domingo, 22 de abril de 2012

A DMCA E SEUS ASSECLAS



Acabo de receber mais um recadinho do Blogger, que, entre muitas utilidades também se transformou no garotinho de recados da DMCA. E eis porque o saco deste blogueiro já se expandiu ao ponto da implosão perda total...:  

"Removemos a sua postagem porque fomos notificados que ela infringia os direitos autorais. Você pode visualizar* a notificação que recebemos e, se quiser, contestar a remoção preenchendo este formulário, que irá gerar uma contranotificação na Lei de Direitos Autorais do Milênio Digital (DMCA). O DMCA é uma lei de direitos autorais dos Estados Unidos que fornece diretrizes para fornecedores de serviços on-line de hospedagem em caso de violação de direitos autorais. O administrador de um site afetado ou o fornecedor de um conteúdo afetado pode registrar uma contranotificação de acordo com as seções 512 (g) (2) e (3) da Lei de Direitos Autorais do Milênio Digital ou outra lei aplicável. Assim que recebermos uma contranotificação, poderemos reintegrar o material em questão. Para registrar uma contranotificação conosco, você deve fornecer as informações especificadas no seguinte formulário. Observe que você pode ser responsabilizado por danos (incluindo custos e honorários advocatícios) se apresentar de forma inapropriada que aquele material ou atividade não está infringindo os direitos autorais de outros. Consequentemente, se você não tiver certeza se certos materiais infringem os direitos autorais de outros, sugerimos que você entre em contato com um advogado primeiro."

* Pra começar, não consegui visualizar picles. Mas, como o que os olhos não vêem, o coração nem tchum, que postagem vocês removeram eu nem vou mais querer descobrir.

"de acordo com as seções 512 (g) (2) e (3) da Lei de Direitos Autorais do Milênio Digital - carái, essa lei vêi pra ficar.

Aliás, removeram a postagem??? Geralmente vocês não removem o link pro álbum? Em que um texto de postagem - meu - infringe direitos autorais de outrens?

E ainda que mal lhes pergunte, direitos autorais de quem, cara pálida? De que artista? Taí  um  exemplar modelo de "pergunta que não quer calar".

Em suma, no supra-sumo da intolerância, o que vocês, arcanjos do Todo Poderoso  Deus Mercado estão me dizendo é: "Vai encará... seu bostinha?"

A propósito, por falar em mercado-deus, alguém lembra de um filme de Hector Babenco intitulado "Brincando nos campos do Senhor"?

Sinopse: "Um casal de missionários e seu filho pequeno embrenham-se na selva amazônica brasileira para catequisar índios ainda arredios à noção de Deus."

Não à toa hoje, nas cidades todas muito bem catequisadas, "campos do Senhor" bom e seguro pra brincar é Shopping Center. E há de ser muito ingênuo quem ainda não percebeu onde esse Nosso $enhor quer chegar.


7 comentários:

  1. Estamos no memso barco, nos tornamos contraventores digitais. Após receber inumeras desta perdi o saco e deixei o mato crescer no HBJ.
    Serginho, vou já pedindo licença e comunicando que vou reproduzir teu post lá no HBJ.

    Abraços

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  2. Ô Mauro, quanto tempo! Que surpresa boa!

    Pois é meu caro, já deixei o mato crescer por aqui tbm, e há uns 2 mêses me voltou a vontade de postar umas raridades, mas essa corja executiva é mesmo incansável. E essa de censurar postagens há muito tempo não acontecia, mas quando acontece a gente realmente se abate e a única atitude a tomar é denunciar, gritar, fazer barulho. Então, é claro, que esse texto tá liberado pq serve a vc tbm. E como assim, eu não posso doar meus discos de graça na rede? A última postagem q essa tal de DMCA reclamou a posse, foi a de um disco do Hery Mancini "Combo" que comprei com minhas suadas economias. Para esse álbum fiz um trabalho detalhado, mostrando vídeos do filme "Um convidado bem trapalhão" com Peter Sellers. Cuja trilha era de Mancini, desenterrei nessa pesquisa a cantriz Claudine Longet... infim, foi uma trabalheira danada sobre um disco que me pertencia. Postei-o aqui, sem fins lucrativos e aí me vem, duas semanas depois, uma instituição gringa e me leva todo o meu trabalho embora... Com que direito!? Meu caro, essa é a pior ditadura que existe. A ditadura econômica, dos donos do campo, das camisas e da bola... E o que é pior, a torcida, sem perceber, torce a favor dessa corja. Caem nessa balela de anti-pirataria. Prefere ignorar o verdadeiro luxo que é conhecer o que realmente vale a pena (no caso, a verdadeira música) e recebe em troca, feliz da vida, esse lixo podre com o qual as gravadoras estão poluindo o mundo. É isso aí.

    Olha, mudando de assunto, mr. Érico quando esteve aqui no Rio, me falou que te encontrou no Circo Voador. Pena eu não ter ido naquele show, mas haverá um festival de jazz agora em junho "BMW Jazz Festival", cara, tente vir, gostaria muito de te conhecer...

    ABRAÇOS!

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  3. È, só mesmo seu Sérgio pra tirar o Mauro da "Toca"... e o Stanley Jordan também :-)
    Bom Mr. Sérgio, acho que já expressei inúmeras vezes a minha opinião.
    Os blogs são antenas, retransmitindo pro mundo (cada vez mais surdo e insensível) gotículas de beleza, emoção, arte genuína.
    Somos Quixotes em um mundo de Pantagruéis!
    É uma luta árdua e até por conta desse tipo de aborrecimento (e de eventuais problemas que isso pudesse me trazer, do ponto de vista profissional) eu optei por não disponibilizar músicas para download.
    Mas louvo quem tem essa disposição, absolutamente necessária.
    Quanto um artista ganha com a venda de um cd? Centavos.
    Exceto os grandes vendedores de disco, dos quais 99,9999% são lixo em estado puro, os artistas que apreciamos, que reverenciamos, que divulgamos, que amamos, que tentamos manter vivos na memória musical de quem nos lê, são artistas semi-obscuros.
    Pegue-se Miles Davis, crucificado por fazer "música comercial". O disco mais vendido do cara é Kind of Blue, de 1959 e que hoje, devido ao fato de estar sempre em catálogo e ter passado por várias mídias (LP, K7, cd, etc.) chegou a três milhões de cópias!
    Em 53 anos! Ele levou 53 anos para que vender três milhões de cópias de uma obra-prima! Um Justin Biba da vida vende isso em seis meses!
    No mais Miles é o top seller dos artistas de jazz. E caras como Lucky Thompson, Joe Gordon, Jimmy Raney, Ike Quebec? Quantos discos será que cada um deles vendeu ao longo da vida? 10.000? 20.000?
    Qual a tiragem de um LP ou um cd de jazz? Quando um artista desse vendia 5.000 cópias, as gravadoras (geralmente pequenas, pois grandes, no jazz, só a RCA e a Columbia - Blue Note, Verve, Concord, todas foram compradas por grandes gravadoras muito tempo depois) soltavam foguete.
    E aí vem o ECAD deles reclamar por direitos autorais.
    Onde estava a DMCA quando Lucky Thompson vagava, louco e miserável, pelas ruas de Seattle?
    Onde estava a DMCA quando Cecil Payne agonizava, vitimado por um câncer e que se não fosse a Jazz Foundation of America, que bancou boa parte das despesas com tratamento médico, ele teria morrido como indigente.
    Onde estava a DMCA quando Benny Bailey morreu, sozinho e esquecido em um modesto apartamento em Amsterdã?
    Onde estava a DMCA quando Jutta Hipp morreu, sozinha e esquecida em um modesto apartamento no subúrbio de Nova Iorque?
    Essa luta contra a pirataria é um engodo!
    Isso é que é censura, restrição a um bem elementar que é a cultura, ataque à liberdade de expressão.
    Jutta Hipp não pode mais falar, e cabe a nós falar por ela!
    Lucky Thompson não pode mais falar, e cabe a nós falar por ele!
    Ike Quebec não pode mais falar, e cabe a nós falar por ele!
    Cecil Payne não pode mais falar, e cabe a nós falar por ele!
    Não deixemos que a ganância cale a nossa voz, pois é por ela que reverbera a música que nos legaram esses grandes artistas.
    Somos Quixotes, somos como o beija-flor da fábula...
    Coloquemos o elmo, o escudo e a espada na cintura. Selemos nossos Rocinantes.
    Navegar é preciso... viver com arte também!

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  4. Sem palavras, seu sam. E vou cumprir a risca essa idéia de não acrescentar mais nada ao seu perfeito comentário, apenas agradecendo no final. Muito obrigado mestre Sam, pela força!

    Só mais uma coisinha: é por isso q faço greve, preciso de suas sábias palavras até com uma certa emergência. E sempre esqueço da cidadizinha onde trabalhas na qual a internet é um luxo que nem o juiz da comarca tem o direito de acessar. Ao menos, as "mordomias" (como se o acesso à Rede fosse alguma) em Pinheiros, nem as elites têm direito...

    Valeu a visita!

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  5. Taí, Mr. Sérgio Sônico, taí... mais um texto irretocável do Mr. Érico. Disse tudo, fechou a conta e passou a régua! Mauro aparecendo e também dando uma força. Bom quando a gente descobre que não está sozinho na trincheira. Né, não?! Vou dizer-lhe mais uma vez, um Blog tem grande valor. É um instrumento maravilhoso. Quando utilizado para o bem, como no caso de vocês três. E, quando resenham também estão fazendo arte! Postando resultado de muito esforço e dedicação, em incontáveis horas de pesquisa, investigação e estudos. Para noticiar, informar e divulgar arte e artistas. Especialmente do nosso fantástico mundo do Jazz.
    Sérgio, o mais difícil você já fez. Constituiu o blog, conquistou seu espaço. E conquistou os visitantes que se tornaram seus seguidores. Não abra mão disso por nada! Brigue por ele e vá em frente! Enquanto você estiver aqui, você não estará sozinho! Você não é um bostinha. Eles é que são uns bostinhas.
    Abraço, Faria

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  6. Meu amigo tio faria, muito me envaidecem suas palavras, seu incentivo me enche de ânimo, mas vc entendeu a conclusão sobre o "bostinha". Se os caras me dizem que se eu quiser lutar contra uma lei estabelecida "Lei do Milênio Digital"!... Já aconselhando a que eu constitua adevogado... Imagina gente... É muita merda, né pouca merda não. Prefiro me considerar bostinha e pular fora dessa briga contra todas as fezes mais imundas desse mundo!

    Abraços e valeu a visita.

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    1. Sérgio,
      não estou te estimulando a brigar com eles. Claro que não! Nem de longe passou pela minha cabeça. É outra coisa que quero dizer. Em relação a eles, é como o Mauro disse: "deixe o mato crescer..." e siga em frente! Eles não vão mandar o FBI e nem a "Sexta Frota" para te pegar.
      Abraços, Faria

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Uma obra de arte é um ângulo apreciado
através de um temperamento.
(Emile Zola)