Quem sabe, sabe. Quem nem tanto sabe, no mínimo, lê e ouve - bem melhor calado, que é pra apreender. E quem, como eu, se alimenta desse tipo especial de música, esse alguém deve, no fim, aplaudir, compartilhar...E se quiser que poste outra. (mas... capricha, hein!)
Infelizmente não identifiquei o pessoa física que escreveu cá embaixo. Bom que se explique que quem sabe é ele:
"Já de há muito que tinha a vontade de possuir este disco em minha coleção, do qual já conhecia algumas faixas ouvidas de programas radiofônicos. Ademais, a admiração por Oliver Nelson como músico e arranjador já estava construída pela participação dele em discos de outros, especialmente nos de Jimmy Smith, cujos Bashin': The Unpredictable Jimmy Smith e Monster são arrepiantes em virtude do clima de big band moderna que ostentam graças ao talento do conductor Oliver Nelson. Por isso foi com grande alegria que recebi a informação, por parte de olhos – e ouvidos – atentos de um grande usuário aqui do RYM, do lançamento no Brasil deste The Blues and the Abstract Truth. (Em tempo: prefiro, idiossincraticamente, catalogar os discos na conta de seu lançamento original, a despeito de ter em mãos a citada edição brasileira de 2007).
O título do disco já denuncia o seu objetivo: a idéia de trabalhar com formas primitivas da música americana, neste caso o blues, fundido com algo do avant-garde. Aliás, a idéia de abstração está sobejamente ligada à vanguarda, principalmente nas artes plásticas. Não nos esqueçamos que o gênio Ornette Coleman declarou certa feita que a sua grande intenção artística era fazer uma espécie de versão musical das pinturas abstratas (a obra “White Light”, de Jackson Pollock, ilustra a contracapa do seu clássico Free Jazz). Permito-me, pois, supor que tal corrente jazzística tem alguma ligação com a “verdade abstrata” revelada pela música - “abstração” que, no campo musical, é um conceito usado mais abertamente por algumas correntes da música erudita, não por acaso a de vanguarda.
Os elementos de blues mais puros não chegam a ser tão abundantes no disco como seria de se esperar, mas são intensos o bastante para fazer do álbum uma porta de entrada no mundo do jazz para iniciantes. Penso que esta é a grande função de discos que fazem a intersecção do blues com o jazz, como os espetaculares Blues & Roots, Coltrane Plays the Blues e Louis Armstrong Plays W. C. Handy: são discos que ajudam a educar os ouvidos de pessoas que ainda não “aprenderam” a gostar de jazz, mas que apreciam o blues, ainda que muitas vezes pela leitura de roqueiros, soulmen e outros popstars.
A exemplo dos discos de Mingus e Coltrane supracitados, o disco de Oliver Nelson traz um blues já devidamente metamorfoseado pela interpretação um tanto agressiva de músicos incontidos na sua vontade de improvisar e de explorar os últimos limites de seus instrumentos: nele estão presentes, por exemplo, os “vanguardistas” Freddie Hubbard e Eric Dolphy, dois grandes participantes do movimento free.
A meia estrelinha de que este disco careceu para receber minha nota máxima deve-se, paradoxalmente, à beleza atemporal de suas canções mais radicalmente bluesísticas (“Hoe-Down”, “Yearnin’” e “Teenie’s Blues”): elas são tão geniais que relegam as demais canções à condição de mero bom exercício hard bop. “Ora”, dirão alguns, “‘mero bom exercício’ hard bop de um grupo que conta com Bill Evans e Paul Chambers? Esse cara queria mais o quê”? Os que disserem isso têm razão: estou sendo cruelmente exigente demais com um álbum muitíssimo acima da média, só porque ele às vezes soa algo normal dentro de uma certa tradição do jazz. De qualquer forma, espero que entendam que os pequenos senões a uma metade podem representar o entusiasmo desmedido à outra. Acho que é este o caso!"
Texto fonte
Realmente é um sonsaço, o dos 3 do Jimmy Smith aí citados. Tenho todos. Tenho também um pirata do Oliver com o Eric Dolphy.
ResponderExcluirAgora, esse daqui deve ser uma pedrada, nememo? Vou sair à caça dele. Abraço do Oleari.
Tapete vermelho, Don Oleari. Tapete vermelho.
ResponderExcluirObrigado por visitar meu blog, realmente nosso gosto é bem parecido, vou baixar muitas coisas de seu blog. Só filés!!
ResponderExcluirJá adicionei o link do seu blog no meu. Apareça sempre e baixe à vontade.
Abração
Taí um disco fantástico que fiz questão de comprar o CD original e importado, só a reunião de músicos dessa categoria já vale cada centavo. Custe o que custar!
ResponderExcluirAbraço,
WOODY
Obra-prima.Edú.
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