UM TOUR POR TOI

E SE A VISTA FICA OPACA, EMBAÇADA DE SOLIDÃO, DIRECIONO MEU OLHAR NUMA OUTRA DIREÇÃO.

'Um tour por toi'

A melhor definição que já encontrei sobre a mais bela e envolvente paisagem, está num pequeno trecho de um texto de John Updike, "A mulher do vizinho". O qual tenho de cor e agora te vejo descrever num tom blasé, quase inocente: "Cada pelo" - você me fala - "é individual e com um papel determinado no conjunto: louro, para invisibilidade, onde minha coxa e o abdome se encontram. Escuro, para a opacidade, onde os lábios tenros procuram proteção. Fortes e vermelhos como a barba de um lenhador, sob a saliência do baixo ventre, escuros e esparsos, como as suíças de um Maquiavel, onde o períneo se estende na direção do anus. Minha xaninha muda conforme a hora do dia, de acordo com a luz e o tecido da calcinha. E ela tem os seus satélites, sabe?" - você me mostra - "Essa trilha fininha de pelos que sobe até o umbigo, a penugem brilhante que enfeita o rego do meu firmamento. E na parte bronzeada do meu corpo, por sobre as coxas, bem aqui, vês?, eles se dispersam me dourando por inteira. Âmbar, ébano, castanho claro, hena, pêssego; essas são algumas das cores da minha xana". Penso: Tem descrição mais detalhada e intimista sobre o próprio ecossistema?... Num templo assim, estando só - e haja solidão nesses templos -, o que mais resta fazer senão obrar e orar?