais nada… escutem e tirem as suas conclusões! Um chiclete sonoro… simples assim!!


Obra-prima à parte, outro motivo para postar esta resenha foi a confirmação, no último dia 5, de que a banda está voltando à ativa após um recesso de 12 anos. O anúncio foi dado à BBC de Londres por ninguém menos que Ray Davies, que afirmou que um álbum de inéditas já vem sendo esboçado, possivelmente para ser lançado em 2009.


Esse retorno, por sinal, vem sendo cogitado há alguns anos, mas foi adiado por conta do quadro de saúde dos irmãos Davies. Em 2004, enquanto Dave sofria um derrame cerebral, Ray era alvejado com um tiro na perna, após uma perseguição a assaltantes. Reestabelecidos, parece que agora o negócio é pra valer. Não foram divulgadas datas de lançamentos ou shows, mas uma coisa é certa: o retorno aos palcos será com a formação clássica.


Por enquanto, resta aguardar novas informações sobre a volta desta banda fantástica a versão vitaminada de Arthur lançada em 1998, com várias faixas bônus e que agora disponibilizo para download aqui no blog. Discoteca básica!


ou

Download: http://www.mediafire.com/?w2wfmn2qk0w

5 comentários:

  1. Mr. Sonic Boy,
    Atacando de Kinks? Mandou bem! Até o Van Halen gravou!!
    Agora procura no Youtube o vídeo de "Os metaleiros também amam" (do Língua de Trapo, lembra?).
    Depois me fala o que você achou do vocalista japonês da banda?
    É sério!!!!
    E acho que o primeiro trechinho do comentário foi enviado - coisas do Mozila, que agora uso de vez em quando. Pode apagar se tiver ido um comentário meu antes, viu?
    Abração!!!!

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  2. Kinks é a prova mais que absoluta de que o rock também pode ser muito inteligente quando quer. Claro que há outras tantas absolutas, mas o Kinks em letra e música é incontestável! Q bom q conheces.

    Outra, acho q todo mundo sabe q a celebridade aniversariante é o Abbey Road dos Beatles, mas não é que eu ache este melhor ou pior que aquele, só q o álbum aqui postado é muito mais retorno, mais grave, mais peso, mais ironia, mais tudo!

    Abração!

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  3. Queremos jazz, Mr. Sônico.

    Grande abraço, JL.

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  4. Eu pretendia postar esse lá no meusdiscos... Arranjarei outro.

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  5. Caríssimos, Lester e Salsa...

    Lester, és um fanfarrão! Até onde sei nunca baixaste um álbum da casa. Entendo, entendo... preferes comprar na loja... Mas tbm nunca me dissestes que a casa te possibilitou conhecer artista novo ou te levou a adquirir álbum deste ou daquele artista. Tou reclamando, não. Parece mais não é... E as aparências, c sabe, né? Enganam.

    Mas, se não entendestes ainda - e lá se vão uns 3 anos de correspondência, no bom sentido, craro - o que eu quero é reconhecimento, amigo! Somos, falando por mim e talvez alguns q enfiarem a cara na poça, uns malditos carentes! A gente quer elogios! Se sentir útil! E sabe pq estou lhe dizendo isso agora. Pq já sei qual será a próxima atração do blog. E não será jazz.

    Salsa, Kinks é tudo! E proponho um desafio: descobrirmos alguns álbuns rock q tbm completam 40, tão ou mais, musicalmente falando, importante que Abbey Road, q tal?

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)