Amigo(a), quando conheci a autora do texto abaixo, uma das poucas conclusões inteligentes que cheguei no contato, foi dizer, ... "e ainda tem chato que reclama da vida." Ter pessoas assim dando sopa na Rede pra se conhecer, até com certa facilidade, é desses privilégios que só estando mesmo muito morto pra se vangloriar de não ter nada mais do que reclamar.
"Palavra é um bicho, organismo imaterial inoculado na gente ainda pequena...
a minha filha com dez meses de idade sabia balbuciar 60 delas (eu contei!)"Palavra é um bicho, organismo imaterial inoculado na gente ainda pequena...
Não tenho nenhuma participação nessa proeza: ela que já veio assim, com o DNA espevitado.
Mas voltando ao tema: palavra é bicho-bactéria, precisa do meio de cultura, do contexto.
Palavra boa vem com o caldinho de cultura junto... aí vem vivinha, pulsando.
Palavra solta já chega meio morta, mesmo que seja bonita.
Por isso que inventaram a poesia, que é um caldo de cultura engrossado com maisena... a palavra chega toda cremosa, rebolando, uma gostosura!
Tem vezes que, pra escrever, você já está com a palavra-bactéria em mãos, mas precisa deixar no vidrinho fermentando pra ela se multiplicar. Se tirar antes ela não rende, é um miserê.
O perigo mesmo é quando o caldo entorna, ou fica estagnado de podridões e vírus que foram entrando lá por falta de cuidado... aí a palavra já chega doendo, machucando, fodendo tudo.
E não pense que é bobagem, porque palavra mal-dita dói pra cacete... e o ministério da saúde diz que inclusive dá nó na garganta.
Em compensação, quando vem banhada em caldinho doce... humm! Aí ela não entra mais pelo ouvido não... injeta direto no peito e se espalha feito água morna, vai escorrendo linfa adentro e curando até verminose: palavra boa cura solitária e solidão.
Palavra-carinho, palavra-coragem, palavra-tesão... ah, e tinha me esquecido também do palavrão: um ‘puta-que-pariu’ ocasional desentope as artérias.
E a palavra-sacação... essa é das boas, porque inocula um troço em você que vai dar choque nas sinapses* num efeito dominó. Perigas você nunca mais ser o mesmo. Bom, né?"
Autor:a Padymaya
*Sinapses (nervosas) são os pontos onde as extremidades de neurónios vizinhos se encontram e o estímulo passa de um neurônio para o seguinte por meio de mediadores químicos, os neurotransmissores.
As sinapses ocorrem no "contato" das terminações nervosas (axônios) com os dendritos. O contato físico não existe realmente, pois as estruturas estão próximas, mas há um espaço entre elas (fenda sináptica). Dos axônios são liberadas substâncias (neurotransmissores), que atravessam a fenda e estimulam receptores nos dendritos e assim transmitem o impulso nervoso de um neurónio para o outro.
ResponderExcluircaramba! eu adoro esse texto da padmaya... :)
Pavitra, eu já ultrapassei essa fase de amar os texto da Padmaya. Eu já amo a própria Maya!
ResponderExcluirAliás eu nem amo "uma pádmaya". Pra mim, uma Maya só me basta.
Beijos!
ResponderExcluiressa foi boa! ahahahaa
beijos!
Palavra-bactéria: "Language is a virus" (Laurie Anderson)/ "Bactéria num meio é cultura" (Arnaldo Antunes, "Cultura", em "Nome", 1993).
ResponderExcluirPrezado Sérgio, parabéns pelo blog, cada dia melhor. Por essas e outras sou um seguidor do Sérgio Sônico.
ResponderExcluirGrande abraço, JL.
eu adoro esse texto da Padmaya, eu adoro a padmaya e já vi que aqui só tem gente boa... olha a pavitra aí.
ResponderExcluiropa!!!! hahahaha... ai que delícia, isso aqui tá uma festa e eu só chego agora?
ResponderExcluirque barato, Sergio... por essa eu não esperava,
tô aqui comendo as orelhas... rsrs
preciso dizer mais?
super beijo!
ResponderExcluirsergio, vá conhecer essa mocinha aí, a mariana... ela é demais!!!
p.s. preciso de um HELP! rsrsr
sim, boa prosa para explicar a poesia.
ResponderExcluirJohn Lester, há mulheres lindas e talentosas aqui, c viu, né? Mas "Por essas e outras sou um seguidor do Sérgio Sônico", nem o ego da Maya todo preenchido de eu é capaz de se inflar mais! Tu é o cara do jazz! O melhor blog sobre a melhor música que há, então.. Vê a resposa! Agora tenho q pensar 1000 vzs antes de escrever, citar, dizer.
ResponderExcluirValeu a visita - e valeu a responsa.
Giovani e Macos: valeu demais a visita + comentários!
ResponderExcluirMariana, não só não esqueci de você como li e comentei várias de sua incrível poesia. Pavitra sabe das coisa.
ResponderExcluira pav é meu guru! ahahah
ResponderExcluirclaro, a padmaya, minha siamesa.
Lindo modo de dizer as coisas, coisas estranhas que a gente ama, como poesia.
ResponderExcluirUm abraço.
Valeu Dauri. Precisa dizer, vá e beba da fonte? Acho que não, né? Já deves estar lá, inclusive.
ResponderExcluirnossa muito bom esse texto. acho que tem a ver com um que postei la. so o assunto mesmo (não tenho esse dom das palavras).
ResponderExcluirbj
Olha eu aqui. :)
ResponderExcluirDesculpe a demora pra te fazer essa visita, mas estava ocupada mesmo.
Eu li o texto e gostei. Me fez lembrar um curta que eu assisti meses atrás, com a Débora Falabella. Se chama Françoise, e ela fala das palavras também. Diz que se você ficar olhando pra elas, elas parecem bichinhos que ficam se mexendo. É mágico. :)
Ahhh, vesti branco porque concordo com você. Fico melhor. E obrigada pelo toque!
Um beijão! ;*