quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Operário padrão



Eu nunca enxerguei glamour nisso. Escrever para a televisão. Afinal não é um entretenimento de massas? Coisa pra ser descartada? Aquilo (ou por unidade) que se põe no ar entre um comercial de tender light e o último presunto que apareceu boiando noutro canal?... No fim é tudo mercadoria, presunto. Se não foi, caminha pra ser, embalado pela Sadia ou no plástico rústico pro necrotério. Não há glamour algum na televisão.


Glamour é fazer cinema. Um tipo cool de cinema; encenar peças grandiosas de Teatro maiúsculo, escrever livros para a Companhia das Letras... Aí sim. Eu seria um convencido se fizesse essas coisas importantes. Graças ao cosmo, me livrei desse lado glamouroso! Aqui diante mão me confesso: mesmo eu mesmo não me suportaria. Daí que não vejo mal algum em ser um operário da mídia. Operário é trabalhador braçal.


Definitivamente, não há glamour algum na TV. A mídia é que forma essa opinião torta, glamourosa sobre estrelas e astros. Os autênticos, não querem essa glória. Quem não tem uma opinião formada pela própria TV, entende bem o que estou dizendo. Estrelas, como uma Paola Oliveira – e cito ela, novinha, como um exemplo a ser seguido – e astros como um Herson Capri, não são feitos astros pela mídia. Não são, nem foram esculpidos por notícias sensacionalistas. São porque têm o dom de ser. Nasceram para sê-lo, a mídia, nada tem a ver com o fato. Se vacilar, só atrapalha.


E os escritores autores então?... Há glamour no Manoel Carlos? A minissérie sobre Maysa, para citar o exemplo mais recente, acrescentou algo novo que o Wikipédia já não tenha destrinchado? As repetitivas novelas dele, além de dizer o distorcido óbvio sobre homosexualismo, alcoolismo e tantos ismos (a lá Telecurso 2º Grau), acrescentaram o que? Eu, um bêbado conhecido, quase famoso, tenho ânsias de correr pro butiquim quando vejo as abordagens de Maneco sobre o assunto. E estou falando sobre o creme de la creme da teledramaturgia nacional!... E quanto vale, em pontos de audiência, aquela brochura da Índia? Ah mas tem o cara que faz aquelas minisséries cool que ninguém entende... Pois é. Qual é mesmo o nome dele? Ele não deveria estar no cinema? Aquele cinema cool do glamour? (por favor, sem duplo sentido no cool).


Não. Não há glamour algum, nem em escrever para televisão, assim como atuar, apresentar telejornais nacionais no horário nobre... Enfim, quanto mais o futuro chega (e ele vem desembestado a galope) menos esperança há para o glamouroso na televisão. Glamourosa deve ser a vida dos astros, estrelas e apresentadores. Isso sim! Se é justo? Quem disse que a vida é feita de justiça? Não! Não a curto prazo. Não na nossa existência. Daí que a inveja é uma merda. É muito mais fácil fracassar, falando mal de quem faz sucesso, por exemplo, do que fazer sucesso na vida. Em qualquer carreira, aliás. Nisto a vida faz justiça. Veja o lixeiro Renato Sorriso. Que glamour o cara empresta a própria imagem e dá de graça a sua profissão!... Pois é, pra mim, glamour é quase dignidade. Tanto quanto simpatia é quase amor.


Mesmo assim, como o que eu persigo é a dignidade, prima irmã da qualidade de vida, sinônimo de prazer no que se faz, sigo querendo voltar a fazer televisão. Desta vez, não só como operário, mas como autor-operário. Um ponto acima no salário e nada mais. Mas com a mesma dignidade que o Renatinho (já meu íntimo mesmo sem nunca tê-lo visto) varre as calçadas. Um operário-autor feliz, literalmente, como pinto no lixo! E só. Pra quê mais?


Daí que, toda essa introdução tem o objetivo de formatar o meu sonho. Dita a minha religião que, quando sonhas com alguma realização, ela já se concretizou. As conclusões, tire quem chegar - e ler desde lá de cima até aqui e daqui até o final do post abaixo.


Em tempo sobre a foto no Cristo: as vezes a mídia acerta. Ninguém, dos eleitos, reune tanto merecimento para erguer uma tocha olímpica.

14 comentários:

  1. Chato ! Eu gostava do ratinho, ele não é o pai, ele não é o paiiii, dava pra cantar de maozinha pra cima

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  2. kkkkkkkkkkkkk!!!

    Mãozinha pra cima é a tua... Tua cara não lhe cai bem - é o teu rostinho.

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  3. Em tempo: esqueci de acrescentar: glamouroso, é saber tocar BEM um instrumento. Glamouroso, entre as pequenas coisas, é escrer bem um blog e formar opinião sobre o jazz, por exemplo. Glamour é fazer bem pequenas coisas.

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  4. Glamouroso, para mim, é ser feliz e rir das estrelas enlatadas cuspidas diariamente pela TV.

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  5. Glamouroso é ser feliz é bom. Rir das estrelas cuspidas... Quando se é feliz essa parte perde a graça. Uma pessoa realmente feliz, não ri disso. Provavelmente, pq nem pára para se ater a isso.

    Seu comentário é importante, Gian. Qualquer pessoa que pare pra comentar o que pode parecer banal, acaba de, que seja, inconscientemente, desbanalizar o assunto.

    O post começa a cumprir sua missão. Tbm tem boa música aqui e assuntos nem tão banais. Aproveite.

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  6. ee ae..
    meu pode ter certeza que eu ja pensei a respeito do que tu me disse, e vou continuar pensando, e me lembrando todos os dias quando ver o adesivo no chão da sala.
    valeu mesmo por esses comentarios que vc deixa la, pode parecer que não mas me serve pra um pa de coisas, esse ultimo então mais ainda, pq mano esse ano vai se fod*, e eu realmente não vou esquecer do que quero, no começo do ano que vem quando sairem os resultados dos vestibulares, quero te mandar um comentário contando que a pegada realmente não me fez esquecer e que a segui direito.

    ee ao seu texto, vc acertou, rs
    posso falar?
    "Glamourosa deve ser a vida dos astros, estrelas e apresentadores. Isso sim! Se é justo? Quem disse que a vida é feita de justiça? Não! Não a curto prazo. Não na nossa existência. Daí que a inveja é uma merda. É muito mais fácil fracassar, falando mal de quem faz sucesso, por exemplo, do que fazer sucesso na vida. Em qualquer carreira, aliás. Nisto a vida faz justiça. Veja o lixeiro Renato Sorriso. Que glamour o cara empresta a própria imagem e dá de graça a sua profissão!..."

    muito boa essa parte do seu texto, quando eu li falei "caralho é isso meeeeeeeeeeemo". quem não gostaria de viver como um famoso, onde muitos te admiram, conhecem seu trabalho, com seu lado ruim também né? pô paciência. todo caso tem seus dois lados.
    acho que todos temos que trabalhar, prestar atençao em seu própio caminho, talvez assim não sobre tempo pra ficar criticando o mérito do outro, ou melhor invejando.
    beijos

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  7. AAAAAAAAAAA E REALMENTE A INVEJA É UMA GRANDE MERDA! hahahaha :*

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Ai, adorei o texto, mas Paola Oliveira eh uoh! Eu q acho, neh... Acho o olhar dela estranho, acho uma atriz ruim... Sambando, eu ñ vi.

    E eu amo a Elba e deu mais antipatia dela agora q ela tah pegando pela segunda vz em ex da Elba. (Fofoca!!!)

    Tah, agora hj msm eu tava pensando nos luxos q tive hj: uma melancia fresquinha no Mercado Central, um suco d maracujah geladíssimo aliviando o calorão, a companhia da minha irmã (q falou mais ou menos disso no post mais recente dela)...

    O faxineiro ali eh mt glamuroso mesmmo! Mt mais q uns e outros q pisam o chão q ele varre.

    Bisous qridão.

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  10. Gabi, sinceramente, eu não sei nada sobre a Paola. E só por isso, unido ao meu lado sujeito que não resiste a uma beleza (e o jeitinho) clean que tem essa mulher, bastou pra citá-la.

    Não a acho uma atriz brilhante. Ela tem pouco tempo de carreira tbm pra ser jogada na fogueira, tbm não a vi desfilando, só uns flashs. Mas gosto do jeito discreto dela. Foi a 1ª "estrela" que brilha como tal que me veio a cabeça.

    Já o Herson Capri conheci pessoalmente. Leu o meu roteiro. Era (seria ele) o "pai" do "par romântico" que o Xexéo citou na postagem abaixo. É um gentleman, bom ator para caralho! e ele me disse da hojeriza que tem dessa parte falsamente glamourosa que certos astros e estrelas se colocam.

    Pô, não tenho o menor saco com o trabalho da Elba Ramalho. E isso da fofoca, ah, fofoca de “Amiga” (a revista) e outras publicações do gênero não te formam a opinião, né? Sou teu fã, Gabi! Conclusão: parabéns pro ex da Elba! Tá pegando um mulherão que deus me livre guarde e engula a chave!

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  11. Você está certíssimo, Paola não se deixa levar ou construir pela mídia. Pode, pela indústria a qual está submetida, às vezes andar conforme os ditadores mandam, mas quando se vê livre das amarras, é uma garota caseira, moleca e super simples. Se um dia conhecê-la, vai verdadeiramente conhecer uma estrela. Quem tem opinião contrária, é porque está na superfície e não consegue enxergar fora dos limites das páginas de fofocas.

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  12. Grande Lippe, me apresenta. Q seja ela ao blog.

    9vis fora a piada o caso foi exato como expus pra amiga Gabi. O nome foi o 1º que me veio. Mas se paro pra pensar num nome mais merecedor, não me vem outro. Então... Confio na minha intuição.

    Valeu o comentário.

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  13. Prezado Sérgio, para que glamour se temos blogs como o seu para ler?

    Cada vez que passo por aqui me surpreendo com a qualidade crescente dos seus textos, repletos de idéias inteligentes, que nos fazem refletir e ponderar.

    Para que glamour?

    Grande abraço, JL.

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  14. Grande Lester, glamour e ter reconhecimento de um cara que escreve como você. Estou lá (no Jazzseen) e cá (no Sônico), tirando lições. Sempre!
    Um abraço.

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)