quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Wraygunn - Portugal - Coimbra 2005 - 2007



Tudo bem, o país é um ovo, a língua fovorece ainda menos, no caso, que a nossa versão aditivada de suingue no sotaque... Então dá para relevar que muitos desconheçam, até ignorem, o barulhão bom que os patrícios fazem por lá. Só que depois de hoje não tem mais desculpa, certo, Canhota? O Canhotinha, Gerson acendeu um Vila Rica e mandou dizer que tá. "Limpo e arregado", inclusive.

WrayGunn - Eclesiastes 1.11:
O Album (maio 2005), Ecclesiastes 1.11, foi explosivo no mundo do Rock... Este album é um mix de rock garage, de soul, de blues e de gospel, o som de Wraygunn parece sair das Igrejas do Tenessee nos titulos "Soul City", "Keep on prayin’" o "Don’t you Know" mas transforma-se em punk toxico nos titulos "Drunk or stoned" e "She’s a speed freak".
A banda:
A renovada formação dos Wraygunn se compõe de Paulo Furtado (voz e guitarras), Raquel Ralha (voz), Sérgio Cardoso (baixo), Francisco Correia (sampler, gira-discos e outros objectos), Pedro Pinto (bateria e percussões), que permanecem e a quem se junta João Doce (bateria e percussões).

Wraygunn (Shangri-lá) 2007

Com muito falatório à sua volta, cá dentro e lá fora (especialmente em França), os conimbricences Wraygunn tornaram-se alvo de uma exposição mediática a que não estavam habituados e, três anos depois do consagrado Eclesiastes 1:11, apresentam-se com as mesmíssimas premissas que os certificaram como um dos ensembles mais cativantes do panorama luso. As afinidades com a música da América negra, particularmente blues, gospel e soul, são as ferramentas estruturais das canções, assim se firmando o traço de continuidade em relação a trabalhos anteriores. Contudo, a banda de Paulo Furtado (sem a "máscara" de lendário homem-tigre) não se cinge a meramente decalcar as referências passadas. Ao invés disso, Shangri-La dá mostras de um certo inconformismo estético de uma banda segura do seu percurso, capaz de preservar as mais-valias da sua identidade e referências históricas (sem escorregar para o anacronismo) mas, sobretudo, com vontade de vincar um discurso próprio e alargar a sua marcha a substâncias modernas (a electrónica também mora aqui...), em orgulhosa marginalidade do mainstream. Este é o idílico poiso musical dos Wraygunn e, como James Hilton o fantasiou num qualquer vale dos Himalaias, Paulo Furtado e seus pares mostram-no agora numa metáfora apuradíssima de sons, a demarcar-se da letárgica atrofia do panorama rock português. E a buscar a utopia da perfeição e o charme da meditação.
WrayGunn (Shangri - La) 2007

Ah, sim, gostando corra atrás dos álbuns oficiais. Portugal em qualquer estação deve ser uma maravilha!


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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)