sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Sahib Shihab (Companionship) 1964/1970


Foi então que tive outra aula... Devo confessar que flauta em jazz não está, estava, melhor dizendo, entre minhas preferências. Gosto da sonoridade do instrumento e tal, mas restrito ao clássico, as orquestras, MPB... Devo confessar que há muito não escuto os eruditos, quando o faço, o faço em jazz, também. Mas enfim, Jethro Tull é bem bacana. Focus fez também um trabalho no rock interessante, mas sempre as flautas que mais me chamavam atenção eram aquelas que soavam como vendavais uivantes. O Gentle Giant as usava, muito raramente, flautas de pau a pícolo afim de introduzir um som mais pro folk à música provençal dos trovadores e tal... Outra praia. No jazz, definitivamente... Tenho até um monte de Herbie Manns, Hubert Laws... Mas nunca foram os discos que escolhia pra escutar. Então, ficaram lá, numa pasta dentro de uma gaveta do HD quase em coma, respirando por aparelhos.


Foi então que tive a tal aula. Prá variar, Jazzseen. Fessora Paula(Nadler). E aí corri atrás dos nomes lá citados. Como estou já nesse negócio, “a procura da batida”, no caso sopro, “perfeito” algum tempo, a bola procura o craque, sá comé. Daí que me cai no colo o álbum em questão. Sahib Shihab em “Companionship”. Amor a primeira vista. Paixão à primeira faixa! Uma verdadeira descarga dionisíaca de ritmos num puro jazz, (puro também no sotaque latin, afro... com alguns standards cantados, irretocáveis. Sim, pode-se dizer, sem pestanejos: álbum 5 estrelas com louvor! Aproximadamente 79 minutos que se escuta amarradão em impressão de segundos. Uma profusão de trompetes, flugelhorns, trombones, e claro, flautas de todos os matizes. Na aula, que espero, ca, o navegante compartilhe - clicando o link encimado -, descobre-se que Sahib Shihab foi, além de um dos introdutores do instrumento, se não, o cara que deu à flauta um lugar de destaque, porque experimentava usando a voz simultaneamente ao sopro. Portanto, quando se escuta as peripécias de um Ian Anderson, This Van Leer, etc, saiba que o pai da criança estava lá atrás... Ou melhor, bem aqui encima, agora.


Outras semelhanças que atinei nessa audição, foi como este Sahib Shihab em “Companionship” desengavetou nas idéias um dos álbuns que mais aprecio do King Crimson, o Lizard. É claro que Fripp e Cia, embriagaram-se homericamente nessa fonte.


Pois é. Lizard, KC (1970)... Grande disco. Sahib Shihab mandou retornar com o albinho ao tempo, pra tirar a nhaca de naftalina e reenquadrá-lo. Eu obedecerei o mestre.

Uma pequena biografia: Sahib Shihab é saxofonista (baritone, alto, and soprano) e flautista, foi um dos primeiros jazzistas a se converter ao islã e mudou de nome em 1947, possui tantos discos solos como tocou com grandes mestres do jazz: Thelonius Monk, Dizzy Gillespie, Quincy Jones, Chico Hamilton entre outros (born Edmond Gregory 23 June 1925 in Savannah, Georgia – died 24 October 1989 in Tennessee).

Sahib Shihab (Companionship)

Sahib Shihab (Companionship)2

17 comentários:

  1. Então sergio,
    vim agradecer a visita ao ESSAPALAVRA e dei de cara com um belo blog, desde o layout até o conteúdo.

    Valeu.

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  2. Ah, estou ouvindo o Sahib Shihab (companionship). Estou adorando. Me faz lembrar de Jack Kerouac e a era dos beats na literatura.

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  3. Volte ao essa palavra quando puder. Prazer em ter você por lá.
    Vou escrever qualquer coisa agora ouvindo Sahib Shihab.

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  4. A intenção é exatinha essa, Dauri. Sem tirar nem por.

    Quanto ao ESSAPALAVRA... 5 anos conectado, nunca tive uma sensação tão clara de ter encontrado a minha turma. E olha q procurar eu já vinha procurando a mais tempo.

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  5. É forçoso concordar com Mr. Sônico: ser acolitado por Ms. Nadler é puro júbilo.

    Grande abraço, JL.

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  6. Pois é Lester aula de Ms. Nadler, vcs do Jazzseen não sabem, mas sou o 1º a chegar e o último a sair.

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  7. Caro Sérgio, caso persista sua busca pela sonoridade perfeita – no caso especifico da flauta, Milt Jackson já reunia experiência prévia reunida num cd daqueles 2 lps em 1.O título é Bags & Flutes pelo acessível selo Collectables.Abrindo um pequeno parênteses:considero Hubert Laws no instrumento tão significativo quanto Art Tatum no piano em relação ao jazz.Edú.

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  8. É ouvir, ouvir e ouvir, né, Edu? Não esqueça (o meu texto tenta deixar isso claro sempre que falo de jazz) que a minha educação começou ontem. Até bem pouco tempo eu só sabia que John Coltrane era negro, tocava saxofone e fazia jazz. Para me encantar com o som do home, eu tive que entrar em contato (conto nos dedos de uma mão quantos anos isso faz) com a bela interpretação dele de My Favorite Things. Acho até que apartir dessa audição, o jazz entrou de verdade na minha vida. Hoje, com o advento do mp3 devo ter uma coleção maior do que a de muito amante do estilo. Mas, é o que eu disse: ouvir, ouvir, ouvir.........

    Poxa, falar nisso, e o 'round midnight que deixei pra vc e Salsa experimentarem?

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  9. Em tempo: pois é , rapaz, Art Tatum não foi o cara q vc descreve lá na tua última postagem no Jazzseen, como o homem que toca como fossem 2 (home)? Tenho só um disquinho dele: "The Tatum Group". Tou bem na fita? Acho que não, né? Se o cara é tão importante eu devia ter mais. Mas antes disso...ouvir, ouvir, ouvir...

    2: Achei tua dica "Bags & Flutes" e já estou baixando.
    Mas não esquece minha dica.

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  10. É seu Edu, foi seguindo vossa sábia linha de indicassons (no Jazzseen)que neste momento aprecio um Hank Jonesinho pó-rêta! Só que noutro ranque. Não dos seus lá ranqueados. Na radiola, “West Of 5th” de 2006. Escrete: Jimmy Cobb on drums e Christian McBright on bass, e o álbum... Quem conhece sabe.

    Os que não tiram proveito do que se trata (por lá que acaba respingando pra cá), que me perdoem, mas perdem excelentes oportunidades. Há, claro, o fator tempo. Eu, como o tenho em boa conta, sigo a risca meu silogismo: se tempo é dinheiro, já tá dando até pra rasgar. Os picotes vou juntando numa sacola pra lançar da janela, na passagem de 2008 pra 2009. Pois é. E haja tempo pra pensar essas bobagens...

    Ouvi tbm sua indicação aqui, Bags & Flutes do Milt. Achei agradável e tal, mas predomina o q disse no texto, em jazz gosto de uma flauta mais ácida, marcante, agressiva e esse Companionship tá bem mais ao meu jeito.

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  11. Prezado Sérgio, em maio decidi retirar da imensa pilha de livros q necessito ler a descrição das gravações de Love Supreme pelo jornalista Ashley Kahn.Imediatamente resgatei da minha estante o dito cd após uma hibernação de seis anos.Foi a semana inteira ouvindo consecutivamente os 30 minutos mais preciosos de jazz já realizados por 4 músicos do planeta.Art Tatum fez dois ciclos de gravações nessas chamadas Masterpieces .A primeira em forma de piano solo.A segunda, com uma variedade de músicos convidados de várias gerações e matizes em pequenos grupos.Não diria q é um trabalho apaixonante à primeira vista, mas extremamente importante na concepção artística do piano no jazz.Quanto a esse disco do Hank Jones tenho as melhores referencias mesmo não o possuindo.A base rítmica com Mc Bride ,de 30 e poucos anos e Cobb ,na faixa dos 70 e Hank aos 88 em 2006, já demonstra a integração de gerações abnegadas à música e ao jazz em particular.A gravação e do selo de David Chesky , um americano q foi marido da cantora brasileira radicada nos EUA ,Ana Caran, e desenvolve técnicas inovadoras de gravação em estúdio de alta tecnologia.Chesky tenta há anos mesclar o choro com o jazz promovendo o encontro de músicos de lá com os chorões daqui.Às vezes, dá samba.Edú

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  12. Flute in Jazz é bom demais...Acho que vai gostar de Yusef Lateef principalmente do álbum:The Doctor Is In... And Out

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  13. Fazia tempo que eu nao me sentia tão ignorante ao ler um post.
    hehehe
    Digamos que de música eu só entendo como se ouve.
    ;)

    Bom domingo e obg pela visita.

    ;***

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  14. Sérgio,
    Não sei você conhece, ou se já falei disso com você ou se você que me apresentou a parada: existe um trio que faz interpretações jazzísticas dos temas do King Crimson. Conheces?

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  15. Salsa, c pegou de mim esse álbum. Ê, goró!... Mas faz tempo, isso. Foi uma de minhas 1ªs postagens. Daí é compreensível e absolutamente normal teres esquecido.

    Esse disco do Sahib, vc conhecia? Bom, muito, amigo...

    Só mais uma coisinha: e o 'round midight' que pus lá pra vcs ouvirem, ouve aí e opina. Sua opinião é importante, pra minha vaidade de "descobridor de novos talentos"... Imagine se novos... O cara é só de terras distantes, tem nada de novo. Só a interpretação do tema que achei bem pessoal e diferente das que já tinha ouvido.
    Uma abraço.

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  16. Yusef Lateef, anônimo, o 1º que peguei, baixei do Kazaa, como se fora Gentle Giant. Gentle Giant é o nome de um álbum do Ysef. Gostei muito! Baixei um monte de outros discos dele, mas a sua dica não tenho. Anotarei e ouvirei.
    Valeu a visita.

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  17. Candy, retribui sua visita em vossa casa. C já deve saber,
    beijos!

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)