quarta-feira, 16 de março de 2011

Jan Akkerman e Charlie Byrd Jam!

Ao que tudo indica só a audição explica. E explicará melhor aos que dominarem o holandês. Tentemos, porém, sem machucá-lo...: esta raríssima apresentação foi gravada pela Rádio Nederland Internacional. Reuniu-se no Nick Vollebregt's Jazz Cafe, ao Charlie Byrd Trio, com o próprio Byrd, na guitarra acústica, o baixista Joe Byrd e um provável “Burton Knox”, excelente por sinal, na bateria, o guitarrista local, nas guitarras elétrica e acústica, Jan Akkerman. Foi o que consegui apurar desta gravação. Não há um disco, porque isto nunca foi lançado como tal. Alguém gravou os programas regulares da rádio - o próprio técnico da mesa de áudio, por exemplo - e liberou na internet. E este, sortudo que vos fala, que procurava álbuns de Jan Akkerman, acabou com essa pérola no colo, pedindo não, suplicando para ser compartilhada.

Em meio ao achado, contudo, Burton Knox ficou sendo um dos grandes mistérios, já que o titular do Trio, segundo esmerada pesquisa, seria Chuck Redd (baterista e vibrafonista). Sim, não haveria nada demais num substituto, se Burton Knox não fosse um nome absolutamente vago, não havendo  - noutra apuradíssima pesquisa a constatação - de sequer menção deste nome ligado ao instrumento bateria, quanto mais um Burton Knox ligado ao Charlie Byrd Trio. Porém, como foi dito aí encima, só a audição explica, por exemplo, a insignificância desse detalhe. Afinal, o tal Burton Knox, se este for mesmo o nome do homi nas baquetas, manda muito bem!  

Mistérios à parte, a farta apresentação de quase uma hora, com as quatro primeiras faixas variando entre 7 e 12 minutos, é toda realizada em estado de graça e de jam.  Aliás, “Graça”, é outro fato que só se explica acionando a tecla que libertará o som desta preciosidade. O áudio é de primeira qualidade... E, pensa: trata-se da junção de simplesmente de Charlie Byrd, o cara que  além de muitas realizações como grande músico que é, levou a bossa nova para o mundo, no ano de 1962, em conjunto com Stan Getz... Ele, Charlie Byrd, tocando com  um ícone da guitarra, pra mim, o melhor guitarrista de rock que já presenciei tocando (e vi ao vivo mesmo!) de todos os tempos. Jan Akkerman é incomparável. Pode haver, no seu estilo, muitos até mais técnicos, mas, com a sua clássica elegância, pode esquecer. Outra relevância a se destacar: repare nos momentos solos (sozinho no palco / faixa 4) de Byrd - uma declaração de amor à música brasileira e a Tom Jobim, num medley de quase 8 minutos - e a resposta no solo (também só no palco / faixa 5) de Akkerman... 

Por favor chama o poeta para colocar em palavras que façam jus a esses dois momentos num show desatrelado a gravadoras, LPs ou Cds, de cabo a rabo, irrepreensível.

Reservei para vossa apreciação a faixa Wave, com Akkerman, Charlie e Joe Byrd,  e o misterioso Burton Knox, num solo de batera sublime, nada menos que desconcertante.



No repertório:
1. Thin Roof Blues (Ben Pollack) e Blue Monk (Thellonious Monk)
2. Autumn Leaves (Prévert, Mercer & Kosma)
3. Wave (Antônio Carlos Jobim)
4. Solo Charlie Byrd // 5. Solo Jan Akkerman
6. Solos (Charlie Byrd & Jan Akkerman)

Nick Vollebregt Jazz Cafe...
Nick Vollebregt (1921/1978) foi o baterista de jazz que fundou, na Holanda, o Quinteto Stardust (que incluía o famoso, na Holanda, guitarrista, Wim Overgaauw) em 1951. O grupo foi extremamente bem sucedido. Quando Vollebregt comprou o antigo Café Larense, ao qual deu o seu nome, e começou a organizar concertos regulares nas tardes de domingo (a partir de agosto de 1973) e sessões de jazz semanais, os eventos se tornaram lendários, uma vez que a maioria dos músicos locais e internacionais, procuravam o Nick Vollebregt Jazz Café, após seus compromissos oficiais, seja para relaxar ou levar um som.

O Nick Vollebregt Jazz Café fica em Laren uma província do norte da Holanda.
Em tempo: eu tentei colocar a foto do aprazível Nick Vollebregt Café aí encima, mas esse bendito blogger, fez das suas... Mas é só pesquisar com o nome no google que acha-se  algumas fotos da Casa. Agora curtam o som que é o que realmente importa. 


Charlie Byrd Trio Feat. Jan Akkerman (Live At Nick Vollebregt's Jazz Cafe)

10 comentários:

  1. Olá amigo Sergio Sonico...
    Visite este blog, acho que vai gostar...
    http://musicalaurora.blogspot.com/2011/01/os-40-melhores-guitarristas-da-historia_09.html
    beijos achocolatados

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  2. Ô, menininha linda... Muito obrigado pela colaboração. Vê-se que vc foi na fonte. Um blogueiro q sabe o valor de Akkerman para o desenvolvimento da música, não só do roquenrou ou do progressivo, mas da música como um todo sem restrições. Olha, vou te dizer uma coisa: nunca encontrei, de todas as ossadas que desenterrei, uma seção tão rara e boa como essa que apresentei aqui. Não paro de ouvir - faço-o agora, enquanto te respondo. E como demonstrou o interesse de saber mais sobre Jan Akkerman, sugiro q baixe esse "disco?"... Enfim, mal não lhe fará mesmo!

    Beijos! Saudades.

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  3. Caro amigo Sérgio, após a audição da musica disponibilizada por vc, fiquei boquiaberto e em êxtase pelo bicoitinho fino e "mui" raríssimo apresentado pelo amigo. Ufa !!! sem mais palavras para agradecer tamanho tesouro, ou seria manjar dos deuses? No fim de semana irei degustar esta iguaria acompanhado de umas doses de Whiskey (Jack Daniel's), meu preferido pelo sabor incomparável.
    Um forte abraço.

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  4. Rapaz... O Jack acompanha bem... Vais pirar, pq a música (Wave) que disponibilizei está muito bem representada, mas ainda não dá a noção do que foi esse dia iluminado naquele aprazível Jazz Café em Laren. Se voltares aqui, depois de ouvir esse som, please, diga-me tudo e não me esconda nada. Pq, pra mim, esse é o biscoito mais fino que dividi com a galera.

    Abraços!

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  5. Mr. Sérgio,
    Se a amostra é isso que se ouve, como não será o programa todo?
    Muito bom mesmo.
    Confesso que não sou lá muito chegado a um prog rock - mas respeito muito os caras (Akkerman, Fripp, Howe, Gilmour, etc.).
    Legal ver o quanto o jazz seduz os grandes músicos, independentemente do estilo que eles professam. E poder ver/ouvir o Akkerman em um formato completamente inusitado é realmente uma grande descoberta!

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  6. Amigo Érico, só lhe digo uma coisa, fosse um disco seria um excelente álbum.

    Valeu a visita.

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  7. Sergio espero que me perdoe por não haver cumprido o prometido, ou seja, ouvir na integra a gravação acompanhado do Jack. Neste fim de semana a bicho pegou lá em casa e não consegui tempo pra nada, assim que baixar e ouvir faço novos comentários.
    Uma última pergunta de hoje: qual será o destino do nosso Flusão ?!?!?!

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  8. Zuzo certo, amigo Handrix. O legal é q vc make se comprometeu em ouvir e opinar. E se tiver uma sensibilidade semelhante a minha, confirmará o q já disse aí encima: quem gostou da prova de "Wave", vai se surpreender positivamente com o resto dessa gravação.

    Já o Flusão... rsrsrs... Sejamos otimistas, volta o Fred, o portuguesinho pode resolver fazer num jogo ou meio tempo q seja, tudo que nos deve em termos de custo benefício e ainda tem o Enmerson e tem o He Man... É só essa tissunami de baixo astral recuar, a torcida dar uma trégua... e quem sabe "o sol há de brilhar mais uma vez", né Nelson? (o do cavaquinho)

    Abraços! E cruzemos os dedos.

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  9. Caro amigo Sérgio que coisa é esta que vc disponibilizou? maluco, maluco sou eu, pirei na batatinha, o som é uma viagem ao mundo do impossivel. Diga-me como eles fizeram algo tão desconcertante. Deus me livra, parece coisa do ,capiroto, eita!!!! Serjão estou chapadão mas o som não sai da minha cabeça. Nem precisei do Jack, bastou umas cervas. Será gravado num CD especial pra ouvir no carro, junto de Miles Davis (Kind of blue), Chet Baker (Cool e Sings), Stanley Jordan (Magic Touch), Mahavishnu Orchestra (Birds of Fire e Apocalypse), Dixie Dregs (live), Charlie Parker (Trilha sonora do filme BIrd) e de Jimi Hendrix (Electric Ladyland), tudo em MP3, ufa!!!!, ou seja, Cd especial!!!
    Obrigado pela postagem, um forte abraço.

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  10. Agora vc entende como foi difícil destacar uma música desse bootleg. E vc como eu é um privilegiado. Pq eu não tenho dúvida q uma química mágica aconteceu naquela noite numa casinha nos arredores da Holanda. E vc sabe o quão impossível é medir esse som por uma música só.

    Valeu, meu camarada. Esperava ansiosamente a opinião de alguém q tivesse ouvido esse som inteiro.

    Abração! Ah!, Só sonzera nesse carro, hein?

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)