terça-feira, 22 de julho de 2008

ELA NÃO SÓ AUTORIZA COMO INCENTIVA...


“Adoro ver os meus discos pirateados”

(O Globo - 03 / 07 / 2008):

Num momento delicado para a indústria fonográfica, que encara a pirataria como crime hediondo, é desconcertante a sinceridade da cantora paulista Mônica Salmaso, que está no Rio para uma apresentação amanhã com a Orquestra Sinfônica Brasileira: - Adoro ver os meus discos pirateados! A pirataria é uma grande aliada para mim. Após o choque inicial, vem a justificativa da artista, que coleciona elogios da crítica desde que o disco Afro-sambas, de 1995, e o prêmio Sharp de 1997 a botaram no mapa. - A pirataria, principalmente na internet, é uma ótima forma de divulgação para artistas como eu. O público conhece minhas músicas (pelas versões piratas) e depois compra os CDs originais, porque quer um belo projeto gráfico e qualidade sonora. Não faço CDs descartáveis, sustentados em uma música da moda. Quem compra um CD por causa de uma faixa, que é o sucesso do momento, não faz questão mesmo do original. Meus ouvintes valorizam os produtos bem-acabados vendidos nas lojas e nos meus shows - afirma ela. Para chegar a essa conclusão, Mônica, que desde 2004 grava para o selo Biscoito Fino, fez antes uma avaliação de sua trajetória: - Desde o início de minha carreira, lancei CDs por gravadoras pequenas, sem muito poder de comercialização. Minhas gravações não tocam em novela. Tocam pouquíssimo nas rádios. Isso é um ponto ruim, porque é claro que eu gostaria que todo mundo ouvisse meu trabalho. Mas o lado positivo disso é não criar música da moda, aquelas que tocam em novela e desaparecem depois do último capítulo, para serem substituídas pela próxima canção da vez. Meus discos têm uma durabilidade maior, e meu público tem uma identificação profunda comigo (...) leia o texto na íntegra clicando aqui.

O interessante é que pela lógica da nova lei (ler postagem abaixo) acabo de me dar conta, ao digitar "
clicando aqui" que cometi mais um dos meus crimes: piratiei a Biscoito Fino, editora de Mônica Salmaso, que por sua vez, piratiou O Globo. Xiiiii... Alguém vai ter que pagar por isso...

EM TEMPO: "Pirataria", nenhum blogueiro merece ou precisa desse estigma. É claro que Mônica Salmaso usou o termo do momento. Sou de um tempo em que discos piratas eram produzidos nos shows por fãs, munidos de gravadores portáteis (do tamanho de uma caixa de sapato 43 bico largo) e sabe-se lá como conseguiam gravar algumas centenas de LPs. Havia algo de romântico na atividade. Como românticos também somos nós tentando vencer a resistência do mercado, no intuito de suprir uma carência que nem se eles, os do mercado, quisessem na melhor das boas intenções e todo dinheiro do mundo, seriam capazes de resolver. Simplesmente porque não há espaço físico nas lojas. E a quantidade de gente boa, artistas fantásticos perdidos pelaí é o que (agora falando só por mim) me move a continuar desencavando ossadas. No fim das contas, tiro onda de Indiana-Jones-tiozão inveterado, dou continuidade a uma saga romântica sim, com louvor! P
orque agora a lei é a do bom senso e o que fica, afinal, é a sensação de que estamos conversados.

EM TEMPO 2: Quer conhecer o trabalho de Mônica Salmaso? Uma das fontes é o blog "Um Que Tenha". Mais especificamente, você poderá encontrar 2 bons álbuns neste link.

7 comentários:

  1. com todo respeito, Sérgio, mas quem é Mônica Salmaso? ela tem mais é que gostar mesmo, afinal só assim será ouvida.

    queria ver uma Bethânia ou Gal falar isso, aí sim seria notícia. Anton Barbeau, por exemplo, adora ver gente baixando disco dele. mas quem, fora eu, o conhece?

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  2. Eu não sei a posição de Gal, ou Bethaâia - provavelmente estão fechadas e não abrem, com as majors - mas sei a posição de Lenine. É alguém pra você? Lenine, quando era pouco mais que uma Mônica Salmaso (que tem talento a vera, os dois) disse a uma revista, e já faz tanto tempo que não me pergunte qual era a publicação (uma Trip da vida), que devia o fato de ter tido casas lotadas em seus shows em Cuba, por causa da internet. E mais! Que com prazer autografou em muitas cópias piratas de seus discos. Era só o que havia. "Então", ele disse, "como não ser grato a pirataria?". De qualquer forma, isso que os blogs fazem não é pra ser considerado pirataria. Sou (somos) do tempo em que discos piratas eram aqueles bootlegs que os fãs gravavam em shows e depois davam um jeito (sei lá qual) de produzir LPs. Havia algo de romântico na atividade. Nada a ver com essa indústria que reina por aí, Enfim... Com todo respeito, Rubens, de que lado está vc, afinal?

    Não. Entendi completamente o seu ponto de vista. Mas faça o favor: leia a postagem abaixo e assine a petição, faça-nos a gentileza, né?

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  3. (...) Depois, pensando bem, ora Rubens se não são artistas como Mônica Salmaso; Bobby Timmons; David Matthews (o da Big Band); Concha Buika; Nguyen Lê; ábuns perdidos de músicos importantes e tbm o Anton Barbeau, Mitch Easter e o próprio Left Bank que vou postar por sugestão vossa que são o objetivo de blogs como este e tantos outros...

    Parece que bebe...

    Aliás, já estava preparando o texto de apresentação do Left Bank quando fui brutalmente interrompido pelas idéias subversivas às avessas de um certo senador tucano. Se leu a postagem abaixo já entendeu tudo. E v se assina, hein...

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  4. Veja bem, não sou contra a música pela internet, Sérgio, a posição não é essa. eu digo que ela é a favor porque dessa maneira pode ser conhecida e divulgada de uma maneira que seria impossível sem ter muito dinheiro.

    Tem uma banda carioca amiga minha "Os Hereges" que só disponibilizam músicas no site dele, grátis. Já deram show até no Paraná por causa disso.
    Eu não sou contra música pela net, mas sendo ela uma artista desconhecida, é claro que tem que se favor.

    O que eu disse é que seria notícia se Bethânia ou Gal fossem favoráveis, porque há décadas vivem em grandes gravadoras e ganham mensalmente gordos salários de tais selos.

    Não foi uma crítica à moça.

    Ah, sim: é Left Banke, com "E" no final.
    abraço

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  5. Entendi tudo, amigo-colaborador. A resposta quase mal humorada foi por conta da nossa luta que tem que continuar. Por falar nisso, assinou o manifesto?

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  6. Mônica Salmaso eh ótema e "ateh eu" conheço...

    Ela ñ necessaraimente acha bom q seus cds sejam pirateados por ñ ser pop, mas por ñ ser "cabecinha", por ñ ser "mercenária"...



    Então, Sérgio, seu blog eh msm mt caprichado, e c tm mt bom gosto.

    Abraço

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  7. Obrigado, Gabriela. Agora que chegaste a conclusão, frequenta, né? Peça dicas que te passo. Pra começar, uma iniciação sem jazz, q c acha?

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)