sexta-feira, 13 de março de 2009

Meus 'dardos'



Os escritores de hoje esforçam-se por descrever raridades humanas ou senão tipos que só existem em grupos anormais, à margem da grande sociedade dos homens que agem e são sadios. Já que eles por si mesmos se puseram fora da vida, deixa-os e vai aonde estão os homens. Aos homens de todos os dias, mostra-lhes a vida de todos os dias: ela é mais profunda e mais vasta que o mar. O menor dentre nós, leva em si o infinito. O infinito está em cada homem que tem a simplicidade de ser um homem, no amante, no amigo; na mulher que paga com suas dores a radiosa glória do dia do parto, naquele q se sacrifica obscuramente sem que ninguém o saiba; ele é a torrente da vida que corre de um para o outro e do outro para um... Escreve a vida simples de um desses homens simples, escreve a tranqüila epopéia dos dias que se sucedem, todos semelhantes e diversos. Todos filhos de uma mesma mãe desde o primeiro dia do mundo. Escreve isso, simplesmente. Não te preocupes com rebuscamentos sutis em que se enerva a força dos artistas de hoje. Falas para todos: emprega a linguagem de todos. Não existem palavras nobres nem vulgares; não há senão as que dizem ou as que não dizem, exatamente o que têm a dizer. Põe-te todo em tudo o que fazes: pensa o que penses, e sente o que sentes. Que o ritmo do teu coração embale teus escritos! O estilo é a alma.

Romain Rolland em 1912 no livro "Jean Christophe"

Ps.: Meus dardos tem ponta de seta. Espero que, certeiros, alcancem o alvo desejado.

Um comentário:

  1. ... Mas se, por desencontro, coisas da modernidade séculovinteúnica, o dardo ficar suspenso rastreando, essa é pra você, Tchuda.

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)