terça-feira, 9 de junho de 2009

Nikki Yanofsky aos 14



Veja como imagino que se dará o processo. Num 1º momento, desconfiaça. Como essa pirralha se atreve a iniciar-se na carreira, cantando Ella Fitzgerald?... Isto claro, porque o ser desconfiado que inventei pra imaginar, até aqui, o que viu? Dois títulos. Um na postagem, outro na capa de um disco: Ella...of Thee I Swing, ainda não chegou no vídeo do andar debaixo. Se for ousado - o que tem a perder? - baixa o álbum e vê com os próprios ouvidos, sem necessidade da influência de terceiros enchendo-lhe a paciência, que a garota tem cacife para ousar. Enfim, nesses tempos incríveis onde a oferta é infinitamente maior que a procura, concomitantemente, diante de fenômenos reais como Susan Boyle, a Nikki não surpreende sendo apenas uma ilustre desconhecida, mesmo cantando o que e como canta. E "ilustre" pois é ela quem ilustra a capinha de seu 1º álbum solo.

Bem, houve uma vez um verão - pode tbm ter se dado no inverno ou na primavera, mas o mais provável mesmo é que tenha sido no outono - um (ex)amigo blogueiro, acusou-me de ter a arte de falar, falar, falar e de não dizer coisa alguma. Magoou. Bateu fundo aquela crítica maldosa. Desde então, quando me lembro da afirmação, o reflexo é de não dizer coisa com coisa alguma mais. Fique então com a opinião do gringo aqui embaixo. Particularmente, não entendo patavinas do que diz, mas pela quantidade de "WOW" e !!! exclamações, deve estar coberto de razão. Quem sou eu pra discordar de um cara que sabe falar um inglês tão fluente?

"Wow! I predict that’s what you’ll say when you hear this debut offering by Canadian Jazz singer Nikki Yanofsky. As soon as you listen to her remarkable performance on Mel Torme’sLullaby of Birdland, you’ll recognize that this artist has a singularly unique talent. Then…you’ll look at me in disbelief when I tell you that she is all of…wait for it… standard
13 years old!!!
I’m serious. It’s ridiculous how good she is, even before you consider how far she has advanced past her years, in terms of pure, raw ability. To hear her speak, she sounds like a Mouseketeer. Then she starts to sing, and something approximating Aretha Franklin comes out of her mouth. It’s gotta be Memorex, right? Nope, 3 sold-out shows at the Montreal Jazz Festival dispelled that myth.
It staggers me that a girl who might still watch Sesame Street on her days off school can do what she does with Ella Fitzgerald’s It Don’t Mean A Thing (If You Ain’t Got That Swing). It impresses me that Etta James doesn’t absolutely bury her, when you line up Etta’s At Last against Nikki’s version.
Now, before I unilaterally award her the GRAMMY for Record of the Year, what this young lady is… is a prodigy. That is to say that no one should be, relative to her experience, that good. However…Natalie Cole could still sing circles around her. She has lot of growing and learning before I put her on that pedestal.
Yanofsky’s phrasing needs maturity. Her range, while impressive, can be a runaway beast. She has not yet learned how to fully control the talent she possesses. Evidence? Try cut #9, where she gamely attempts Ain’t Got Nothin’ But the Blues, but doesn’t quite pull it off, for all the reasons listed above.
And when you’ve only been on this planet 13 years, there’s a limit to just how much living you can pack into a two-minute song. It just doesn’t FEEL quite grown up yet. She needs a Phil Ramone or a Quincy Jones to mentor her. Until then, she’s a Canadian Renee Olstead. And that ain’t bad!
But if she continues to evolve, and she progresses from where she’s already arrived at? Look out!"

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O álbum:

9 comentários:

  1. Mestre Sérgio,
    Muito bom o disco desssa garota. Ela canta com um frescor e uma energia que lembram muito a homenageada. Tomaraa que ela possa trilhar sua carreira de forma apropriada, sem fazer as benditas concessões ao "mercado".
    Admito, apenas, que não gostei lá muito da versão de "With a Little Help From My Friends", mas isso é um detalhe irrelevante, diante do conjunto magnífico da obra.
    Abraços supersônicos!

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  2. Sergião,
    sempre li suas resenhas com bom gosto.
    e sempre me assustas quando grita o famigerado PAREM AS PRENSAS...

    Gostei dessa menina fazendo scat... a voz é muito boa... mas ela não chega aos pés... ela canta bem... mas num certo ponto ela cansa um pouco... a voz é muito límpida... deviam dar mais burbon pra ela... hehehehe... ainda parece uma personagem da disney cantando ella fritzgerald...

    já pensou como as críticas recebem um teor negativo dos sus autores? sempre há o crítico que detona o criticado... não existem críticas positivas... um erro, isso, acho eu. é sempre aquela imagem inconsciente que a disney (novamente) eternizou com o Anton Egon do 'Ratatouille'. Impagável a cena em que o crítico come o prato que deu nome ao filme.

    E também é impagável ouvir essa menina cantando. com a voz inocente, ainda não desgastada. Você nota muita diferença quando ela canta e quando conversa com a platéia. Demais a voz dessa menina.

    mas é mesmo muita pretensão gravar o primeiro disco cantando ella... e pode nem ter sido pretensão dela... mas uma decisão de corporação etc.
    mas gostei muito do som e achei que essa 'mallu magalhães' do jazz promete muito...

    tomara que decisões corporativistas não detonem nem a voz nem a carreira dessa promisssora jovem cantora...
    espero ansioso pelo próximo disco... será que vai sair um esse ano?

    espero que num futuro ela lance novamente um 're: Ella...of thee I Swing'...
    porra!

    jazzista tinha que lançar um disco a cada ano. aliás... deviam gravar todas apresentações e disponibilizar no próprio site como podcast....
    putaquepariou!

    já pensou a hiromi fazendo isso? eu não ia ouvir mais nada... demais o 'jazz in the garden'... ela podia tocar em mais faixas... mas tbm nas que ela toca ela rouba a cena e apavora completamente.

    Demais essas cantoras (Esperanza, Ayo e Elizabeth Shepperd), pianistas (Hiromi claro), baixistas (Tal Wilkenfeld, que toca com o Jeff Beck) que nasceram ultimamente...

    Vivam ELLAS!

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  3. Vou responder aos dois amigos, Érico e Bruno numa tacada só: Érico, fui dormir com a sua opinião e acordei com a seguinte resposta, quem é o verdadeiro autor de "With a Little Help From My Friends"? Acabo de ir no allmusic pra me certificar se eram Lenon & McCarteney ou somente um dos dois... É a dupla. Mas, o verdadeiro autor dessa música chama-se Joe Cocker. Será que é discutível essa afirmação? Vcs me dizem. Porque interpretação igual aquela que "ele me apresentou" no Woodstock, está pra nascer quem seja capaz. Aquilo é uma recriação de uma obra. Pelos Beatles a música é só mais uma baladinha, com toda a capacidade que os autores tinham de criar belas melodias, mas não me dizia nada além disso. Já, com o Joe, a música ganha um bilhão de mililitros de octanagem. Então, acho que sempre que ouvirmos With a Little Help From My Friends com outro que não o Joe Cocker, vai faltar algum plus a mais.

    E aí a gente adentra pela sua opinião, Bruno. É claro q a menina Nikki tem um mundo a abraçar, porra, bourbom, sim! Concordo! Boehmia, bons amigos, alguns amores, decepções, mais bourbom!, muito cinema e bons livros. Quase q necessariamente nesta ordem. Se ela não se transformar numa Ammy Winehouse, zuzo certo. Mas, Bruno, é justamente esse jeitinho de menina - claro, com aquele q nem se pode chamar ainda de vozeirão - que me encanta nela. E, não creio q o repertório seja incorreto ou imposto. Pensei muito sobre isso. E pensei muito com a mesma opinião que a sua, até chegar a conclusão q a menina nasceu num lar de pais cultos, amantes do jazz e que a Nikki bebia Ella o dia inteiro, através dos pais... Daí que esse é o som que ela conhece. Não lhe impuseram nada. Inclusive, se o meu francês não for mais enganador do que eu tenho noção q seja, ela diz algo nesse sentido na entrevista q dá ao magro Jô canadense... Então eu acho que em 1º lugar, calma, é o que devemos ter. Bom gosto, voz perfeita - poxa, não estamos diante de uma Sandi que nasceu e foi criada entre os cabritos – e repertório corretinho, a Nkki já tem.

    Só achei a pior comparação que fizestes, Bruno, foi a com a Mallu Magalhães. Uma é a compositora que canta suas próprias criações dando a elas um ar de indisfarçável e bem proposital de: mininha-burgueza-infantilóide-que-se-acredita-um-fenômeno-porque-acredita-no-que-os-críticos-sinalizam. A outra é uma autêntica adolescente que tem um dom e um amor cristalino, diria mais, translúcido pelo que faz. Acho q é isso.

    Quanto aquilo q escrevi sobre a crítica que me fizeram de falar e não dizer nada. Bruno, conhece o Jairzinho Oliveira (outro muleque prodígio, da melhor safra!)? Faço minhas as palavras dele, e canto: eu tiro ondo pra onda não me tirar.

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  4. Ah, Érico, esqueci um detalhe importante: disse no texto q fui ao almusic pra me certificar da autoria de With a Little Help From My Friends por um motivo q acabei me esquecendo de mencionar: são 650 tantas versões, mesmo assim, continuo cético de alguma faça frente a do Joe Cocker.

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  5. Concordo em gênero, número e grau. A música tem três autores e o Joe Coker é tão dono dela quanto Lennon e McCartney.
    No mais, a garotinha é brilhante (quando a sua voz for "escovada" por centenas de noites mal dormidas, fumaça de cigarro e hectolitros de Bourbon, pode preparar mais uma vaguinha no Olimpo onde repusam soberanas Billie, Ella, Sarah, Dinah, Carmen, etc.).
    Abração!

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  6. a comparação é só pelo fato das duas serem jovens prodígios - e atualmente a Mallu é o exemplo mais recente...
    Poderia ser a Nicka Costa do jazz - se o exemplo fosse facilmente reconhecido - pq essa ai já deve ter virado titia...

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  7. Entendi, entendi... É só que tinha que explicar q são praias totalmente diferentes.

    Mas tomara q voltes logo, Bruno estou separando um som aqui que é o teu número, exato. Pode crê q vai c.

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  8. ela é ferinha, a danada!
    demorei mas cá estou pra degustar todas as novidades, meu amigo querido =)

    beijão

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  9. Quando li o comentário do "Eu Ovo" eu tb ia "zangar" com ele pela comparação Malu / Nikki; mas o Sergio já respondeu e ele tb já se explicou melhor. Então...

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)