quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Poizé


ACEITAÇÃO... FUMEI MAS NÃO TRAGUEI.


Ontem esteve no Estúdio I, da Globo News, o programa da simpática tagarela, ela mesma, Maria Beltrão, que - para variar, na linha dos novos entrevistadores - fala mais que o entrevistado, o violonista clássico Fábio Zanon. Confesso que não o conhecia. Nada entendo de música clássica. Mas o cara, além de tocar muito, e ter um conhecimento extremo sobre a música erudita, é um bonachão gente boa, simples até dizer chega...  Entre as curiosidades que revelou Zanon - tipo, perguntado por um telespectador-internauta se conhecia algo sobre rock, dizer que foi apresentado há pouco a música do Jimmy Page de quem ele nunca ouvira falar... E que, portanto, pulou a fase roqueiro, mas que não tinha preconceitos com música e que apenas estava focado noutro tipo de sonoridades. Mas que ama a MPB, e é amigo do Guinga e de outros violinistas, etc, etc... Mas, como ia dizendo, entre as curiosidades, Zanon me deixou com pulgas mis atrás dazoréia, quando falou sobre a morte do CD. Até tu, Zanon?

É aqui que entra a idéia “aceitação, fumei mas não traguei”. Por que até um intelectual experimentado, um cara que dá a total idéia de ser alguém que pensa com suas próprias idéias está aceitando, sem se rebelar, sem contra-argumentar, nessa imposição, de fatos mal ajambrados, sobre a morte do CD?

A questão é: o que virá depois? Pensemos na redução do formato LP, (e que está voltando, a todo vapor!) a praticidade do CD e a apresentação do produto, a capa! Como ou em que será substituído o produto música com a morte dos CDs e suas capa maravilhosas?... Meu amigo pensador que está acompanhando o meu raciocínio, quantos discos se vendem pela capa? Quando não conhecemos o artista, não é a capa que grita e ativa a sua curiosidade, que movimenta a engrenagem do desejo e que te faz, mecanicamente, puxar a carteira do bolso e comprar o objeto? Por exemplo, foi a foto da capa do álbum “Tin Cans and Car Tires” de 1998 do moe., que me fez sentir toda a curiosidade que necessitava para correr atrás do disco. E, aos que me conhecem de outras postagens, sim! Estou falido, não compro mais discos, baixo-os!, mas quantas pessoas há, sem tempo para exercer essa atividade criminosa que pratico e ainda não estão consumindo discos pela capa e ou pela paixão ao artista? Sim, as vendas vão cair AINDA MAIS e mesmo muitos que tem grana suficiente pra comprar a loja inteira, continuarão baixando discos, simplesmente porque são sovinas! E/ou pq são falidos como eu... Mas quem guardou o hábito e o prazer de ter CDs na estante? Aqueles que nem deixam a empregada passar paninho nos seus CDs, porque aquilo lá é intocável, até pelo filho mais velho? E esses que ainda gostam de ir, aos poucos, aumentando a cedeteca?... E aqueles que se contentam, as vzs, em apenas olhar, sem trilha sonora, sentar-se na poltrona mais confortável da casa e olhar para as suas estantes lotadas de música? Irão se contentar em não ter mais o objeto, num novo lançamento de seu artista preferido?... E ainda tem aqueles que gostam de presentear com CD!... Como ficam? Passam a mandar o presente zipado por e-mail? Vamos acabar com esse fetiche que temos de possuir o objeto assim de graça, porque o mercado, logo ele, quer assim?! Então o que nos impingirá, Ele, o todo poderoso mercado para continuar a obter os lucros para sua soberba?

Aqui em casa gasto fortunas em tinta de impressora, simplesmente porque não admito disco virtual. Mesmo tendo, o disco só se torna real quando ponho nele identidade visual. E sou um na multidão q continuo adotando o CD player em vez do mp3 Ipod cheio de megabites musicais! Confesso que é uma teimosia. Uma reação, as vezes até tola de ducontra. Não é nada prático e um dia caio na tentação de comprar a estrovenguinha portatilíssima. Mas de qualquer forma os discos que amo, sempre estarão lá, em suas capas!

E por falar em capa, e a gata da capa, porque não se decreta também o fim da Playboy? As moças também não podem ser vistas, nas mesmas fotos, na internet? Ah, mas tem as matérias jornalísticas... Porra! (perdão pelo porra, mas há interjeição mais apropriada?), então, porra, não se diz que ninguém compra a revista para ler e sim pelas figurinhas? Então!

Então o que fica claro – e há quanto tempo não tateio as mesmas teclas pra bater no mesmo ponto? – é que a morte do CD está sendo decretada pela ganância. E aceitar uma realidade estúpida dessas, para mim, é o mesmo que enfiar a cabeça na terra, tal qual avestruz! Só que, aos avestruzes, suas cruzes! Mas, certamente, a natureza indicou um motivo prático, inteligente, para que eles enfiem suas cabeças na terra. Mas para nós, é a boçalidade mercadológica que nos faz aceitar como fato tais verdades construídas. Não se consome mais tantos CDs como antigamente, não só porque eles estão ao alcance de 2 cliques, muito menos porque perderam o sentido da necessidade, mas porque os melhores artistas ou estão impossíveis de encontrar, ou porque continuam só acessíveis aos "bacanas". E porque, se com 2 cliques se baixa de graça? Assim sendo, a nós, a fruta podre do crime. Ou... pensando no que nos é imposto, o que temos como herança, creia nisso, é o créu, créu, créu, créu, créu, créu... E da-lhe crééééééu!!!... Esse tipo de lançamento estará sempre bombando.

E aí, mermão, no mercado tem uma antiga nova droga... Ela é sempre vendida em novas embalagens e composições cada vez mais viciantes. Com o uso prolongado, assim como todas as outras drogas, faz de ti um zumbi. O nome é simples e vendedor! "Aceitação",  pra quê nadar contra a corrente? É da boa, a parada... Vai um tapinha aí?

Em tempo: não vai aqui nenhuma  intenção de usar o músico citado como exemplo de "o cara que aceita" ou o que "mete a cabeça" na terra. Mas foi com a entrevista dele que esse assunto aflorou novamente. O bom músico só tem que tocar e amar o q faz, nessas mesquinharias de dineiro, penso eu.

17 comentários:

  1. bom retorno, meu velho. na pressão.

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  2. Certas pessoas, talvez mergulhem mesmo a cabeça na areia, fazem como os avestruzes.
    Mas outros erguem-na tanto, que se sentem superiores aos demais.
    Das duas atitudes, ao menos aquele que a enfia na areia, não magoa ninguem.Talvez somente a si proprio.
    Bjos no coração

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  3. Salsa, tu é o cara. Afinal somos independentes ou não? E náo é na independência q a gente se identifica? Então tá zuzo.

    Abraço!

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  4. Sandra, é melhor magoar. Sem dúvida. Enfiar a cabeça onde quer q seja, se esconder em qualquer problema é o pior de tudo!

    Mas ó: ainda tem uma equipe, com Carvalhão e tudo (aqueles tratores super-pesados, sabe?) para desenterrar só o meu nariz!

    Problema nenhum contanto q eu saia do meu atolero.

    "Enfiar a cabeça onde quer q seja"?

    Não é bem assim. Pra Gente, como a gente, nunca!

    Bejo!
    valeu a visita

    Bem, até aqui os comentários foram só sobre uma foto e um minitítulo que dizia "Aceitação, fumei mas não traguei". Estava 'alegre' demais para desenvolver sobre o tema. Agora, "no day after" - considere a ressaca, também - está dito o porque da idéia.

    Valerão as próximas visitas com suas posições e mais até, as que sejam contrárias! Para bons argumentos, ou não há mais o que discutir ou as discussões serão ainda mais saudáveis...

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  5. sérgio san,

    cd poderia ter preço mais camarada...

    é isso aí.

    abraçsons

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  6. Amigo, hoje vim te deixar um abraço,
    meu carinho e te convidar a buscar
    um selinho que tenho pra você lá no
    meu blog... Te aguardo...
    Uma linda noite pra ti.

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  7. Legal seu blog Sergio! Vou conferir suas indicações, depois te conto.
    Legal encontrar aqui links dos meus colegas blogueiros do Gravetos e Berlotas e do Pântano Elétrico! Escrevo no Pracima:
    http://pracimacomavigamocada.blogspot.com/
    Chega lá!
    Bjs,
    Lu (mana do Mauro)

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  8. O cd não morreu. Está vivo, embora transite por aí meio sorrateiro, "falando de lado e olhando pro chão", como diria o Chico.
    Pois há o crime...
    O crime de se jogar na cara do público apenas porcarias de péssimo gosto!
    O crime de se deixar um Lúcio Alves ou um Dick Farney morrerem no ostracismo!
    O crime de se cobrar R$ 40,00 por um disco nacional e R$ 80,00 ou mais por um importado (que no Amazon tá a 4 ou 5 dólares)!
    O crime de tratar a indústria cultural musical como a indústria do lixo musical!
    O crime da massificação e da banalização!
    O crime dos acordes pobres e dos versos chulos!
    O crime contra a beleza!
    Há o crime, Mr. Sérgio.
    Mas há a droga! Há o novo Soma! Partículas de "felicidade clandestina" - e aqui é Clarice quem fala! Há que se multiplicar o acesso à beleza, Mr. San.
    E há que se combater aqueles que a querem ver morta. Por isso viva a beleza da música!
    Viva Hank Jones!
    Viva Gerry Mulligan!
    Viva Dizzy Reece!
    Viva McCoy Tyner!
    Viva Chet Baker!
    Viva Sam Jones!
    Há rumores sobre os novos traficantes da alegria a transitar pela cidade. Que eles possam sair dos subterrâneos e ganhar as ruas, praças, mercados, esquinas, basílicas! Que com eles venham também a liberdade e a beleza!!!!!
    Abração!

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  9. Lu, fui nos seus 2 blogs bacanas, foi um barato saber que na mesa onde sentávamos ontem, num dos lotados barzinhos da cobal/botafogo (adoro o rio! por isso localizo), tinha lá, e irmã do meu camarada mauro, uma bloguera!

    A questão agora é: roqueira, fã de um rock mais hard, será que tira algum suco aqui que te apeteça?

    Torço por isso.

    Beijão!

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  10. Seu Érico, Seu Sam, pô, emocionou, né? É isso ai. Vc pegou a idéia - da forma mais perfeita até do que ela foi concebida. O CD não morre, o que eles tentam (mas não vão conseguir) matar é a beleza! Quem não aprecia a beleza? Limitar o acesso à beleza é mais do que uma crueldade.É uma forma lenta de tortura. É uma modalidade de lavagem cerebral do desejo. To fora. Na verdade nem cheguei a fumar, quanto mais tragar.

    Abraços! E muito obrigado!

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  11. Uops, Lu e Pituco, os seus comentários recebi ontem mas só tive tempo de publicar e sair. Moça Flor, muito obrigado. Nunca recebi um selinho (virtual), vou lá buscar amarradão, mas será que saberei como pegar ou levar ou carregar? Tou indo.

    Pituco, preços camaradas... É uma pena... O mercado não costuma ser camarada. Mas, vamos reagindo, essa deve ser a nossa função.

    Bração nos dois!

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  12. Oi Sergio, dá pra comentar no blog de rock sim! Visão prejudicada por chopps, com certeza!
    E as pedaladas de volta pra casa, tranquilo?
    Vou conferir o Gentle Giant, rs.. e ver o que me oferece teu cardápio musical. ;)
    Fico muito contente que tenha gostado dos meus desenhos.
    Beijo,
    Lu

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  13. Lu, puxa, procurei e não vi mesmo! rs... As pedaladas foram tranquilas e o GG é o máximo! Ah, sim, meu cardápio oferece coisas ao seu gosto é só procurar q vais achar. Beijos!

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  14. Parabéns pelo seu blogsônico, concordo com vc na maioria dos seus comentário, o cd não vai morrer mesmo, mas como não posso carregar uma mala cheia de cd´s todos os dias, carrego um ipod, os cds ficam em casa e ninguém põe a mão! só eu posso passar o paninho e admira-los na estante, não abro mão de poder comprar um de vez em quando, mesmo usado (afinal a qualidade da música atual(em geral) é uma m..) Por tudo isso agradeço muito a pessoas como voces blogueiros que nos permitem encontrar e conhecer tanta coisa boa.
    José Carlos

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  15. JCarlos, valeu a presença. E claro q não sou contra a praticidade dos ipods, eu é que teimo em resistir. Quando saio pra caminhar ou fazer algo tbm me chateia ter q mudar o disco quando acaba. No carro idem, o mp3 tem até a vantagem de não arriscar ter seus preciosos cdzinhos roubados! As vzs o carro ir no roubo é menos traumático que os cds, e c viu q identifiquei o ciumento q só quem passa paninho é o dono... Então concordamos em tudo. Mas principalmente na idéia de que estão querendo nos convencer que disco de qualidade só dá prejuízo, por isso tem q ser caro. E que só quem pode ter são os mais afortunados. O que muitos não sabem, é q nas entrelinhas esse texto atesta q é contra isso q eu vou lutar.

    Abração e continue por cá!

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  16. Anônimo9/9/10 08:43

    Sérgio voltei e não me ative mais a cara feia da Dilma e sim a sua bela interpretação dos fatos já consumados de que o cd realmente já era!

    Estava eu andando no shopping dia desses e resolvi comprar um cd para ouvir no carro enquanto vou ao trabalho.Entrei na loja que começa com No e termina com bel e que sempre ostentou prateleiras e mais prateleiras de cds, inclusive importados e para minha surpresa, não se vendem mais cds ali.Lamentável!

    Bjs e tenha um ótimo dia.

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  17. Minina, loja Nobel, o nome não me é estranho. Será que tem Nobel no Rio? Mas posso estar confundino com a chiquérrima Barnes & Nobles...

    Olha, se a loja for tradicional, essa noticia que me dás é uma tremenda derrota para os que amam ter o disco objeto em casa, carro etc...

    Porram, outras opções pra cobrir a necessidade de ter o disco objeto estão para surgir, quem viver verá.

    Beijos, obrigado a visita e volte sempre.

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)